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26 agosto 2011

Mulheres de seis anos?


















Há pouco tempo li algo que me deixou pasma. Estão sendo produzidos e comercializados pequenos soutiens com bojo (!!!) para serem usados por meninas de seis anos.
Vi uma maluca na tv, nem sei em qual programa da gbt, falando sobre os tecidos "lúdicos" que elas colocam nesses produtos.
Eu sempre olhei com surpresa ( e uma dose de horror) para as pessoas que parecem querem transformar em mulheres, meninas cada vez mais jovens. Aliás, essa hiper exposição a uma imagem sexual antecipada vem antecipando até mesmo a menstruação dessas garotas, que se pintam, usam saltos ( e prejudicam a coluna), pintam os cabelos e fazem festas de aniversário em salões de beleza.
De forma alguma estou criticando a vaidade. Entretanto, há um grande abismo entre ser vaidosa e ser uma criança-monstro, nos moldes daqueles concursos horrorosos tão queridos pelos sulistas norte-americanos: miss mirim.
Existe algo mais assustador do que aquelas meninas maquiadas como travestis, sorriso amarelo colado no rosto, postura artificial e mães histéricas? Provavelmente, não.
Há que se preocupar com o que se coloca na mente dessas meninas, que tipo de imagem feminina estereotipada se configura, que tipo de valores se estruturam.
Mas para ver isso com um olhar critico, curioso e idiossincrático, assista Pequena Miss Sunshine, perfeito e absolutamente immperdível.






22 agosto 2011

Irmãos - O Xingu dos Villas Boas











Minha mãe e Ricardo - meu irmão e doador - queriam ir ao cinema.Como eu ainda não posso ficar em salas fechadas com milhões de bactérias, fui com Daniel ao shopping, mas optei por ficar no Sesc Pompeia.
O Sesc é aquele programa não-tem-erro, fatalmente você verá uma boa exposição, tomará um café e ficará feliz.
Nesse dia sentamos perto de um grupo que jogava - mal - RPG, tomamos nosso café maravilhoso e ficamos sentadinhos, descansando meu rim novo.
A exposição está linda: vá ver, vá correndo. Ela foi feita depois que os idealizadores do filme homônimo perceberam que tinham muito mais material do que seria possível apresentar no projeto inicial. Resultado?
Trechos de gravação,narrativas de kaka werá e Daniel Mundukuru - que adoro e cujos textos sempre usei em aula - objetos, entrevistas, peças indigenas. Tudo disposto de maneira criativa, interativa, com pegada de instalação.
Não falei pra você correr? Corra. ;0)




(Faça um força e veja o vídeo até o final - peguei no youtube, não gravei - pois as melhores partes estão no final.)

22 março 2011

Histeria coletiva





Vamos ser francos....algumas imagens não são assustadoras?

01 novembro 2010

O meu país tem uma mulher presidente























"E cada pai e mãe olhe agora nos olhos de suas filhas e diga: a mulher pode".

( Dilme Roussef)



E fica a dica pára quem quer ler sobre preconceito e machismo nessa campanha histórica: aqui e aqui.

13 outubro 2010

Tropa de Elite II - A jornada do capitão Nascimento


Fui assistir Tropa de Elite II com Daniel nesse feriado. Adorei.
No começo,o discurso de extrema direita do capitão - ou melhor, coronel - Nascimento, interpretado de forma genial pelo insuperável Wagner Moura, me arrepiou. Caraca. Pensei: mas que porcaria, vou ter que ouvir mesmo isso? Vou ter que ver meus alunos desenhando a caveira como belos inocentes úteis? Vou ouvir todos os reaças dessa cidade elogiarem essa fala?
Wagner Moura é um cara que existe, sua maneira de criar o personagem é dotada de uma intensidade rara e assustadora. Seu carisma natural é transferido para o persongaem, o que também é um problema.
Mas creio que esse inicio seja fundamental para o desenrolar do filme, pois ao perceber que seu inimigo é outro, Nascimento vai caminhando em convergência ao seu duplo/oposto/perfeito: o personagem Fraga, defensor dos direitos humanos, deputado e ...segundo marido da ex do capitão. Assim,os dois opostos vão se alinhando ao descobrirem inimigos em comum.
Fraga é apresentado ao público em uma aula - que eu gostei,aliás - e ganha território ao negociar com presos rebelados. Ele aé chamado para negociar com os presos e segue rapidamente, em um helicóptero. Para desgosto do BOPE, Fraga se nega a entrar com colete, dando legitimidade e força ao personagem, que dialoga firmemente com os revoltosos.
Para não furar o filme com spolier, me limito a dizer que há uma incrivel transformação no personagem central, que atinge seu ápice no final.( Não conto, oras, assistam.) Além disso, a certeira e caricatural crítica ao politicos presos ao poder da Mídia, à corrupção policial e às milicias trazem angústia ao espectador: como conviver com essa lama toda? É algo pra se pensar. E pra se discutir.
Outro ponto interessante é a apresentação da midia ralé, do jornalismo marrom de último nível, algo que se vê com frequencia nas tvs e que, infelizmente, tem público garantido. Ao ouvir as risadas da plateia diante de um ator que apresentava um desses programas de sensacionalismo barato, me perguntava se riam dele ou com ele.E quer saber? Acho que era com ele mesmo. Triste isso.
Algo que me perturba muito é a associação que parte da molecada faz entre o Bope, a ausência de corrupção e a tortura. Os policiais desse batalhão, aparentemente contrários às maracutaias tão comuns dentro das outras corpirações, não titubeiam em usar qualquer tipo de tortura e/ou assassinatos. Assim, para um espectador desavisado, vai tudo no mesmo pacote, e a porrada e os assassinatos seriam legítimos.
Vale a pena ficar atento para o discurso do protagonista no final. Vale a pena atentar para isso.
Qualquer outro que assista e que tenha o menos senso crítico vai compreender.Longe de fazer a apologia das estratégias do Bope, o filme à lá Senhor da Guerra, aponta outras esferas e infinitas possibilidades de violência e exploração.
O Alex Castro diz que falar que algo é um "soco no estômago" não é elogio. Mas esse filme é isso: um forte, incômodo e doloroso soco no estômago.

05 outubro 2010

'"Tropa de Elite, osso duro de roer" - post sobre o primeiro filme







A primeira pessoa que vi falando do Tropa de Elite, foi a Andréa .Eu nem sabia o que era BOPE.De lá pra cá, fugi dos textos que falavam do filme, para tentar assistir com menos bagagem,com mais abertura para minha propria análise.De cara havia a questao, ser ou não fascista , não dava pra não pensar nisso.Porque apesar de não ler as análises, alguns dos temas das discussões sobre o filme sempre acaham chegando, só dá pra fugir totalmente, indo pra Marte. ( Ou preenchendo diários de classe, claro).
Não achei fascista, não achei que faz a apologia ao Bope. Mas abre o flanco para essa interpretação, afinal, mostra o ponto de vista do Nascimento e isso, muitas vezes, acaba desenvolvendo uma cumplicidade entre espectador e filme.
Então, para um expectador mais afeito a porrada e que tem simpatia por "justiceiros", parece ser uma apologia.
Por mais que seja óbvio - e é obvio - é importante falar sobre a questão plástica do filme e no seu tempo: o ritmo dele é instigante demais,ele é visualmente interessante e os atores são um show à parte. Se eu disser mais uma vez que adoro Magner Moura, vou acabar ficando ridícula.Mas eu não temo o ridículo quando ele é bem intencionado e assim, repito: o cara é simplesmente um dos melhores atores que já vi.
Gosto de filme com narrador, gosto dessa coisa que acaba sendo uma forma de modelar meu olhar, direcionar. Nesse caso, o narrador era um personagem que eu sentiria aversão logo de cara. E senti mesmo.
Pra mim não adianta mostrar o lado "papai em crise", "marido com apartamentinho ferrado" para eu simpatizar: a História prova que homens terriveis no trato social podiam ser adoráveis em casa. O filme "A Queda - as últimas horas de Hitler", apresenta o fuhrer sendo carinhoso com o cachorro, entre um surto e outro, por exemplo.
Ao msotrar o cotidiano, o personagem deixa de ser apenas o Outro e o vilão por exelência,como ficou reduzido o Baiano ( em apenas uma cena ele é visto com a mulher e filho),passa ser um cara comum. E os caras comuns não são monstros, são?
Ah, gente, são.
E a HIstória prova.Mas para algumas pessoas, pode parecer que não.Esse é um dos pontos que abrem o flanco para a interpretação "pró bope", creio.
Impossível não ver como a autoridade, ou melhor, como o grande prazer no abuso da autoridade e da violência estão impressos no Capitão Nascimento.
Em busca de valores éticos louváveis - como a repulsa a corrupção e a convivência pacifica entre policiais e traficantes - Capitao Nascimento se advoga o direito de "trazer a doze".Assim, ainda que sob um objetivo correto, Nascimento cede/entra/mergulha na lei da selva.
Se alguém me disser que os traficantes fazem o mesmo, vou ficar irritada.Porque se a lei for usar as memas estratégias e regras da marginalidade, voltamos a barbárie. Aliás, é exatamente isso que vivemos, o que é deprimente.
Me apavoro em pensar que vivo em um mundo onde um ou outro "capitao nascimento" decide quem vive e quem morre. Policial e padre, pra mim, só à distância.
E muita distância.
Obviamente sei que o cotidiano deles é estressante e coisa e tal, não creio que seja possível não surtar eventualmente ,ou tomar bola, como o Nascimento.Mas isso não significa que direi que apoio. Tenho repulsa por justiceiros e afins, tanto quanto qualquer outro tipo de violência.
No conto "A Coleira do Cão", Rubem Fonseca demontra, de forma absolutamente genial, como um policial acaba se envolvendo, se deixando seduzir pela possibilidade de usar qualquer método, de estar além da lei e mais do que isso, de efetivamente se sentir envolvido pelo poder da violência: de ser pego pela "coleira do cão".
Nesse conto,filmado pela Globo com o excelente Murilo Benício, um delegado honesto tenta trabalhar dentro de uma esfera de lagalidade, até perceber que todos na delegacia - menos ele, como descobriu - estavam atravancados com uma rede de corrupção e abuso de poder.
Até que ele mesmo se sente seduzido, tomado, pela chamada coleira do cão, onde o poder, associado a uma fálica arma o transforma.
Inevitável pensar no prazer que proporciona aqueles policiais a chegada, o terror, o tal tapa na cara. Um amigo de infância, hoje policial no Rio , diz pra quem quiser ouvir que "dar tapa na cara é bom pra caramba".
O persongaem Neto, notadamente perturbado,com a cena hiper "Taxi driver" ,que seria o escolhido ( doido por doido...)para substituir o líder do BOPE é morto. Sua morte é vingada pelos companheiros. Sim, vingada, ou seja, um conceito fora da legalidade, onde o policial se torna também juiz e carrasco.
A responsabilidade dada ao coletivo, sintetizada na crítica ao uso do baseado dos universitários é e não é interessante. Em um primeiro momento, com minha patológica aversão ao Estado, penso que o coletivo pode e deve exercer seu poder: usar drogas cria a marginalidade? Em parte, sim.
Mas a questão principal é: usar drogas, pura e simplesmente, cria a marginalsidade?
Não.
Eu sei que vcs vão dizer que estou usando um grande clichê, mas por incrível que pareça, para alguns espectadores do filme , ainda há que se apontar: as condições sócio econômicas criam a marginalidade, em alguns casos, fica impossível fugir dela.
O fato de haver usuários de drogas não tornou eu ou você que está lendo, traficantes. Mas se nossas condições fossem outras, poderia ter tornado.
Eu confesso que me incomodei um pouco com a visão tortuosa que foi transmitida acerca dos universitários. Concordo em parte, mas como toda generalização é burra, creio que apresentar absolutamente todos os estudantes como "garotos-danoninho-esquerda-festiva" é exagero.E aquela aula que reduziu Foucault a papo de botequim com secundaristas foi o fim da picada. Ali era só pegar um professor para dar assessoria, porque um bom professor torna palatável textos densos. E se evitaria aquela cena - insólita - da aula.
Arnaldo Jabor inexplicavelmente acredita que tem a capacidader de traduzir o inconsciente coletivo, desta forma, diz que não foi o olhar sádico que teve peso sobre o público, mas a forma que o público se sentiu "vingado".Acho pertinente sua interpretação, mas acho tolo acreditar que uma chave explicativa dá conta da leitura do público.Aliás, ele disse isso baseado em quê? Achologia é terrível.
Fiquei pensando sobre as estratégias de treinamento do BOPE, em grande parte, parecidas com o treinamento espartano e também próximo ao que se vê expresso na pesquisa "Tortura Nunca Mais". Nesse caso, o policial tortura os amigos, passa por tortura. Depois disso, arrebentar com qualquer um fica fácil, principalmente se for o Outro, o inimigo, o diabo, ou sei lá como eles traduzem isso.
No momento da tortura, o cara confessa, mente, bota a mãe no meio, diz que assinou o livro do capeta com o sangue de bebês. Qualquer um que tenha lido Guinzburg ou outro historiador que pesquisou o Santo Ofício percebe isso.
Assim, acho que algum personagem que relativizasse um pouco esse olhar maniqueísta de Nascimento, que questionasse suas ações poderia contrabalaaçar um pouco a narrativa.Ainda que sob a ótica do BOPE, acho que tenderia a possibilitar uma interpretação mais aberta e múltipla.
Então, ainda que eu não acredite que o diretor tenha elaborado um filme para tecer loas a esses métodos policiais, me deparo com William Wach soltando essa piadinha-pérola, ao falar sobre corrupção da polícia.
"é..o capitão Nascimento não gostaria nada disso..."
Pois é, o capitão América também não.


*****post originalmente publicado em 2007.

Pretendo ver o Tropa de Elite II, então, vamos esquentando os tamborins.

25 abril 2010

Café Filosófico




Um dos lugares que gosto de ir em Campinas é no centro cultural da cpfl. Pra quem ainda não foi, fica a dica: uma programação que cobre a semana toda, com palestras, filmes, peças teatrais.
Eu gosto, em especial, da programação de sexta, do tal Café Filosófico. ( Se você não é da região, pode acompanhar a programação pela web ou ver a reapresentação pela Cultura, aos domingos, vale a pena)
O lugar é agradável: antes do Café abrir, você pode fazer hora em um lounge gostoso, com dezenas de revistas sobre Cultura e História, brasileiras e estrangeiras, um luxo.
Depois que o acesso é liberado, é só entrar e esperar. Mas isso dentro de um bar/restaurante gostoso, onde você pode petiscar alguma coisa ou jantar mesmo. Eu sugiro o creme de palmito ( perfeito) ou uma porçãozinha saborosa com beringela, tomate seco e sardella.
Dá pra conversar, beber, comer. Às sete começa a apresentação. É inegável o bom gosto, eles convidam professores interessantíssimos no naipe de Olgária Matos e Renato Janine Ribeiro - ambos são, inclusive, curadores de séries.
Nessa sexta, fui ver Yves de La Taille. Ele chegou com seu visual de homem-do-saco e falou lindamente.




















Sua fala foi sobre a questão da relação moral que existe na educação. Ele inicia sua fala dizendo que Camus, ao preencher uma ficha, ainda criança, escreve que sua mãe é doméstica e se envergonha. Rapidamente, se envergonha de sua vergonha, tendo em vista que sua relação e respeito pela mãe deveria ser maior do que seu problema em ter ou não dinheiro.
A partir daí, começa sua fala, perguntando quantas crianças teria a segunda vergonha citada, atualmente.
Compara duas relações metafóricas com a vida: o peregrino e o turista. Carregando propositalmente nas tintas, apresenta alguém que se insere em culturas, que valoriza o processo de caminhada e outro que exige rapidez e deseja ser servido.
"O peregrino deseja experiências na sua trajetória, o turista quer berimbaus".
Insistindo na relação consumista, superficial e "clientelista" ( na falta de uma expressão adequada) do sujeito com a vida e a sociedade, fala sobre o tédio, suicídio e a fragilidade nas relações.
Ao argumentar que a sociedade atual se preserva da dor ou da ameaça de dor, que necessita de ações, diversões e prazer constantes - eu não conseguia parar de penar em Admirável Mundo Novo - afirma:" Romeu e Julieta seriam impensáveis hoje"
Eu gostei. Não vou me alongar aqui, volto a falar sobre isso depois, mas gostei da abordagem e concordo em grande parte.
Como já disse aqui, discordo da errônea nostalgia por um passado idílico familiar, mas ele não faz isso. Um ou outro que levantou e perguntou fez, mas ele não.
Eu tive vontade de perguntar, mas me intimidei diante da câmera e fiquei quieta com minha coca-cola. Talvez outro dia, talvez outro dia.
















Comprei o livro e ele tem uma estrutura simples, simples: uma conversa entre ele o o Cortella. É uma leitura mais arejada, mais palatável, não me parece ter o rigor e a profundidade de uma obra acadêmica, mas me pareceu bastante interessante. Parece cumprir seu propósito. Mas isso eu conto quando resenhar.
Sexta estarei lá de novo, pra ver Sérgio Rizzo falando sobre a representação da família no cinema.
Bora?

10 abril 2010

@EncForadoEixo



A coisa já começou certa pelo título: uma proposta que tira o foco dos grandes centros e passa a oferecer discussões em outras paragens.
Eu vi o #encForadoEixo divulgado no twitter, vi que ia ser aqui em Campinas e fui.
Cheguei totalmente estranha no ninho, imediatamente percebi que a maioria transitava por áreas ligadas à publicidade e não é esse meu foco de interesse. ( A não ser quando é pra ler os textos perspicazes e críticos da Denise, Lola e Baxt). Enfim.
Confesso que pensei como Angeli faria a festa, traduzinho caricaturalmente os tipos presentes...porque todos somos tipos, vamos combinar. ( Nada pessoal, queridos, quando vou a encontros de historiadores, penso a mesma coisa.)
O encontro teve um caráter informal que me agradou e que vai ao encontro da própria internet, que ao aproximar pessoas que forma substancial, quebrou certos paradigmas de conduta.
O início foi antológico: um professor da PUCC, Wagner Mello, abriu as apresentações.
Começou demonstrando total falta de familiaridade com as novas propostas midiáticas e educação, pois, ao se sentir incomodado com o banner eletrônico que reproduzia uma página de twitter, FICOU EM PÉ NA FRENTE, eu juro sobre o pc, ele fez isso. Ficou lá, em pé, para que as pessoas prestassem atenção somente nele.
Olha, alguém que não compreendeu que nativos digitais conseguem assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, não pode falar de novas mídias e educação.
Ele divagou sem transparência conceitual: citou alguns autores de forma superficial que ficaram ali, sem que houvesse, efetivamente, uma condução de seu raciocínio.
E citou Aristóteles em inglês. Gente, foi uma tentativa bobinha de dar um ar acadêmico à apresentação. Quer citar no original? Cita em grego, então...rs
De resto, a apresentação mostrou tentativas ainda rudimentares de se implantar elementos relacionados à novas mídias dentro da faculdade campineira.
E não pensem que vou puxar sardinha para minha universidade não, porque não vou. Já ouvi cada batatada na Unicamp sobre internet e afins que nem sei como sobrevivi.
Acredito que a Educação como um todo continua encerrada em um olhar extremamente preconceituoso em relação à rede e suas - gingantescas - possibilidades. Para além disso, há que se perceber um receio patológico em minha classe em relação à mudança de paradigmas ( Eu sempre juro que não vou repetir clichês, mas é mais forte do que eu, me domina.)
Ao final da apresentação, depois de ter sido convidado a falar sobre cases de sucesso por um integrante do auditório e NÃO fazendo isso a contento - por razões óbvias - o palestrante foi indagado por @cerasoli da seguinte forma:
- Professor, esquecemos de perguntar: qual é sua arroba?
O professor, diante do mediador atônito, solta uma sonora gargalhada e diz:
- Isso depois eu respondo.
Pessoas, pessoas, ou ele não entendeu a pergunta, ou não tem twitter. Seja um caso ou outro, o que ele estava fazendo ali?
Para deixar o público feliz, entretanto, tivemos a presença de @luizcarioca, redator e blogueiro, que acertou a mão o tempo todo. Ou quase.
Citou os autores na mosca e colocou um vídeo que eu procurava já tempos, pois só havia assistido em um curso, Michel Serres, relativizando as "perdas" da tecnologia.
G-e-n-i-a-l.
O redator narrou experiência profissional, contou situações, deixou claro que opta por experimentar algo para realmente compreender seu processo, como fez com seu Blog: criou um para entender sua dinâmica.
Eu disse pra ele que achava que tinha mandando um grande unfollow, mas nem me lembrava o motivo, mas ele já havia avisado a plateia que sua fala nem sempre é suave, mas pode pegar na veia mesmo. Por isso, volta e meia, recebe uns unfollows nervosos. Melhor assim, nada pior do que povo que faz média.
É importante salientar que @luizcarioca tem um domínio fácil do público e que, certamente, todo mundo ficaria muito mais tempo ouvindo-o falar sobre sua forma de enxergar a rede.
Claro que ao se definir como anarquista eu imaginei Kropotkin rolando em cólicas: publicidade/consumo e anarquia só podem estar na mesma frase se for para um negar o outro, né, crianças?
Após um coffe que propiciou um papo com as pessoas, a palestra final foi do @interney: essa passeou por outras paragens.
Edney Souza, o @interney, se absteve de citar autores: fez uma apresentação correta, enxuta, pragmática. Optou por não discutir essas questões em nível acadêmico e mandou bala fazendo uma apresentação que era um relato do trabalho feito pelas agências publicitárias que utilizam novas mídias, especificamente, a @pólvora.
Para meus espanto total, pouquíssimas pessoas tinham visto o vídeo do greenpeace, censurado pela Nestlé, fato que o inspirou a dar um cutucão bem dado. Afinal, povo, a plateia ali não era formada por profissionais que se interessam por novas mídias e blablablá? Putz, mexe a bunda, cidadão.
Também me surpreendeu a pouca quantidade de perguntas para ele: visto que é uma das pessoas pioneiras nessa área, não havia nada que eles quisessem saber?
Estranho.
Mas creio que a plateia tenha gostado, pois a apresentação teve um forte cunho profissional: o cara sabia o que estava falando. Não estava baseando em hipóteses ou suposições, estava falando sobre algo do seu cotidiano.
Eu gostei do Encontro, certamente irei nos outros: só não prometo elogiar tudo ou ser "neutra", porque ninguém faz História e sai acreditando em "neutralidade". Mas prometo ser justa, ou procurar ser.

01 abril 2010

Novela : lado A e lado B



Eu vejo novela e gosto: só colocam porcaria no ar porque querem, afinal, existem autores de talendo e atores fantásticos.
O caso é que seriar uma história não faz dela, necessariamente, uma má história. Mas como já contei aqui, conversando com um amigo que hoje é roteirista da Globo, ouvi algo mais ou menos assim; "Temos que escrever porcaria, porque nivelamos por baixo, competimos com porcaria...". Triste, heim?
Mas o fato é que assisto. E sempre achei que comunicação de massa TEM que ser discutido, dada o seu poder, a sua inserção social.
Vamulá.
No caso da atual novela das oito, Viver a Vida, tenho alguns pitacos a dar:

* Atuação magistral de Aline Moraes e Lilian Cabral, que conseguem se superar a cada trabalho.

* Mateus Solano arrasando na pele dos gêmeos. Além de um ator de primeira, um fofo, uma coisa.

* Fotografia deliciosa, já vale a novela.

* Bárbara Paz arrasando como anoréxica bebum: além de uma atuação brilhante, um tema complexo e importante que massacra jovens brasileiras.

* Todas as informações sobre acessibilidade dadas na novela, sem papo com cara de sermão barato, estão imbuídas na história de forma inteligente.


Mas eu quero é falar do lado B:

* Sei que infidelidade é comum, rola e tal. Mas nessa novela, TOOODOS são infiéis sistematicamente. Em uma festa, o namorado flerta com uma louca qualquer, nas fuças na namoradinha jovem. Em outra, o marido dá cantada em uma desconhecida, enquanto a mulher enche a cara. A mesma mulher que, entediada de sua vida vazia, tem um grande dilema : trair ou não trair. Fato que é motivo de piadas da amiga.
A amiga da personagem principal, observando a primeira crise do casamento desta, diz:

- Relacionamento é como cristal, partiu, não tem jeito. Joga fora e compra outro.

Juro em cima do pc que ouvi essa pérola.
Vamos comprar, gente, é promoção. Ainda que a infidelidade exista, que as crises existam e que casamentos acabem, essas interpretações levianas são um saco.
Fica tudo sendo a mesma coisa: artigo que pode ser comprado.
Aí é a prima que avança no quase-caso da outra prima, a prima que dá corda pro marido da casada corna( aqueeeela que divide a vida entre academia e ...academia).



* o personagem do José Mayer merece um tópico só pra ele: é o protótipo do tio sukita em sua pior versão. O autor teve a infelicidade de criar cenas em que ele agride Dora - uma personagem dúbia e estranha - e a despeito disso, é recebido por ela em um arremedo de amor-ódio que não cola.
Quando ela diz que vai trabalhar na casa, ele retruca, com vozinha rouca ( péssimo):
- Vai trabalhar aqui...tem que fazer o serviço todo.
Quase vomitei, povo.
O autor acha meeeeesmo isso erótico? Onde? Em novela mexicana ou peça de circo do interior?


* Trabalho infantil me assusta, já comentei aqui, já coloquei a Beth Davis aterrorizando o público em O que Terá acontecido a Baby Jane? Porque efetivamente acho um risco expor crianças ao universo do trabalho, ao universo da ficção e todas as suas neuras.
Aquela menininha é uma fofa, mas eu penso nos astros mirins norte americanos, todos surtados e tenho pena da garota.


Esses são alguns dos pontos que me chamam a atenção na novela. Pena, né? Com tanta gente talentosa, eles ainda escolhem o Manoel Carlos do Leblon e suas velhas histórias repetidas.

28 março 2010

"Mais do que a "alegria da posse", promete a alegria da inscrição na sociedade." Clóvis de Barros Filho (ECA)







Para quem se lembra dessa peça, ela foi veiculada por um tempo e posteriormente proibida pelo CONAR. Uma ONG elaborou uma outra, onde crianças de rua eram mostradas em diversas situações, sob o "mantra" : "eu não tenho, você tem...", como uma forma de responder à essa lunática propaganda eutenhovocênãoteeeeeem.

O documentário abaixo é fantástico, se tiver tempo, assista. Refletir sobre a criação de um pequeno exército consumista é necessário, pois manusear o desejo infantil e transformá-lo em um mecanismo de lucro desenfreado é algo assustador.










11 fevereiro 2010

Crianças monstro - com atualizações

LI na Época desta semana que a rainha da bateria de uma escola do Rio seria uma menina de sete anos. Pois é, povo, os pais surtam e depois não sabem porque os filhos são rascunhos do inferno no papel de pão.
Alguns que se preocupam com a sanidade mental da garota já entraram com processo, querendo impedir a coisa toda. Os pais, envoltos na maior vibe narcisista, teimam em dizer que a fantasia da garotinha é comportada ( mini saia e mini blusa, acho que o "não comportada" pra eles seria fio dental) e tentam por toda lei colocar a litle perua rebolando na frente de marmanjos.
E aí, mesmo psicólogos e juízes apontando a inadequação do papel, a hiper exposição e o estímulo a sexualização precoce, os pais brigam na justiça pelo direito de decidir.
Eu sempre me pergunto quem pode defender as crianças dos pais...porque na ânsia de provarem que tem um poder quase divino sobre os filhos, expoem essa moçada a papéis absurdos.
Isso me lembra os medonhos desfiles de miss-mirim, com garotas que são verdadeiros travecos em miniaturas, completamente exageradas, sabe aquela coisa bem Texas? Então. Dureza, gente, dureza.
Mas isso merece um post à parte. Por hora, em "homenagem" às meninas feitas "estrelas" por conta da vaidade familiar, deixo com vocês a deprimente cena de O Que terá Acontecido a Baby Jane?, onde Baby Jane ( Betti Davis), uma ex estrela mirim, tenta voltar aos áureos tempos, fazendo o que sabe fazer: sendo menina....apesar de ter envelhecido. Assistam comigo.




*****

Acabei de ler: parabéns aos "pais do ano", estão criando mais uma mutante.

29 novembro 2009

Manoel Carlos e a pedagogia da porrada


Semestre passado eu estava com aulas todas as noites, quando via a novela era em um ou outro sábado e ficava mais perdida que cego em tiroteio.

Agora estou com algumas noites livres e estou assistindo. Mas ainda não estou entendendo muitas coisas, talvez vocês possam me ajudar.

A principal delas é por que não existe um movimento grande contra a propaganda "pró porrada" que ele faz sistematicamente. E deveria ter, deveria ter.

A pancada parece ser educativa para o autor...me lembro de ter visto o pai da fulana que maltratava os avós apanhando, em outra coisa maravilhosa que ele escreveu. Assim, pai banana se redime e espanca a filha. Educa. Que beleza.

Nessa novela isso se repete.

Entendo que alguém irritado tente sair na mão com outro, é compreensível e é real.

Mas o que me deixa passada é ver que isso é colocado de forma educacional.

Exemplo: a sem noção da garota-que -não -me -lembro - o-nome continuava dando em cima do sacanão- que- trai -a- mulher- professora de teatro, personagem escondidinho. A tal garota bate boca com a cornélia e toma uns tapas, compreensível, porque ninguém gosta de ser corna.

Mas aí entra a pedagogia da porrada....a mãe da garota - Alguém sabe o nome do personagem da Ana Botafogo?? - coloca a filha em uma sala e solta a seguinte pérola:

- ninguém vai te bater, porque quem tem que te bater sou eu....

E soca pancada na sem-noção.

Essa foi uma das inúmeras cenas onde a pancada parece ter um valor educativo, pedagógico.

Ainda uma vez digo que não tenho leitura teórica sobre comunicação de massa, mas me interesso sobre o tema. Aí fica a hipótese: a trivialização, a banalização da violência doméstica já é um mal em si. Mas a demonstração disso como algo não só admissível, como recomendável, é asqueroso. E sério, e muito sério.

Ah, Manoel Carlos, você e seu Leblon idílico estão mesmo na contramão da história.




***** texto originalmente publicado em março de 2007.



******2009*******


Manoel Carlos do Leblon continua aquele. Em sua nova novela, Viver a Viva, a sua didática porrada insiste em continuar a ser uma estratégia para se controlar a filha agressiva. Porque é sempre filha, aliás. Outro ponto a ser observado. Nesse caso, uma surra de cinto dada pela personagem Tereza em sua filha Isabel, a pentelha.
Por hora, vamos apenas localizar o seguinte: em três novelas relativamente próximas, em um instrumento de comunicação de massa e em horário nobre, o teledramaturgo exibe cenas de espancamento.
Seria interessante haver uma discussão apropriada que comparasse a real inserção de campanhas anti-agressão fisica em contraponto a cenas de óbvia exaltação da mesma, dentro de obras de ficção.
Não se trata de negar a violência, mas se trata de discutir como esta aparece dentro do contexto da comunicação de massa. E se trata de perceber o estrago que cenas ridículas como essa podem fazer.

16 maio 2009

Lugar de Mãe?









Nos primeiros meses desse blog, li em um comentário em outro blog, uma frase que me deixou bastante incomodada. O blogueiro, à guisa de defender o exercício da maternidade, dizia que as mulheres deveriam ser pagas para exercerem esse papel.
Eu publiquei esse post, que vai aqui com algumas observações, sem os muitos comentários da época e sem o nome do blogueiro, porque o que já tinha que ser dito para ele já foi e ficaria até esquisito requentar isso agora.
O caso é que esse deve ter sido um dos maiores posts que escrevi, fiquei ali balablazando sem parar e decidi republicar por conta do livro de Maria Mariana, tão (bem) criticado em vários blogs e no twitter.
Assim, por conta desse papo, republico. Então a mulher "teria" que receber salário para ser mãe...


"Bom, só o fato de ter usado o verbo "ter", já acho que o texto tem problemas.
Denota um autoritarismo retrógrado e calcado na interpretação patriarcal burguesa.
Até creio que se a frase tivesse sido escrita com "poderia" no lugar do "tinha", teria ficado até interessante. Porém a obrigatoriedade, a restrição social que essa condição imporia - sendo mãe, seria apenas...mãe - é um retorno a idealização social da Belle Epoque, equivocadíssima.
Ser remunerada para cuidar dos filhos me parece interessante. Mas ou eu li errado, ou o argumento não se sustenta.
Remunerada por quem? Pelo Estado? Pela Iniciativa privada? Pelo marido?
Pelo Estado me parece uma ótima forma de haver distorções ímpares, dado que o tal "instinto materno" é historicamente construído - e essa concepção de que é inerente a todas as mulheres é tão bem descontruído por Elizabeth Badinter - acho que iriam aparecer muitas distorções desse suposto direito .
Pela iniciativa privada? hum...já até posso ver o controle, os gráficos e as feiras para a otimização da maternidade. Não, obrigada, já estou amarrada com a iniciativa privada, eu passo.
Pelo marido ou namorado? Essa me parece a mais curiosa. Seria algo interessante de ver como se dariam as relações familiares, dado que a mãe seria uma funcionária.
Se as relações de poder já são complexas e opressoras, creio que receber salário do marido, pra cuidar do filho, seria uma forma oficial de sujeição e de um novo exercício de "luta de classes".
Algumas pessoas parecem achar que a dedicação da mulher a sua carreira e a consequente diminuição das horas dentro de casa, seria a causa do aumento de violência e falta de valores morais.
Bom.
Sem dúvida acredito que a sociedade precisa se estruturar de uma forma a contemplar as crianças que não tem uma infra estrutura adequada. Mas vários e difíceis problemas podem acontecer com a mãe fazendo bolo na cozinha, por exemplo.
Não posso deixar de pensar que se observa um passado hipotético onde as familias seriam "de outra forma". Um passado familiar fantasioso, idílico e irreal.
Como historiadora pergunto: Quando exatamente?
Phellipe Ariès escreve sobre a familia e a criança, comprovando que a concepção do que é ser criança e ou adolescente é muito, muito recente. Historiadoras como Michelle Perrot, Martha Esteves e Rachel Soihet desconstroem o mito da mulher idealizada, comprovando através de pesquisas cuidadosas que a ação feminina foi múltipla e, muitas vezes, completamente avessa ao idealizado pelo Positivismo.
Onde era tão melhor para as crianças?
Na antiquidade, onde uma criança poderia ser abandonada pra morrer?
Entre os astecas que costumavam aplicar rigorosos castigos físicos?
Na idade média onde em algumas regiões européias as crianças ficavam sem nome até quase sete anos, em função da enorme mortalidade( morria mais um...o menorzinho, aquele ali), ou talvez em grande parte da idade moderna, onde mas mães não amamentavam os bebês, nem os criavam, caso fossem ricas. Eram criados em casas separadas, ou por amas e babás e apareciam em algum momento do dia, para serem admirados como bonequinhos. Não havia essa familia celular burguesa, não existia sequer essa concepção e afirmar isso é grotescamente anacrônico.
Talvez quem se refira a esse "passado da familia" pense na tradicional familia patriarcal burguesa, que historicamente, é muito, muito nova.
Uma estrutura calcada em um modelo positivista comteando, que pensava na familia como célula mater.
Bom, estamos aqui com o resultado dessa interpretação de mundo. E o que temos é isso, violência, aquecimento global e guerras.
Tudo isso não foi gestado em uma ou duas geração, foi gestado em várias, foi gestado quando o modelo vingente era a familia positivista.
E ainda que se fale deste modelo: essa ideia de mãe acompanhando tarefa escolar e ou participando mais ativamente da vida dos filhos é recente. Mesmo dentro da idealização positivista, o cotidiano das familias - com todas as diferenças intrínsecas a cada classe - não incluia essa interlocução entre pais e filhos. Era um modelo autoritário, muitas vezes hipócrita.
A ideia de pais e filhos fazendo tarefa de casas juntos, jogando ou se entretendo juntos é uma concepção completamente inexistente até boa parte do século XX.
O universo conceitual e espacial da criança era outro.
Eu não consigo visualizar essa lendária época onde as familias eram perfeitas. Essa Atlântida é irreal. É um saudosismo à la viúva Porcina, a que foi sem nunca ter sido.
"Valores morais".
Eu tenho um certo receio dessa expressão. Fico me perguntando se podemos discutir a diferenca conceitual entre ética e moral, mas acho que aí afundamos até as orelhas na hermenêutica e não é esse o objetivo.
Então, vamos pensar em supostos valores.
Patriotismo seria um valor moral, mas um elemento tão belicoso que pode ser apontado como um dos piores males do mundo.
(Certíssimos os anarquistas ao clamarem : "minha pátria são meus sapatos".)
Que outros tipos de valores?
Ética, por exemplo?
Em que momento histórico isso foi um elemento realmente de peso? Me apontem.
Correndo o risco de ser redundante, afirmo, é ingênuo se pensar que vivemos em um momento com menos ética. Vivemos em um momento de grave crise social, sem dúvida, mas calcado em diversos outros problemas.
Esses diversos problemas levam a uma inversão de valores (o traficante passa ser herói, etc), mas essa é uma questão macro e pouco tem a ver com a mãe em casa, fazendo bolo.
Mas se uma retrospectiva histórica seria for feita, vamos ver a história sendo marcada por filhos destronando pais na base da faca, mães abandonando filhos, guerras em nome de deus e deuses, gente morta por dever pra bancos e outras distorções. Fiquemos tranquilos, a barbárie nao é novidade.
Não nego a importãncia da presença materna ou paterna. Só gostaria de atentar para o cuidado de não se deixar levar por uma idealização romantizada de um passado inexistente, cuidado pra não se colocar sobre as costas da mãe as causas de todos os males e equívocos.
E mais, discordo diametralmente da visão que restringe a mulher a ser mãe.
Ainda que ser mãe seja efetivamente o que considero o mais importante, é um dos meus papéis e jamais admitiria que alguém não me permitisse exercer todos os outros.

26 novembro 2008

O Poder do Coletivo


Queridos amigos e leitores, pausa no nosso papo: fiquei aterrorizada com o que aconteceu em Santa Catarina, a situação das famílias é desesperadora, nem tenho palavras pra isso.
Vários lugares aqui em Campinas estão se organizando para arrecadar alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores, objetos em geral, que possam facilitar um pouco esse momento, que possam ajudar a essas famílias a reconstruirem suas vidas.
Eu e alguns professores estamos fazendo o mesmo.
Lembrando que já passam de 50 MIL desabrigados e mais de 60 mortos.
Gostaria de pedir que, quem quiser e puder, faça o mesmo: se organize no seu local de trabalho, sua escola, seu bairro, sua igreja.
Eu sempre acreditei no poder do Coletivo, espero que vocês também.
Um grande beijo pra todos.

21 novembro 2008

Me apaixonando por São Paulo - I





Estou aqui na cidade da garoa. Cheguei ontem, e fui com Daniel, meu irmão ( que me hospedou) e alguns amigos dele comer pizza. Eu também sei que você está pensando que estou sendo óbvia, porque pizza em São Paulo é deliciosamente óbvio. Porque ela é sempre boa, sempre gostosa e eu sempre vou comer. Depois disso, meu irmão Ricardo, que é arquiteto e lindo - como quase todos os arquitetos - me levou pra um lugar cheio de frescuras, o Octávio. Lindo, lindo, maravilhosamente lindo. Uma decoracão que prima por um design arrojado e fresco, muito fresco. E aquela coisa de café que se toma aos gemidinhos. O problema é que eu adoro lugar fresco, mas detesto quem frequenta. São as idiossincrasias nossas de todo o dia, me perdoem.
Daniel e eu decidimos ir flanar hoje, falei um pouco pra ele sobre Benjamin e essa questão de descobrir a cidade com o primeiro olhar, de se perder na cidade. Ficamos assim, flanando aqui pela Bela Vista, linda, nostálgica, andando pela Ipiranga, claro, claro até a São João, e simplesmente reparando em tudo, nos prédios, nas pessoas, tudo. E tudo isso com aquele papo cabeca de professora-e-filho-de-professora.
Decidimos ir novamente no Museu Da língua Portuguesa: agora, substituindo a exposicão sobre Guimarães Rosa, está acontendo uma maravilhosa, sobre o Bruxo do Cosme Velho.
A exposicão anterior era realmente inusitada, instigante, mas só poderia ser assim: idealizada pela Bia Lessa, o que mais seria? Eu conheci a Bia Lessa em uma peca que ela trouxe pra Campinas, e quando ela iria dar um curso de teatro e não deu. Mas conto isso depois. Vamos voltar ao Museu.
Gente, é um verdadeiro presente pra qualquer um que goste de Machado de Assis: uma exposicão rica, criativa, dinâmica. Sö senti falta de ler algo do Sidney Chalhoub, que fez um trabalho fantástico sobre Machado e não aparece entre os outros intelectuais que discutiram a obra deste autor. Senti essa lacuna.
Aconselho a todos que forem nesse Museu, que não percam, de forma nenhuma, o vïdeo apresentado. Depois de rápidos dez minutos de um vídeo absolutamente bem encadeado, a parede se move e somos convidados a passar para um outro espaco, onde praticamente entramos em uma instalacão artística, porque o restante da apresentacão é feita ali, de maneira muito sensorial....o público ouve leituras de trechos de poesias, escuta trechos de músicas, enquanto imagens e palavras são projetadas em várias direcões. Gente, é sério, foi uma sacada. Você vê o público deslumbrado. Porque o público é tragado por essa trip multidimiática e é tudo irresistível.
O restante do Museu é altamente dinâmico e interativo, com espaco para a história da língua, vídeos enormes em lugares inusitados e a lúdica atividade do "Beco das palavras", onde todo mundo brinca coletivamente, juntando palavras que sáo projetadas sobre uma espécie de mesa e, quando unidas, são explicadas com clareza e , muitas vezes, com bom humor.
O Museu da Lingua Portuguesa funciona na Estacão da Luz, cujo projeto foi executado com material inglês, do cimento aos tijolos vermelhos. O resultado é deslumbrante.
Criancas, eu recomendo.
Depois de horas ali dentro, me divertindo muito, fui com Daniel até a Pinacoteca, que fica em frente.
Mas isso é assunto do próximo post.
Essa cidade é uma delícia.