18 novembro 2011

Blog hibernando

Queridos amigos, o meu querido blog está dormindo. Eu não desisti dele, mas ando dividida entre outros afazeres e, por enquanto, os textos por aqui não vão aparecer. Nem poderei visitar os blogs amigos que adoro. Por enquanto não dá, no máximo passeio pelo face. E olhe lá. Cometi orkuticídio, não entro no twitter. Adoro, mas não rola por hora. Tenham paciência comigo, eu volto. I love you.

15 outubro 2011

Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz

Como toda sexta feira fiz os exames cedo no Hospital do Rim, depois voltei ao ambulatório pós transplante pra consulta. Voltei à tarde pois minha consulta foi às cinco. Eu sempre marco esse horário porque dá tempo de voltar para o apartamento do meu irmão e descansar. No meu caso isso significa me jogar naquela cama maravilhosa dele, com aquele travesseiro incrível e dormir, já que geralmente fico a noite toda vendo filmes. Tempos de loucura, vocês sabem.
Antes da consulta, por vezes converso com outro transplantado: perguntamos quanto tempo temos de cirurgia, quanto está nossa creatinina, se fizemos diálise, esses papos estranhos.
Nessa sexta, conversando com uma moça e um outro paciente, lembrei:
- Ah, você transplantou um dia depois de mim....lembro de você, a gente já se viu de camisola de hospital por ai...
- (rindo) ah, é....eu lembrei: aquele dia da ecografia, né?
- isso,...blá..blá...blá...
Fiquei sabendo que ele teve doador cadáver ( essa expressão dá aflição no começo, mas depois a gente acostuma) e que o "rim irmão" ( ou seja, o outro rim do doador falecido) foi para um médico. Tanto a moça quanto ele danaram a falar do tal médico, rindo muito. Parece que o médico era cirurgião e deu o maior barraco na sala preparatória e na própria sala de cirurgia, gritou, praguejou, fez o diabo.
Pelo que entendi, todo mundo ficou conhecendo o tal cirugião-que-virou-paciente, por conta dos escândalos. Surtos mil, gente, afinal, mudar de lugar não é simples. Passar de "quem corta" pra "quem é cortado" deve ser uma tarefa enlouquecedora.
Porque ele conhece rotineiramente o que acontece com os pacientes na sala de cirurgia, ele sabe como são tratados quando estão desacordados e deve ter suas reservas. Eu não sei, e nesse caso, a ignorância é uma benção, só sei que colocaram um outro órgão em mim e ele funciona bem, ponto.
O rapaz contou que a filha do médico ia chamá-lo todo dia, porque o tal médico-e-o-monstro queria vê-lo.
Esses casos, de pessoas que se afeiçoam aos que receberam o "rim irmão", são rotineiras. Eu vi que as pessoas estabelecem uma ligação intensa. Eu disse sempre gente, é tudo muito doido.
Falamos da nossas diferentes maneiras de lidar com a questão do novo órgão e , como sempre, surgiu a questão da fé. Sempre que converso com alguém, duas coisas pintam, falamos sobre transplantados longevos e falamos de fé. Nunca encontrei ninguém que não fosse imensamente grato por essa chance, no caso dos transplantados que estavam em diálise, gratos pela liberdade.
Vejam meu caso: nunca fiz diálise, graças a Deus, coisa que tinha pavor, não fiquei na fila, ganhei um rim de um irmão que amo muito e tô aqui, lindaloiraejaponesa, feliz da vida.
Ah, sem esquecer do melhor da prosa: nós três tivemos companheiros de quarto malucos. Tropeçamos com pessoas que adoravam contar desgraça. A moça contou que ficou com uma velhinha que dizia pra ela que ainda ia doer muiiiito, que ela nem ia aguentar e que sei lá quem tinha morrido. A gente gargalhava com ela imitando a velha sacana e contando como fazia pra dar uma egípcia na doida.
Mas isso é fato: tem uma turba doida lá dentro que adora contar desgraças, com minúcias. Agora, eu francamente não entendo como alguém pode querer entrar nessa vibe de desgraça. Porque estando ali no hospital, de camisola, costurado, com dor, a gente só quer saber e pensar em coisas boas. A gente só quer curtir a fé.
E não é que tem pessoas que estão em outra via? Olhando o mundo e vendo tudo negativo.
Ah, sai pra lá, #melargamesolta, por favor.
Gente, gente, estou dizendo pra vocês, de perto ninguém é normal, Caetano foi um mestre ao sacar isso.


Eu e o Professor


No meu primeiro ano na Unicamp, nada foi como eu esperava. História não era o que eu achava...me sentia um ET quase todo o tempo, pois minha trajetória era tão diferente dos outros que não conseguia me sentir fazendo parte do grupo.
Eu vinha de escola pública, eu sempre tinha trabalhado e me via fazendo parte de um grupo que nunca tinha pago uma conta na vida, adolescentes no total sentido da palavra.
Uma hora ou outra eu cruzada alguém que também se sentia um et e a gente estranhava tudo naqueles rosados garotos burgueses.
Não que eu nao gostasse deles, até gostava, só não me identificava com praticamente ninguém. Aos poucos me ambientei e formei um grupo se seria coeso até o fim da graduação e se despedaçaria em trinta mil pedaços após a formatura, sobrando apenas aqueles que realmente tinham elaborado um laço de amizade muito profundo. Pra minha alegria, são meus amigos até hoje.
Estive a ponto de desistir, tinha passado em jornalismo também, mudaria de curso e pronto.
Mas foi ai que li o livro do Professor.
Foi o seu primeiro livro, considerado por ele até um tanto quanto ingênuo. Talvez ele tenha razão, se compararmos com os três posteriores( que, claro, li também)
Mas o livro era ótimo, inegavelmente.
O tal primeiro livro teve um impacto inesquecível nos meus vinte anos.






Me lembro de pensar que,se aquilo era fazer História, então aquilo eu queria aprender a fazer. Eu gostei de tudo: do objeto de pesquisa, da análise absolutamente peculiar das fontes, da maleabilidade única para lidar com a palavra.
Inegavelmente um grande historiador e um grande escritor.
Consegui uma bolsa trabalho, logo deveria prestar algum serviço pra unicamp. Tinha parado de trabalhar e não podia me dar ao luxo de viver de dinheiro de pai, nem combinava comigo.
Procurei Professor para auxilia-lo em sua pesquisa.Para surpresa de todos, ele aceitou. Era famosa sua recusa em aceitar bolsistas, pois efetivamente gostava da pesquisa e creio que não se via com um assistente pra fazê-la.
Talvez tenha aceitado ao ver meu jeito de deslumbrada que só as meninas de vinte anos podem fazer.( Claro, aos trinta isso se torna ridículo....rs)
Mas ao contar isso, me lembro de como fui toda sorridente pedir para ser sua bolsista, falei com ele em um lugar que nem existe mais, tomado pelas mudanças que houve no IFCH.
Ele me aceitou, mas não posso dizer que eu o tenha auxiliado.
Ele me orientou na minha primeira garimpada no Arquivo Edgard Leuenroth, comentou comigo minhas descobertas, riu de mim muitas vezes, corrigiu umas tantas, ensinou umas outras.As reuniões em que eu mostrava minhas primeiras descobertas, em que eu comentava as fontes que tinha trabalhado, foram, pra mim, inesquecíveis.
Eu me sentava na ponta da cadeira, falando demais pra esconder o embaraço, enquanto ele observava sorrindo e falando pontualmente.
Descobri todo um universo de jornais, revistas, boletins, micro filmes, História que ia se fazendo na minha vista.
Não desisti da História.
Fiz todos os cursos que pude com Professor, e voltei a fazê-lo 15 anos depois, como ouvinte, só pra matar a saudades.
Pra minha - grata - surpresa, ele se lembrava de mim. Mais contida do que aos vinte anos, ainda sorri internamente quando em uma aula ele disse." eu estava pensando no que a Vivien falou na outra aula"
Ele estava pensando no que eu tinha falado. Pensei "yesssssssssss...!!!"e tive vontade de dançar como o caranguejo da propaganda de cerveja,mas nao movi um músculo, claro. Não ter vinte anos tem suas obrigações....
No final da aula, uma menina bonitinha sorriu pra mim: "ele é o máximo, nao é?"
Sorri de volta. É ..ele é o máximo



****texto publicado originalmente em 2006.

05 outubro 2011

O gato que dorme comigo






Eu sei muito bem o que vocês pensaram ao ler esse título à lá imprensa marrom. Eu sei, vocês queriam saber cá das minhas intimidades, heim? Confessem, confessem.
Mas o gato que dorme comigo é um felino mesmo. Um gatão preto e manhoso chamado de Malcom X, por quem minha cachorrinha, a Renildes, morre de amores desde sempre.
Ele me ama. Me espera chegar, vai ao meu encontro e rola no chão, com miadinhos. Dorme da minha cama e nos finais de semana, onde durmo até mais tarde, ele permanece ali, só levantando quando eu decido fazer isso.
Malcom sofreu um sério acidente esse ano, foi atropelado, quebrou a perna, a mandíbula, estava uma poça de sangue quando eu o peguei no colo e levei, chorando como uma louca, até uma clínica.
Operado, tomou soro e ia capenguinha para o canto, querendo um carinho, quando eu ia visitá-lo. Quando o trouxe para casa, ficou com o colar elisabetano - aquele que parece um abajour - sem poder mastigar ou andar, comendo papinha.
Ficou tão triste, sujinho, porque não podia fazer sua rotina de limpeza diária. Ronronou todo reconfortado, quando eu o limpei, se recuperou bem e, se gostava de mim antes, agora me ama.
Fica o tempo que é possível no colo, e eu adoro, como sempre adorei os muitos gatos que tive na vida: Moneda quando ainda morava no Rio, Gueixa quando me mudei pra Campinas, Intrusa e Sookie, respectivamente avó e mãe do Malcom X. Adorei todos.
Talvez porque, como me disse um de meus escritores favoritos, Eustáquio Gomes, " se tenho gato no nome, hei de ter algo de gato na alma".
Miau.


***post publicado originalmente em setembro de 2008.

A Arte e o discurso sobre a arte












Não sou historiadora da arte. Meu discurso portanto não é de especialista. Mas como me permite Marilena Chauí, opino à revelia do "discurso competente".
Assim, dou meus pitacos como alguém que vai, vê, gosta ou não de algo. E gosta ou não da Bienal.
A última foi um fiasco, já comentei aqui, se não fosse a exposiçãodo Krajberg na Oca, teria sido tempo perdido. Bienal do vazio é o meu...bom, vocês conhecem a expressão.
Nesse feriado fui na Bienal, foi meio complicado pois estou com umas dores chatérrimas no pé e andei aquilo tudo mancando como uma velhinha, mas fui.
Gostei de algumas obras, desgostei de algumas outras. Até ai, beleza. Arte é pra isso mesmo, vamos correr da unanimidade, certo?
Mas algo me incomoda: o fato do discurso sobre a Arte ser maior do que a própria obra. Como a artista que percorre partes do mundo descobrindo intervenções humanas na natureza e a natureza reagindo a isso - uma barragem feita por soldados que é coberta por mato - e diante disso se destilam teses.
Sempre houve essa questão de se perceber a profundidade de um objeto ressignificado pelo olhar do artista ( Duchamp já provava isso) e eu nunca faria um texto falando sobre a importância da técnica, pois eu realmente acredito que ela esteja a serviço da criação e não o contrário.
Ainda assim, quando o discurso sobre a obra não funciona como uma forma de redimensionar a compreensão, mas de tornar possível alguma forma de comspreensão, na minha interpretação, essa obra é falha.
Se ela não me desperta nada, nem mesmo irritação, mas apenas tédio diante de linguagens que se repetem à exaustão - como a utilização de áudiovisual em salas que ficam quase todo o tempo às moscas - eu acho que existe algo muito equivocado por aí.



***post publicado originalmente em novembro de 2010.

28 setembro 2011

O dia que virei Monet






É...não, não virei Monet. Talvez a única coisa em comum sejam as mãos sujas de tinta. Ainda não entendo o protocolo das tintas e meu pai morreu de rir comigo, porque fui usar tinta esmalte e fui lavar a mão depois. Eu não sabia, juro, gente, mas dá uma m*** danada, gruda na mão,um horror.
Usei o troço lá, aguarass ou coisa que o valha, mas ainda tenho borrões pelas mãos.
Mas o fato é que tentei fazer. Ah, gente, isso de mexer com tinta é como amor canino, eu penso: como não descobri isso antes???
Bom DEMAIS.
Eu peguei o resto de turquesa que sobrou - mandei pintar a moldura de um espelho de penteadeira antiga - e resolvi tentar pintar uns vasinhos que estavam sobrando aqui, na casa da minha mãe.
Lixei - achei difícil - e passei uma demão de tinta com pincel. Ficou horrível, mas foi bom pra mim, meu bem. Tentei uma segunda , mas deixei pra olhar direito amanhã, com açúcar e com afeto.
Pintei uma outra de lilás - um resto da tinta de parede do meu quarto - também ficou nhém, mas amanhã é um novo dia, certo?
Sou uma mulher de fé, crianças, vai ficar lindo.
Pelo menos, foi divertido. E dá um frenesi, me lembrei do Oswaldo Montenegro, em pleno momentos surtis, pintando o apartamento todo: chão, piso,objetos. Ok, ficou feio pra burro, mas deve ter sido divertido....



21 setembro 2011

O Amor nos Tempos do Brega

Esse cara aqui substituiu Elvis no meu Olimpo de Homens Maravilhosos.
Em 1978 eu tinha dez anos, queria crescer e me apaixonar por alguém tão fantástico assim.
Anos depois, teria namorados e maridos que seriam péssimos dançarinos, e curiosamente, o namorado que mais gostei foi único que dançava bem e gostava disso.
O clipe aqui, maravilhosamente cafona, elegantamente brega, era meu sonho de consumo na época.
Divirtam-se.






@@@post publicado originalmente em novembro de 2010.

Agora, confesse, é possível tirar os olhos dele?

16 setembro 2011

A cadeira











Desde o ano passado estava indo frequentemente pra São Paulo, por conta dos setecentos e noventa e seis milhões de exames que tive que fazer com Ricardo, meu irmão ( arquiteto, lindo e meu doador).
Nessas idas ele me levava em bares, cafés, feiras, restaurantes, peças, coisa e tal. Um dos dias pedi pra gente procurar o Choque Cultural, sobre o qual o Daniel fala tanto. Ok, toca para a tal galeria de arte urbana.
O bicho estava fechado, no meio da frustração, vimos uma loja absolutamente INCRÍVEL na esquina e demos uma entradinha básica.
Eu não conhecia a Maria Jovem, mas só posso dizer que é uma cooooisa.
As peças vintage são recuperadas à perfeição e vendidas. A proprietária falou que o forte mesmo são os alugueis para eventos, filmagens, tal. Eu surtei com a geladeira azul calcinha e o olho de lince do Ricardo foi em uma cadeira Barcelona enconstadinha em um canto.
Tentando se passar por João-sem-braço, perguntou:
- e o preço daquela cadeira ali?
(Sentiram, né? aquela cadeira, nem sei como não disse cadeirinha, no maior desprezo)
A mulher devolveu:

_ Aquela Barceloooooona...? (você-pensa-que-não-sei-o-que-estou-vendendo-mané?).

Falou lá um preço que não me lembro, seria algo parecido com MUITOCAROPRAVOCÊFIA. Estaria nessa faixa.

Ele aquiesceu e continuamos olhando as coisas por um tempo. Depois saimos, fomos para a padaria Bella Paulista, apesar de não ser madrugada - o horário mais bacana que ele me levou lá.
Agora, nessa minha fase-lixeira, como diz meu pai, meu desejo não é comprar por um preço alto. Não, não. Meu desejo é garimpar e transformar. Acho que isso dá mais personalidade, é mais divertido e, ahá!, cabe no meu bolso.

13 setembro 2011

"ah, coração leviano.."






Faz um tempo que ando nessa febre craft, quem vem aqui sabe. Quem já me lia, estranhou, quem me conheceu agora, conheceu assim, afinal, "ah, essa moça tá diferente, já não me conhece mais, está pra lá de pra frente, tá me passando pra trás..", ai, gente, tô musical hoje: ou vocês não viram o Paulinho da Viola no título? Então.
Voltando.
Ando com essa febre que é absolutamente terapêutica. Preciso domar a ansiedade que me acomete - claro, não sou de ferro, depois da cirurgia, rola ansiedade e da braba - e que se torna ainda maior, dado que estou afastada do trabalho ainda por um tempinho.
Então, com a rotina do avesso, com medicação, médicos, etc e tal, só me resta achar uma tábua de salvação.
E achei. Hobbys. Fazer coisas, DIY.
Primeiro fiz uma aulinha - furreba, aliás - de bijoux, comprei uns apetrechos e fiz tudo em um dia. Adorei, mas tem uns poréns: as peças são caras, preciso aumentar o grau do óculos - véia master - e tremo por conta dos remédios. Meio patético, mas, enfim...(cena da Vivien apertando o zoinho e tremendo pra apertar o alicate)
Quando puder, vou comprar mais badulaques e fazer mais badulaques.
Ai resolvi me jogar no pano, nas agulhas, nas fofurices em geral. Ah, gente, ideia de gênio.
Fui em uma loja super simpática perto da casa da minha mãe, a Paninhos & Afins e marquei uma aula com a Letícia.
Gente, recomendo, mas recomendo muiiiiito. A loja é uma graça, os tecidos são enlouquecedores, os produtos bacanas e a Leticia é uma fofa. Além de arteira é geek, olha a minha sorte! Porque é muito maneiro encontrar alguém com quem conversar sobre coisas cute e sobre Jornada nas Estrelas.
Fiz a aula ontem, voltei pra casa e continuei surtada na produção de corações e maçãs de tecido. Hoje continuei, toda feliz com minhas agulhas.
As obras primas vocês vão ver em breve, não consegui colocar as fotos hoje, os meus corações tortinhos e desengonçados. Minha mãe teve a audácia de dizer que um estava parecendo uma galinha :"vamos colocar um biquinho aqui, ó, vai ficar legal", disse a desalmada.
O coração de ontem, menos torto, foi finalizado por ela. Mas acho que vou vencer os tecidos e as agulhas. Hoje eles jã estão menos tortuosos e caminhando rumo a uma cara convincente.
Eu achei absolutamente relaxante e divertido, vou voltar na segunda e me atirar no fuxico. Já viram quanta coisa dá pra fazer com fuxico, gente? Um escândalo de coisas. Caminho de mesa, detalhe de blusa, pitada de amor para o abajour, porta moeda, ah, um mar de coisas.
Atenção, amigos e amigas, preparem-se pra ganhar bichos de tecido, bolsinhas com fuxico e tudo o mais que eu puder fazer.
"Está pensando a mesma coisa que eu, Pink?"

11 setembro 2011

Me jogo: Moqueca



(foto capturada da internet)


Se tem uma coisa que é praticamente ridícula de fazer e sempre, sempre, forever young faz sucesso é moqueca.
O prato é apenas montagem, qualquer criança de quatro anos faz, com um pé pra cima e um braço atado nas costas, juro procês.
Eu gosto de fazer para meus amigos por esse motivo, associado ao fato de que é um dos meus pratos favoritos e tendo em vista que tenho aquelas panelas de barro maravilhosas que ganhei dos meus pais em Cabo frio. Luxo, gente, luooooxo.
Eu tenho um fraco por pratos únicos e caldalosos, como feijoada, bacalhoada ou caldeirada ( logo jogo umas receitinhas básicas aqui), se for puxada na pimenta, ai, jisuis.
Vamos a receita:



Moqueca



1 kg de peixe ( eu gosto de usar filé, não curto posta. Pode ser abadejo, merluza ou outro)
três tomates grandes
duas cebolas grandes
um pimentão amarelo
um pimentão verde
sal
cheiro verde
pimenta ( escolha a sua favorita e baubau)
azeite lindão
duas garrafinhas de leite de côco


Modo de fazer



Em uma panela grande ( de preferência aquelas pretas de barro) passe fios de azeite de oliva ( não uso dendê), forre com camadas alternadas: pimentões, tomates, peixe, cebola....volte e repita.

Entre as camadas coloque sal a gosto, azeite com amor e fartura, cheiro verde e pimenta ( essa última vai depender dos seus nervos de aço, eu gosto picante mesmo, mesmo)


Tampe a panela, depois da última recarga de azeite e esqueça. Lembre do seu prato uma meia hora depois. Deve dar, nunca marco direitinho, olha, dá uma espetadela no peixe, se estiver cozidinho, cheirosinho, pronto pra fazer alguém gemer sem sentir dor, mande brasa e coloque o leite de côco, sem piedade.
Deixe no fogo mais um tempo, prove e veja se está bom de sal, salpique mais um cheiro verde de leve.

Sirva com arroz branco. E é só alegria.

05 setembro 2011

Pela ampla defesa das bolinhas












Eu já comentei aqui com vocês, mas vou falar de novo, meio histérica: faz dois meses
que não volto para minha casa.
Quem vem por aqui sabe que fiz um transplante renal, contei algumas das agruras em outros posts, que está vindo pela primeira vez fica apresentado agora: "rim novo, leitor, leitor, rim novo".
Nesse tempo fiquei no hospital ( calafrio), passei para o apartamento do meu irmão em São Paulo e agora estou na casa da minha mãe, em Campinas.
Ainda não posso voltar para casa, ainda não posso subir escadas e preciso doar dois gatinhos que tenho: por conta dos imunossupressores, nada de gatos.
Dada esse introdução, quero que vocês imaginem comigo, como vive uma criatura que ainda não pode dirigir, adora sua casa e está há dois gigantescos, imensos, intoleráveis meses sem dormir no próprio quarto ou entrar na própria cozinha?
Respondo para vocês: planejando.
Riam, podem rir, é meio loser mesmo...mas acordo e durmo pensando nas mudanças que farei na minha linda, maravilhosa e pequena casa.
A bola da vez é....a bolinha.
Vou me jogar no vermelho com pois branco na cozinha, até ficar vendo bolinhas m tudo, no melhor estilo Anne Taintor ( a artista plástica que brinca com gravuras vintage, acrescentando frases irônicas), com sorriso colado no rosto.
O plano inicial é: contact vermelho para a geladeira - colocado pela Frou, super contacteira - cortinas vermelhas de pois, avental, luvas, bule, canecas (hiperventilando)...e pratos!...e coisas fofas!..e...e..bolinhas ao léu.
Tudo isso com quadrinhos incríveis de gravuras Anne Taintor, que mostrarei com mais apuro outra hora.
Agora me digam, dá pra ser mais feliz do que assim, em um mundo de bolinhas?

03 setembro 2011

Natália Klein e o retrô





Claro que vocês já devem ter se deliciado com Adorável Psicose na tv.
A série tem um texto perfeito, engraçadíssimo e uma interpretação realmente adorável da própria autora.
Eu sempre penso em vários blogs que dariam boas séries, o meu por exemplo.;0)
(Momento cara de pau, nem noção)
O caso é que esse blog, Adorável Psicose, funcionou muito bem na tv. Os personagens sao incríveis, o texto é hilário.
Parte do tempo Natália passa na terapia, onde - vestindo suas habituais roupas de pin up - destila seu humor ferino e troca ironias com a dra. Frida, a terapeuta.
O tema relacionamentos é frequente, e por isso, podemos observar o cafonérrimo Cara-de-Bigode - que nunca foi nomeado e é exaustivamente chamado dessa forma - dando as cantadas mais horrorosas e caprichando no visual taxista.
Uma coisa que me chama a atenção, entre uma gargalhada e outra, é a decoração da casa da personagem.
Vai ao encontro do seu personalissimo estilo pin up - que eu adoro - e capricha na brincadeira retrô. As cores são muitas e são fortes, as peças tem uma boa mistureba charmosa, o armário eu vou imitar....até os puxadores ( em formato de rosinha, como andou saindo muito nas revistas de decoração) estão lá, lindos e loiros.
E se alguém me der uma escrivaninha turqueza como o dela, juro, terá meu amor eterno.

01 setembro 2011

A delicadeza alemã e o shabby chic










Descobri que navegar por blogs decór alemães é uma experiência ímpar. Eles tem uma percepção da leveza muito idiossincrática e inebriante.
O branco predomina, as cores fortes do Color Blocking que vem tomando conta dos blogs norte americanos e brasileiros, não tem muito eco por lá. Para os alemães a cor está focada no creme, branco, perolado.
Tudo imerso em uma atmosfera shabby chic com fortes tons vintage. Eu achei muito poético.
Aqui na minha lista de blogs tem vários que são incríveis, te convido a se jogar por lá.

31 agosto 2011

Rindo com Daniel


Eu sempre estou rindo com Daniel, ele sabe exatamente como me fazer perder a seriedade, seja com as piadas que repetimos à exaustão ou às referências que fazemos de outras palhaçadas ou ainda me chamando - sempre - de "mulher-macaco", com já contei em outro post.
Hoje eu achei um rascunho de post antigo, que eu havia me esquecido. Naquele dia, há anos, Daniel me perguntou:

- Você foi noiva,né?
- Ahã.
- E nem casou com ele...casou com o meu pai, né?
- Ahã.
- Quantos anos você tinha?
- (rindo) Eu sei que é esquisito, mas eu tinha 15 anos.
- Que idéia idiota, quem fica noivo com 15 anos? Se fosse minha filha...
- Ah, eu sempre quis ser adulta, essas coisas.
- Ah, se fosse minha filha...eu diria "fica grávida, mas não fica noiva'!
- ....???
- Porque quem tem mais probabilidade de dar certo? Filho ou Marido? De quem é certeza que vai gostar pra sempre?
Não posso negar, foi de uma lógica sólida.

30 agosto 2011

O Susto que a Rita me deu


Desde que comecei a ler a Rita, eu adorei.
Eu gosto quando ela fala das descobertas dos filhos. Eles estão naquela idade fascinante em que entendem o mundo aos poucos, de forma única, parecem ser uma versão do Flaneur de Baudelaire - tão bem discutido por Benjamin- que se perde e descobre a cidade com o olhar único da "primeira vez". Quando a Rita fala sobre os filhos, eu vejo o mundo se descortinando pra eles e isso me encanta.
Eu gosto de tantos outros temas que ela trata, mas tantos, que se eu ficasse falando aqui, ia ficar uma rasgação de seda quase insuportável, então, escolhi uma coisa.
A Rita está participando de um Meme muito bacana sobre leitura, são trinta sinopses de livros - com motes diferentes - em trinta dias.
O tema dia 06 era um livro de seu autor favorito. Depois de relativizar um pouco esse conceito do "favorito", Rita me fez pular da cadeira.
Porque ela disse o que eu sentia sobre Clarice Lispector , mas nunca havia conseguido traduzir. Hoje, Rita foi minha Clarice.

Disse a Rita:


"Ela veio tarde, eu já estava na faculdade. Mudou tanta coisa, mudou minha relação com a linguagem, mudou minha forma de estudar literatura, mudou minhas preferências. Irreversível. Clarice é irreversível: não posso mais sem ela. Maior que as mudanças foi justamente o seu oposto: o reconhecimento. Leio Clarice aos sustos: como ela sabe? Eu não contei isso pra ela! Pois ela sabia. Tinha a lupa que mostrava as almas. Bruxa."
(grifo meu)

29 agosto 2011

Eu tinha medo da "Preguiçosa"





Se tinha uma coisa que deixava o quarto de uma garota apavorante láááááá na década de 70, eram as "preguiçosas".
Eu era criança ( nasci em 68, faça as contas, hehe) , mas já tinha uma noção do que era cafona, brega. Não usava essas palavras, nem sabia que existiam, mas meu jovem coraçãozinho com bom gosto já encolhia ao olhar aqueles monstros.
A tal boneca tinha fatalmente um corpo ou roupinha ( nunca entendi aquilo) peludinho,com orelhas de coelho ou gato. Aquele monstro era menina, era coelho, era um mutante, era o quê, pelamordedeus.
Eu sempre tinha um frio na espinha quando via aquilo.
A tal boneca monstro ficava em cima da cama, oho vidrado, por vezes dedo na boca(!), deitada e com orelhas.
Ou seja, o suficiente para uma semana de pesadelos.
E você...já viu uma "preguiçosa" a sangue frio?