Acho que eu já disse aqui, tenho um fraco por professor. R. foi um amálgama de professor, namorado e amigo. Atualmente é leitor eventual dessa Casa, apesar da distância.
Ele foi quem me apresentou a alguns autores que nunca tinha lido, quem me estimulou a discutir e -segundo ele -foi a motivação pra eu fazer História.
Mas isso é egocentrismo dele.
O fato é que eu adorava suas aulas, isso é verdade.
Na época do Colégio, eu, R., Dri, seu então namorado e atual marido , Pitty, e outros amigos saíamos da aula e fazíamos um pit stop no bar da frente. Estudávamos à noite e sexta feira era obrigatoriamente dia de beber e jogar conversa fora.
Olhando agora, mais velha e infinitamente mais careta, acho um absurdo grande parte das coisas. Bebíamos por lá e íamos a pé até uma parte do Cambuí, cheia de bares, apelidada carinhosamente de Setor. Isso em uma era pré diluviana em que se podia andar a pé em Campinas, durante a noite.
Me lembro de uma noite , andando ao lado da prefeitura, quando um garoto de rua desceu correndo, disparado e apavorado, fugindo de dois jovens.
O garoto agarrou as pernas de R., talvez percebendo, de alguma forma, que poderia ser protegido por ele.
R.segurou o garoto, falou calmamente com os perseguidores - que haviam sido assaltados pelo menino - e resolveu tudo. Mas com uma firmeza, um olho no olho, que não deixava espaço pra discordar. Os caras foram embora, o garoto foi salvo. E eu só pensava : "uau..."
Acostumada aos colegas histriônicos, aquele controle todo da situação era cinematográfico pra mim.
Na época, me encontrava com meu amor eterno da época lá no Setor, ele saia da agência e ia direto pra lá. Tinha ciúmes de R., coisa que só fui entender mais tarde. Antes que eu mesma notasse, ele já tinha notado meu interesse. Se é que dá pra entender isso.
Após o fim do relacionamento com esse namorado, houve algo muito bacana com R.
Como eu estava saindo de um relacionamento que havia me ocupado toda a adolescência e eu estava muito "mudééérninha", vivemos uma coisa esquisita no melhor estilo "relacionamento aberto".Eu achava o máximo na época, mas de forma alguma repetiria a dose hoje em dia.
Como eu estava saindo de um relacionamento que havia me ocupado toda a adolescência e eu estava muito "mudééérninha", vivemos uma coisa esquisita no melhor estilo "relacionamento aberto".Eu achava o máximo na época, mas de forma alguma repetiria a dose hoje em dia.
Já disse, sou infinitamente mais careta.
Quando eu decidi terminar com ele, continuamos muito amigos.Tínhamos um gostoso ritual, cada vez que ele vinha pra Campinas:sair pra almoçar, conversar o dia todo, se despedir sem angústia. Era bom.
Depois, ficamos muito tempo sem nos ver.
Há alguns anos, nos reencontramos em São Paulo, ele vinha pra cá e combinamos de nos ver por lá.Um final de semana pra matar a saudade.
Já fazia alguns anos que não nos víamos. Foi bom e foi ruim. Acho que eu fui esperando o professor e ele foi esperando a aluna e "eles" não foram.Confesso que foi estranho.
Em um determinado momento, desse final de semana de remember, R. começou a relembrar as mulheres que passaram por sua vida. Sei lá porque. Fulana, Beltrana...todas lindas e inteligentes, blablabla.E eu ouvindo.
Mas ele me pulou. Eu estava deitada no sofá e pensei: "porra, ele me pulou".
Não corrigi, nem brinquei com isso. Só pensei que não estava na lista.Foi tão frustrante, me senti como se ele tivesse roubado algo que era "direito" meu, direito a parte de sua história. Talvez eu devesse ter dado um pedala bem dado, exigindo meus direitos, "ô meu filho, você está na minha lista, c***!"
Um dia ainda escrevo pra ele e digo isso. Ou deixo ele ler aqui.
**** publicado originalmente em 13/04/07.
Vi, adorei...pude atraves das suas palavras...relembrar este tempo...eu continuo moderninha...fazer o que com 2 filhos adlescentes crescendo junto ou se moderniza ou esta fu.....
ResponderExcluirDe verdade adorei o post...somente voce poderia descrever esta relaçao. Tens o email ou contato dele...gostaria muito de falar com ele (se e que ele lembra de mim)..
Beijinhos minha cheios de saudades do outro lado do oceano
Vivien, tuas histórias sao especiais. A forma como tu escreves é muito legal. Sou tua leitora assídua e aprecio muito a maneira como expressas teus sentimentos e contas tuas vivências. Parabéns, guria!
ResponderExcluirVivien, não engula, cobre seus direitos.
ResponderExcluirNinguém merece ser roubado assim, mas talvez ele diga que vc está fora da lista, porque é superior à todas as outras, não pode estar no mesmo nível.
Tudo bem, mas não deixe passar, esperneie, e mostre que isso não passou em branco prá você.
Beijos.
Depois nos conte o anadamento da história.
Putz! Que sacanagem! Ele te deixou de fora?!?!?!?
ResponderExcluirBom... talvez essa lista dele seja das que "passaram". Você... bem, você não passou, ainda continua lá com seu espaço garantido.
Adriana, eu me lembro de muita coisa daquela nossa época.;0)
ResponderExcluirMando o email dele pra vc. E ele se lembra de vcs, claro.beijos.
Thelma, fico muito feliz, gosto muito de te ver por aqui.;0)
ResponderExcluirAna, esse tipo de coisa não se cobra. De mais a mais, um amigo psicanalista - que tb foi aluno dele - me deu uma interpretação muiiiiito interessante desse tipo de coisa.;0)
ResponderExcluirCláudia, deixa pra lá...mas por que raios um homem lista suas ex pra uma mulher??? beijos.
ResponderExcluirOlha... esse foi o meu primeiro pensamento: que cara estranho, falando disso numa hora dessas. Só que, como não estava presente, não quis levantar essa lebre; sei lá, vai ver que tinha sentido na hora.
ResponderExcluirMas, pelo que você falou agora, pelo jeito não tinha nada a ver, né?
É engraçado esse negócio de encontrar uma pessoa querida, depois de muito tempo. Às vezes a coisa rola como se nunca tivesse existido nem um dia de separação. Em outros casos, parecem dois estranhos se encontrando.
ResponderExcluirConforme o tempo passa, a gente acha que cresceu, que melhorou, que evoluiu. E a gente espera que o mesmo aconteça com alguém que a gente gosta, ou que tenha gostado.
Quando dá esse encontro torto, a gente desanda a pensar que, talvez, o outro não tenha crescido o suficiente, mas depois, a gente também questiona se não foi a gente mesmo que não evoluiu o quanto devia.
Na maioria das vezes, não é nada disso. Cada pessoa cresce pra um lado. Nem sempre coincide.
Cláudia, poderia ter sentido pra ele. Homens são incompreensíveis.;0)
ResponderExcluirArnaldo, acho que todos nós mudamos o tempo todo, isso é sempre bom. Ficar a mesma pessoa realmente é algo muito triste.
ResponderExcluirMas tb acho que eu era muito mais facilmente impressionável quando era mais jovem.beijos.
Viven...
ResponderExcluirVi seu comentário no meu blog... até tomei um susto porque eu nem lembrava mais que tinha blog hehehe
Mas, vc me fez ter vontade de escrever de novo... quem sabe agora me animo... tenho um monte de blog... todos abandonados... afinal, não dava pra abandonar só um... geraria ciúmes nos outros rsrs Só não sei se ainda a lembro a senha pra postar... será que terei que criar outro blog? Mais um?
Tava esquecida de como era gostoso esse mundo de blog... andei navegando pelo seu, lendo uns textos... entrando em links...
bjs
Tell, espero que vc volte a ativa! grande beijo.
ResponderExcluirVivien,
ResponderExcluirÉ difícil entender por que se enumera conquistas. Acho que às vezes, na falta do que dizer, falamos bobagem. Você tinha dito que o reencontro não tinha sido legal. O mais natural seria o silêncio. Quando alguma experiência é frustrante o normal é ficarmos quietos. Só que o silêncio às vezes faz muito barulho. Desandamos a falar (para calá-lo) e inconscientemente nos vingamos do que esteve aquém do que desejávamos. O esquecimento, na minha opinião, foi inconscientemente proposital.
Beijão
Professores têm charme e encantam pelo saber. Acho que todos nós já fomos apaixonados por um ou por uma.
ResponderExcluirDesencontro
ResponderExcluirChico Buarque/1965
A sua lembrança me dói tanto
Eu canto pra ver
Se espanto esse mal
Mas só sei dizer
Um verso banal
Fala em você
Canta você
É sempre igual
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
Não sei se você ainda é a(o) mesma(o)
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esqueceu
Cadê você (Leila XIV)
ResponderExcluirJoão Donato & Chico Buarque/1987
Para o filme "Quando o carnaval chegar" de Cacá Diegues
Me dê notícia de você
Eu gosto um pouco de chorar
A gente quase não se vê
Me deu vontade de lembrar
Me leve um pouco com você
Eu gosto de qualquer lugar
A gente pode se entender
E não saber o que falar
Seria um acontecimento
Mas lógico que você some
No dia em que o seu pensamento
Me chamou
Eu chamo o seu apartamento
Não mora ninguém com esse nome
Que linda a cantiga do vento
Já passou
A gente quase não se vê
Eu só queria me lembrar
Me dê notícia de você
Me deu vontade de voltar
Já passou
ResponderExcluirChico Buarque/1980
Já passou, já passou
Se você quer saber
Eu já sarei, já curou
Me pegou de mal jeito
Mas não foi nada, estancou
Já passou, já passou
Se isso lhe dá prazer
Me machuquei, sim, supurou
Mas afaguei meu peito
E aliviou
Já falei, já passou
Faz-me rir, ha ha ha
Você saracoteando daqui pra acolá
Na Barra, na farra
No Forró Forrado
Na Praça Mauá, sei lá
No Jardim de Alá
Ou no Clube do Samba
Faz-me rir, faz-me engasgar
Me deixa catatônico
Com a perna bamba
Mas já passou, já passou
Recolha o seu sorriso
Meu amor, sua flor
Nem gaste o seu perfume
Por favor
Que esse filme
Já passou
Vivien, pode bem ser o q o Lord disse, e nesse caso é triste... Ou será q o cara queria dar de "fodão" pra cima de vc (ó como continuo irresistível?). Opinião muito particular: acho q forçar o outro a dizer o q esperávamos dele é mto cruel pra nós mesmos, a ñ ser q o tal outro esteja muito próximo, q possa mesmo nos ouvir. Não sei se é o caso dele, q ego não (aparente/te, pelo menos)? Mandar pra p.q.p. é um bom exorcismo. bj.
ResponderExcluirpS: relações abertas já foram meu ideal. Vivi isso na tenra idade (17-22). Furada total!
Lord, essa foi a interpretação do meu amigo pscinalista. E acho que tem sentido, muitos silêncios e lacunas são mais significativos do que muitas palavras.Mas , como disse, na hora, foi muito frustrante pra mim.bj.
ResponderExcluirLino, bingo.Por ai mesmo.;0)
ResponderExcluirClélia, como sempre: nevrágica e perfeita.;0)
ResponderExcluirSibila, acho que , de qq forma, aquela fala teve seus pontos de auto afirmação. Sei lá.
ResponderExcluirQuanto ao tal "reacionamento aberto", foi a única vez que experimentei. Nesse ponto sou tradicional e possessiva, o que é "meu" ninguém tasca!!!beijão.
o mundo dá voltas e parece que nem tudo gira, escapa... estranho como estas histórias são sempre tão presentes na vida de professores e alunos...
ResponderExcluirRicardo, pois é: impressionar aluno(as) é fácil, deve ser por isso...hahahah
ResponderExcluirMinhas sugestões:
ResponderExcluir1 - ele ficou sem graça de colocar você na lista, nao sabia que cara fazer na hora de falar o seu nome, e pulou.
2 - ele pulou pq era obvio que vc estava na lista
3 - ele pulou para ver vc reclamar
Sei lá, eu já tive esse tipinho de papo quando era mais nova e de vez em quando acontecia isso de excluir a pessoa, por pura falta de jeito. Se apoquente nao, mas se nao gostou reclame.
Baxt, gostei de suas opções. Talvez ele quisesse me ver reclamar, mas esse tipo de coisa, não se exige, né?
ResponderExcluirMas o bacana foi o email que recebi de um ex depois de ler o post..."na minha lista vc está!!"...rs..bj.
R: Adorei o texto e os comentários. Bjos
ResponderExcluirSe alguém quiser perguntar alguma coisa a R: fique a vontade.
ResponderExcluirO bonito de seu texto é que ele é escrito por quem viveu. E sabe viver bem. Um prazer ler essa história.
ResponderExcluirR, que bom que vc gostou.;0)
ResponderExcluirAchou o blog da Adriana?
****
E eu quero perguntar: por que eu não estava na lista?;0)
Ana Carmen, que prazer te ver por aqui.;0)
ResponderExcluirTenho curtido muito seu blog.
Obrigada e volte sempre.bj.
Vivien, mulher, reli esse texto achando que já conhecia, mas sem muita certeza. Agora vi que, na época de sua publicação, cheguei a fazer dois comentários nele, hahahahhha... o mais engraçado é que meu último comentário revelou pra mim que, apesar do tempo passado, meu questionamento ainda foi o mesmo: Por que raios o sujeito foi listar nomes das mulheres que teve numa hora dessas?!??!?!? Mas, como você falou, homens são incompreensíveis mesmo... nhé!
ResponderExcluir***Claudia, a lista foi mesmo uma coisa completamente esquisita...rs
ResponderExcluirMas só muito Freud mesmo, certo?
ahahha
beijos, querida.