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29 agosto 2011

Eu tinha medo da "Preguiçosa"





Se tinha uma coisa que deixava o quarto de uma garota apavorante láááááá na década de 70, eram as "preguiçosas".
Eu era criança ( nasci em 68, faça as contas, hehe) , mas já tinha uma noção do que era cafona, brega. Não usava essas palavras, nem sabia que existiam, mas meu jovem coraçãozinho com bom gosto já encolhia ao olhar aqueles monstros.
A tal boneca tinha fatalmente um corpo ou roupinha ( nunca entendi aquilo) peludinho,com orelhas de coelho ou gato. Aquele monstro era menina, era coelho, era um mutante, era o quê, pelamordedeus.
Eu sempre tinha um frio na espinha quando via aquilo.
A tal boneca monstro ficava em cima da cama, oho vidrado, por vezes dedo na boca(!), deitada e com orelhas.
Ou seja, o suficiente para uma semana de pesadelos.
E você...já viu uma "preguiçosa" a sangue frio?

26 agosto 2011

Mulheres de seis anos?


















Há pouco tempo li algo que me deixou pasma. Estão sendo produzidos e comercializados pequenos soutiens com bojo (!!!) para serem usados por meninas de seis anos.
Vi uma maluca na tv, nem sei em qual programa da gbt, falando sobre os tecidos "lúdicos" que elas colocam nesses produtos.
Eu sempre olhei com surpresa ( e uma dose de horror) para as pessoas que parecem querem transformar em mulheres, meninas cada vez mais jovens. Aliás, essa hiper exposição a uma imagem sexual antecipada vem antecipando até mesmo a menstruação dessas garotas, que se pintam, usam saltos ( e prejudicam a coluna), pintam os cabelos e fazem festas de aniversário em salões de beleza.
De forma alguma estou criticando a vaidade. Entretanto, há um grande abismo entre ser vaidosa e ser uma criança-monstro, nos moldes daqueles concursos horrorosos tão queridos pelos sulistas norte-americanos: miss mirim.
Existe algo mais assustador do que aquelas meninas maquiadas como travestis, sorriso amarelo colado no rosto, postura artificial e mães histéricas? Provavelmente, não.
Há que se preocupar com o que se coloca na mente dessas meninas, que tipo de imagem feminina estereotipada se configura, que tipo de valores se estruturam.
Mas para ver isso com um olhar critico, curioso e idiossincrático, assista Pequena Miss Sunshine, perfeito e absolutamente immperdível.






19 agosto 2011

Não leiam nunca





Queridos, vejam o que horas em sala de espera faz com uma criatura: li uma biografia da Madonna.Estou com preguiça de anotar o nome do livro e certamente nunca mais me lembraria do (péssimo) autor.
É um lixo.
Por que eu li? Ah, eu trouxe Thomas Mann para o hospital: eu sei,sou retardada.
Procurando uma leitura mais leve, achei essa pluma esquecida na casa do meu irmão e fui ler. Putz.
Madonna é, sem sombra de dúvida, um ícone, uma marca, uma mulher de fim de século: merece não uma, mas muitas biografias. Esse cara pegou esse material, misturou no liquidificador, bateu com os filmes mais babacas que vc já assistiu, com textos de estilão Sidney Sheldon e suas bad girls fatais e criou algo que parece a matéria prima de um roteiro de baixo orçamento e brega.
O livro é repleto de cenas em que Madonna é descrita como selvagem, como dominatrix por excelência, lotado de frases clichês, parecidas com aqueles filmes idiotas que ela fez na década de 80.
Vamos combinar, se a mulher é aquele ser mutante, como vemos abaixo, como orientar sua narrativa para que a opinião de todos seja convergente de uma maneira tão pobre?

Madonna usa - segundo o gênio que escreveu esse lixo - frases de efeito, estratégias baratas e batidas de sedução e sai com o suposto glamour de uma diva de fotonovela.
Ai,meus sais. E eu adoro essa mulher: acho inteligente, ousada, intrigante. Odiava na década de 80, passei a curtir mais tarde, com outra leitura.
Se você é como eu,fuja desses autores baratos.
Vocês veem o que horas em hospitais faz com uma pessoa? ai,ai.







29 abril 2011

Aborígenes












Sempre que passei na Oscar Freire, fiz isso de carro. Na semana passada foi a primeira vez que andei com meus lindos pezinhos por lá. Outro mundo, crianças. Eu me senti dentro da Convenção Republicana, dentro de um jantar do DEM, um chá da Rosane Collor, ou qualquer uma dessas coisas risíveis e desprezíveis.
Algo me lembrou muito, muito alguns textos do Alex Castro. Aqueles textos em que ele fala sobre sua antiga "vida de rico". Mas rico de verdade, viu, leitor? Não essa classe média caipira que acha que tem grana. Nada disso.
Segundo o Alex, o tal rico e seus riquinhos juniors tem a firme convicção de que as outras pessoas estão no mundo para servi-lo. Sua relação com as outras pessoas é pautada por isso.
Assim, os caras simplesmente acreditam realmente que as demais pessoas devem ser subservientes, prestativas, servis. Ficam em choque quando alguém não quer assumir essa posi.ção. O interessante é ver pessoas que não estão presas nessa redoma: se pensarmos nos jovens guerrilheiros da Ditadura, todos de classe média ou alta, mas que não se submetiam ao simplismo de defender sua classe e suas manhas. Gente que saiu do seu condominio mental, como dizem.
Mas grande parte está lá, falando com as pessoas sem olhar, rindo dos garçons, humilhando empregadas, gritando com funcionários, sofrendo horrores porque sua bolsa de griffe demorou para chegar ou o café estava imperfeito.
Entendendo isso, fica fácil perceber como as conquistas democráticas e sociais ocorridas no governo Lula não tem, para eles, a menoooooor importância. E eles lá querem saber se tem moleque morrendo de fome? Ah, faça-me o favor, eles tem mais o que pensar, como por exemplo, gastar grana na Oscar Freire. Gastar, comprar, se transformar em uma marca vendável, fazer bronzeamento artificial e ficar cor de laranja, fazer clareamento nos dentes e parecer um cavalo de raça, colocar peito de silicone, tomar bomba pra ficar "sarado", colocar seu óculos escuros e realmente, realmente mesmo, não enxergar p*** nenhuma.
Sério, leitores amados, as pessoas são muito estranhas.



31 janeiro 2011

Personagens de Angeli soltos pelo mundo































No sábado fui ao Delta Blues com minha queridíssima Michela.
Eu não ia lá há longos quatro anos. Me desculpem os fumantes, mas lugar fechado catingando cigarro é uó. Agora com a lei tucanesca o lugar realmente fica melhor. Porque pra conter o barulhão tem um teto meio rebaixado...isso com todo mundo pitando? Inferno. Deixei de ir.
Pois a versão nova e sem cigarro é melhor. Tá bom ,todo mundo pode começar a me vaiar, vai ouvir blues sem fumaça? , vai tomar toddynho, eu sei, eu sei. Sou da turma do toddynho mess..;0)
O caso é que decidirmos ir. Michela é super rock in roll, a noite sempre é bacana com essa minha amiga, sempre rimos demais. De tudo , de todos, de nós mesmas, claro.
Chegamos antes do show, pra poder conversar, coisa e tall.
Em cinco minutos chega um careca americano e pede pra sentar em nossa mesa. Como a casa tem poucas mesas e já dividi com outras pessoas, nem liguei, claro. Mas o careca puxava papo e passou a noite insistindo em pagar bebidas pra gente.
A garçonete avisava: poem na conta do careca...
Mas não, né? Fala sério. Porque vamos combinar, ele era meio chatinho.
Mas a noite foi boa demais: o som foi Creedence e foi realmente de primeiríssima linha.
Mas claro que com toques de humor - pelo menos no nosso olhar. O vocalista fazi o tipo Tio COntador: bigode, calvicie engolindo a cabeça, barriga. Mas abria a boca e era show de bola. Incrivel.
Não me achem pentelha...mas o baterista era a cara do Larry, gente.
<
Bizarro ver o Larry se acabando na nateria. Bizarro.
Eu sempre observo com distanciamento. Sabe aquelas cenas clássicas onde uma pessoa está em cirurgia e morre um pouco - tá, morre um pouco é doideira, mas vá lá - e fica planando sobre todos e observando? Então. Eu fico olhando todo mundo como se eu estivesse em outro mundo. E acho que todo mundo parece personagem do Angeli.

Não imaginem que me acho superior ou coisa parecida. Vixe,nem conto para vocês como minha autocrítica é cruel...Mas eu acho qas pessoas tão engraçadas. Tão curiosamente engraçadas.
Mas o público lá é bem interessante realmente: velhos roqueiros cabeludos-calvos, jvoens tatuados, jovens não tatuados, motoqueiros de moto clubes e suas esposas, no maior climão familia. Um cara com um visual clássico de professor - professor de quimica! - cantando tooodas as músicas, acompanhado de sua versão aos quinze anos, que também estava hipnotizado pelo show.
Na lista dos chatos, tinha um bêbado que foi colocado pra fora, doidinho pra arrumar confusão, apelidado pela Mi de Joselito. Vocês entendem, tadim, o problema é que ele não sabe brincar.
Só digo pra vocês que foi ótimo.

27 janeiro 2011

O Rolo










Eu me lembrei do Cortiço ontem. Da briga entre a mulata e a portuguesa, do barraco das duas no meio do cortiço, da bagunça.
Ontem eu vi algo assim, mas muito menos literário e muito mais deprimente.
Com o carro no conserto, tive que ir dar aulas na faculdade de ônibus, o que detesto. Já tomei muito ônibus na minha vida, essa chatice...passo.
Sempre trabalhei de manhã, essa experiência com a graduação é interessante, mas é à noite. É um saco dar aulas à noite.

Mas não tive escolha, era isso ou faltar. Então, isso. Na volta, peguei uma carona com outra professora, que me deixou em um ponto de ônibus medonho. Era medonho, gente.
Era em frente de um botequim que cheirava a muitos anos sem faxina, com alguns bêbados rondando. Sério, uma caminhada de bêbados, parecia sindicato dos cachaceiros de Campinas.
E nada da porcaria do ônibus. E mais bêbados. E eu me encolhendo e pensando "manchete..professora fatiada e assada com batatas em um botequim de campinas!!!!". Meda. Porque qualquer um que me conheça, sabe que sou muito medrosa, muito mesmo.
Do nada surge o master bêbado, esses tipos que parecem uma caricatura humana, que olhados, despertam pena e irritação, porque são sempre, sempre, uns inconvenientes. Dito e feito, o master bêbado chegou perto de duas senhoras ( que estavam de braços dados, flores na mão e comentavam do baile que tinham saído, já meio chumbadinhas também)e começou a berrar:
- olha isso..olha isso....veeeeeeeeeeeia....feia...quem quer essa m***????
As duas se encolheram,eu entrei no botequim, pensando:morri, morri.
(Daniel sempre diz que o melhor dessas cenas é minha cara de pânico)
Continuou ofendendo as mulheres, até que um jovem, que chegou em seguida - vindo do mesmo bailão..- parou na frente dele:
- qual o problema aí, seu otário?? Tá ofendendo as senhoras por que??
O valentão se encolheu. Ficou quieto. Do nada,começou a gritar:
- eu piso na cabeça deeeeeeeeela...o sangue vai espichar!!!
Nessa hora eu já estava rezando, abraçada com a bolsa, com cara de choro.
A namorada do jovem que havia defendido as senhoras, pulou na frente do master bêbado: escuta aqui, seu b***, você é homem, mas não é dois!!! cala tua boca, seu bêbado nojento...aqui só tem mulher séria, só porque a gente vai no baile você acha que pode ofender, seu idiota!!!! some daqui, some,seu lixo< /em>.
- Euuu...não...bato em mulheeeer...porque não queeero....eu já matei, já matei...
- Então me mata, seu idiota
!
Dizendo isso, a moça sentou um tabefe nas fuças do bêbado. Mas um senhor tabefe, com mão aberta, que fez barulho mesmo. Aí um grupo de adolescentes saindo de uma escola começou a rir, o pessoal começou a tentar acalmar, até eu entrei na história, acalmando a moça, oferecendo água, essas coisas que quando a gente entra na turma do "deixa disso" faz. Porque eu sou apavorada, muito apavorada, porém,maior que o meu medo de bêbados, é o meu medo de linchamento, e aquele imbecil, uma vez no chão, viraria uma panqueca de sangue.
Ele continuou:
- eu sou primo do xxxx - não entendi o que ele disse - sou graaaande lá no xxxxx - disse o nome de uma favela -eu te mato,heim?
- mata nada, seu bêbado, seu otário, sai daqui senão eu é que te arrebento.
E gritou:
- frouuuxo!!!
O bêbado foi embora, eles tomaram seus ônibus e logo passou o meu.
Subi, ainda com um medo dos diabos, achando a tal da moça uma heroína dos becos. E parecia uma história digna da Madame Gongadeira,afinal.
Socorro.



****post originalmente publicado em abril de 2008.

03 janeiro 2011

Histórias de horror para colorir

















Éramos em cinco professores na mesa do Piola. Eu sempre achei o preço de lá um verdadeiro roubo, mas vocês sabem como sou provinciana. Meus fashion amigos iam sempre e decidi ceder, algumas vezes.
Então, após o papo básico cinema-música-política, a conversa caminhou para a infância de cada um.
Claro que qualquer ouvidinho curioso que estivesse buscando bordas do nosso papo, imediatamente sacaria que ali o estilo "infãncia-momento-feliz" não existia.
Eram pequenas histórias de horror, que provocavam gargalhadas. Dentre todas, me lembro desta aqui:
Um dos professores, alto, bonitão e engraçado, desfiava o rosário de sofrimentos de sua infãncia. Nada grave, nunca cortou cana pra sobreviver, apenas foi criado de forma muito rigorosa. Até os 18 anos, não tomou refrigerante. Sua mãe proibia e ele respeitava isso sistematicamente. O caso é que quando achou que era adulto, quando entrou na unicamp, se matou de tomar coca-cola, com ares de pecado eterno. Disse que comprava e tomava, triunfal.
Usou mochila do Cebolinha até o terceiro ano do ensino médio, comia solitariamente uma maçã nos intervalos que pareciam durar séculos.
Mas o pior, o pior mesmo, aconteceu no pré.
Em uma aula, ele sentiu que uma quantidade considerável de gases queria sair de seu traseiro, assim, em plena aula.
Com uma força hercúlea, segurou as pontas, até que a natureza venceu. Infelizmente, junto aos tais gases, seu traseiro expulsou também uma pequena - mas lamentável - quantidade de um outro elemento mais escatológico.
Entrou em pânico. Parado, estático, esperou um momento. Pediu pra sair e foi direto para o banheiro, onde tirou a cuequinha. Com medo de ser descoberto, teve a genial idéia de escondê-la. Saiu, assobiando, olhando pra um lado, pro outro, decidiu ir até a quadra e esconder a prova do crime dentro do cano da trave de futebol.
Voltou pra sala, pensando ter cometido o crime perfeito.
Dias depois, uma servente balança, diante de todas as crianças, uma cuequinha - devidamente limpa - perguntando de quem seria. A criançada se torce de rir, e K., estático, ficou olhando fixamente a cuequinha.
Diante dos nossos risos, disse:
- Era do piu-piu. Eu sempre odiei o piu-piu.



********publicado originalmente em 2008.

08 dezembro 2010

Vivinha e Daniel em São Paulo II - o inóspito - post de 2008





















Levei Daniel pra conhecer o Memorial da América Latina. Eu já fui várias vezes,quase sempre levando alunos. Ele gostou. Minha parte predileta é o Pavilhão da Criatividade, em especial, o mapa onde andamos em cima das pequenas esculturas estilizadas. Quando levava crianças de quinta série, elas rolavam em cima. Daniel curtiu, mas preferiu a parte onde está o quadro do Portinari e as colunas do Carybé. Realmente lindas.

Mas que o Niemeyer nunca conheceu um lúpico, ah ,meus amigos, não conheceu. Atravessar aqele sol+concreto é praticamente um suicídio lento. Segundo Daniel, ele também nunca conheceu um cadeirante, porque a passarela é impossível pra eles. Sério mesmo. Nem com uma boa alma segurando, só se o fulando largar a cadeira e deixar o cara se estraçalhar no final.

Lindo,porém,inóspito.Se for pra escolher uma obra dele, prefiro aquele museu de Niterói. Ao menos fica perto da água.

E eu tentanto levar um papinho cabeça com meu filho,arrisquei essa:

- mas o cara tem um estilo marcante,né? dá pra identificar...igual aquele espanhol que eu gosto..

Antes de eu continuar e dizer "o Gaudí", o sacana ri da minha cara:

- ah,claro que sei...o Antonio Bandeiras?

Bom, ele também. Mas o assunto era sério, caracoles.

Mas vamos aos micos: na saída do banheiro da lanchonete havia um pequeno desnível, eu dei uma tropeçadinha, juro, foi apenas uma tropeçadinha....então, por reflexo, apoiei as mãos na parede. Riam, crianças: não era parede, era uma divisória que se estabacou com chão, com todo,todo o barulho possível.

Daniel disse que eu saí com a maior cara de bunda, olhando pra um lado, pro outro, com cara de quem pensa "será que alguém ouviu?"

ô coisa.





***** texto publicado originalmente em janeiro de 2008.

15 novembro 2010

A Lolita de Nabokov


Sempre que eu ouvia a expressão Ninfeta, imaginava que se referia a garotas adolescentes bonitas e sensuais. Qual não foi a minha surpresa ao ler Nabukov.
O protagonista, cônscio de sua pedofilia, descreve a ninfeta como meninas entre nove e doze anos (!), que mesclariam, para os olhos turvos do personagem, sensualidade e ingenuidade. Não que olhar para meninas de quinze anos não seja repulsivo vindo de um homem barbado, mas olhar para uma criança de nove consegue ser mais asqueroso ainda.
O livro é fantástico.( Eu sempre prefiro obras onde o leitor pode se embrenhar no imaginário das personagens, para além dos que colocam o foco na ação. Em outras palavras, me interessa mais como as personagens percebem a ação, como elas decodificam a ação, do que a ação em si.
Por isso gosto tanto de Virginia, Berlim, do Biajoni.)
No caso de Lolita, a trama efetivamente é chocante. O personagem, H.H. se perde em delírios pedófilos até que consegue encontrar sua presa ideal: a filha da dona da casa onde ele se hospeda.
Não vou abarrotar esse texto de spoilers, porque vocês devem efetivamente ler a fonte, os clássicos não são clássicos por acaso, enfim.
De forma que prefiro chamar a atenção do eventual leitor desta Casa para alguns pontos: a trivialidade da menina, uma adolescente absolutamente comum, que é sequestrada da sua infantilidade e presa a um universo porco de um adulto repulsivo. Ele mesmo percebe o quanto a destrói, seja com seu ciúmes doentio, seja com sua rotina de prostituição, onde os objetos de consumo juvenis são moeda de troca para sexo.
Uma das coisas que achei curiosamente cruel foi a forma como H.H. compreende as mulheres: não há meias palvras, ele sente repulsa por elas. São descritas de forma vulgar, pouco atraente, grosseira e tola. A própria Lolita, garante ele seria interessante por no máximo três anos, pois perderia a "nifescência" e se tornaria - horror dos horrores - uma jovem universitária.
Existe todo um universo curioso dentro de mentes doentias, Nabukov é consciente disso e explora toda a sordidez desse homem que teme mulheres. Por isso, pela maleabilidade estonteante com ele manuseia as palavras e pela pérfida forma como o personagem vê as pessoas, é necessário ler Nabukov.

11 outubro 2010

Elvis e a invenção da adolescência


Sexta é um dia bom pra conversar, deveria até ser o dia nacional do papo.
Algumas vezes vou até o Café Filosófico da cpfl, o que quase sempre rende bom papos.
Nessa sexta fui ver uma palestra em especial: Elvis e a invenção da aolescência, com Márcia Tiburi e Fernando Chuí.
Na verdade, era rock e a a adolescência, mas meu incconsciente leu ELVIS, ELVIS, ELVIS. Claro. *suspiro*
A apresentação foi boa, teve uma ondulação, uma variação entre momentos de repetição de um conceito, momentos "papinho de botequim ponto com" e alguns períodos de um raciocinio realmente interessante.
Eu quis discordar, concordar, perguntar: ms qualquer opção dessas deveria ser feita com microfone e câmera no rosto e meu super inflado ego ainda não tem segurança para tal empresa.
Fernando Chui intercalava o papo com interpretações das músicas, o que deu cor e ludicidade para a apresentação. Márcia é indubitavelmente articulada, mesmo que isso envolva um raciocinio nem sempre tão elaborado.
No caso, a ideia era de que a criação do conceito de adolescência está vinculado ao aumento da perspectiva de vida ( sim, eu sei que é óbvio, mas entendo os palestrantes, tem que se partir de um ponto pára desenvolver a reflexão).
De resto, apesar de perceberem o potencial revolucionário - em todos os aspectos - do período da juventude, apontam a absorção disso dentro de uma lógica capitalista, onde antes de serem sujeito de qualquer coisa, esses jovens são um mercado consumidor promissor.
A apresentação foi basicamente isso, tendo uns lampejos de Adorno e alguns exemplos musicais. Foi bom, gostei de ter ido.
Infelizmente, como fui sozinha, fiquei na mesa com duas outras pessoas, uma dessas era um piloto que pediu para fazer uma pergunta e fez um discurso. Se você assistir isso pela Cultura, a mulher do lado do chatinho, com cara de vergonha e morrendo de vontade de socar aquela boa nervosa e tola, sou eu.
Coisas da vida, pessoas.

09 agosto 2010

AtaqueDeBobeira.com.br

















É isso que dá ter amigas desde a adolescência, as criaturas crescem, amadurecem, mas não adianta. Quando juntas, agem como se fossem as mesmas malucas que eram quando calouras na Unicamp, em 1989.
Ai na foto: Pat fazendo careta e puxando Frou para um lado, eu puxando pra outro e Frou rindo.
Vixe maria, tem jeito não...três retardadas, digo isso pra vcs.
Sorte minha, ter amigas há tantos anos e ainda fazer micagem. E fotografar. E colocar no blog.
Ou seja, é muita disposição pra pagar mico, né?
Isso é saúde mental, crianças, juro!

07 junho 2010

o beijo que não era de klimt


Eu já contei por ai, entre um coment e outro, mas agora vou assumir.
Eu fiz teatro na adolescência. Pronto, falei. Tô vermelha, gente.
Porque adoro teatro, adoro mesmo. Acho que uma boa peça é sempre uma experiência única, mas teatro amador é o ó do borogodó.
Os ensaios vão sempre virando uma coisa que mescla sessão de descarrego com terapia em grupo. E levado a sério, muito a sério.
Eu tinha 16 anos e queria mudar o mundo, como muita gente aos 16 anos.Mas hoje, com 38, não posso deixar de lembrar divertida dos exercícios. Já que é pra chutar o pau da barraca, vamos lá.
Uma vez, em um curso, o "diretor" pediu que todo mundo levasse um lençol na aula seguinte. Levei. Aí ele me manda essa: era pra todo mundo vestir o lençol (note : SÓ O LENÇOL) e sair pulando pela rua, em uma versão tupiniquim das bacantes.
Fala sério.
Coloquei o lençol em cima da camiseta e do jeans. Horrorizados, os outros olhavam pra mim e pra umas outras três alunas ( que também estavam vestidas sob o lençol) penalizados diante de nossa - nas palavras deles...- "travação e repressão".
(Ok, vai ser desinibido, sem repressão e andar pelado de lençol na rua, vai fundo, dou a maior força. Mas eu passo, obrigada.) Além de tudo, acreditem ou não, o tal exercício foi filmado e apareceu no jornal local, com close aqui em mim....imagina so se eu estivesse "desreprimida"?
(Antes reprimida ridícula vestida do que "desreprimida" ridícula pelada na rua. Eu achava e ainda acho.)
Em um dos exercícios, o grupo com o qual eu trabalharia tinha uma "super desreprimida"; veio dela a idéia brilhante:
"vamos tirar a roupa? eEsse povo do curso tá muito frio".
Claro que argumentei que ninguém ia ficar frio com o nosso grupo ridículo e pelado, mas que seria uma estratégia simples, barata, fácil. Tola, na verdade.
" Assim todo mundo presta atenção, grande droga."
Convenci os outros ( afinal, seria mais uma vez excluída e taxada de reprimida...mas esse mico eu não pagava nem a pau) e a gente fez uma outra coisa qualquer.
Ridicula, claro. Mas vestidos.
Em outro exercício , o "diretor" se concentrava ao ler um texto e a gente, em cima do palco, de olhos fechados
(porque teatro amador brega pra diabo tem que ser feito de olhos fechados) tentava interpretar o tal texto filosófico.....com gestos.
Preciso dizer mais alguma coisa?



******primeiro texto publicado neste blog, em 2006.

20 abril 2010

Distorções






Tem muita coisa divertida nesse mundo, mas uma das mais engraçadas é a super valorização do ego. Olha só, não nego que todos tempos um ladinho - mais ou menos escondido - que seja um tanto quanto ególatra, não nego mesmo.
Mas tudo tem limite nessa vida.
Auto-elogio setenta vezes por dia? Hum...desculpaê, mas é coisa de bicho inseguro, que chora no chuveiro.
Eu sei que é triste, mas eu acho hilário.

01 abril 2010

Novela : lado A e lado B



Eu vejo novela e gosto: só colocam porcaria no ar porque querem, afinal, existem autores de talendo e atores fantásticos.
O caso é que seriar uma história não faz dela, necessariamente, uma má história. Mas como já contei aqui, conversando com um amigo que hoje é roteirista da Globo, ouvi algo mais ou menos assim; "Temos que escrever porcaria, porque nivelamos por baixo, competimos com porcaria...". Triste, heim?
Mas o fato é que assisto. E sempre achei que comunicação de massa TEM que ser discutido, dada o seu poder, a sua inserção social.
Vamulá.
No caso da atual novela das oito, Viver a Vida, tenho alguns pitacos a dar:

* Atuação magistral de Aline Moraes e Lilian Cabral, que conseguem se superar a cada trabalho.

* Mateus Solano arrasando na pele dos gêmeos. Além de um ator de primeira, um fofo, uma coisa.

* Fotografia deliciosa, já vale a novela.

* Bárbara Paz arrasando como anoréxica bebum: além de uma atuação brilhante, um tema complexo e importante que massacra jovens brasileiras.

* Todas as informações sobre acessibilidade dadas na novela, sem papo com cara de sermão barato, estão imbuídas na história de forma inteligente.


Mas eu quero é falar do lado B:

* Sei que infidelidade é comum, rola e tal. Mas nessa novela, TOOODOS são infiéis sistematicamente. Em uma festa, o namorado flerta com uma louca qualquer, nas fuças na namoradinha jovem. Em outra, o marido dá cantada em uma desconhecida, enquanto a mulher enche a cara. A mesma mulher que, entediada de sua vida vazia, tem um grande dilema : trair ou não trair. Fato que é motivo de piadas da amiga.
A amiga da personagem principal, observando a primeira crise do casamento desta, diz:

- Relacionamento é como cristal, partiu, não tem jeito. Joga fora e compra outro.

Juro em cima do pc que ouvi essa pérola.
Vamos comprar, gente, é promoção. Ainda que a infidelidade exista, que as crises existam e que casamentos acabem, essas interpretações levianas são um saco.
Fica tudo sendo a mesma coisa: artigo que pode ser comprado.
Aí é a prima que avança no quase-caso da outra prima, a prima que dá corda pro marido da casada corna( aqueeeela que divide a vida entre academia e ...academia).



* o personagem do José Mayer merece um tópico só pra ele: é o protótipo do tio sukita em sua pior versão. O autor teve a infelicidade de criar cenas em que ele agride Dora - uma personagem dúbia e estranha - e a despeito disso, é recebido por ela em um arremedo de amor-ódio que não cola.
Quando ela diz que vai trabalhar na casa, ele retruca, com vozinha rouca ( péssimo):
- Vai trabalhar aqui...tem que fazer o serviço todo.
Quase vomitei, povo.
O autor acha meeeeesmo isso erótico? Onde? Em novela mexicana ou peça de circo do interior?


* Trabalho infantil me assusta, já comentei aqui, já coloquei a Beth Davis aterrorizando o público em O que Terá acontecido a Baby Jane? Porque efetivamente acho um risco expor crianças ao universo do trabalho, ao universo da ficção e todas as suas neuras.
Aquela menininha é uma fofa, mas eu penso nos astros mirins norte americanos, todos surtados e tenho pena da garota.


Esses são alguns dos pontos que me chamam a atenção na novela. Pena, né? Com tanta gente talentosa, eles ainda escolhem o Manoel Carlos do Leblon e suas velhas histórias repetidas.

16 março 2010

Releituras e novas leituras


Faz algumas semanas li Amoz Oz pela primeira vez. Não sabia e nem sei nada sobre ele, comprei o livro por acaso, em uma dessas promoções da Fnac. ADOREI.
O livro se chama A Caixa Preta e é essa "caixa preta" que abrimos aos poucos , através da narrativa dele. O texto todo é elaborado através de cartas e telegramas de diferentes personagens, onde é possível construir e desconstruir a imagem que fazemos de cada um deles e da própria história.Delicioso, inquietante.
Comecei a ler Scott Fitzgerald por esses tempos: não sei se gostei ou não. Não detestei, dá pra ler. Olha que coisa deprimente de se dizer de um autor!! "dá pra ler"...é mais ou menos quando uma mulher conhece um homem e diz "ah, ele é educado". Bom, se ele é "educado", não sobrou um só elogio pra fazer, um caos.Mas assim que terminar o livro, comento melhor.
Reli A Dama das Camélias - não riam! ando assim, com romantismos infantis...rs - ele tem sim sua beleza, claro. Apesar de repetir o esquema "mulher fatal se apaixona e se torna imbecil". E o detalhe dela usar camélias brancas vinte e cinco dias por mês e vermelhas durante cinco....eca....rs.....que nojo! "não venha na minha casa hoje, camélia vermelha".
Reli A Idade da Razão, do Sartre. Lembro que tinha me impactado tanto!
Li com prazer porque a escrita é saborosa, desce goela abaixo como um vinho gostoso.
Mas pelamordedeus...que personagens são aqueles?
A Marcelle é uma neurótica semi-agorafóbica, chata, inútil.
O Daniel é o típico misógino - manipulador. A Lola é uma coitada cheiradora e caçadora de franguinhos bobos. O Bóris É o franguinho bobo. A Ivitch deve ter sido a personagem mais idiota que eu já vi: devia cantar REBELDE! Guria frígida que não suporta que a toquem...
Em uma das cenas bobocas, em um bar, ela se corta, mostra o sangue pra outra mulher, em uma dessas cenas "pra chocar".ZZZZ.......
"Eu sou má, viu? olha que rebelde que sou.....uiuiuiui!!!", batendo o pezinho.Jesus.
Mas o pior mesmo é o Mathieu: um professor que se relaciona quase o tempo todo com esses dois últimos citados, dois jovens alunos. No frigir dos ovos: um inseguro que precisa do olhar ingênuo de um aluno pra se auto afirmar, assim, cita dois ou três autores, uma ou outra frase de efeito e posa de intelectual. Me poupe.
Em um determinado momento, Bóris diz que o viu falar de Kant, bebendo vários uisques, sem se embebedar.
1) o cara falou de Kant = um chato.
2) o cara falou de Kant babando no uisque = pelamordedeus
3) o cara falou de Kant babando no uisque pra um aluno = patético.
Eu ainda vou reler os outros da trilogia, não será um esforço porque eu realmente gosto do trato que Sartre dá a palavra. Só ri muito desses personagens.
Vale a pena lembrar, que quando eu li, mais ou menos na idade da Ivitch, achei tudo maravilhoso. Oh, céus.



***texto publicado orginalmennte em 2006.

05 março 2010

A apresentação II











Já que nos post abaixo estou contando sobre uma apresentação, vai mais uma historinha.
Um dos encontros que mais gosto de participar é o promovido pela Ludus Culturalis. Além de ser um momento de mostrar o meu trabalho e conhecer os outros, ficou sendo, pra mim, o período do ano em que mais troco figurinhas com gente que gosta de rpg, hq, e outras coisas de geeks.Uma delícia.
É tão divertido revê-los. Com certeza, as conversas mais divertidas que tive foi jantando com esses amigos. Alguns filmes eu jamais consegui ver com meus próprios olhos, depois de terem sido destruidos brilhantemente por eles.
(Algumas histórias eu ainda preciso blogar...)
No ano passado minha apresentação foi em um auditório enorme, mas enorme de verdade. Eu fiquei super bem, até cinco minutos antes de começar.
Comecei a ver aquele povo entrar, o coração disparou e o ar foi embora, todo ele, sem dó nem piedade. Pânico total.
Continuei conversando com os amigos com quem estava, sentindo o sangue sumir do rosto e pensando " Agora eu despenco aqui no chão...".
Subi e fui pra mesa: eu sempre peço pra falar antes, como o pânico sempre vem e preciso de uns segundos pra domina-lo, se eu tiver que esperar, tenho medo de não conseguir. Ok, me apronto para começar.
Mas meu colega de mesa chama uma psicóloga.
E eu não entendendo necas. Ela sobe, pega o microfone, fala um pouco, em pé, sobre ludicidade, exagerando nos gestos e me deixando com vergonha por ela. E eu ainda não entendendo.
Ela continua, diz que todos vão relaxar e devem acompanha-la.
Ai começa a bater palmas, dar uns pulos, fazer umas coisas lá na frente.
Na minha frente: e eu, com cara de naaaada, sorrindo amarelo, sussurro pra ele : " Não temos que fazer isso, né?"
"não " - ele respondeu baixinho - " Também morro de vergonha..."
Depois de ver a platéia bater na própria bunda e dar uns gritinhos estranhos, eu já estava mais calma. Com vontade de rir, mas estava calma.
Minhas imagens no data show ficaram absolutamente gigantes e lindas, um belo trabalho feito por um amigo.
Deixei de discutir um monte de temas, mas acho que deu pra dividir um pouco da experiência que tive com as crianças, deu pra mostrar um pouco de como eu acredito que deva ser a educação, de como eu tento caminhar.



****post originalmente publicado em março de 2007.

11 fevereiro 2010

Crianças monstro - com atualizações

LI na Época desta semana que a rainha da bateria de uma escola do Rio seria uma menina de sete anos. Pois é, povo, os pais surtam e depois não sabem porque os filhos são rascunhos do inferno no papel de pão.
Alguns que se preocupam com a sanidade mental da garota já entraram com processo, querendo impedir a coisa toda. Os pais, envoltos na maior vibe narcisista, teimam em dizer que a fantasia da garotinha é comportada ( mini saia e mini blusa, acho que o "não comportada" pra eles seria fio dental) e tentam por toda lei colocar a litle perua rebolando na frente de marmanjos.
E aí, mesmo psicólogos e juízes apontando a inadequação do papel, a hiper exposição e o estímulo a sexualização precoce, os pais brigam na justiça pelo direito de decidir.
Eu sempre me pergunto quem pode defender as crianças dos pais...porque na ânsia de provarem que tem um poder quase divino sobre os filhos, expoem essa moçada a papéis absurdos.
Isso me lembra os medonhos desfiles de miss-mirim, com garotas que são verdadeiros travecos em miniaturas, completamente exageradas, sabe aquela coisa bem Texas? Então. Dureza, gente, dureza.
Mas isso merece um post à parte. Por hora, em "homenagem" às meninas feitas "estrelas" por conta da vaidade familiar, deixo com vocês a deprimente cena de O Que terá Acontecido a Baby Jane?, onde Baby Jane ( Betti Davis), uma ex estrela mirim, tenta voltar aos áureos tempos, fazendo o que sabe fazer: sendo menina....apesar de ter envelhecido. Assistam comigo.




*****

Acabei de ler: parabéns aos "pais do ano", estão criando mais uma mutante.

17 dezembro 2009

Elocubrações


Eu ando pensando cá com meus botões. O que pode motivar alguém a ser grosseiro?
Digo grosseiro no sentido de ser indelicado, de dar alfinetadas todo o tempo, de falar coisas que deixam o interlocutor ( ou "aquele-que-ouve-o-monólogo") constrangido a ponto de não responder.
Hum, digo um pouco mais, o que motiva alguém a ser indelicado com alguém que não passa uma boa fase?
A criatura é apenas alguém sem educação mesmo? Ou podemos pensar que é alguém com tamanho complexo de inferioridade que usa um mal momento do outro para se auto afirmar? Ou é puro sadismo?
Eu não sei.
Vocês tem alguma ideia?