Essa história é mais recente, deve ter uns três anos. Eu estava trabalhando em outra escola, totalmente diferente, mas muito interessante. Escola católica, estrutura monstruosa, luxo, coisas assim.
Eu estava fazendo chamada e sempre comentava o nome dos alunos ( hoje em dia, trabalhando nos cursos de engenharia, isso já não existe, por uma questão prática), falava o significado ou contava sobre um xará histórico, algo assim.
Um dia, empaquei em um sobrenome.
- A., você tem um sobrenome super bonito: Caro. É o sobrenome de um pintor super importante , sabia? o Bernardo Caro.
- Você gosta dele?
- gosto muito...sou fã. E ele mora aqui mesmo na cidade!
- ( toda feliz) ele é meu avô.
- sério????? - quase dando uns pulinhos.
- Ahã.
- (pra turma) Pessoal, vocês sabiam que a A., é neta do Bernardo Caro???
( interrogação geral)
- ele é um pintor super importante, blablabalbalabl.......
- ( pra A.) Diga pro seu avô que adoro o trabalho dele, ok?
- Vou dizer sim, Vivien - toda sorridente.
***** minutos depois , no corredor *******
Aluno - a A., tá se achando lá no pátio, porque você disse que o avô dela é um artista importante.Ninguém sabia....
Descobrir a própria família e a própria identidade é uma viagem,muitas vezes o olhar do Outro pode ajudar.
Idéia brilhante essa de a partir dos nomes dos alunos vc contar algo da história mais geral. Falar também da história do próprio bairro/região onde se situa a escola ou da dos bairros de alunos tb podia ser uma boa, não? Talvez vc já tenha escrito sobre isso. Ah, se o avô da A. é um baita de um pintor, deixa ela ter lá seu orgulho, que ñ exagerado, ñ fal mal a ninguém. Beijão, Vivien, beleza de trabalho!
ResponderExcluirTu és especial, Vivien! Teus alunos lucram com isso e nós também.
ResponderExcluirBom para a A., seu avô e de novo para nós. Gostei muito do trabalho dele!
Interessante a história. Acho que mostra um lado que temos: de não valorizar o que é próximo, exaltando o que está longe.
ResponderExcluirSibila, o bacana é que muitas vezes os próprios alunos contavam a razão dos nomes, o que mexia , diretamente, com a sua própria história.
ResponderExcluirQuanto ao pintor, ela trouxe um material sobre ele e meostrei pra sala, foi muito bacana.;0)
Rosamaria, como eu disse: sou fã dele.;0)
ResponderExcluirLino, eu acho que é por ai. Aqui em Campinas eu sou mesmo muito fazoca de vários artistas e, sempre que dá, gosto de falar sobre eles.;0)
ResponderExcluirVivien,
ResponderExcluirSei como isso acontece. Passei muito por isso na escola. No começo ficava encabulado, depois me acostumei e também me achava.
Beijão
Paratodos
ResponderExcluirChico Buarque/1993
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro
Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas
Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro
Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto
Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro
obs.: pra ouvir o Chico cantando, basta clicar no título da música.
Lord, eu imagino como deve ter sido pra vc.E imagino como deve ter sido para os professores tb.;0)
ResponderExcluirClélia, somos todos brasileiros e artistas.;0)
ResponderExcluirVivien, eu também queria ter um avô importante, conhecido.
ResponderExcluirNão conhecí meu avô. Deve ter sido alguém importante. Nem me esperou para conhecer. Devia ser muito ocupado o cara.
Um beijo
Valter, copiando a fala da neta do Midlin..."vc não sabe o que perdeu!!!".
ResponderExcluirConheci meus quatro avós, mas convivi efetivamente com meus avós maternos, de quem sempre falo aqui. Desconhecidos para o mundo, mas de suprema importãncia pra mim.beijos.;0)
Ola Professora Vivien!!!
ResponderExcluirQuanto tempo não é mesmo? Como você está?
Estou com uma certa impressão que eu sou a aluna A. rsrsrs... Estou certa?
Lembro muito das suas aulas de histórias e do RPG... adorava!
Se não me engano foi para a sua matéria que tivemos que fazer um trabalho, e eu claro, fiz sobre o meu avô... acho que era alguma Biografia, algo assim.
Como o Lino disse acima, quando algo é muito próximo de nós não reconhecemos o valor que tem... Para ser BEM sincera, fui reconhecer de verdade o valor artístico do meu avô após seu falecimento em 2007... Claro que como avô ele sempre foi INCRÍVEL, e sempre reconheci... Talvez eu ainda fosse imatura demais para compreender o valor de suas idéias e obras.
Que delícia relembrar esse dia!
Desejo a você muita felicidade e sucesso.
Beijos e Abraços
Andreia Caro
11/12/2012