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11 janeiro 2010

Stardust no papel e na tela












Nessa semana,resolvi reler Stardust,uma obra que fica em um meio termo entre a literatura e os quadrinhos,se utilizando das imagens de maneira nevrálgica no texto,mas não as usando como parte integrante dele.
Para quem não leu,recomendo.Aliás,qualquer coisa criada por Neil Gaiman - aquele gênio - pode ser lida com uma certeza:vai ser delicioso.
Esse inglês apaixondo por gatos,mitologia e literatura,criou algumas das melhores coisas que já li em termos de História em Quadrinhos,como Sandman,por exemplo.
Mas sobre Sandman,falo depois.
Stardust é uma obra delirante,mesclando o fantástico,referências mitológicas (marca do autor) e uma criatividade arrebatadora.
Eu vi a adaptação no cinema,com Daniel.Meu filho achou que o filme não captou na atmosfera mágica da história e eu concordo.
Quando eu vi,achei estranho ver aqueles fantasmas com um humorzinho que mais parecia Gasparzinho do que algo do Gaiman, mas como fazia muito tempo que eu havia lido,não conseguia me lembrar desses personagens.Ainda assim,achei que fugiam muito ao estilo peculiar do autor.
Quando reli,percebi que minhas impressões estavam certas: o capitão do navio que flutua sobre a nuvens e caça raios NÃO se veste de mulher e dança ( humor de quinta...),a cena da morte da feiticeira é completamente diferente da luta (longa,entendiante,repetitiva) dentro do palácio.
O fim é completamente diferente,totalmente água com açúcar,um crime,comparado ao fim criado pelo autor.
Eu sei que várias pessoas acreditam que a adaptação deve ser livre.Mas eu implico com isso.Uma coisa é cortar cenas,adaptar,dar uma oura forma,adequar para ficar palatável em outra linguagem.
Outra é distorcer personagem,criar outras cenas....
Vamos combinar,o roteirista pensou mesmo que ele conseguiria criar cenas MELHORES do que Neil Gaiman? Neil Gaiman,gente...Se é pra criar algo diferente,crie sozinho,não destrua uma história bacana.Isso realmente me irrita.
Então o filme é isso: cenas que não existem,fogem ao estilo do autor,sem atmosfera mágica -característica dele - com alterações água com muito açúcar.
Leia Stardust,mas não a veja.Mesmo porque,o que você vai ver,não será Stardust.

***Publicado anteriormente em fevereiro de 2008.

22 outubro 2009

Maus


Depois de anos, finalmente li Maus. Para quem ainda não se deparou, fica a dica, procure uma boa livraria com uma sessão razoável de HQ e leia, leia já.
Maus já pode ser considerado um quadrinho clássico.
(Bem) escrito por Artie Spiegelman, Maus narra a história de seus pais na Polônia quando da ascenção do nazismo, passando pelo gueto e culminando em Auschwitz. O autor optou por construir essa narrativa concomitantemente com a narrativa da própria coleta da história. Assim, podemos ver Artie conversando com Vladek, seu pai, ao mesmo tempo que ouvimos/lemos e, obviamente, sofremos com a história do próprio Vladek.
Artie retrata judeus como ratos - uma interessante ironia envolvendo a forma como eram descritos pelos nazistas da época - os alemães como gatos, americanos como cães.
A fluência da história é incrível, impossível parar de ler, viciante e asfixiante ao mesmo tempo. Poucas vezes vi uma descrição da fome com tanta vivacidade.
Vladek possui hábitos regrados e um senso de economia que vai às raias da loucura. Porque me parece que, emocionalmente, ele não conseguiu sair de Auschwitz, portanto, sua relação com a realidade é diferente.
Além de retratar a bela história de amor dos pais, o sofrimento do Holocausto, Maus consegue trazer a baila uma conflituosa relação entre pai e filho. Nesse caso, entre pai e filho judeus, com toda a carga, todo o peso da guerra, dos campos de concentração e da sobrevivência.
Ler Maus é uma necessidade.

15 março 2009

Watchmen - Depois de 18 anos






Quanto eu tinha 22 anos, namorava J., que viria a ser meu marido e pai de Daniel. Ele era um aficionado por HQ, colecionador e responsável por minha total conversão ao universo dos Quadrinhos.
Passamos nosso primeiro reveillon juntos em Paraty e foi aí que conheci Wachtmen.
Pra quem não conhece - pare de ler esse texto, vá comprar e ler, rápido, rápido! - é uma graphic novel brilhante, escrita por Alan Moore e colocada no papel por Dave Gibbons.
É um clichê dizer que Wachtmen revolucionou a cena HQ, mas eu preciso repetir esse clichê, porque revolucionou também todo o meu olhar para essa gama de personagens e histórias. Depois de ficarmos na festa de Ano Novo, voltamos para a pousada em que estávamos hospedados: me atraquei com o Quadrinho e li, inteiro, até o amanhecer. Foi meu reveillon com Alan Moore. Como boa compulsiva que sou, simplesmente não conseguia parar de ler aquela maravilha, que era diferente de tudo que eu havia lido.
Wachtmen trabalha com uma década de 80 paralela, onde gangues dominam as ruas, a ameaça de guerra nuclear é eminente e Nixon está estatelado no poder.
Dentro disso, a HQ transita em três tempos específicos: a década de 40, onde os Minutemen se fantasiavam e saiam às ruas para defender os norte-americanos e eram ovacionados por isso; na década de 60, onde um grupo tenta recriar isso, tendo apenas o Comediante da "turma antiga" e a década de 80, onde os mascarados cairam na ilegalidade, sendo hostilizados por boa parte da população.
Tudo isso em um clima irônico, que desconstrói toda a aura comum nos heróis: o Comediante é um fascista hiper violento, a primeira Silk Spectre,uma mulher que explora a ultra sensualidade da fantasia, a segunda, sua filha, que entra na dança por imposição materna; Rorschach, cuja identidade é revelada apenas na prisão, dono de uma integridade ímpar, violência rara e moralismo tacanho, e muitos outros, interessantes e originais.
O fato é que a nostalgia é o tom constante na HQ, dado que os primeiros mascarados estão velhos e olham com saudades e ternura para tempos áureos.
O plano de Adrian Veidt, o Ozmandias, é muito próximo ao que já apareceu em várias criações de ficção científica, com em Babylon V ou Heroes: a concepção de que uma grande desgraça coletiva traria a paz forçosa e que a destruição de milhões de vida, salvaria bilhões.
Não posso falar mais nada, ou o post vira spoiler, certo?
Quanto eu li essa graphic novel, no reveillon dos meus 22 anos, desejei ardentemente, que se tornasse filme. Com medo, porque porcas adaptações me dão arrepios.
A adaptação em questão, apesar de não captar essa ironia em relação a homens fantasiados combatendo o crime, consegue transmitir a nostalgia presente na HQ, consegue transpor para as telas personagens já-não-humanos, como dr. Manhattan e aquele eterno bonito-meio-bobo, como o segundo Nite Owl.
O filme tem uma trilha sonora incrível, só pecando algumas poucas vezes, tem a caracterização dos meus sonhos e procura ser bastante fiel a obra original, apesar dessa não ser a opinião de Alan Moore, cujo nome não aparece nos créditos.
O sonho americano, idealizado, ridicularizado e ressignificado, é isso que vemos em Watchmen. O sonho americano de malha colorida.

18 junho 2008

Imperdível








Olá, povo. Recebi um convite delicioso e quero dividir com vocês, veio do talentoso desenhista Maurílio DNA.
Quem for aqui da região de Campinas está convidado para ir.


"No dia 18 de junho a chegada do navio Kasato Maru ao Brasil trazendo os primeiros imigrantes japoneses completa 100 anos.

"Nagai Tabi" quer dizer "longa Jornada" em japonês e nesta exposição os professores e alunos da escola expoem sua visão sobre as várias facetas da cultura japonesa e do centenário da vinda dos primeiros imigrantes para o Brasil.

"Tabi Wa Mithizure" - As pessoas que você encontra na sua jornada ficam com você para sempre.

Quando: 20 de junho (sexta-feira) a partir das 20:00h
Onde: Hotel Vitoria NewPort - R. Santos Dumont, 291 - Cambuí

Ainda na abertura da exposição haverá lançamento/venda/noite de autógrafos das revistas em quadrinhos "FRONT Especial 1 - Centenário da Imigração Japonesa" e "ITO Samurai".



Nos vemos por lá.


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Eu leio o convite e caio sempre nessa parte, que adorei:
"Tabi Wa Mithizure" - As pessoas que você encontra na sua jornada ficam com você para sempre".
Uau.

08 novembro 2007

A culpa é deles






Eu deveria estar trabalhando na dissertação, isso é o que eu deveria fazer.Porque esse mestrado está parado e eu acho que vai nascer por geração espontânea.
Mas a culpa é deles, eu juro.
Meu queridos Clélia e Arnaldo,com quem sempre é delicioso conversar, me deram O texto, ou; a vida, onde Moacyr Scliar narra sua trajetória como leitor e escritor, mesclando sua narrativa com seus contos, ou seja, um primor.
Os fantásticos anfitriões Karen e Biajoni, me emprestaram uma pilha de Lourenço Mutarelli.
Agora me diz, se eu largo tudo e fico só lendo essas delícias, a culpa é minha.
Nada, rapá, a culpa é deles.Minha é a sorte em tê-los como amigos.