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19 agosto 2011

Não leiam nunca





Queridos, vejam o que horas em sala de espera faz com uma criatura: li uma biografia da Madonna.Estou com preguiça de anotar o nome do livro e certamente nunca mais me lembraria do (péssimo) autor.
É um lixo.
Por que eu li? Ah, eu trouxe Thomas Mann para o hospital: eu sei,sou retardada.
Procurando uma leitura mais leve, achei essa pluma esquecida na casa do meu irmão e fui ler. Putz.
Madonna é, sem sombra de dúvida, um ícone, uma marca, uma mulher de fim de século: merece não uma, mas muitas biografias. Esse cara pegou esse material, misturou no liquidificador, bateu com os filmes mais babacas que vc já assistiu, com textos de estilão Sidney Sheldon e suas bad girls fatais e criou algo que parece a matéria prima de um roteiro de baixo orçamento e brega.
O livro é repleto de cenas em que Madonna é descrita como selvagem, como dominatrix por excelência, lotado de frases clichês, parecidas com aqueles filmes idiotas que ela fez na década de 80.
Vamos combinar, se a mulher é aquele ser mutante, como vemos abaixo, como orientar sua narrativa para que a opinião de todos seja convergente de uma maneira tão pobre?

Madonna usa - segundo o gênio que escreveu esse lixo - frases de efeito, estratégias baratas e batidas de sedução e sai com o suposto glamour de uma diva de fotonovela.
Ai,meus sais. E eu adoro essa mulher: acho inteligente, ousada, intrigante. Odiava na década de 80, passei a curtir mais tarde, com outra leitura.
Se você é como eu,fuja desses autores baratos.
Vocês veem o que horas em hospitais faz com uma pessoa? ai,ai.







12 agosto 2011

Momento Nostalgia

Era 1988, certo?
Cara, como a vida muda....pra melhor.;0)




31 janeiro 2011

Personagens de Angeli soltos pelo mundo































No sábado fui ao Delta Blues com minha queridíssima Michela.
Eu não ia lá há longos quatro anos. Me desculpem os fumantes, mas lugar fechado catingando cigarro é uó. Agora com a lei tucanesca o lugar realmente fica melhor. Porque pra conter o barulhão tem um teto meio rebaixado...isso com todo mundo pitando? Inferno. Deixei de ir.
Pois a versão nova e sem cigarro é melhor. Tá bom ,todo mundo pode começar a me vaiar, vai ouvir blues sem fumaça? , vai tomar toddynho, eu sei, eu sei. Sou da turma do toddynho mess..;0)
O caso é que decidirmos ir. Michela é super rock in roll, a noite sempre é bacana com essa minha amiga, sempre rimos demais. De tudo , de todos, de nós mesmas, claro.
Chegamos antes do show, pra poder conversar, coisa e tall.
Em cinco minutos chega um careca americano e pede pra sentar em nossa mesa. Como a casa tem poucas mesas e já dividi com outras pessoas, nem liguei, claro. Mas o careca puxava papo e passou a noite insistindo em pagar bebidas pra gente.
A garçonete avisava: poem na conta do careca...
Mas não, né? Fala sério. Porque vamos combinar, ele era meio chatinho.
Mas a noite foi boa demais: o som foi Creedence e foi realmente de primeiríssima linha.
Mas claro que com toques de humor - pelo menos no nosso olhar. O vocalista fazi o tipo Tio COntador: bigode, calvicie engolindo a cabeça, barriga. Mas abria a boca e era show de bola. Incrivel.
Não me achem pentelha...mas o baterista era a cara do Larry, gente.
<
Bizarro ver o Larry se acabando na nateria. Bizarro.
Eu sempre observo com distanciamento. Sabe aquelas cenas clássicas onde uma pessoa está em cirurgia e morre um pouco - tá, morre um pouco é doideira, mas vá lá - e fica planando sobre todos e observando? Então. Eu fico olhando todo mundo como se eu estivesse em outro mundo. E acho que todo mundo parece personagem do Angeli.

Não imaginem que me acho superior ou coisa parecida. Vixe,nem conto para vocês como minha autocrítica é cruel...Mas eu acho qas pessoas tão engraçadas. Tão curiosamente engraçadas.
Mas o público lá é bem interessante realmente: velhos roqueiros cabeludos-calvos, jvoens tatuados, jovens não tatuados, motoqueiros de moto clubes e suas esposas, no maior climão familia. Um cara com um visual clássico de professor - professor de quimica! - cantando tooodas as músicas, acompanhado de sua versão aos quinze anos, que também estava hipnotizado pelo show.
Na lista dos chatos, tinha um bêbado que foi colocado pra fora, doidinho pra arrumar confusão, apelidado pela Mi de Joselito. Vocês entendem, tadim, o problema é que ele não sabe brincar.
Só digo pra vocês que foi ótimo.

08 outubro 2010

Sexta musical - Tatiana Rocha

Queridos, essa baiana-campineira é uma das melhores cantoras que já tive a oportunidade de ver. Além disso, uma escritora boa demais da conta.;0)
Essa música, em especial, é uma das que mais gosto. Acho que consegue traduzir de forma genial o universo feminino.



04 outubro 2010

Quem tem voz?
















Eu realmente gosto de cantar.Mas isso aqui é algo além de cantar. é magia pura.

03 outubro 2010

Sexta Musical - The Smiths

"Você pode tirar uma garota dos anos 80, mas não pode tirar os anos 80 de uma garota"
(Nigella)




***publicado originalmente em janeiro.

14 julho 2010

Músicas que dão um treco

Eu não sei exatamente se adoro esse vídeo porque o Jair Rodrigues está lindo ou se é porque acho os festivais emocionantes ou se é porque ele vibra demais ...ou ainda porque quando ele canta "porque gado a gente marca, mas com gente é diferente" o povo simplesmente delira. Não sei.
Só sei que adoro rever.



21 junho 2010

Viajante





Isso é bom demais, heim? Bom demais. Vi apenas um show dele, onde a mulherada estava histérica - com toda a razão, vamos combinar - e quando ele chegou com aquela camisa branca e tirou o chapéu, quase desmaiei.
Essa é uma das músicas que gosto de colocar de novo e de novo, durante um tempo indefinido.
Em julho vou escrever direito, por hora, musiquinha para os queridinhos que ainda aparecem por aqui.
beijos, fé.

19 junho 2010

Bicho de sete cabeças

Eu e minhas ideias de jerico. Dia do jogo do Brasil, show gratuito do Zeca Baleiro: pensei...vou, né? Estou enfiada no trabalho há dias, sem sair, sem nada...mereço uma dose de Zeca.
Ok.
O Brasil jogou, até entrei no clima. Gritei, levei uma cabeçada do cachorro da minha prima, debati a beleza de alguns jogadores, vi um monte de coreanitcho formando uma muralhinha da China, quase chorei ao ver o coreano chorar no hino dele ( o apelido dele durante o jogo foi "Chorão", claro), ri do "cala boca, Galvão", comi besteiras e tomei coca-cola.
Acabou o jogo, fui para o D. Pedro. Cheeeeio, muiiiito cheio. Consegui um lugar longe pra sentar, um batalhão ficou na minha frente, faltava UMA HORA pra começar, desencanei, fui andar.
Hora do show, voltei, o povo parou nas escadas. Burra, entrei na multidão, quando vi, estava ilhada, ilhadinha da silva: não dava pra ir embora, as escadas estavam tomadas. Fui passando pela multidão e foi me dando um treco, uma falta de ar, já estava a ponto de dar um piti.
Consegui chegar ao outro lado, ou seja, fiquei atrás do palco. Não disse? jerico.
Só dava pra ouvir o show. Precisava de açúcar, açúcar...me joguei em um milk shake. Melhorou, mas não muito, Zeca dói, às vezes. Olha só o vídeo que capturei o youtube.
O caso é que em dado momento, lá para o finalzinho do show, sai do lugar ingrato que estava e fiz como outras pessoas: subi em uma cadeira.
Mas vi Zeca de lado, só de lado. A coisa boa foi que fiquei em um ângulo onde via o rosto do público, do povo do gargarejo. Muiiiito maneiro: todo mundo sorrindo, um astral fora do comum. Mágico, completamente mágico.






02 maio 2010

Sábado no Tonico's : Banda Back on the road







Eu nem estava pensando em sair, já que tinha passado o dia todo em um churrasco: foi aniversário de um tio e outros tios queridos vieram do Rio.
O fato é que eu havia combinado com Daniel de voltar pra casa, eu já disse, meu filho está apaixonado..hahahah...enfim!
Sem planejar muito, fui com uma amiga no Tonico's e lá vi um show delicioso. A banda era Back on the road e o lance era tocar clássicos do rock ( 60/70). Eu adorei.
O povo se empolgou, cantou junto, dançou. Minha animação não chegou a tanto, mas eu recomendo com veemência. Se estiver perto da banda, corra e assista.
E vai ouvir coisas assim:

29 janeiro 2010

Sexta musical - Chico

"(...) esse amor adiado..esse amor que fica pra sempre...né...essa idéia do amor...do amor que existe...algo que pode ser aproveitado mais tarde, que não se desperdiça, que passa-se o tempo... milênios...e aquele amor vai ficar até debaixo dágua...vai ser usado por outras pessoas...amor que não foi utilizado..porque não foi correspondido, então ele fica ali..fica ímpar.. pairando ali...esperando que alguém apanhe e ...complete a sua função ...de amor" ( Chico Buarque, em entrevista sobre "Futuros Amantes")






***post originalmente publicado em junho de 2008.

23 janeiro 2010

Sábado Em Cena - O Poderoso Chefão

Essa é, com certeza, uma das cenas que mais adoro na trilogia. Quando indagado
por Kay (Diane Keaton, magistral) se tinha sido ou não responsável por um assassinato, Michael Corleone ( Al Pacino, impecável) diz que vai responder apenas uma vez: olha fixamente para ela...e mente.
Kay, acreditando na mentira sai da sala para preparar uma bebida, nesse ponto Michael fica "emoldurado" pela porta e recebe outros integrantes mafiosos.
Do lado de fora, Kay observa enquanto ele é chamado - pela primeira vez - de "Dom Corleone", ocupando, assim, oficialmente, o lugar do pai, como Godfather.
A exlusão dela desse mundo, a gradativa consciência que ela toma do papel que ele ocupará é ratificado pelo fechamento da porta.
Toda essa cena fantástica, ao som da melhor e mais significativa música possível.



15 janeiro 2010

Sexta musical

Não sei se vai ficar fixo, mas é mais ou menos o que pretendo: a cada sexta, uma música que me joga na parede.
Acho complicado "categorizar" o blog, porque amarra um pouco o autor: dia de escrever sobre patos ou dia de escrever sobre marrecos.
Mas, vamos fazer essa experiência.
Nessa sexta musical......uma das vozes mais potentes que já ouvi e uma das músicas mais "alto astral, ninguém me derruba" do mundo.
Com vocês, Nina.


08 janeiro 2010

A pianista e o violeiro I



Minha avó era uma dondoquinha carioca que se orgulhava de seu piano. Meu avô era um filho de fazendeiro paulista que trabalhava como tropeiro da fazenda. Ambos tinham grana, um certo status e uma vida bastante confortável.


Minha avó, Gogóia, se mudou para uma fazenda no interior de São Paulo, onde o pai foi se tratar de uma série de problemas de saúde. Lá conheceu um jovem chamado Gabriel, que era tão lindo com seus irresistíveis olhos azuis, que já tinha o apelido que carregaria até ser avô: Belo.


Belo e Gogóia namoraram e casaram: ela com 19 anos , recém orfã , ele com pouco mais de 20, tornado pobre por um negócio equivocado do pai. Perderam a fazenda e tiveram uma vida de privações. Diferentemente da juventude, passaram uma vida apertada e difícil. E tendo oito filhos, tudo era ainda mais trabalhoso. Mas devo dizer que não me lembro de tê-los visto reclamando disso.


Minha avó nunca mais teve seu piano, mas isso é tema pra outra história.


Meu avô continuou tocando seu violão, como eu já contei aqui, algumas músicas, como Índia,são impossíveis de ouvir: eu simplesmente choro mesmo, mesmo que eu tente dar uma de durona, é fogo, não dá. Abro a boca.Me comove demais.
Ele tinha uma bela voz de seresteiro e algumas das noites mais lindas que tive na infância foram no sítio do meu padrinho: os tios , tias, primos, sentados nas cadeiras e redes, sob a luz do lampião, ouvindo meu avô cantando e tocando violão. Dá um nó na garganta só de lembrar.

Tenho sonhos nonsense com eles. Conversamos muito nesses sonhos.


- vó, agora que você morreu , vou te ver menos, né?


- ah, vai ser assim.....rindo


E falamos normalmente: ela do lado de lá e eu do lado de cá.


Mas a saudade ainda é insuportável.


NOITE CHEIA DE ESTRELAS

(cândido das Neves)


Noite alta, céu risonho,a quietude é quase um sonho...

O luar cai sobre a mata,qual uma chuva de pratade raríssimo esplendor.

Só tu dormes, não escutas o teu cantorrevelando a lua airosaa história dolorosa deste amor.


Lua, manda a tua luz prateadadespertar a minha amada!

Quero matar os meus desejos,sufocá-la com meus beijos...

Canto, e a mulher que eu amo tantonão me escuta, está dormindo.

Canto e, por fim,nem a lua tem pena de mim,pois, ao ver que quem te chama sou eu,entre a neblina se escondeu.


Lá no alto a lua esquivaestá no céu tão pensativa...

As estrelas tão serenas,qual dilúvio de falenas,andam tontas ao luar...

Todo o astral

ficou silente para escutar o teu nome entre as as dolorosas queixas ao luar!




Essa foi uma das poucas reproduções que encontrei no youtube. Não é um cantor famoso, é um anõnimo que cantou e postou a música que gosto tanto e que tanto me lembra o vovô.
Duvido que um Botelho escute isso sem lutar contra o choro.





****publicado originalmente em 2007.

25 dezembro 2009

Feliz Ano Novo

Queridos amigos leitores, desejo a uma deliciosa passagem de ano, cheia de supertições, brindes, risadas e beijos.
Definitivamente, o reveillon é meu dia favorito no ano: o dia de todas, todas as possibilidades.
Sei que 2010 reserva coisas maravilhosas.
De presente para vocês, tentei colocar uma cena que adoro, um revival dos anos 80, uma cena que eu sempre vejo quando preciso melhorar de humor. E melhora, sempre melhora.
Mas como nem sempre as coisas saem como a gente planeja, a incorporação foi proibida.
Não há problema, deixo para vocês a cena final de Cinema Paradiso, que já me comoveu tanto e deve ter comovido vocês também
A gente se vê no ano que vem, "no ano que vem, em Jerusalém", como cantavam os judeus quando ainda sonhavam com a sua terra Prometida.
Sonho com uma vida prometida, vou por aí buscá-la.
Beijos e feliz 2010.




17 dezembro 2009

Ode para Música Perdida












Eu li Música Perdida nessa semana. E eu fiquei me perguntando como eu ainda não tinha lido nada de Luis Antonio de Assis Brasil. Lê-lo foi fantástico e quero ler tudo que ele escreveu.
O livro me envolveu e comoveu intensamente. Não estou falando em termos sutis ou com um levantar de sombrancelhas intelectualizado. Me comovou às lágrimas, aos soluços.
O livro narra a vida do maestro Joaquim José Mendanha: na cena inicial,um velho maestro morador de Porto Alegre. Cena esta que, após a leitura do livro, se torna absolutamente ressignificada e emocionante.
Entrecortado por flash backs, o livro reconta o início da relação do maestro com a música, começando com a constatação do seu "ouvido absoluto", feita por seu pai, um singelo músico de uma pequena cidade. Nesse momento, ele é Quincazé e conforme os flash backs vão avançando no tempo e na trajetória do músico, ele é chamado de Joaquim José, militar, maestro.
Nessa trajetória, iniciada com o pai, o maestro encontra e se influencia profundamente por outros dois homens: um rico músico de outra cidade e um padre no Rio de Janeiro.
A diferença na relação entre eles é grande, a provável paixão do professor pelo então jovem músico e seu desejo de que seu protegido avance artisticamente, a visão do padre, temeroso do brilhantismo, temeroso da soberba. A morte dos três instaura ao maestro o peso da cobrança, do devir, dos desejos e espectativas de outros que pesavam em seus ombros, seus três fantasmas, como ele os chamava.
Um dos personagens mais comoventes é Pilar, a esposa do maestro, que assim como a fantástica Mulher do Médico no Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, é o sustentáculo do marido, expresso de forma berrante no próprio nome. A simbiose perfeita do amor dos dois chega a ser dolorosa ao leitor.
No decorrer desse caminho, o maestro compõem uma cantata que julga ser perfeita, nobre - por isso a esconde do padre, evitando críticas a sua suposta soberba - mas comete desatino de mandá-la ao compositor europeu Rossini, para uma avaliação. Assim manda a única partitura, sem cópia. (Sem cópias porque quando jovens, não imaginamos que vamos esquecer, ou não conseguir, ou não brilhar. Tudo é fácil, tudo são promessas ao nosso olhar ainda jovem. E foi assim com o maestro.)
Ele não a recebe por anos, por décadas. E ele passa a vida compondo hinos que considera menores, medíocres. Ele passa a vida emaranhado em algo que ele mesmo não respeita.
O maestro passa a vida em busca da música que havia perdido, em uma metáfora belíssima para o sentido da vida, para a busca initerrupta que acomete a tantos, talvez a você que esteja me lendo nesse momento. A busca que marca todo o livro, ou seja, toda a vida de Mendanha.
Alguns momentos do livro me lembraram Ensaio de Orquestra, de Fellini. Vi há muitos anos, mas uma cena onde cada músico fala sobre as idiossincrasias do seu instrumento, sua personalidade, essa relação específica, esse olhar de músico voltou a minha memória muitas vezes, norteando meu olhar sobre a
narrativa. Me lembrou Salieri observando uma partitura de Mozart em Amadeus, descrevendo-a com os olhos e ouvidos de músico, ensinando, dando a mão ao leitor para que o acompanhasse nessa interpretação tão sutil. Essa cena inesquecível eu vi há vinte anos e me voltou a memória muitas vezes ao ler esse romance.
Assim como o momento em que Mozart dita a música, captada por Salieri com fúria, com admiração, com inveja, cena onde a música aparece do ponto de vista privilegiado dos músicos. Ah, como desejei ouvir dessa forma, criar dessa forma. A velhice do maestro me comoveu, me assustou, a velhice aflora de forma surpreendente para ele e para o leitor. Não estamos esperando a velhice do Maestro, não estamos esperando a nossa própria velhice. A fugacidade e por vezes até a inutilidade da vida começam a doer na leitura. Viver para quê? Onde estava a cantata?
Onde estava, enfim, o sentido da vida?
A Cantataé descoberta, enviada ao maestro, copiada para cada instrumento pela sempre presente e estrondosamente forte, Pilar.
Não é à toa que Pilar é a copista, com sua letra magnífica, mostra o específico(a parte de cada músico) para que se costure o total: a orquestra.
E é nessa noite, na noite do encontro com a música, na noite da definição do Finale, que Medanha morre. Sua música perdida e achada, sua música perfeita é ensaiada, com exceção do Finale. Os músicos não ensaiam o Finale.
Mais uma belíssima metáfora nos acomete, porque, enfim, como ensaiar o final? como ensaiar a morte?
Sem ensaio, tocam com perfeição, lêem o que Mendanha havia escrito. Um pequeno trecho onde ele se apresenta diante de Deus com sua cantata perdida.
O finale do maestro também é perfeito, em seu útimo momento, ouve com perfeição a primeira nota que identificou com seu ouvido absoluto: o "sol".
Após a Música, o enterro, só resta o choro de Pilar e o choro dessa blogueira.
E para o maestro-escritor,só tenho uma única palavra:
BRAVO.

*********** post originalmente publicado em dezembro de 2007.
Esse texto está linkado nas críticas dos livros no site do prof.dr.Luis Antônio de Assis Brasil.


@@@post originalmente publicado em setembro de 2008.

04 dezembro 2009

Eu quero um Zeca Baleiro de Natal


Fui ver um pocket show do Zeca Baleiro na terça. Minha gente, minha gente, eu não sei o que rola, mas neguinho pega o violão, começa a cantar e vira um deus.
Ele é comum, baixo, um rosto praticamente anônimo: mas começa a cantar e a mulherada - me inclua aí - praticamente se joga no palco.
Com classe, claro.
O lance do pocket - além do fato de ser gratuito - é que como só cabem poucas pessoas, você fica ali, pertinho do cara, praticamente amigo de infância.
Ele assoou o nariz, se desculpando, perguntou:
- Vocês já viram Sinatra fazer isso? Que vergonha, no palco...
E todo mundo achando lindo.
Em outro momento:
- O que vocês disseram pra enganar essas crianças e trazerem elas aqui? Falaram que era show do NxZero? Do Freno?
Diante das risadas, perguntou diretamente a um menino de seis anos:
- E você...gosta do Fresno?
Surpreendentemente, o moleque não titubeoou:
- Toca Rauuuul!!!!
A gragalhada foi geral e quando ele tocou aquela música em que ele comenta o invitável "toca raul" da boemia, deu umas olhadas significativas pro molequinho.
Na minha frente, uma gordinha de cabelos muito vermelhos se rebolava em algo que ela acreditava ser coquete, dos lados, namorados sorridentes filmavam tudo com seus celulares.
Uma moça diz:
- Zeca, essa música foi ouvida agora, em Salvador! - e mostrou o celular.
Ele riu, todo charmoso:
- Ainda bem que não pago essa conta...quem era? baiano ou baiana? Baiana? Manda um beijo pra ela.
Gente, vamos combinar, apesar de rápida, é interação e é uma delícia.
O show foi bom demais, as músicas de lançamento, algumas já conhecidas, umas palavras aqui e ali.
A Frou sempre o achou atraente e eu sempre disse a ela pertencia que ele ao elenco de "gatos" dela: ou seja, homens feios. Porque a minha amiga adora homem feio, avemaria.
Mas nesse caso, eu reconheço: é um feio-bonito cheio de charme, mais Wagner Moura e menos Brad Pitt, sacumé?
Bom demais da conta.