Mostrando postagens com marcador desgosto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desgosto. Mostrar todas as postagens

26 agosto 2011

Mulheres de seis anos?


















Há pouco tempo li algo que me deixou pasma. Estão sendo produzidos e comercializados pequenos soutiens com bojo (!!!) para serem usados por meninas de seis anos.
Vi uma maluca na tv, nem sei em qual programa da gbt, falando sobre os tecidos "lúdicos" que elas colocam nesses produtos.
Eu sempre olhei com surpresa ( e uma dose de horror) para as pessoas que parecem querem transformar em mulheres, meninas cada vez mais jovens. Aliás, essa hiper exposição a uma imagem sexual antecipada vem antecipando até mesmo a menstruação dessas garotas, que se pintam, usam saltos ( e prejudicam a coluna), pintam os cabelos e fazem festas de aniversário em salões de beleza.
De forma alguma estou criticando a vaidade. Entretanto, há um grande abismo entre ser vaidosa e ser uma criança-monstro, nos moldes daqueles concursos horrorosos tão queridos pelos sulistas norte-americanos: miss mirim.
Existe algo mais assustador do que aquelas meninas maquiadas como travestis, sorriso amarelo colado no rosto, postura artificial e mães histéricas? Provavelmente, não.
Há que se preocupar com o que se coloca na mente dessas meninas, que tipo de imagem feminina estereotipada se configura, que tipo de valores se estruturam.
Mas para ver isso com um olhar critico, curioso e idiossincrático, assista Pequena Miss Sunshine, perfeito e absolutamente immperdível.






29 abril 2011

Aborígenes












Sempre que passei na Oscar Freire, fiz isso de carro. Na semana passada foi a primeira vez que andei com meus lindos pezinhos por lá. Outro mundo, crianças. Eu me senti dentro da Convenção Republicana, dentro de um jantar do DEM, um chá da Rosane Collor, ou qualquer uma dessas coisas risíveis e desprezíveis.
Algo me lembrou muito, muito alguns textos do Alex Castro. Aqueles textos em que ele fala sobre sua antiga "vida de rico". Mas rico de verdade, viu, leitor? Não essa classe média caipira que acha que tem grana. Nada disso.
Segundo o Alex, o tal rico e seus riquinhos juniors tem a firme convicção de que as outras pessoas estão no mundo para servi-lo. Sua relação com as outras pessoas é pautada por isso.
Assim, os caras simplesmente acreditam realmente que as demais pessoas devem ser subservientes, prestativas, servis. Ficam em choque quando alguém não quer assumir essa posi.ção. O interessante é ver pessoas que não estão presas nessa redoma: se pensarmos nos jovens guerrilheiros da Ditadura, todos de classe média ou alta, mas que não se submetiam ao simplismo de defender sua classe e suas manhas. Gente que saiu do seu condominio mental, como dizem.
Mas grande parte está lá, falando com as pessoas sem olhar, rindo dos garçons, humilhando empregadas, gritando com funcionários, sofrendo horrores porque sua bolsa de griffe demorou para chegar ou o café estava imperfeito.
Entendendo isso, fica fácil perceber como as conquistas democráticas e sociais ocorridas no governo Lula não tem, para eles, a menoooooor importância. E eles lá querem saber se tem moleque morrendo de fome? Ah, faça-me o favor, eles tem mais o que pensar, como por exemplo, gastar grana na Oscar Freire. Gastar, comprar, se transformar em uma marca vendável, fazer bronzeamento artificial e ficar cor de laranja, fazer clareamento nos dentes e parecer um cavalo de raça, colocar peito de silicone, tomar bomba pra ficar "sarado", colocar seu óculos escuros e realmente, realmente mesmo, não enxergar p*** nenhuma.
Sério, leitores amados, as pessoas são muito estranhas.



03 agosto 2009

Sobre a ditadura das crianças




Andei pensando sobre crianças nesses dias. Mais precisamente, sobre o autoritarismo infantil.
Não é difícil perceber porque regimes totalitários utilizaram crianças e adolescentes a seu favor: nesse período da vida, longe da relativização da maturidade, é muito fácil ser profundamente maniqueísta. Tudo parece ser certo ou errado; branco ou preto. Crescer envolve perceber - nas palavras de uma amiga - que existe uma grande "variedade de cinzas entre o branco e o preto".
Mas os pequenos ditadores não percebem isso, e o que é pior, tem uma concepção equivocada do mundo como um grande mercado onde as pratelereiras estão repletas de opções para eles mesmos, eles se imaginam o centro, o motivo da existência da humanidade, que parece sempre dever algo aos pequenos reis.
O resultado me assusta.
Não tenho uma interpretação ingênua e romântica de um modelo antigo de família, um modelo que a história mostra que nunca existiu. Não olho o passado remoendo: oh, como tudo era tão bom...não, não penso assim.
Acredito que muitas das relações passadas eram calcadas em um modelo repressivo, onde as crianças e adolescentes não tinham voz.
No sentido de dar voz às crianças, os adultos ( pais, avós, tios, etc), se esforçaram para oferecer uma nova forma de estabelecer relações.
Mas parece que o tiro saiu pela culatra.
Acostumados a receber e receber, dotados de uma visão simplista de mundo dividido entre bem X mal, imbuídos da concepção de que o mundo feito para eles, os adolescentes, dedo em riste, exigem, julgam, insultam e magoam. Sempre atolados em uma perversa idéia de que foram ludibriados(!), que os adultos estão em débito.
Vale a pena lembrar que os criadores dos pequenos nazistas foram seus pais. Ao rechear aquelas jovens almas com ódio, passaram, tempos depois, a ser objeto desse próprio ódio.
O jovem ditador crê que nada deve a ninguém: ele é sempre aquele que recebe. O pequeno ditador, dedo em riste, não parece capaz de ver o que recebeu, porque está muito ocupado cultivando suas cobranças initerruptas e egocêntricas.
Nunca acredita que o que recebe possa ser suficiente. Ele exige, ele insulta. Por algum motivo, ele se julga nesse direito.
Temo pela sociedade que virá, com esses pequenos déspotas egoístas.
Como no vídeo abaixo, creio firmemente, que se nada for feito, se não combatermos esse egocentrismo perverso, o que nos restará será limpar o traseiro desses jovens imperadores sem autonomia.




@@@@@ Post originalmente publicado em maio de 2008, em "homenagem" a todas as crianças ranhetas, manhosas, autoritárias, interesseiras, grosseiras e os malucos que criam esses seres.

08 julho 2009

Será que fizemos as perguntas certas?

Conversando com algumas pessoas, percebi que uma fala se repetia: a culpa da imprensa em relação a degradação pública de Michael Jackson. Fiquei pensando sobre isso.
Concordo sim, sem dúvida, mas comecei a relativizar.
Quando meus amigos diziam "os jornalistas fizeram isso e aquilo", não consigo me furtar de pensar que os jornalistas, salvo raras exceções, são funcionários como outros, ou seja, cumprem ordens e fim. Quem imagina uma grande liberdade de ação descarta o poder do capital do dono dos meios de comunicação, cujo desejo é, em última instância, lucro e mais lucro.
Noticia ruim vende bem, escândalo vende mais ainda. Alguns chutam o pau da barraca, como os famosos tablóides ingleses, chulos e fantasiosos. Outros jogam uma ou outra m*** sobre uma celebridade e esperam o resultado.
Amy Winehouse vende mais com notícias dos shows ou quando corre de soutien pela rua?
Fico me perguntando se todas as reportagens que vimos sobre as sucessivas e loucas transfornações de MJ fizeram todas as perguntas possíveis.
Porque eu sei que ele se transformou, sei que se escondia com máscara, mas não sei se foi investigado se a família o questionava sobre isso, não sei se foi investigado se um médico trasnfigurar uma pessoa à exaustão era ético.
Se ele pirou em público, além de fofocar sobre isso, o que exatamente foi perguntado?
Porque eu nem vou dar pitaco sobre seu branqueamento. O que sei eu sobre o que significa ser negro dentro de uma sociedade WASP? Será que essa massificação de um tipo de beleza foi expressa apenas por seu pai maluco?
Se eu não consigo assumir meu cabelo cacheado e faço escova, se preciso disso pra me sentir melhor, o que eu posso dizer sobre outras transformações?
Posso apenas verificar que MJ perdeu o senso de limite e que, efetivamente, não conseguia se enxergar.
Mas se o jornalista faz o que o patrão manda e se o patrão quer lucro a qualquer preço...quem deu esse lucro?
Enquanto continuarmos consumindo a decadência das pessoas, nem só a imprensa marrom vai suprir nossa sanha, mas a imprensa "convencional" vai fazer o mesmo.
No vídeo abaixo, cenas do último ensaio.


(Me enganei ou ouvi trechos do famoso discurso "I Have a dream" do reverendo Martin Luther King ao fundo? Vejam e me contem.)




04 abril 2007

os acéfalos de Jim Jones


Outro dia eu conversava com uma amiga sobre notícias e filmes que marcaram a nossa infância e início da adolescência. Lembramos, entre gargalhadas, do Homem Cobra, um filme pra lá de trash que aterrorizou uma geração. Lembramos do desastre de avião onde os sobreviventes comeram carne humana.

Mas eu estava me lembrando de Jim Jones e o massacre na Guiana. Me lembro de ler sobre o suicídio coletivo daquelas pessoas, dos seguidores do tal pastor, mentor, lunático de plantão.

Durante muito tempo, aquilo ficou na minha mente: as fotos na Manchete, a planta da fazenda, a descrição de homens , mulheres e crianças que se mataram propositalmente, para seguirem a opinião de Jim Jones.

Me assusto com os seguidores, com aqueles que preferem infiar qualquer coisa goela abaixo - ainda que seja veneno - apenas porque não podem, não querem ou não conseguem discordar.
E percebo como a questão de estar no grupo, estar na matilha, é nevrálgica. Temendo a exclusão, o indivídio se perde dentro do grupo e encontra nele, sua proteção e afago. Assustador.

E penso, sempre, como discordar, como não seguir a matilha, pode ser libertador.Pode garantir ser um indivíduo, certo ou errado, mas um indivídio que pensa por si mesmo. Sem a necessidade da aprovação, do afago infantil, do meneio de cabeça.Penso que discordar, se há necessidade disso, pode proteger seus princípios.
Pelo menos, pode impedir o veneno de agir.