
Levei Daniel pra conhecer o Memorial da América Latina. Eu já fui várias vezes,quase sempre levando alunos. Ele gostou. Minha parte predileta é o Pavilhão da Criatividade, em especial, o mapa onde andamos em cima das pequenas esculturas estilizadas. Quando levava crianças de quinta série, elas rolavam em cima. Daniel curtiu, mas preferiu a parte onde está o quadro do Portinari e as colunas do Carybé. Realmente lindas.
Mas que o Niemeyer nunca conheceu um lúpico, ah ,meus amigos, não conheceu. Atravessar aqele sol+concreto é praticamente um suicídio lento. Segundo Daniel, ele também nunca conheceu um cadeirante, porque a passarela é impossível pra eles. Sério mesmo. Nem com uma boa alma segurando, só se o fulando largar a cadeira e deixar o cara se estraçalhar no final.
Lindo,porém,inóspito.Se for pra escolher uma obra dele, prefiro aquele museu de Niterói. Ao menos fica perto da água.
E eu tentanto levar um papinho cabeça com meu filho,arrisquei essa:
- mas o cara tem um estilo marcante,né? dá pra identificar...igual aquele espanhol que eu gosto..
Antes de eu continuar e dizer "o Gaudí", o sacana ri da minha cara:
- ah,claro que sei...o Antonio Bandeiras?
Bom, ele também. Mas o assunto era sério, caracoles.
Mas vamos aos micos: na saída do banheiro da lanchonete havia um pequeno desnível, eu dei uma tropeçadinha, juro, foi apenas uma tropeçadinha....então, por reflexo, apoiei as mãos na parede. Riam, crianças: não era parede, era uma divisória que se estabacou com chão, com todo,todo o barulho possível.
Daniel disse que eu saí com a maior cara de bunda, olhando pra um lado, pro outro, com cara de quem pensa "será que alguém ouviu?"
ô coisa.
***** texto publicado originalmente em janeiro de 2008.