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18 junho 2012

Cada um com o seu Crepúsculo

Esse é o meu.




















http://youtu.be/io0GBjw30fw ( Não dá pra incorpoorar no texto...mas vale a pena ir no youtube)

30 maio 2012

A entrada de serviço


















Já estou pra escrever sobre "Domésticas, o filme" há algum tempo.
Particularmente, gosto do diretor Fernando Meirelles, que nesse caso, também apitou no roteiro. O que conheço do trabalho dele, gosto.
A ficha técnica me faz pensar em um grupo de classe média intelecutalizada, tentando ( nesse caso, conseguindo) olhar o mundo com outros olhos que não o do eixo Vila Madalena-Leblon. Saca os sobrenomes: Cecília Homem de Mello,Andréa Barata Ribeiro,André Abujamra...sem desmerecer o trabalho, sempre penso nisso um pouco como "estamos aqui na conversando na casa do papai e tivemos uma idéia bacana pra um filme".
Ok, ainda assim, dá pra sair um filme interessante. E olha, saiu mesmo.
A trilha sonora é demais: hiper brega, dá a cor necessária para o filme, que transita entre o humor ( às vezes, negro) e o drama de forma genial.
O filme retrata o cotidiano de diversas domésticas - cinco em especial - dando ênfase para a fala das mesmas, que funcionam praticamente como "depoimentos".
Essa opção narrativa por si só, já vale o filme: pois dá voz a essas mulheres anônimas e não ouvidas, desloca o olhar para outro ponto, mostrando o mundo sobre a ótica dessa mulheres invisíveis.
Quem quer que tenha feito a pesquisa necessária para isso, caprichou, porque a estrutura das frases e a idiossincrasia das histórias está perfeita.
"Eu gosto assim..de feijão, arroz, sabe assim, bem farinha?"
Não sei quanto a vocês, mas alguns anos em Caxias me fazem ver que essa frase esquisita é completamente real, usada de forma cotidiana por várias pessoas.
E o olhar de Graziella Moretto no final? Quando diz que "ninguém escolhe ser doméstica, é uma sina", é absolutamente doloroso, é um daqueles momentos que marcam o filme de forma indiscutível.
Todas as histórias se entrecruzam, mostrando um universo desconhecido para a classe média e que me lembrou muito uma pesquisa feita na USP.
Um jovem da graduação - nas Ciências Sociais, creio - se vestiu de faxineiro e transitou pelo campus durante semanas.
Conforme ele relatou em seu projeto, foi ignorado pela maioria dos colegas e por todos os professores. Simplesmente, não viram que era ele. O que acarretou, ainda que ele tivesse consciência de que uma pesquisa e por tempo determinado, ainda assim, acarretou uma incrível angústia e abalo da auto-estima.
Ele havia se tornado invisível.





****publicado originalmente em 2009.

22 agosto 2011

Irmãos - O Xingu dos Villas Boas











Minha mãe e Ricardo - meu irmão e doador - queriam ir ao cinema.Como eu ainda não posso ficar em salas fechadas com milhões de bactérias, fui com Daniel ao shopping, mas optei por ficar no Sesc Pompeia.
O Sesc é aquele programa não-tem-erro, fatalmente você verá uma boa exposição, tomará um café e ficará feliz.
Nesse dia sentamos perto de um grupo que jogava - mal - RPG, tomamos nosso café maravilhoso e ficamos sentadinhos, descansando meu rim novo.
A exposição está linda: vá ver, vá correndo. Ela foi feita depois que os idealizadores do filme homônimo perceberam que tinham muito mais material do que seria possível apresentar no projeto inicial. Resultado?
Trechos de gravação,narrativas de kaka werá e Daniel Mundukuru - que adoro e cujos textos sempre usei em aula - objetos, entrevistas, peças indigenas. Tudo disposto de maneira criativa, interativa, com pegada de instalação.
Não falei pra você correr? Corra. ;0)




(Faça um força e veja o vídeo até o final - peguei no youtube, não gravei - pois as melhores partes estão no final.)

27 julho 2011

Diário de bordo : filmes assistidos.

Filmes assistidos, fase I:



W. o filme de Olive Stone mostra Bush em dois momentos, enquanto presidente, lidando com a questão do controle sobre o petróleo na região do Oriente Médio, assumidas claramente nas reuniões pré invasão do Iraque e todas as trapalhadas de sua equipe, e em todo o processo de sucessivos fracassos e fanatismo religioso que precede isso.
Um idiota em todos os níveis. Desprezado por papai Bush e em terna crise de aceitação. Vale assistir.

Lua de Papel: setentão ainda em forma, o filme é encantador ao mostrar Ryan O'neal fazendo um par impagável com sua filha Tatum, então uma garotinha de uns oito ou nove anos.
A menina e ele se locomovem pelos EUA dando golpes simples e/ou mais elaborados, praticamente já criminosamente dei um spoiler total no filme, portanto, nada mais falarei.
Veja.



É proibido Fumar ( da lista do Bia)
Delicioso. O roteiro é demais, Glória Pires é uma mulher de classe média paulistana que vive na casa da família, ao contrário das irmãs, que optaram por viver suas próprias vidas.
Baby, apelido da personagem, vive de aulas de violão para uma fauna interessante de alunos, até se interessar por seu vizinho, Max ( Paulo Miklos) e começar a ter um relacionamento doido com ele. O que chama a atenção é o fato da diretora trabalhar com cenas que facilmente cairiam em interpretações fáceis, de humor barato, típicas de comédias românticas e NÃO cair nisso.
O papo furadíssimo dos dois me lembrava muito conversas que já ouvi. Hilário.
O medo patológico da personagem em enfrentar os problemas ( assumir que está sendo traída e romper com max) ou se libertar do passado ( ela luta todo o filme pelo sofá de uma tia morta, quando o consegue, fica triste, está forrado e ela o deseja exaaaaaaatamente como era, de veludo vermelho. Seu cotidiano está soldado no passado)
Ainda o fato das inúmeras mentiras que são conhecidas e ignoradas pelo casal, apresentam uma relação pirada, quase doentia e muito, muito real.


Aos poucos, entre um papo hospitalar e outro...rs...falo dos filmes, ok?
beijos, queridinhos.






29 abril 2011

Sábado Em cena - ET

Quem tem mais de quarenta anos, vai se lembrar dessa cena.
Eu vi no cinema e fiquei chocada quando vi a propaganda - há algum tempo - dizendo "vinte anos de ET".
Caraca, vinte anos...e eu juro que me achava super adulta...









O labirinto do fauno



É na casa de M. e A. que faço maratonas Hero, como já contei aqui. A próxima será Lost e mal posso esperar.
Nessa semana, entretanto, assistimos a um filme: O Labirinto do Fauno.
Não vou me dispor a fazer uma análise dele, me falta traquejo e leitura sobre isso. Vou falar apenas como alguém que assistiu e se apaixonou pelo filme.
O filme é cuidadoso, sutil, envolvente. Duas narrativas - realidade e ficção - andam lado a lado na construção da história, mesclando-se todo o tempo de forma a fundir sonho e vida real.
O tom de contos de fadas misturado com terror se insere de forma intensa no momento político do filme, a guerra civil espanhola. Esse conflito violento foi retratada em Guernica de Picasso, mas como argumentou o diretor, é pouco discutido e relembrado fora da Espanha.
A violência chocante, a resistência corajosa, o medo constante, a criatividade das fantasias, tudo inebria. Não saberia como descrever esse filme em outras palavras a não ser: chocante e inebriante.
Além disso, assistir ao making of do filme é um prazer raro: ao invés do blablabalba convencional dos atores, assistimos a uma análise profunda e impressionante da história e dos personagens.
Eu adorei me perder nesse labirinto.Qualquer um que tenha sido uma criança que encontrava forma de escapar dos problemas reais dentro de um livro vai adorar se perder ali. Perca-se por lá também.



*****publicado originalmente em 07/03/2007

26 janeiro 2011

1976






Eu me lembro muito, muito vagamente, pois tinha oito anos. Mas me lembro de ouvir a música e achar a novela linda.
Um jovem escultor e sua musa, apaixonados e separados por décadas. Ele com vários casamentos, ela com um longo (Mário Lago?.

Vejam a cena final e me digam se Lauro Cezar Muniz não é o Cara....

13 dezembro 2010

Cenas de Woody Allen


Revi uns trechos de Maridos e Esposas ontem.
Vejo e gosto de Wood Allen, ou melhor, gosto de seus filmes, nao tenho a menor simpatia por ele. Depois que ele pegou a enteada entao, nem se fala.
Mia Farrow me da aflicao. Acho que ela parece um amalgama de garoto imberbe com uma freira, ou seja, a representacao do maximo da asexualidade. E isso se repete em todos os filmes que vi com ela - a mesma boca branca fragil, o mesmo cabelinho de freira, a roupa oscilando entre lacos de boneca antiga com pijamas. Bom, se nao eram pijamas, pareciam ser.
Wood Allen fazendo Wood Allen. Mas isso e dado, se quero ver um filme com ele sera assim, aquele magrelo flacido branco escritorio, pouco cabelo, muito nariz e cara de quem nao come carne.
Ja que estou implicando, vamos implicar geral. O que a Juliete Lewis tem na boca? Porque aquela fala mooooole?
E ela aparece fazendo aquele tipinho que Allen adora - a aluninha. Chega a ser caricatural, olhar de baixo pra cima, fala mole, pacote completo. Aquela que nada sabe tgeria que aprender tudo com o tal,o fodao,o hiper tcham. O inseguro master, ne?
A aluna deslumbrada com o professor - a ponto de nao reparar na careca ou na
pelanquina branca - jovem, bonita e inteligente. Em alguns filmes essa entidade aparece, as vezes assim, as vezes burra, mas sempre aluninha.
Quando essa personagem reage e critica, deixa de ter encntos, e ele perde o interesse. Porque o grande lance parece ser a jovem mulher que esta mais para plateia do que para companheira. Aquela que vai babar diante de cada babaquice que ele diz.
Mia diz isso (aspas) Essas bobagens que voce diz podem impressionar suas alunas, mas para mim sao apenas isso, bobagens ( aspas). TOIM!
Ai,ai, o cara faz realmente terapia atraves dos proprios filmes.
Realmente ele deve curtir isso, dado que papou a enteada - alguem lembra da historia? onde Mia flagra fotos eroticas da entao garota tirada pelo Pelancudo? E o Pelancudo casou mesmo com a enteada, puta chute no saco da Mia, fala serio.
Algumas cenas sao realmente antologicas. Quando o Amigo do Pelancudo esta em uma festa, ja separado da mulher, acompanhado de uma Namoradinha. A cena e cruel. A Namoradinha do Amigo do Pelancudo tenta inadvertidamente explicar porque a astrologia seria algo da esfera da ciencia. Os integrantes da festa desdenham a coitada, que esta sentada sob os olhares criticos e ironicos, tentando argumentar, toda enrolada.
Como ela esta sentada e os outros em pe, argtumentando sem se exaltar, parece mais cruel ainda.
Quando ele a tira da festa, ela grita, esperneia, fazendo uma cena que parece manha de crianca mal educada, fazendo o cara parecer o que e - um cara patetico que decidiu namorar uma mulher trinta anos mais jovem. Todos tem que pagar um preco, o dele e a vergonha publica.
Voltemos a Mia.
Seu pergonagem e descrito tomo agressivo-passivo e concordo plenamente. Parece envolta naquele clima esteril de freira, mas acana definindo o que quer e tomando, nem que pra isso, faca chantagem emocional. Sabe aqueles coitadinhos que conseguem tudo? Os ratinhos que roem corda? Entao.
Ah, quase me esqueci....e a Judy Davis? Ganhou minha admiracao quando conseguiu ser uma pentelha master e ainda assim ter Liam Neeson pegando no seu pe nervosamente. Como? Como?
Sei la. Mas ela volta para o marido - O Amigo do Pelancudo - e continua sua vida sensata e sem sexo.
Woody Allen transforma essa personagem na chata que sabe fazer tudo melhor do que todos. Aquela que critica o chef do restaurante, critica o maestro, parece sempre ansiosa, torcendo as maos, pouco riso e muita neura. E ele nao para por ai, constriu a personagem frigida e tensa, nao ha como nao ver isso. Entao fico me perguntando... como esse constroi personagens femininos.
So sobram essas e as Julietes Fala Mole?
Caraca, meda.

13 outubro 2010

Tropa de Elite II - A jornada do capitão Nascimento


Fui assistir Tropa de Elite II com Daniel nesse feriado. Adorei.
No começo,o discurso de extrema direita do capitão - ou melhor, coronel - Nascimento, interpretado de forma genial pelo insuperável Wagner Moura, me arrepiou. Caraca. Pensei: mas que porcaria, vou ter que ouvir mesmo isso? Vou ter que ver meus alunos desenhando a caveira como belos inocentes úteis? Vou ouvir todos os reaças dessa cidade elogiarem essa fala?
Wagner Moura é um cara que existe, sua maneira de criar o personagem é dotada de uma intensidade rara e assustadora. Seu carisma natural é transferido para o persongaem, o que também é um problema.
Mas creio que esse inicio seja fundamental para o desenrolar do filme, pois ao perceber que seu inimigo é outro, Nascimento vai caminhando em convergência ao seu duplo/oposto/perfeito: o personagem Fraga, defensor dos direitos humanos, deputado e ...segundo marido da ex do capitão. Assim,os dois opostos vão se alinhando ao descobrirem inimigos em comum.
Fraga é apresentado ao público em uma aula - que eu gostei,aliás - e ganha território ao negociar com presos rebelados. Ele aé chamado para negociar com os presos e segue rapidamente, em um helicóptero. Para desgosto do BOPE, Fraga se nega a entrar com colete, dando legitimidade e força ao personagem, que dialoga firmemente com os revoltosos.
Para não furar o filme com spolier, me limito a dizer que há uma incrivel transformação no personagem central, que atinge seu ápice no final.( Não conto, oras, assistam.) Além disso, a certeira e caricatural crítica ao politicos presos ao poder da Mídia, à corrupção policial e às milicias trazem angústia ao espectador: como conviver com essa lama toda? É algo pra se pensar. E pra se discutir.
Outro ponto interessante é a apresentação da midia ralé, do jornalismo marrom de último nível, algo que se vê com frequencia nas tvs e que, infelizmente, tem público garantido. Ao ouvir as risadas da plateia diante de um ator que apresentava um desses programas de sensacionalismo barato, me perguntava se riam dele ou com ele.E quer saber? Acho que era com ele mesmo. Triste isso.
Algo que me perturba muito é a associação que parte da molecada faz entre o Bope, a ausência de corrupção e a tortura. Os policiais desse batalhão, aparentemente contrários às maracutaias tão comuns dentro das outras corpirações, não titubeiam em usar qualquer tipo de tortura e/ou assassinatos. Assim, para um espectador desavisado, vai tudo no mesmo pacote, e a porrada e os assassinatos seriam legítimos.
Vale a pena ficar atento para o discurso do protagonista no final. Vale a pena atentar para isso.
Qualquer outro que assista e que tenha o menos senso crítico vai compreender.Longe de fazer a apologia das estratégias do Bope, o filme à lá Senhor da Guerra, aponta outras esferas e infinitas possibilidades de violência e exploração.
O Alex Castro diz que falar que algo é um "soco no estômago" não é elogio. Mas esse filme é isso: um forte, incômodo e doloroso soco no estômago.

05 outubro 2010

'"Tropa de Elite, osso duro de roer" - post sobre o primeiro filme







A primeira pessoa que vi falando do Tropa de Elite, foi a Andréa .Eu nem sabia o que era BOPE.De lá pra cá, fugi dos textos que falavam do filme, para tentar assistir com menos bagagem,com mais abertura para minha propria análise.De cara havia a questao, ser ou não fascista , não dava pra não pensar nisso.Porque apesar de não ler as análises, alguns dos temas das discussões sobre o filme sempre acaham chegando, só dá pra fugir totalmente, indo pra Marte. ( Ou preenchendo diários de classe, claro).
Não achei fascista, não achei que faz a apologia ao Bope. Mas abre o flanco para essa interpretação, afinal, mostra o ponto de vista do Nascimento e isso, muitas vezes, acaba desenvolvendo uma cumplicidade entre espectador e filme.
Então, para um expectador mais afeito a porrada e que tem simpatia por "justiceiros", parece ser uma apologia.
Por mais que seja óbvio - e é obvio - é importante falar sobre a questão plástica do filme e no seu tempo: o ritmo dele é instigante demais,ele é visualmente interessante e os atores são um show à parte. Se eu disser mais uma vez que adoro Magner Moura, vou acabar ficando ridícula.Mas eu não temo o ridículo quando ele é bem intencionado e assim, repito: o cara é simplesmente um dos melhores atores que já vi.
Gosto de filme com narrador, gosto dessa coisa que acaba sendo uma forma de modelar meu olhar, direcionar. Nesse caso, o narrador era um personagem que eu sentiria aversão logo de cara. E senti mesmo.
Pra mim não adianta mostrar o lado "papai em crise", "marido com apartamentinho ferrado" para eu simpatizar: a História prova que homens terriveis no trato social podiam ser adoráveis em casa. O filme "A Queda - as últimas horas de Hitler", apresenta o fuhrer sendo carinhoso com o cachorro, entre um surto e outro, por exemplo.
Ao msotrar o cotidiano, o personagem deixa de ser apenas o Outro e o vilão por exelência,como ficou reduzido o Baiano ( em apenas uma cena ele é visto com a mulher e filho),passa ser um cara comum. E os caras comuns não são monstros, são?
Ah, gente, são.
E a HIstória prova.Mas para algumas pessoas, pode parecer que não.Esse é um dos pontos que abrem o flanco para a interpretação "pró bope", creio.
Impossível não ver como a autoridade, ou melhor, como o grande prazer no abuso da autoridade e da violência estão impressos no Capitão Nascimento.
Em busca de valores éticos louváveis - como a repulsa a corrupção e a convivência pacifica entre policiais e traficantes - Capitao Nascimento se advoga o direito de "trazer a doze".Assim, ainda que sob um objetivo correto, Nascimento cede/entra/mergulha na lei da selva.
Se alguém me disser que os traficantes fazem o mesmo, vou ficar irritada.Porque se a lei for usar as memas estratégias e regras da marginalidade, voltamos a barbárie. Aliás, é exatamente isso que vivemos, o que é deprimente.
Me apavoro em pensar que vivo em um mundo onde um ou outro "capitao nascimento" decide quem vive e quem morre. Policial e padre, pra mim, só à distância.
E muita distância.
Obviamente sei que o cotidiano deles é estressante e coisa e tal, não creio que seja possível não surtar eventualmente ,ou tomar bola, como o Nascimento.Mas isso não significa que direi que apoio. Tenho repulsa por justiceiros e afins, tanto quanto qualquer outro tipo de violência.
No conto "A Coleira do Cão", Rubem Fonseca demontra, de forma absolutamente genial, como um policial acaba se envolvendo, se deixando seduzir pela possibilidade de usar qualquer método, de estar além da lei e mais do que isso, de efetivamente se sentir envolvido pelo poder da violência: de ser pego pela "coleira do cão".
Nesse conto,filmado pela Globo com o excelente Murilo Benício, um delegado honesto tenta trabalhar dentro de uma esfera de lagalidade, até perceber que todos na delegacia - menos ele, como descobriu - estavam atravancados com uma rede de corrupção e abuso de poder.
Até que ele mesmo se sente seduzido, tomado, pela chamada coleira do cão, onde o poder, associado a uma fálica arma o transforma.
Inevitável pensar no prazer que proporciona aqueles policiais a chegada, o terror, o tal tapa na cara. Um amigo de infância, hoje policial no Rio , diz pra quem quiser ouvir que "dar tapa na cara é bom pra caramba".
O persongaem Neto, notadamente perturbado,com a cena hiper "Taxi driver" ,que seria o escolhido ( doido por doido...)para substituir o líder do BOPE é morto. Sua morte é vingada pelos companheiros. Sim, vingada, ou seja, um conceito fora da legalidade, onde o policial se torna também juiz e carrasco.
A responsabilidade dada ao coletivo, sintetizada na crítica ao uso do baseado dos universitários é e não é interessante. Em um primeiro momento, com minha patológica aversão ao Estado, penso que o coletivo pode e deve exercer seu poder: usar drogas cria a marginalidade? Em parte, sim.
Mas a questão principal é: usar drogas, pura e simplesmente, cria a marginalsidade?
Não.
Eu sei que vcs vão dizer que estou usando um grande clichê, mas por incrível que pareça, para alguns espectadores do filme , ainda há que se apontar: as condições sócio econômicas criam a marginalidade, em alguns casos, fica impossível fugir dela.
O fato de haver usuários de drogas não tornou eu ou você que está lendo, traficantes. Mas se nossas condições fossem outras, poderia ter tornado.
Eu confesso que me incomodei um pouco com a visão tortuosa que foi transmitida acerca dos universitários. Concordo em parte, mas como toda generalização é burra, creio que apresentar absolutamente todos os estudantes como "garotos-danoninho-esquerda-festiva" é exagero.E aquela aula que reduziu Foucault a papo de botequim com secundaristas foi o fim da picada. Ali era só pegar um professor para dar assessoria, porque um bom professor torna palatável textos densos. E se evitaria aquela cena - insólita - da aula.
Arnaldo Jabor inexplicavelmente acredita que tem a capacidader de traduzir o inconsciente coletivo, desta forma, diz que não foi o olhar sádico que teve peso sobre o público, mas a forma que o público se sentiu "vingado".Acho pertinente sua interpretação, mas acho tolo acreditar que uma chave explicativa dá conta da leitura do público.Aliás, ele disse isso baseado em quê? Achologia é terrível.
Fiquei pensando sobre as estratégias de treinamento do BOPE, em grande parte, parecidas com o treinamento espartano e também próximo ao que se vê expresso na pesquisa "Tortura Nunca Mais". Nesse caso, o policial tortura os amigos, passa por tortura. Depois disso, arrebentar com qualquer um fica fácil, principalmente se for o Outro, o inimigo, o diabo, ou sei lá como eles traduzem isso.
No momento da tortura, o cara confessa, mente, bota a mãe no meio, diz que assinou o livro do capeta com o sangue de bebês. Qualquer um que tenha lido Guinzburg ou outro historiador que pesquisou o Santo Ofício percebe isso.
Assim, acho que algum personagem que relativizasse um pouco esse olhar maniqueísta de Nascimento, que questionasse suas ações poderia contrabalaaçar um pouco a narrativa.Ainda que sob a ótica do BOPE, acho que tenderia a possibilitar uma interpretação mais aberta e múltipla.
Então, ainda que eu não acredite que o diretor tenha elaborado um filme para tecer loas a esses métodos policiais, me deparo com William Wach soltando essa piadinha-pérola, ao falar sobre corrupção da polícia.
"é..o capitão Nascimento não gostaria nada disso..."
Pois é, o capitão América também não.


*****post originalmente publicado em 2007.

Pretendo ver o Tropa de Elite II, então, vamos esquentando os tamborins.

13 setembro 2010

Lado de lá

Fui com minha mãe assistir Nosso Lar. Sim, queridos, eu sou uma dentro das altas estatísticas dos filmes espíritas, e sim, sou protestante. E viva a tropicália religiosa, minha gente!
Eu gostei, acho que o cinema brasileiro tem que abrir o leque mesmo, enveredar por diversas tendências e encher o cinema de brasileiro...assistindo brasileiro.
É bacana, fiquei torcendo para que aquilo exista mesmo.
O caso é que minha mãe e eu já combinamos: ela faz uma reforma nas casas e dá um upgrade no visual de lá e eu ensino o povo a fazer tabule.
Não vivo sem tabule, cidadãos, e parece que do lado de lá é sopa todo dia. Ah, não. Achei o lugar legal, mas sopa todo dia? Ai, gente, vou reclamar com a gerência.


01 maio 2010

Café Filosófico - Sérgio Rizzo











Nessa sexta voltei ao Café Filosófico: a bola da vez era Sérgio Rizzo, que falou sobre a representação da família no cinema.
Deve ter sido duro pra ele, que entende tanto de cinema, fazer um recorte para uma apresentação em uma hora: era tema pra um ano de aulas, certamente.
Alternando a fala com pequenos trechos de filmes, Sérgio Rizzo falou sobre como a indústria cinematográfica criou estratégias de controle e auto-censura e como isso foi paulatinamente sendo quebrado.
Apresentou também um contraponto aos filmes norte-americanos, falando sobre o neo-realismo francês e vertentes do cinema italiano e argentino.
Foi a primeira vez que levei Daniel e ele adorou. Curtiu o lugar, a apresentação e até as comidinhas que beliscamos antes da palestra.
Ficou combinado que seria nosso programa de sexta. Acho que consigo um espaço com ele porque não entro em concorrência nem com a namorada, nem com amigos.
( Porque não sou biruta, queridos)
Então fica assim: toda sexta, no café.

21 fevereiro 2010

Sábado Em Cena - Matrix

Ok, sei que hoje é Domingo, mas a sessão se chama Sábado em Cena e adoro seguir as tradições que eu crio.
Enfim: escolher Matrix era algo claro para mim, pois é um filme emblemático que adorei, seja porque representa de forma genial a Alegoria da Caverna, seja porque os efeitos são inusitados, seja porque a narrativa é instigante. Acho que eu poderia continuar citando motivos.
O difícil pra mim foi definir uma cena - mesmo porque várias estão indisponíveis - porque existem várias cenas antológicas.
Escolhi essa pela força: ao descobrir sua essência Neo consegue dominar o exterior. Como sempre fui uma entusiasta do poder do sujeito face às estruturas, essa cena é fundamental para mim. E além de tudo, olha só a carinha do Keanu Reeves...ai, ai.








06 fevereiro 2010

Sábado Em Cena - Spártacus

Provavelmente, esse seja o clichê mais arrebatador que eu conheço. Ele foi repetido, de diversas formas, em diversos filmes - como em Para Wong Fu, Obrigada por tudo - e tantos outros.
Na minha leitura é sempre o momento áureo em que o protagonista se sente não apenas totalmente aceito, mas apoiado a qualquer preço.
Meus alunos sempre curtiram essa cena. E você?








31 janeiro 2010

Sábado em Cena - O Planeta dos Macacos

Algumas cenas são memoráveis e entram de tal forma no imaginário que acabam sendo reproduzidas à exaustão. O final de Planeta dos Macacos é um exemplo disso. O protagonista, após aflitivas lutas e fugas, abandona o grupo macacos falantes/humanos quase mudos e cavalga rumo ao desconhecido, com sua nova Eva.
Sem saber onde está, acreditando estar em outro planeta onde o desenvolvimento se deu de outra forma, ele se aproxima de algo que não vemos.
A aproximação da câmera, a expressão do ator, tudo prepara o espectador para o choque final: mas isso, espero que vocês vejam na cena.
Uma das mais angustiantes que já vi, um exemplo de narrativa desesperançosa.




24 janeiro 2010

Avatar, uma experiência sensorial


Quem estiver esperando uma boa história, não vai encontrar. O filme é um aglomerado de clichês e dá aquela impressão meio ressaca de que você já viu aquilo mil vezes.
Segundo meu filho, é um Pocahontas.
O caso é que a opção de se apresentar em 3D é genial. Visualmente o filme é de uma riqueza ímpar, os seres, as cores, tudo.
A flora de Pandora é algo que parece mais reino animal do que vegetal, o brilho e as cores me lembravam documentários sobre vida marinha em grandes profundidades. E isso em 3D, meus amigos, é simplesmente deeemais.
A cena em que o personagem central "incorpora" seu avatar pela primeira vez é incrível, ele todo atordoado com o tamanho, a cauda, e o fato de andar: o personagem é cadeirante originalmente, enquanto seu avatar pode andar, correr e fazer coisas mirabolantes em alturas inverossímeis.


As mulheres são interessantes: a guerreira, a médica, todas tem uma força e uma coerência interessantes. Achei uma pena a atriz que faz a Ana-Lucía em Lost, fazendo Ana-Lucía...acho que será condenada a esse clichê hollywoodiano que entende mulher durona como "estacionei meu caminhão ali e já volto". Gente, esses estereótipos me cansam.
A ideia da conexão com a terra, a representação de uma divindade feminina ligada a natureza, no melhor estilo pagão, ficou absolutamente linda.
Se a história peca por ser óbvia, o visual arrebenta sendo impensável. Voe para Pandora.


23 janeiro 2010

Sábado Em Cena - O Poderoso Chefão

Essa é, com certeza, uma das cenas que mais adoro na trilogia. Quando indagado
por Kay (Diane Keaton, magistral) se tinha sido ou não responsável por um assassinato, Michael Corleone ( Al Pacino, impecável) diz que vai responder apenas uma vez: olha fixamente para ela...e mente.
Kay, acreditando na mentira sai da sala para preparar uma bebida, nesse ponto Michael fica "emoldurado" pela porta e recebe outros integrantes mafiosos.
Do lado de fora, Kay observa enquanto ele é chamado - pela primeira vez - de "Dom Corleone", ocupando, assim, oficialmente, o lugar do pai, como Godfather.
A exlusão dela desse mundo, a gradativa consciência que ela toma do papel que ele ocupará é ratificado pelo fechamento da porta.
Toda essa cena fantástica, ao som da melhor e mais significativa música possível.



17 janeiro 2010

Sábado em Cena

Continuando a fase categorizada do blog, começa hoje o "Sábado em Cena" : todo sábado pesco uma cena que me marcou, uma cena que ficou emblemática pra mim.
Star Wars merece vários posts, por sua riqueza simbólica.
Qualquer dia a gente se atraca no Joseph Campbell e discute todas as nuances de Star Wars, mas hoje, hoje é dia de cena.
E a cena edipiana que escolhi, você certamente já viu. Mas vale a pena rever. E muita atenção para a música de fundo, que colabora para a construção de Darth Vader.






11 janeiro 2010

Stardust no papel e na tela












Nessa semana,resolvi reler Stardust,uma obra que fica em um meio termo entre a literatura e os quadrinhos,se utilizando das imagens de maneira nevrálgica no texto,mas não as usando como parte integrante dele.
Para quem não leu,recomendo.Aliás,qualquer coisa criada por Neil Gaiman - aquele gênio - pode ser lida com uma certeza:vai ser delicioso.
Esse inglês apaixondo por gatos,mitologia e literatura,criou algumas das melhores coisas que já li em termos de História em Quadrinhos,como Sandman,por exemplo.
Mas sobre Sandman,falo depois.
Stardust é uma obra delirante,mesclando o fantástico,referências mitológicas (marca do autor) e uma criatividade arrebatadora.
Eu vi a adaptação no cinema,com Daniel.Meu filho achou que o filme não captou na atmosfera mágica da história e eu concordo.
Quando eu vi,achei estranho ver aqueles fantasmas com um humorzinho que mais parecia Gasparzinho do que algo do Gaiman, mas como fazia muito tempo que eu havia lido,não conseguia me lembrar desses personagens.Ainda assim,achei que fugiam muito ao estilo peculiar do autor.
Quando reli,percebi que minhas impressões estavam certas: o capitão do navio que flutua sobre a nuvens e caça raios NÃO se veste de mulher e dança ( humor de quinta...),a cena da morte da feiticeira é completamente diferente da luta (longa,entendiante,repetitiva) dentro do palácio.
O fim é completamente diferente,totalmente água com açúcar,um crime,comparado ao fim criado pelo autor.
Eu sei que várias pessoas acreditam que a adaptação deve ser livre.Mas eu implico com isso.Uma coisa é cortar cenas,adaptar,dar uma oura forma,adequar para ficar palatável em outra linguagem.
Outra é distorcer personagem,criar outras cenas....
Vamos combinar,o roteirista pensou mesmo que ele conseguiria criar cenas MELHORES do que Neil Gaiman? Neil Gaiman,gente...Se é pra criar algo diferente,crie sozinho,não destrua uma história bacana.Isso realmente me irrita.
Então o filme é isso: cenas que não existem,fogem ao estilo do autor,sem atmosfera mágica -característica dele - com alterações água com muito açúcar.
Leia Stardust,mas não a veja.Mesmo porque,o que você vai ver,não será Stardust.

***Publicado anteriormente em fevereiro de 2008.

25 dezembro 2009

Feliz Ano Novo

Queridos amigos leitores, desejo a uma deliciosa passagem de ano, cheia de supertições, brindes, risadas e beijos.
Definitivamente, o reveillon é meu dia favorito no ano: o dia de todas, todas as possibilidades.
Sei que 2010 reserva coisas maravilhosas.
De presente para vocês, tentei colocar uma cena que adoro, um revival dos anos 80, uma cena que eu sempre vejo quando preciso melhorar de humor. E melhora, sempre melhora.
Mas como nem sempre as coisas saem como a gente planeja, a incorporação foi proibida.
Não há problema, deixo para vocês a cena final de Cinema Paradiso, que já me comoveu tanto e deve ter comovido vocês também
A gente se vê no ano que vem, "no ano que vem, em Jerusalém", como cantavam os judeus quando ainda sonhavam com a sua terra Prometida.
Sonho com uma vida prometida, vou por aí buscá-la.
Beijos e feliz 2010.