27 abril 2007

alunos e avós II


Essa história é mais recente, deve ter uns três anos. Eu estava trabalhando em outra escola, totalmente diferente, mas muito interessante. Escola católica, estrutura monstruosa, luxo, coisas assim.

Eu estava fazendo chamada e sempre comentava o nome dos alunos ( hoje em dia, trabalhando nos cursos de engenharia, isso já não existe, por uma questão prática), falava o significado ou contava sobre um xará histórico, algo assim.

Um dia, empaquei em um sobrenome.

- A., você tem um sobrenome super bonito: Caro. É o sobrenome de um pintor super importante , sabia? o Bernardo Caro.

- Você gosta dele?

- gosto muito...sou fã. E ele mora aqui mesmo na cidade!

- ( toda feliz) ele é meu avô.

- sério????? - quase dando uns pulinhos.

- Ahã.

- (pra turma) Pessoal, vocês sabiam que a A., é neta do Bernardo Caro???

( interrogação geral)

- ele é um pintor super importante, blablabalbalabl.......

- ( pra A.) Diga pro seu avô que adoro o trabalho dele, ok?

- Vou dizer sim, Vivien - toda sorridente.


***** minutos depois , no corredor *******


Aluno - a A., tá se achando lá no pátio, porque você disse que o avô dela é um artista importante.Ninguém sabia....


Descobrir a própria família e a própria identidade é uma viagem,muitas vezes o olhar do Outro pode ajudar.


13 comentários:

  1. Anônimo10:32 AM

    Idéia brilhante essa de a partir dos nomes dos alunos vc contar algo da história mais geral. Falar também da história do próprio bairro/região onde se situa a escola ou da dos bairros de alunos tb podia ser uma boa, não? Talvez vc já tenha escrito sobre isso. Ah, se o avô da A. é um baita de um pintor, deixa ela ter lá seu orgulho, que ñ exagerado, ñ fal mal a ninguém. Beijão, Vivien, beleza de trabalho!

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  2. Tu és especial, Vivien! Teus alunos lucram com isso e nós também.

    Bom para a A., seu avô e de novo para nós. Gostei muito do trabalho dele!

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  3. Anônimo11:54 AM

    Interessante a história. Acho que mostra um lado que temos: de não valorizar o que é próximo, exaltando o que está longe.

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  4. Anônimo1:59 PM

    Sibila, o bacana é que muitas vezes os próprios alunos contavam a razão dos nomes, o que mexia , diretamente, com a sua própria história.
    Quanto ao pintor, ela trouxe um material sobre ele e meostrei pra sala, foi muito bacana.;0)

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  5. Anônimo2:00 PM

    Rosamaria, como eu disse: sou fã dele.;0)

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  6. Anônimo2:01 PM

    Lino, eu acho que é por ai. Aqui em Campinas eu sou mesmo muito fazoca de vários artistas e, sempre que dá, gosto de falar sobre eles.;0)

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  7. Vivien,
    Sei como isso acontece. Passei muito por isso na escola. No começo ficava encabulado, depois me acostumei e também me achava.
    Beijão

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  8. Paratodos
    Chico Buarque/1993

    O meu pai era paulista
    Meu avô, pernambucano
    O meu bisavô, mineiro
    Meu tataravô, baiano
    Meu maestro soberano
    Foi Antonio Brasileiro

    Foi Antonio Brasileiro
    Quem soprou esta toada
    Que cobri de redondilhas
    Pra seguir minha jornada
    E com a vista enevoada
    Ver o inferno e maravilhas

    Nessas tortuosas trilhas
    A viola me redime
    Creia, ilustre cavalheiro
    Contra fel, moléstia, crime
    Use Dorival Caymmi
    Vá de Jackson do Pandeiro

    Vi cidades, vi dinheiro
    Bandoleiros, vi hospícios
    Moças feito passarinho
    Avoando de edifícios
    Fume Ari, cheire Vinícius
    Beba Nelson Cavaquinho

    Para um coração mesquinho
    Contra a solidão agreste
    Luiz Gonzaga é tiro certo
    Pixinguinha é inconteste
    Tome Noel, Cartola, Orestes
    Caetano e João Gilberto

    Viva Erasmo, Ben, Roberto
    Gil e Hermeto, palmas para
    Todos os instrumentistas
    Salve Edu, Bituca, Nara
    Gal, Bethania, Rita, Clara
    Evoé, jovens à vista

    O meu pai era paulista
    Meu avô, pernambucano
    O meu bisavô, mineiro
    Meu tataravô, baiano
    Vou na estrada há muitos anos
    Sou um artista brasileiro

    obs.: pra ouvir o Chico cantando, basta clicar no título da música.

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  9. Lord, eu imagino como deve ter sido pra vc.E imagino como deve ter sido para os professores tb.;0)

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  10. Clélia, somos todos brasileiros e artistas.;0)

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  11. Vivien, eu também queria ter um avô importante, conhecido.
    Não conhecí meu avô. Deve ter sido alguém importante. Nem me esperou para conhecer. Devia ser muito ocupado o cara.
    Um beijo

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  12. Valter, copiando a fala da neta do Midlin..."vc não sabe o que perdeu!!!".
    Conheci meus quatro avós, mas convivi efetivamente com meus avós maternos, de quem sempre falo aqui. Desconhecidos para o mundo, mas de suprema importãncia pra mim.beijos.;0)

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  13. Anônimo5:51 AM

    Ola Professora Vivien!!!
    Quanto tempo não é mesmo? Como você está?

    Estou com uma certa impressão que eu sou a aluna A. rsrsrs... Estou certa?
    Lembro muito das suas aulas de histórias e do RPG... adorava!
    Se não me engano foi para a sua matéria que tivemos que fazer um trabalho, e eu claro, fiz sobre o meu avô... acho que era alguma Biografia, algo assim.

    Como o Lino disse acima, quando algo é muito próximo de nós não reconhecemos o valor que tem... Para ser BEM sincera, fui reconhecer de verdade o valor artístico do meu avô após seu falecimento em 2007... Claro que como avô ele sempre foi INCRÍVEL, e sempre reconheci... Talvez eu ainda fosse imatura demais para compreender o valor de suas idéias e obras.

    Que delícia relembrar esse dia!

    Desejo a você muita felicidade e sucesso.

    Beijos e Abraços
    Andreia Caro
    11/12/2012

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