27 setembro 2010

Cadê?




Nos dias que acordo assim, mal humorada, penso que todos as pessoas incríveis morreram.

20 setembro 2010

Dicionário de Gogoiês


Pra quem conviveu com minha avó Gogóia, era fácil entender. São termos antigos, uns reais, outros inventados por ela mesma.












Babilônia: mulher desarrumada, com roupa estranha. Pode ser substituido por "mal ajambrada". ex: " Olha aquela babilônia ali, ah,que coisa...!"

Guarda Vestidos :guarda roupa, ainda que seja de homem.Ex :"pega ali,no guarda vestidos dos meninos.".

Os "meninos":os sete filhos bigodudos.

As "meninas":as cunhadas velhinhas.


prestimosa : moça prendada e com iniciativa.



ajutório: Ajuda, auxílio nas coisas da casa. "Vivinha, você não vai dar um ajutório pra sua mãe?"


escrúpulo :nojo . Ex " Fulana não come isso, você sabe, ela é muito escrupulosa".



consetir : permitir, deixar.ex: "Papai jamais consentiria isso."

Tágio : apelido do irmão favorito, Carlos.


incomodada : menstruada.



escurruluimcumtrim : acabou. Não, não me peçam pra explicar, não faço a menor ideia.


macaco-do-rabo-comprido: aquele que pede de volta um presente que recebeu, baseado em uma historinha que ela contava. ex;" Devolve isso pra ela, seu macaco-do-rabo-comprido!"

$$$$ Ri muito.Alguém me "explicou" o significado correto para a palavra escrúpulo....rsr....bom,pessoa não-leitora, se ela usasse dentro do código correto...não teria porque estar nessa lista,certo?
ah,adivinha! Babilônia também significa outra coisa...rá!

19 setembro 2010

A Bienal que não houve ou O dia salvo por Kracjberg













Vamos começar aqui já deixando tudo bem claro: não sou historiadora da arte e me compreendo como alguém com um olhar no máximo curioso diante da arte, nunca com um olhar de conhecedor.
Mas como acredito que Marilena Chauí foi certeira ao questionar a fala do "discurso competente", me advogo o direito de dar meus pitacos, apenas enquanto indivíduo.
Porque, em útlima instância, se a arte só puder ser apreciada/criticada/discutida por conhecedores....ela perdeu parte da sua essência transformadora.
Dito isso, vamos às críticas.
Que porcaria de Bienal foi essa? Algúem me explica? E se alguém vier com o papo de discutir o vazio, juro que surto.
De todas as que fui - e sempre vou, porque adoro me emabananar em obras que não entendo e nem finjo que o faço, adoro ficar confusa, impressionada, divertida, assustada, diante das exposições - de todas as que fui essa, com certeza, foi a mais frustrante. Porque todas me provocaram algo e essa...bom, essa me provocou tédio.
Em mim e na meio dúzia de gatos pingados que rodavam em torno daquela exposição que parecia feira de ciências de colégio tosco.
A Bravo! comentou algumas obras, inclusive o escorregador ( parece que o artista estava dentro de um cinema, um técnico saiu irritado e o público começou a gritar "volta,Valério!", e em minutos todos gritavam a mesma coisa, o que leva a pensar sobre o comportamento de manada, essas paradinhas.Bacana, gostei.)
Mas sei lá...200 mil pro "Valério"? Isso dentro de um contexto que dizia que a Bienal estava com a grana reduzida?
Nem me alongo, porque vou me repetir, então, resumo da ópera:
Vazia, chata pra caramba, inodora, insípida.
E acho , realmente, que deixar um andar inteiro vazio é uma grande sacanagem, tanto com os artistas, quanto com o público: aí vira uma questão pragmática e política, é simplesmente retirar das pessoas o direito de interagir com produções artísticas.
Isso porque ainda li por ai que a Bienal não teria mais tanta importância, porque outras mostras assim acontecem na Europa e suprem esse papel
Eu li isso e me senti em Marte. Não preciso bem comentar, preciso?
É uma observação de um elitismo tão perverso que eu fiquei pasma ao ler.
Mas para salvar o dia havia uma exposição muito bacana na Oca, comemorando os 60 anos do MAM. Essa exposição está fantástica, com ênfase para o setor do Kracjberg, cuja obra eu já era fã...e diante do contraste da chatice anterior, só me deixou mais impressionada. A foto aqui do post é uma pequena amostra do trabalho dele, um polonês radicado no Brasil, totalmente envolvido com a questão ecológica.
A exposição toda está muito bacana, vale a pena ir.
O MAM também está interessante, com uma parte repleta de obras que são instrumentos musicais nonsense dos quais uma música igualmente doida pode ser tirada.
Foi um dia bacana, apesar do tédio da Bienal.
No dia seguinte, fomos na Cultura da Paulista, porque que havia lido duas resenhas muito interessantes sobre o Filho Eterno, uma do Alex Castro e outra do Antonio Marcos Pereira, e eu que nunca dei a menor pelota pra crítica, me acostumei a ver na Copa de Literatura um ótimo lugar para ter referências de livros bacanas.
E cá entre nós, um livro que fez o Alex Castro chorar em público? Ah, quase me rasguei de curiosidade, tinha que ler aquilo.
E O Filho Eterno, que li no mesmo dia e reli no dia seguinte, é uma mostra disso. Vou resenhar pra vocês, meus queridinhos, claro que vou. Mas dou a dica: comprem e leiam, porque é realmente um grande livro.
Mas a Sherazade aqui só conta no outro post.;0)


****publicado originalmente em 2008.

15 setembro 2010

Tem aluno que....


Faz uns mil anos que sou professora. Já tive aluno de tuuuudo quanto foi jeito: inteligente, engraçado, chato, preguiçoso, plugado, playboy, mano, emo ( juro que alguns eram bem legais), bem humorado, esforçado, cego, com Down, gênio, bipolar, adotivo, filho biológico, hetero, gay, com dificuldade, rico, bobo, generoso, agressivo, gentil, criativo, falante, calado, tímido, expansivo.
Outro dia um carro buzinava histericamente, dentro dele, um homem adulto ( adulto, povo, vejam isso) berrava: Vivien, Vivieeeeen, tiiiiaaaa!!!
Converso com alguns pelo orkut, vejo suas vidas, filhos, profissões. Morro de orgulho deles, me lembro de trabalhos, de micos, de saídas de estudos - que me deixavam de cabelo em pé e coração na mão.
Rimos juntos de coisas banais do passado. Dou uma de mãe e conto no twitter que a jovem jornalista que ali posta ia pra aula com uma boneca no colo, ela quas me mata, a gente se esborracha de rir.
Outros esqueci, outros faço questão de esquecr, porque, vamos lá, né? sou professora, não a Madre Tereza de Calcutá!
Mas acho que tenho um provilégio ímpar: eu consigo estar com eles em um momento nevrágico de sua vida, momento que eles só vão sacar o nível de importância décadas depois. Mas eu sei hoje e acho incrível.
É um provilégio ver essas jovens mentes se desenvolvendo.
Hoje foi um dos dias que isso ficou mais claro: passei parte da tarde escolhendo canções de protesto e outras ligadas à contracultura para um grupo de alunos muito especiais apresentar na Mostra Cultural da escola.
Vou ser muito, muito coruja se eu disser que eles escrevem bem, cantam bem, tocam bem, desenham bem...e PENSAM melhor ainda? Ah, vou ser, mas paciência. É uma moçadinha de ouro, povo.
E a apresentação? Vai ter trechos de Brecht, vai ter pinturas, vai ter uns lances cênicos e eu me pergunto se seria possível qu eu me realizasse tanto assim em outra profissão. Duvido. Como eu disse, é um privilégio.

13 setembro 2010

Lado de lá

Fui com minha mãe assistir Nosso Lar. Sim, queridos, eu sou uma dentro das altas estatísticas dos filmes espíritas, e sim, sou protestante. E viva a tropicália religiosa, minha gente!
Eu gostei, acho que o cinema brasileiro tem que abrir o leque mesmo, enveredar por diversas tendências e encher o cinema de brasileiro...assistindo brasileiro.
É bacana, fiquei torcendo para que aquilo exista mesmo.
O caso é que minha mãe e eu já combinamos: ela faz uma reforma nas casas e dá um upgrade no visual de lá e eu ensino o povo a fazer tabule.
Não vivo sem tabule, cidadãos, e parece que do lado de lá é sopa todo dia. Ah, não. Achei o lugar legal, mas sopa todo dia? Ai, gente, vou reclamar com a gerência.