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Eu, minha prima e meu irmão temos uma tradição natalina:todo dia 25, vamos ao cinema. Criamos até uma comunidade pra isso,comunidade bem vazia aliás.Mas esse é o objetivo. NINGUÉM vai ao cinema no dia 25: não há filas,o cinema fica com um ou outro gato pingado,uma delícia.Tudo só nosso.
Como eles escolheram o do ano passado ( Eragon,chato,chato), eu escolhi o deste ano.
E como boa fã incondicional de Garcia Máquez,escolhi O Amor nos Tempos do Cólera.
Só posso dizer que,caso você também adore esse autor,faça um favor pra você mesmo.NÃO veja o filme.Não perca seu tempo,não passe raiva,não veja um texto maravilhoso ser transformado em uma porcaria.
Se você espera ver a sutileza deliciosa e divertida do realismo fantástico,tão bem traduzida em Como água para Chocolate,esqueça.Não li o livro que deu origem ao roteiro,nem conheço o autor,mas reconheço ali muito mais realismo fantástico do que no filme que assisti.
Não há realismo fantástico,não existem as peculiaridades de Garcia Márquez,o livro com certeza não está ali.E não estou dizendo que falta essa ou aquela cena,não,nada disso.Falta a presença dos personagens,de sua magia,do seu caráter sensorial e intenso,falta o cólera,falta o amor,falta tudo.
Segundo li,Garcia Marquez exigiu uma grande porcentagem de atores latinos e que as músicas fossem criadas por Shakira.Mas acho que um diretor norte americano no comando é que foi o erro.Não me tomem por purista,gosto do cinemão,sou uma vendida pro cinema americano,gosto e pronto.
Mas tem coisa que não desce. Aconteceu a mesma coisa com A Casa dosEspíritos, baseado no romance homônimo de Isable Allende.Apesar de contar com atores de calibre indiscutível,não consegue captar a suave loucura que há nesse tipo de literatura.
Saimos frustrados do cinema,segundo minha prima,nossa tradição não se limita a IR ao cinema no dia 25. Tem que ser filme ruim.