27 junho 2011

Vou ali fazer um transplante e volto já.










Queridos, como já comentei por aqui, sou lúpica. Por conta do lupus, tive um sério comprometimento renal que já vem se arrastando há anos. Enfim, chegou onde sabíamos que chegaria: falência renal.
Como o tratamento medicamentoso já não faz efeito, ou seja, ele estava parando de funcionar e eu teria que fazer diálise.
Mas eu tive uma sorte fenomenal: meu irmão Ricardo ofereceu seu rim e como temos o mesmo tipo difícil e sangue ( O+), o transplante é viável.
Estamos internados aqui no Hospital do Rim, em São Paulo. Meus pais, meu filho e a namorada e minha amiga Frou estavam aqui até agora há pouco.
A decisão foi tomada em novembro, contei para os amigos, mas optei por não falar o blog , nem para meus alunos.
O apoio que tive da direção e coordenação da escola que trabalho foi incrível, fez toda a diferença. Tive esse apoio deles desde que contei.
Quanto aos meus aluninhos....bom, talvez eles não saibam do bem que me fazem,mas eles fizeram toda a diferença. Quanto eu estava ocupada com esse universo, com os filmes que eles viram comigo, com os jogos, com a farra que faziam só porque eu levava um fantoche, em todos esses momentos,eu NÃO estava doente. Sacume?
Minha familia foi demais também, minha mãe esconde seu pânico me mimando, minhas primas me escrevem, meus avós me olham de outro plano ( tenho certeza).
Uma amiga pegou tooooodos os meus diários de classe pra terminar, outra amiga querida me emprestou esse notebook, sem o qual eu não blogaria e foram tantos emails fofos, mensagens no facebook, ligações que nem sei, gente.
Posso garantir pra vocês que estou legal. Ontem eu dei uma boa baqueada, era só alguém olhar pra mim e eu chorava. Deu uma agonia, vocês entendem.
O doido de tudo isso é que pude perceber como a fé é efetivamente uma âncora. Já disse mil vezes aqui, tenho uma fé inabalável. E não me venham com ciência, crianças, ciência da conta de uma esfera na nossa vida, esse discurso cientifico-positivista me enche o saco...risos. É sério, quem convive comigo sabe como fiquei - e como estou - bem. Hoje recebi a visita de um seminarista da igreja que frequento, fizemos uma oração e eu sei que as orações/preces/rezas que vieram das mais diversas religiões fizeram efeito. Energia pura.;0)
Uma vez ouvi uma frase do José Alencar, em uma das suas muitas internações, que me comoveu muito.( Apesar de nunca imaginar que um dia eu citaria alguém da Direita...rs).Ele disse:
"Se Deus quiser me levar, não precisa de câncer para isso. Se Ele não quiser que eu vá, não há câncer que me leve"
Meu transplante será amanhã, às sete da manhã. Espero a torcida de vocês, queridos.
Até lá, câmbio, desligo.


14 junho 2011

O Dia em que meus alunos choraram





Quando trabalho com um tema, faço uma opção metodológica: faço, como qualquer professor, um recorte que privilegie um determinado ponto de vista.
No caso do Nazismo, coloco mais peso na força da propagana e no caos que o preconceito aliado ao poder pode fazer.
Ao trabalhar esse filme, A Lista de Schindler, me pautei na força dramática de Spielberg - vamos combinar, o cara tem dom de mexer nas nossas emoções mais baratas, ele usa uma luz x, uma músca y e todo mundo pira, é um dom - optei por usar esse filme porque acredito que a Segunda Guerra deva ser observada , em especial, pelo viés da destruição em massa, baseada em teorias supostamente cientificas e imortalizadas nos discursos enlouquecidos do Fuhrer.
Ao trabalhar com cinema em sala de aula, tento instrumentalizar a moçada para que eles apurem seu olhar, para que tentem exercitar esse tipo de análise em outros momentos.
Mais tarde eu posso sugerir filmes mais complexos, aliás, creio que eles mesmos os descubram. Por hora, me jogo no cinemão.
Mas algo me motiva mais: apresentar a individualidade daquelas pessoas, no intuito de deslocar o olhar do aluno e fazê-lo executar sua alteridade em um nivel mais intenso.
E acho que isso rolou. Uma oitava terminou o filme fungando o nariz, clima tenso, triste. A outra oitava aplaudiu o filme e se debulhou em lágrimas torrenciais. Um menino, antes de terminar o filme, pediu aos prantos, para sair da sala. No meio da choradeira, duas meninas se abraçavam, chorando e dizendo "coitados, coitados..".
Em um mundo onde a violência está cotidianamente banalizada, ver adolescentes tocados com o sofrimento do Outro é algo que me deixa comovida.
Não digo que amo essa moçada?

02 junho 2011

O Melhor aniversário


Dia primeiro foi meu aniversário, ou seja, ontem.;0)
Há tempos não tenho uma comemoração tão gostosa, tão perfeita. Amigas queridas: Frou, Dica, Mariza, Kátia, Fátima, Cecília, Andréia e Cris foram almoçar comigo em um japa que adoro. (As amigas queridas que não puderam ir como a Mara, Solange e Chris fizeram falta, mas eu ainda cobro essa saída.)
São amigas que fiz ao longo do tempo que estou aqui, no colégio, na Unicamp e nas escolas que trabalhei, gente que conheço há tempos ou que conheci ontem, mas já virou amiga de infância.
O papo rolou, a comida estava ótima, ganhei vários presentes bacanas e - ahá! - tive direito a bolo, parabéns e quase cedo ao um choro que veio louquinho pra sair, mas foi contido na unha. Porque foi muito, muito bom.
Incrível como a irmandade feminina é forte e poderosa: nada pode derrubar um grupo forte de mulheres, ah, não pode. Isso ficou claro pra mim ontem, quando penso em alguns "probleminhas" - em breve vocês saberão do que falo - e sinto essa amizade fraternal das minhas amigas, tenho uma certeza inquebrantável que tudo vai dar certo.
Depois do almoço que se alongou até quase jogarem água nos nossos pés, pra mostrar que o restaurante havia fechado, fizemos uma ultima parada em um Café, pois se a conversa está boa, pra que parar?
À noite, na casa dos meus pais, curti meu tio e minhas primas, e olha o bolo de novo, gente. Isso tudo sem contar a cantoria dos meus aluninhos fofos, que já me deixaram feliz logo pela manhã.
Eu disse, o melhor aniversário..de muitos que virão.;0)