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09 abril 2010

vote em.....


Como estou contando as aventuras das quintas séries, vale a pena lembrar disso aqui: durante muitos anos, eu utilizei uma estratégia lúdica pra discutir questões relacionadas ao processo democrático.

Como as crianças tinham que discutir conceitos como cidadania, democracia e poder, percebendo as diferenças entre essas concepções quando de sua criação e hoje, fazíamos o seguinte: cada grupo escolhia um personagem mitológico grego e se preparava pra sua eleição.Formavam uma equipe que iria fazer sua campanha.

Começavam com uma reunião pra dividir tarefas, passavam pra pesquisa sobre o seu personagem e dos outros, faziam material de propaganda, discursos, jingles. E se preparavam pra o momento que mais gostavam, a hora do debate.

A idéia era utilizar a pesquisa para "questionar" a competência do outro candidato. Assim, eles tinham a seguinte estrutura: pergunta - resposta - réplica - tréplica. Dois cronometravam e todos debatiam.

- Como você pode defender o seu candidato....? Zeus era infiel!

- Não dá pra confundir vida privada com vida pública!!!

- Mas se ele trai a mulher...pode trair os eleitores....balbalbalbal


@@@@@@


- Seu candidato estimula o alcoolismo!

- Dionísio não prega o alcoolismo , isso fazia parte da cultura deles e...bnlabalbalbal


@@@@@@



- Sua canditada, Athena, é incoerente. Ela é a deusa da sabedoria e da guerra..!

- você está sendo anacrônico, eles pensavam diferente da gente e....


( cada vez que eles falavam "anacrônico" eu tinha um treco)



@@@@@@


- Sua candidata é fútil, só pensa em beleza exterior..

- ISSO não é verdade, Afrodite se casou com Hefestos, o deus mais feio de todos!

- casou porque foi obrigaaaaaaada e blablabla...



Isso durava algumas aulas, eles discutiam um pouco antes de dar a resposta, suados e felizes, alguns fantasiados, outros com crachá do seu candidato.


Em geral, respeitavam as regras: não poderiam dar brindes ou colocar cartazes fora da delimitação.Palavrões também eram proibidos, mas às vezes a própria "denúncia" era um problema...( "professora, ele falou foda, falou fooooooda, foooooooodddaaaaa...!!!!")

Algumas mães entravam na jogava, ajudando com o material que eles traziam, aparecia , por vezes, um Poseidon com barba , coroa e tridente, por exemplo.

A experiência foi muito interessante pra mim e, pelo que notei, pros meninos também. Como acompanhei várias turmas crescendo, conversamos sobre essa atividade anos depois. Até hoje recebo mensagens por email e no orkut.
Meu projeto é que eles vivenciassem o processo democrático, experimentando-0 , envolvendo-se nele. Gostava de perceber que assim eles também desenvolviam a argumentação, o trabalho em equipe, a ética. Recebi denúncias de "compra de votos" que deram em "cpi" extremamente rigorosas. Quero pensar que contribui, ainda que de forma simples, pra formação da cidadania desses meninos.

E eu me diverti muito, muito mesmo.




@@@ publicado originalmente em 2007.

12 março 2009

O Rio Nilo na sala de aula


Quando eu trabalhava com ensino fundamental, tive experiências inesquecíveis. Algumas já contei aqui, outras eu gosto de lembrar.

Uma vez, junto com uma 5a série animada - e me parece que todas as 5as séries são animadas até as orelhas...- tive uma idéia aparentemente bacana: pra finalizar um trabalho que eles estavam desenvolvendo sobre Egito Antigo, faríamos um grande painel na sala.

Peguei o material na sala de artes: papel pedra, papel sei-lá-o-que que parece água, canetinhas, brilhinhos, toda uma parafernália maluca.

Era menino desenhando na mesa, no chão, pendurado no ventilador, uma farra.

Só que eu não tenho essa perspectiva do conjunto, essa noção estética, essa coisa da criação plástica, sou horrível nisso. Horrível pra valer, eu não faço a mínima idéia de como alguém pode ser cenógrafo ou arquiteto, me parece um tipo de conhecimento alquímico que nunca terei. Acho lindo. Absolutamente lindo.

Começamos a fazer um enorme rio Nilo, o papel que parecia água acabou e uma das meninas emendou um papel crepom. Esse também acabou e um garotinho colocou outro papel crepom, de outra cor. Foi uma emendação sofrível, entortada pra "parecer" um rio, tosca.

Eles desenharam pirâmides, sarcófagos e barcos. Cada um de um tamanho.

Quando tudo estava colado. Cruzamos os braços e apreciamos, com cara de intelectual em galeria de arte. Finalmente, alguém falou;

- professora...tá feio pra caramba....

Caímos na risada. Estava feio, estava horrível, desproporcional, medonho. Olha, rimos muito.

Eles decidiram não tirar, a sala ficou com aquilo pendurado. Até que foi trocado por nossa próxima idéia brilhante.



**** post publicado em 2007, republicado em atenção às minhas turmas de Pedagogia, repletas de animação, idéias e milhões de perguntas.
Beijo pra vcs!

04 abril 2007

Sobre o rabino


Eu ainda não digeri a história, mas não consigo fazer piada com ela. Me chocou e ainda não entendi, nada, absolutamente nada.

Mas Branco Leone no post o rabino vai às compras, fez uma reflexão bacana. Vale a pena ler.

29 março 2007

Tempo de viver


Estou fazendo a última disciplina do mestrado.
Depois de tirar uma licença de um ano, estou de volta. Desencalho essa dissertação , nem que seja a golpe de karatê.
O problema é que o tempo está correndo e eu perdi o tesão pela pesquisa. Taí, é isso.
Convivo com ela como um casamento morno. E eu não concebo casamento morno.
Não é que não acredite mais no objeto, porque acredito. Estou convencida da importância pedagógica do processo lúdico, em especial, do uso do rpg.
Minha trajetória como professora me mostrou isso e foi nesse sentido que retornei a Academia. Pra respaldar teoricamente, aquilo que experimentei no meu cotidiano de sala de aula.Quero ser mestre jedi...sem dúvida, não estou desqualificando esse momento, esse processo, apesar de insistir que a teoria me serve pra subsidiar a base empírica. É a base empírica meu foco central, sempre vai ser.
Mas perdi algo, talvez encontre agora, trabalhando com oficinas pra professores, colocando o trabalho na roda.Talvez eu volte a me apaixonar pelo meu tema.Eu desejo me apaixonar novamente pelo tema, porque só assim ele vai fazer sentido pra mim.
Porque quero viver esse tempo, não quero que passe mais rápido ou de forma mais lenta, quero vivê-lo, mas quero me sentir envolvida novamente. Não quero casamento morno, nunca.