
Não sou historiadora da arte. Meu discurso portanto não é de especialista. Mas como me permite Marilena Chauí, opino à revelia do "discurso competente".
Assim, dou meus pitacos como alguém que vai, vê, gosta ou não de algo. E gosta ou não da Bienal.
A última foi um fiasco, já comentei aqui, se não fosse a exposiçãodo Krajberg na Oca, teria sido tempo perdido. Bienal do vazio é o meu...bom, vocês conhecem a expressão.
Nesse feriado fui na Bienal, foi meio complicado pois estou com umas dores chatérrimas no pé e andei aquilo tudo mancando como uma velhinha, mas fui.
Gostei de algumas obras, desgostei de algumas outras. Até ai, beleza. Arte é pra isso mesmo, vamos correr da unanimidade, certo?
Mas algo me incomoda: o fato do discurso sobre a Arte ser maior do que a própria obra. Como a artista que percorre partes do mundo descobrindo intervenções humanas na natureza e a natureza reagindo a isso - uma barragem feita por soldados que é coberta por mato - e diante disso se destilam teses.
Sempre houve essa questão de se perceber a profundidade de um objeto ressignificado pelo olhar do artista ( Duchamp já provava isso) e eu nunca faria um texto falando sobre a importância da técnica, pois eu realmente acredito que ela esteja a serviço da criação e não o contrário.
Ainda assim, quando o discurso sobre a obra não funciona como uma forma de redimensionar a compreensão, mas de tornar possível alguma forma de comspreensão, na minha interpretação, essa obra é falha.
Se ela não me desperta nada, nem mesmo irritação, mas apenas tédio diante de linguagens que se repetem à exaustão - como a utilização de áudiovisual em salas que ficam quase todo o tempo às moscas - eu acho que existe algo muito equivocado por aí.
***post publicado originalmente em novembro de 2010.