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15 outubro 2011
Eu e o Professor
No meu primeiro ano na Unicamp, nada foi como eu esperava. História não era o que eu achava...me sentia um ET quase todo o tempo, pois minha trajetória era tão diferente dos outros que não conseguia me sentir fazendo parte do grupo.
Eu vinha de escola pública, eu sempre tinha trabalhado e me via fazendo parte de um grupo que nunca tinha pago uma conta na vida, adolescentes no total sentido da palavra.
Uma hora ou outra eu cruzada alguém que também se sentia um et e a gente estranhava tudo naqueles rosados garotos burgueses.
Não que eu nao gostasse deles, até gostava, só não me identificava com praticamente ninguém. Aos poucos me ambientei e formei um grupo se seria coeso até o fim da graduação e se despedaçaria em trinta mil pedaços após a formatura, sobrando apenas aqueles que realmente tinham elaborado um laço de amizade muito profundo. Pra minha alegria, são meus amigos até hoje.
Estive a ponto de desistir, tinha passado em jornalismo também, mudaria de curso e pronto.
Mas foi ai que li o livro do Professor.
Foi o seu primeiro livro, considerado por ele até um tanto quanto ingênuo. Talvez ele tenha razão, se compararmos com os três posteriores( que, claro, li também)
Mas o livro era ótimo, inegavelmente.
O tal primeiro livro teve um impacto inesquecível nos meus vinte anos.
Me lembro de pensar que,se aquilo era fazer História, então aquilo eu queria aprender a fazer. Eu gostei de tudo: do objeto de pesquisa, da análise absolutamente peculiar das fontes, da maleabilidade única para lidar com a palavra.
Inegavelmente um grande historiador e um grande escritor.
Consegui uma bolsa trabalho, logo deveria prestar algum serviço pra unicamp. Tinha parado de trabalhar e não podia me dar ao luxo de viver de dinheiro de pai, nem combinava comigo.
Procurei Professor para auxilia-lo em sua pesquisa.Para surpresa de todos, ele aceitou. Era famosa sua recusa em aceitar bolsistas, pois efetivamente gostava da pesquisa e creio que não se via com um assistente pra fazê-la.
Talvez tenha aceitado ao ver meu jeito de deslumbrada que só as meninas de vinte anos podem fazer.( Claro, aos trinta isso se torna ridículo....rs)
Mas ao contar isso, me lembro de como fui toda sorridente pedir para ser sua bolsista, falei com ele em um lugar que nem existe mais, tomado pelas mudanças que houve no IFCH.
Ele me aceitou, mas não posso dizer que eu o tenha auxiliado.
Ele me orientou na minha primeira garimpada no Arquivo Edgard Leuenroth, comentou comigo minhas descobertas, riu de mim muitas vezes, corrigiu umas tantas, ensinou umas outras.As reuniões em que eu mostrava minhas primeiras descobertas, em que eu comentava as fontes que tinha trabalhado, foram, pra mim, inesquecíveis.
Eu me sentava na ponta da cadeira, falando demais pra esconder o embaraço, enquanto ele observava sorrindo e falando pontualmente.
Descobri todo um universo de jornais, revistas, boletins, micro filmes, História que ia se fazendo na minha vista.
Não desisti da História.
Fiz todos os cursos que pude com Professor, e voltei a fazê-lo 15 anos depois, como ouvinte, só pra matar a saudades.
Pra minha - grata - surpresa, ele se lembrava de mim. Mais contida do que aos vinte anos, ainda sorri internamente quando em uma aula ele disse." eu estava pensando no que a Vivien falou na outra aula"
Ele estava pensando no que eu tinha falado. Pensei "yesssssssssss...!!!"e tive vontade de dançar como o caranguejo da propaganda de cerveja,mas nao movi um músculo, claro. Não ter vinte anos tem suas obrigações....
No final da aula, uma menina bonitinha sorriu pra mim: "ele é o máximo, nao é?"
Sorri de volta. É ..ele é o máximo
****texto publicado originalmente em 2006.
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31 agosto 2011
Rindo com Daniel

Eu sempre estou rindo com Daniel, ele sabe exatamente como me fazer perder a seriedade, seja com as piadas que repetimos à exaustão ou às referências que fazemos de outras palhaçadas ou ainda me chamando - sempre - de "mulher-macaco", com já contei em outro post.
Hoje eu achei um rascunho de post antigo, que eu havia me esquecido. Naquele dia, há anos, Daniel me perguntou:
- Você foi noiva,né?
- Ahã.
- E nem casou com ele...casou com o meu pai, né?
- Ahã.
- Quantos anos você tinha?
- (rindo) Eu sei que é esquisito, mas eu tinha 15 anos.
- Que idéia idiota, quem fica noivo com 15 anos? Se fosse minha filha...
- Ah, eu sempre quis ser adulta, essas coisas.
- Ah, se fosse minha filha...eu diria "fica grávida, mas não fica noiva'!
- ....???
- Porque quem tem mais probabilidade de dar certo? Filho ou Marido? De quem é certeza que vai gostar pra sempre?
Não posso negar, foi de uma lógica sólida.
29 agosto 2011
Eu tinha medo da "Preguiçosa"




Se tinha uma coisa que deixava o quarto de uma garota apavorante láááááá na década de 70, eram as "preguiçosas".
Eu era criança ( nasci em 68, faça as contas, hehe) , mas já tinha uma noção do que era cafona, brega. Não usava essas palavras, nem sabia que existiam, mas meu jovem coraçãozinho com bom gosto já encolhia ao olhar aqueles monstros.
A tal boneca tinha fatalmente um corpo ou roupinha ( nunca entendi aquilo) peludinho,com orelhas de coelho ou gato. Aquele monstro era menina, era coelho, era um mutante, era o quê, pelamordedeus.
Eu sempre tinha um frio na espinha quando via aquilo.
A tal boneca monstro ficava em cima da cama, oho vidrado, por vezes dedo na boca(!), deitada e com orelhas.
Ou seja, o suficiente para uma semana de pesadelos.
E você...já viu uma "preguiçosa" a sangue frio?
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27 maio 2011
Tio neném e suas histórias

Tio Neném era irmão de meu avô Belo: aquela história que já mencionei por aqui...dois irmãos paulistas e tropeiros, que levavam os bois do pai fazendeiro, casando com duas irmãs cariocas.O que causou uma certa peculiaridade, pois todos os primos tem absolutamente todos os parentes em comum,algo diferente e bacana: primos-irmãos.
Uma vez, quando eu tinha uns seis ou sete anos, sentada no seu colo para ouvir histórias da antiga fazenda - a Dourada - percebi uma coisa engraçada:
- tio...
- fala.
- você está careca...tem uma carequinha aqui....
- ah, mas ninguém sabe...- rindo - como você foi descobrir? Olha, você penteia meu cabelo e esconde essa careca, tá?
Super feliz, acreditei que só eu sabia que ele era careca. Quando o via, corria pra pentear seus cabelos, esticando alguns fios e tampando aquilo que apelidamos de "minha descoberta".
E eu adorava vê-lo, adorava as histórias de quando ele fugia das aulas pra nadar no rio, gostava das traquinagens, gostava de um mundo de menino de fazenda com lendas e bichos.
E ele tinha a mesma verve que meu avô: as histórias tinham efeitos especiais, silêncios, sons, barulhos de vento e rugido de onças, me deixando hipnotizada.
Uma vez, em sua chácara, me encantei com um porquinho. Isso, um porquinho, filho de porca...Quem pensou em uma coisinha como porquinho-da- índia errou, era um pequeno leitão.Oinc.
Ele me deixou levar o porquinho para casa - ou melhor, para o apartamento onde eu morava - com a promessa de trazê-lo quando estivesse maior.
"Chiquinho" andava com roupinhas de boneca, capinha, pagão e outras coisas que minha avó costurava pra mim. Tomava leite de chuquinha, corria e fazia um barulho enorme ao escutar o barulho da tal chuquinha batendo no chão. Umas batidinhas eram suficiente pra ver aquele porquinho, de capa vermelha, correndo pela sala.Oinc,oinc.
Morreu pequeno e chorei horrores, mas tio Neném me consolou, com aquele jeito de quem nasceu pra ser avô.
***Texto publicado originalmente em 2007.
12 abril 2011
Assim, assado.......( requentando post por conta de um papo matinal)

( Hoje na sala dos professores, falei que volta e meia colocava coisas que tinham rolado com eles e/ou com outras pesoas aqui no blog. Um professor me perguntou se nomeio as pessoas ou como eu as identifico. Bom, eu faço assim, ó;)
Recebi umas amigas pra almoçar ontem. Primeiro estávamos eu, amiga UM , amiga DOIS e um amigo-vizinho. Assim, com um elemento do outro gênero presente, a conversa foi divertida, porém comportada.
História de vida, religião, piadas, comida, casamentos e outros badulaques.
Depois que meu amigo-vizinho foi embora, o papo virou papo-mulherzinha, claro....tem um momento que tem que virar.No meio da conversa, falamos sobre o Marco Aurélio Garcia, tinhamos sido alunas dele, três gerações de unicamp. Concordamos que é um gentleman, cachimbando e falando com a tranquilidade que lhe é peculiar.Falamos sobre como é cheiroso - com certeza, o homem mais perfumado que já vi.
A estrutura de sua aula é diferente dos outros, os demais professores estabelecem uma análise em relação à fonte, um trabalho que pretende formar historiadores efetivamente.
Marco Aurélio, por sua experiência e atuação, tem outro foco. A aula tende a ser mais panorâmica, digamos.Sempre com muita propriedade e profundidade, claro.
Mas amiga UM me saiu com essa.:
- Eu gostava dele, principalmente, porque ele é meio gordo.
Olhamos pra ela. Continuou:
- Eu gosto de gordo.
Continuamos olhando, porque eu nunca tinha visto alguém dizer isso assim, sorridente, peremptória.
- Eu gosto sim, gordo me da uma idéia de ...idéia de abundância....
E a palavra abundância veio junto com um gesto desenhando uma barriga imaginária.Meio grande, claro.
Ela exemplificou:
- ué, vocês estão estranhando? eu tenho uma amiga que gosta de magro, magriiiiiinho.......
- franzino..? perguntei - aquela carinha de homem que não come carne?? Assim é horrível....
- isso...ela diz que adora ver ossos, costelas....franzino, frágil. - ela explicou.
Nessa altura ríamos de tudo, gordinhos, magrinhos, ossudos e comedores de carne.
- eu gosto de bonzinho - emendei - gosto de inteligente, "bom moço", meio sorvetão...sabe tipo o Hugh Grant,aquela coisa meio tímida, meio engraçada? Acho uma delícia.
Todas riam do meu homem ideal.
- eu até gosto daquele estilo super chiquérrimo, meio Al Pacino no Poderoso chefão...mas aquele controle todo, aquela segurança, me deixa nervosa. Sempre acho que vou deixar cair algo no chão - eu disse - Além disso, eu sou facilmente "enganável"...não saco sutilezas, com um cara assim, me ferro muito.Prefiro não ter que ficar "interpretando",sou lerda pra essas comunicações sutis....rs... acho chaaato....
Amiga UM continuava:
- meu problema é que tenho 49 anos e os gordos dessa idade sao feios...
- ué, tem gordinhos de 40...- sugeri.
- mas eu acho horrivel me envolver com homens mais novos.....
Amiga DOIS,que opta entre homens muito mais velhos ou muito mais jovens, veio em seu socorro.
- você está sendo preconceituosa....deixa fluir......
Amiga UM ainda sonhava alto:
- nunca casei com um gordo.( amiga UM casou três vezes)...hummm...gordo de terno preto.....uma loucura!
Rimos de novo.Papo super mulherzinha, né?
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27 janeiro 2011
O Rolo

Eu me lembrei do Cortiço ontem. Da briga entre a mulata e a portuguesa, do barraco das duas no meio do cortiço, da bagunça.
Ontem eu vi algo assim, mas muito menos literário e muito mais deprimente.
Com o carro no conserto, tive que ir dar aulas na faculdade de ônibus, o que detesto. Já tomei muito ônibus na minha vida, essa chatice...passo.
Sempre trabalhei de manhã, essa experiência com a graduação é interessante, mas é à noite. É um saco dar aulas à noite.
Mas não tive escolha, era isso ou faltar. Então, isso. Na volta, peguei uma carona com outra professora, que me deixou em um ponto de ônibus medonho. Era medonho, gente.
Era em frente de um botequim que cheirava a muitos anos sem faxina, com alguns bêbados rondando. Sério, uma caminhada de bêbados, parecia sindicato dos cachaceiros de Campinas.
E nada da porcaria do ônibus. E mais bêbados. E eu me encolhendo e pensando "manchete..professora fatiada e assada com batatas em um botequim de campinas!!!!". Meda. Porque qualquer um que me conheça, sabe que sou muito medrosa, muito mesmo.
Do nada surge o master bêbado, esses tipos que parecem uma caricatura humana, que olhados, despertam pena e irritação, porque são sempre, sempre, uns inconvenientes. Dito e feito, o master bêbado chegou perto de duas senhoras ( que estavam de braços dados, flores na mão e comentavam do baile que tinham saído, já meio chumbadinhas também)e começou a berrar:
- olha isso..olha isso....veeeeeeeeeeeia....feia...quem quer essa m***????
As duas se encolheram,eu entrei no botequim, pensando:morri, morri.
(Daniel sempre diz que o melhor dessas cenas é minha cara de pânico)
Continuou ofendendo as mulheres, até que um jovem, que chegou em seguida - vindo do mesmo bailão..- parou na frente dele:
- qual o problema aí, seu otário?? Tá ofendendo as senhoras por que??
O valentão se encolheu. Ficou quieto. Do nada,começou a gritar:
- eu piso na cabeça deeeeeeeeela...o sangue vai espichar!!!
Nessa hora eu já estava rezando, abraçada com a bolsa, com cara de choro.
A namorada do jovem que havia defendido as senhoras, pulou na frente do master bêbado: escuta aqui, seu b***, você é homem, mas não é dois!!! cala tua boca, seu bêbado nojento...aqui só tem mulher séria, só porque a gente vai no baile você acha que pode ofender, seu idiota!!!! some daqui, some,seu lixo< /em>.
- Euuu...não...bato em mulheeeer...porque não queeero....eu já matei, já matei...
- Então me mata, seu idiota!
Dizendo isso, a moça sentou um tabefe nas fuças do bêbado. Mas um senhor tabefe, com mão aberta, que fez barulho mesmo. Aí um grupo de adolescentes saindo de uma escola começou a rir, o pessoal começou a tentar acalmar, até eu entrei na história, acalmando a moça, oferecendo água, essas coisas que quando a gente entra na turma do "deixa disso" faz. Porque eu sou apavorada, muito apavorada, porém,maior que o meu medo de bêbados, é o meu medo de linchamento, e aquele imbecil, uma vez no chão, viraria uma panqueca de sangue.
Ele continuou:
- eu sou primo do xxxx - não entendi o que ele disse - sou graaaande lá no xxxxx - disse o nome de uma favela -eu te mato,heim?
- mata nada, seu bêbado, seu otário, sai daqui senão eu é que te arrebento.
E gritou:
- frouuuxo!!!
O bêbado foi embora, eles tomaram seus ônibus e logo passou o meu.
Subi, ainda com um medo dos diabos, achando a tal da moça uma heroína dos becos. E parecia uma história digna da Madame Gongadeira,afinal.
Socorro.
****post originalmente publicado em abril de 2008.
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03 janeiro 2011
Histórias de horror para colorir

Éramos em cinco professores na mesa do Piola. Eu sempre achei o preço de lá um verdadeiro roubo, mas vocês sabem como sou provinciana. Meus fashion amigos iam sempre e decidi ceder, algumas vezes.
Então, após o papo básico cinema-música-política, a conversa caminhou para a infância de cada um.
Claro que qualquer ouvidinho curioso que estivesse buscando bordas do nosso papo, imediatamente sacaria que ali o estilo "infãncia-momento-feliz" não existia.
Eram pequenas histórias de horror, que provocavam gargalhadas. Dentre todas, me lembro desta aqui:
Um dos professores, alto, bonitão e engraçado, desfiava o rosário de sofrimentos de sua infãncia. Nada grave, nunca cortou cana pra sobreviver, apenas foi criado de forma muito rigorosa. Até os 18 anos, não tomou refrigerante. Sua mãe proibia e ele respeitava isso sistematicamente. O caso é que quando achou que era adulto, quando entrou na unicamp, se matou de tomar coca-cola, com ares de pecado eterno. Disse que comprava e tomava, triunfal.
Usou mochila do Cebolinha até o terceiro ano do ensino médio, comia solitariamente uma maçã nos intervalos que pareciam durar séculos.
Mas o pior, o pior mesmo, aconteceu no pré.
Em uma aula, ele sentiu que uma quantidade considerável de gases queria sair de seu traseiro, assim, em plena aula.
Com uma força hercúlea, segurou as pontas, até que a natureza venceu. Infelizmente, junto aos tais gases, seu traseiro expulsou também uma pequena - mas lamentável - quantidade de um outro elemento mais escatológico.
Entrou em pânico. Parado, estático, esperou um momento. Pediu pra sair e foi direto para o banheiro, onde tirou a cuequinha. Com medo de ser descoberto, teve a genial idéia de escondê-la. Saiu, assobiando, olhando pra um lado, pro outro, decidiu ir até a quadra e esconder a prova do crime dentro do cano da trave de futebol.
Voltou pra sala, pensando ter cometido o crime perfeito.
Dias depois, uma servente balança, diante de todas as crianças, uma cuequinha - devidamente limpa - perguntando de quem seria. A criançada se torce de rir, e K., estático, ficou olhando fixamente a cuequinha.
Diante dos nossos risos, disse:
- Era do piu-piu. Eu sempre odiei o piu-piu.
********publicado originalmente em 2008.
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04 novembro 2010
Porque os homens que não gostam de hq me irritam

Conversando com um fulano, recém apresentado pra mim, no Franz :
- O que é isso nessa sacolinha, história em quadrinhos?
- Sim.
- Você gosta?
- Adoro.
- Ah....é.....esse Marvel escreve bem mesmo, heim?
-...................
(2007- Colégio de freira)
Saindo da sala dos professores. O professor me pára:
- Vivien, você já viu o vocalista do Ira?
- Ahã...sei. O que é que tem?
- Lembrei de você, ele está parecendo aquele ET do Matrix....você vai saber, você gosta dessas coisas....
- ( ET...? Do Matrix..?) ( cara de dúvida)
- É...aquele assim...( faz um gesto de garra com a mão )
- Ah...o Wolverine...( sorriso amarelo )
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07 junho 2010
o beijo que não era de klimt
Eu já contei por ai, entre um coment e outro, mas agora vou assumir.
Eu fiz teatro na adolescência. Pronto, falei. Tô vermelha, gente.
Porque adoro teatro, adoro mesmo. Acho que uma boa peça é sempre uma experiência única, mas teatro amador é o ó do borogodó.
Os ensaios vão sempre virando uma coisa que mescla sessão de descarrego com terapia em grupo. E levado a sério, muito a sério.
Eu tinha 16 anos e queria mudar o mundo, como muita gente aos 16 anos.Mas hoje, com 38, não posso deixar de lembrar divertida dos exercícios. Já que é pra chutar o pau da barraca, vamos lá.
Uma vez, em um curso, o "diretor" pediu que todo mundo levasse um lençol na aula seguinte. Levei. Aí ele me manda essa: era pra todo mundo vestir o lençol (note : SÓ O LENÇOL) e sair pulando pela rua, em uma versão tupiniquim das bacantes.
Fala sério.
Coloquei o lençol em cima da camiseta e do jeans. Horrorizados, os outros olhavam pra mim e pra umas outras três alunas ( que também estavam vestidas sob o lençol) penalizados diante de nossa - nas palavras deles...- "travação e repressão".
(Ok, vai ser desinibido, sem repressão e andar pelado de lençol na rua, vai fundo, dou a maior força. Mas eu passo, obrigada.) Além de tudo, acreditem ou não, o tal exercício foi filmado e apareceu no jornal local, com close aqui em mim....imagina so se eu estivesse "desreprimida"?
(Antes reprimida ridícula vestida do que "desreprimida" ridícula pelada na rua. Eu achava e ainda acho.)
Em um dos exercícios, o grupo com o qual eu trabalharia tinha uma "super desreprimida"; veio dela a idéia brilhante:
"vamos tirar a roupa? eEsse povo do curso tá muito frio".
Claro que argumentei que ninguém ia ficar frio com o nosso grupo ridículo e pelado, mas que seria uma estratégia simples, barata, fácil. Tola, na verdade.
" Assim todo mundo presta atenção, grande droga."
Convenci os outros ( afinal, seria mais uma vez excluída e taxada de reprimida...mas esse mico eu não pagava nem a pau) e a gente fez uma outra coisa qualquer.
Ridicula, claro. Mas vestidos.
Em outro exercício , o "diretor" se concentrava ao ler um texto e a gente, em cima do palco, de olhos fechados
(porque teatro amador brega pra diabo tem que ser feito de olhos fechados) tentava interpretar o tal texto filosófico.....com gestos.
Preciso dizer mais alguma coisa?
******primeiro texto publicado neste blog, em 2006.
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11 maio 2010
Alunos hoje e sempre

(Aluninho na frente da sala, explicando alguns temas estudados na semana, quinta série)
- Então...o Sambaqui era um amontoado de conchas, carapaças, sabe? Servia de cemitério, aquele negócio de olhar - mirante...- e eles também usavam pra demarcar territórios.
Ah, o nome? é do tupi...mas virou "sambaqui" mesmo porque tem esse negócio de samba, né?
Rindo, eu parei e corrigi, mas aposto que vai aparecer algo assim na prova...
+++++
( Aluninha na frente da sala, mesma situação, outra turma)
- Niéde Guidon foi uma arqueóloga...
- "Foi" não, Fulana, "é"..ela está viva.
- É professora? ué, ela tem nome de gente morta.
+++++
Depois de mostrar Maus para os alunos de oitava série, uma dupla - incrível - pede pra elaborar uma HQ sobre Nazismo. Claro que adorei a ideia. O aluno vai roteirizar e a aluna vai desenhar. Ambos talentosos e muito inteligentes.
Dias depois, me mostram. Sento, com os olhos turvos, a HQ na mão e o coração até doendo: ESTÁ LINDA. LINDA, gente. Quando eles forem famosos, vou contar que foram meus alunos.
+++++
Na sétima, uma aluna desenhista usa cabelo azul. Bom, azul, rosa e um pedaço roxo. Outro dia perguntei: "cadê sua sombrancelha?"
- não gosto dela, tirei tudo e pintei outra.
+++++
Na sala dos professores, entra uma professora chateada:
- Poxa, o Dunga não convocou o Ganso!
Eu olho para R., um professor que, como eu, é analfabeto em futebol. Ele olha pra mim e pergunta baixinho:
- Esse Ganso é aquele Pato?
Professores de todo o mundo, uni-vos...rs
27 abril 2010
Trabalho de preso

"Trabalho de preso" era como denominávamos aquele trabalho desgraçado, repetitivo, chato pra burro, que nos dava um salarioziiinho, bem zinho, chumbrega, que era depositado em nossas parcas contas no final dos 80.
Nessa época eu trabalhava em um lugar que não parava - já contei uma de nossas façanhas aqui, quando o rodízio dos turnos nos permitia viver umas horas sem o acoite de Dona Onça, a "otoridade" do setor - havia sempre alguém trabalhando.
Como toda "otoridade' burocrática, D. Onça era chata, mesquinha e autoritária.
Só quem trabalhou em lugares caóticos sabe que o caos gera um tipo muito idiossincrático de humor, afinal, sem isso não há chances de sobrevivência.
Uma das piadas idiotas que nos faziam rir era chamar o café de veneno. E era um veneno: era horroroso e tenho certeza que nossas insistentes e irritantes conversas sobre como o-café-era-horrível, faziam com que a fulana da limpeza caprichasse em torná-lo ainda pior. Pequenas vinganças, sacumé.
Havia um dos digitadores - porque essa era nossa chatérrima função - que era uma figura: engraçado, emendava uma piada na outra, um deboche no outro e fazia todo mundo se acabar de rir. Menos d.Onça, óbvio. Tadim da d. Onça.
Me lembro dele chamando todo mundo, estalando os dedos:
- gente, corre....hoje o veneno tá demais.....
Para manter a temperatura adequada aos computadores, a fulana deixava a sala gelada. Esse cara, um negão gordo e alto, colocava o capuz da blusa e amarrava, se transformando em um versão extra gg da fofolete. E agourava a maluca:
- se Deus for justo ela tomba...
O território ali era de risadas, pois só isso fazia com que as horas passadas ali pudessem ser "suportáveis". É a criação no caos.
Em um final de ano, quando tiramos o amigo secreto, trocamos bilhetinhos por um tempo. Os bilhetinhos, endereçados aos amigos ( "para vivien de seu amigo secreto", "para joão de seu amigo secreto"balablabl) eram colocados em uma caixinha e trocados algumas vezes ao dia.
Acontece que o 'amigo secreto" que havia me tirado deixava textos tão engraçados, tão interessantes que o pessoal pedia pra ler alto todo dia. Parava tudo, todo mundo queria ler o texto que eu recebia.
No início, percebiam que eu ria sozinha lendo os tais bilhetes, porque eram ótimos. Curiosos, os outros funcionários começaram a pedir pra ler também e com todo bom "boca a boca" , fizeram uma bela propaganda dos textos que eu recebia.Em pouco tempo eu tinha que ler em voz alta pra todos, que rolavam de rir com meu escritor particular.
Eu dividia os textos, mas os chocolates que ele colocava eram só pra mim, porque com chocolate não se brinca.
O grande lance era descobrir quem era esse meu "amigo secreto escritor".
Fofocaiadas à parte, só soubemos quem era no dia da festa de fim de ano, onde ganhei um livro incrível do Thomas Mann e ele as glórias dos fãs.
Deve ter sido o primeiro sucesso literário dele.
Será que virou blogueiro?
*******publicado originalmente em abril de 2009.
09 abril 2010
vote em.....

Como estou contando as aventuras das quintas séries, vale a pena lembrar disso aqui: durante muitos anos, eu utilizei uma estratégia lúdica pra discutir questões relacionadas ao processo democrático.
Como as crianças tinham que discutir conceitos como cidadania, democracia e poder, percebendo as diferenças entre essas concepções quando de sua criação e hoje, fazíamos o seguinte: cada grupo escolhia um personagem mitológico grego e se preparava pra sua eleição.Formavam uma equipe que iria fazer sua campanha.
Começavam com uma reunião pra dividir tarefas, passavam pra pesquisa sobre o seu personagem e dos outros, faziam material de propaganda, discursos, jingles. E se preparavam pra o momento que mais gostavam, a hora do debate.
A idéia era utilizar a pesquisa para "questionar" a competência do outro candidato. Assim, eles tinham a seguinte estrutura: pergunta - resposta - réplica - tréplica. Dois cronometravam e todos debatiam.
- Como você pode defender o seu candidato....? Zeus era infiel!
- Não dá pra confundir vida privada com vida pública!!!
- Mas se ele trai a mulher...pode trair os eleitores....balbalbalbal
@@@@@@
- Seu candidato estimula o alcoolismo!
- Dionísio não prega o alcoolismo , isso fazia parte da cultura deles e...bnlabalbalbal
@@@@@@
- Sua canditada, Athena, é incoerente. Ela é a deusa da sabedoria e da guerra..!
- você está sendo anacrônico, eles pensavam diferente da gente e....
( cada vez que eles falavam "anacrônico" eu tinha um treco)
@@@@@@
- Sua candidata é fútil, só pensa em beleza exterior..
- ISSO não é verdade, Afrodite se casou com Hefestos, o deus mais feio de todos!
- casou porque foi obrigaaaaaaada e blablabla...
Isso durava algumas aulas, eles discutiam um pouco antes de dar a resposta, suados e felizes, alguns fantasiados, outros com crachá do seu candidato.
Em geral, respeitavam as regras: não poderiam dar brindes ou colocar cartazes fora da delimitação.Palavrões também eram proibidos, mas às vezes a própria "denúncia" era um problema...( "professora, ele falou foda, falou fooooooda, foooooooodddaaaaa...!!!!")
Algumas mães entravam na jogava, ajudando com o material que eles traziam, aparecia , por vezes, um Poseidon com barba , coroa e tridente, por exemplo.
A experiência foi muito interessante pra mim e, pelo que notei, pros meninos também. Como acompanhei várias turmas crescendo, conversamos sobre essa atividade anos depois. Até hoje recebo mensagens por email e no orkut.
Meu projeto é que eles vivenciassem o processo democrático, experimentando-0 , envolvendo-se nele. Gostava de perceber que assim eles também desenvolviam a argumentação, o trabalho em equipe, a ética. Recebi denúncias de "compra de votos" que deram em "cpi" extremamente rigorosas. Quero pensar que contribui, ainda que de forma simples, pra formação da cidadania desses meninos.
E eu me diverti muito, muito mesmo.
@@@ publicado originalmente em 2007.
05 março 2010
A apresentação II

Já que nos post abaixo estou contando sobre uma apresentação, vai mais uma historinha.
Um dos encontros que mais gosto de participar é o promovido pela Ludus Culturalis. Além de ser um momento de mostrar o meu trabalho e conhecer os outros, ficou sendo, pra mim, o período do ano em que mais troco figurinhas com gente que gosta de rpg, hq, e outras coisas de geeks.Uma delícia.
É tão divertido revê-los. Com certeza, as conversas mais divertidas que tive foi jantando com esses amigos. Alguns filmes eu jamais consegui ver com meus próprios olhos, depois de terem sido destruidos brilhantemente por eles.
(Algumas histórias eu ainda preciso blogar...)
No ano passado minha apresentação foi em um auditório enorme, mas enorme de verdade. Eu fiquei super bem, até cinco minutos antes de começar.
Comecei a ver aquele povo entrar, o coração disparou e o ar foi embora, todo ele, sem dó nem piedade. Pânico total.
Continuei conversando com os amigos com quem estava, sentindo o sangue sumir do rosto e pensando " Agora eu despenco aqui no chão...".
Subi e fui pra mesa: eu sempre peço pra falar antes, como o pânico sempre vem e preciso de uns segundos pra domina-lo, se eu tiver que esperar, tenho medo de não conseguir. Ok, me apronto para começar.
Mas meu colega de mesa chama uma psicóloga.
E eu não entendendo necas. Ela sobe, pega o microfone, fala um pouco, em pé, sobre ludicidade, exagerando nos gestos e me deixando com vergonha por ela. E eu ainda não entendendo.
Ela continua, diz que todos vão relaxar e devem acompanha-la.
Ai começa a bater palmas, dar uns pulos, fazer umas coisas lá na frente.
Na minha frente: e eu, com cara de naaaada, sorrindo amarelo, sussurro pra ele : " Não temos que fazer isso, né?"
"não " - ele respondeu baixinho - " Também morro de vergonha..."
Depois de ver a platéia bater na própria bunda e dar uns gritinhos estranhos, eu já estava mais calma. Com vontade de rir, mas estava calma.
Minhas imagens no data show ficaram absolutamente gigantes e lindas, um belo trabalho feito por um amigo.
Deixei de discutir um monte de temas, mas acho que deu pra dividir um pouco da experiência que tive com as crianças, deu pra mostrar um pouco de como eu acredito que deva ser a educação, de como eu tento caminhar.
****post originalmente publicado em março de 2007.
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02 junho 2009
M. ....de mico público!

(Esse post está ligado ao novo projeto do Leo, do Indizível, cuja proposta é falar sobre ...micos publicáveis. Vamos a isso.)
Isso aconteceu há anos.
Eu estava entrando no cabelereiro ( adoro ir ao cabelereiro, lavar minha cabeça lá é quase um prazer sexual) quando vejo um cara, com um bebê no colo, sorrindo pra mim.
- oi, Vivinha.
-* *glup* *
E quem disse que eu sabia quem era o sujeito? Vivinha é meu apelido favorito, mas é um apelido familiar, usado por poucos e queridos amigos. Quem era aquele fulano?
Bom, poderia ser um amigos dos meus irmãos....eles me apresentavam assim "minha irmâ, Vivinha".
Mas qual amigo....o nome....o nome....quem era esse fulano?
Minha cara de tacho era tão evidente, que ele disse, ainda sorrindo:
- não está me reconhecendo, né?
- desculpa - disse, entre aliviada e envergonhada - não estou.
- sou eu, Vivinha, o M.
- NOSSSAAA.....desculpa, eu...eu....me desculpa mesmo.....- rindo
M. tinha sido meu namorado. Por oito anos. OITO. A adolescência inteira.
Isso, eu tinha encontrado meu ex namorado, melhor dizendo, meu ex noivo ( fui noiva , uia que brega....rs) e não tinha reconhecido o cidadão. Ele estava ali, acompanhando a mulher no salão, coisa estranha.
Pra disfarçar, peguei o bebê no colo. Perguntei o nome, quando ele respondeu, caímos na risada.
A filha dele tinha o nome que EU havia escolhido pra filha que a gente teria um dia. Bizarro.
De qualquer forma, ele me mostrou a mãe do neném, trocamos um cumprimento amarelo.
O papo teve lá seus toques nostálgicos;
(Tem ido pro Rio? viu fulano? viu sicrano? sabia que fulano. blablablá.....ahhahah...blablablá...sério??? blablablá......)
Foi engraçado, foi estranho. Foi legal.
Foi super bacana ver o cara por quem fui extremamente apaixonada e nem saber quem ele era.
Foi muito bom saber que qualquer amor, arremedo de amor, pseudo-amor, ou coisa que o valha, pode ser totalmente superado, esquecido e...talvez até, esnobado, por que não?
He..he...gostei.
Foi mico, mas foi bom.
@@@@ texto publicado anteriormente em novembro de 2006.
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12 março 2009
O Rio Nilo na sala de aula

Quando eu trabalhava com ensino fundamental, tive experiências inesquecíveis. Algumas já contei aqui, outras eu gosto de lembrar.
Uma vez, junto com uma 5a série animada - e me parece que todas as 5as séries são animadas até as orelhas...- tive uma idéia aparentemente bacana: pra finalizar um trabalho que eles estavam desenvolvendo sobre Egito Antigo, faríamos um grande painel na sala.
Peguei o material na sala de artes: papel pedra, papel sei-lá-o-que que parece água, canetinhas, brilhinhos, toda uma parafernália maluca.
Era menino desenhando na mesa, no chão, pendurado no ventilador, uma farra.
Só que eu não tenho essa perspectiva do conjunto, essa noção estética, essa coisa da criação plástica, sou horrível nisso. Horrível pra valer, eu não faço a mínima idéia de como alguém pode ser cenógrafo ou arquiteto, me parece um tipo de conhecimento alquímico que nunca terei. Acho lindo. Absolutamente lindo.
Começamos a fazer um enorme rio Nilo, o papel que parecia água acabou e uma das meninas emendou um papel crepom. Esse também acabou e um garotinho colocou outro papel crepom, de outra cor. Foi uma emendação sofrível, entortada pra "parecer" um rio, tosca.
Eles desenharam pirâmides, sarcófagos e barcos. Cada um de um tamanho.
Quando tudo estava colado. Cruzamos os braços e apreciamos, com cara de intelectual em galeria de arte. Finalmente, alguém falou;
- professora...tá feio pra caramba....
Caímos na risada. Estava feio, estava horrível, desproporcional, medonho. Olha, rimos muito.
Eles decidiram não tirar, a sala ficou com aquilo pendurado. Até que foi trocado por nossa próxima idéia brilhante.
**** post publicado em 2007, republicado em atenção às minhas turmas de Pedagogia, repletas de animação, idéias e milhões de perguntas.
Beijo pra vcs!
19 outubro 2008
Renildes, a Estranha

Eu já falei várias vezes sobre minha cadelinha vira-latas, a Renildes. O nome Daniel tirou de uma piada, eu detestei de cara, mas ela tem tanto jeito de Renildes que pegou.
Meu amigo Valter escreveu o texto anterior a esse,baseado nela. Mas vamos falar sobre as peculiaridades de Nildes.
Nildes me ama, escuta o barulho do carro e uiva, pula no meu colo, vê tv comigo, deitada, me olhando com os olhos compridos. Cara, eu jurava que a Nildes tinha cílios.. e balançava os cílios femininamente, mas acho que isso é resultado de anos de desenho animado. Ela não tem, mas eu vejo, sacumé?
Renildes é alegrinha e adora os gatos de casa. Esqueceu sua grande paixão por Malcolm X, meu gato preto maravilhoso. Hoje meio que convive com ele amistosamente. Foi um bom divórcio.
Mas o fato é que Nildes destruiu coisas lá em casa, mas são coisas específicas: meus queridos e variados tamancos (destruiu TODOS) e parte dos meus livros.
Ela come os livros. Mas veja,não é uma cadela qualquer, come clássicos, come Shakespeare, come literatura. Chiquérrima. Vocês podem achar que é coisa de blogueira, mas gente, a cachorra foi sorrateiramente no meu quarto, e ESCOLHEU os livros de cabeceira. Estou falando sério: ignorou Vovelle, ignorou Ariés, ou seja, ela não quer saber de História. Pegou um Allan Poe de jeito e não sobrou nada. Acho que ela está em uma fase lúgubre e preferiu o "corvo". Mas já foram vários.
Minha linda e vira-latíssima Renildes é, literalmente, uma devoradora de livros.
**** Post originalmente publicado em janeiro deste ano. Como a Nildes acabou com mais um livro...decidi republicar.
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01 outubro 2008
O nosso amor

Romantismo é bom. Mas bom humor é melhor.
(E ainda bem que existe o humor e a possibilidade de rir de si mesmo e do outro)
Para meu último amor, com muito carinho.
****** post originalmente publicado em março de 2007.
Hoje, conversando com um amigo sobre os amores que vão e vem, me lembrei dessa música divertidíssima da Tati.
Clique no link e ria comigo.
17 junho 2008
Ensaio Sobre a Preguiça

Faz mais de vinte anos, eu tinha dezesseis anos e trabalhava em uma empresa que funcionava 24 h por dia. Literalmente. Meu turno era das seis ao meio dia, tinha conseguido essa pseudo-promoção aprendendo a digitar na hora do almoço: passei então a trabalhar como digitadora e em turnos de seis horas.
Nosso grupo era formado por meia dúzia de pessoas, o mais velho, o meu "chefe" - eles adoravam distribuir carguinhos porcaria pra ver se conseguiam controlar a turba assassina de funcionários - deveria ter pouco mais de vinte anos.
Os outros funcionários chegavam às oito: tínhamos , então, duas horas sem vigilância.
Começamos comprando coisa na padaria e fazendo um café da manhã coletivo. Mas isso começou a ficar cada dia mais longo, cada dia, enrolávamos mais.
A estratégia era a seguinte: ligávamos os pcs e ficávamos vagabundeando, até quase oito horas.
A nossa média de produtividade caia a cada dia, e "ninguém" sabia o motivo....
Digitadores tão rápidos perdendo produtividade...um mistério.
O mistério foi descoberto um dia. Estávamos na recepção: todo mundo deitado pelos sofás, eu , sem sapatos, com a cabeça no colo do meu "chefe", que mexia no meu cabelo ( ô, delicia) e ainda cantava pra mim. Tempinho bom....
A porta fez um barulho, não dava tempo de correr, apesar de alguns terem tentado: um dos donos havia chegado.Foi aquela situação constrangedora em que ninguém sabe o que dizer.
Quem tentou correr, foi pego no meio, tipo desenho animado. Levantamos vermelhos, sem dar nem desculpa. Eu calcei meus tênis - porque nessa outra vida eu usada tênis e não pintava as unhas, era uma outra Eu - subi para trabalhar, morrendo de vergonha.
Subimos meio rindo, meio assustados. Nunca ninguém falou disso, mas nunca mais tomamos nosso super café da manhã de duas horas.
****** texto publicado originalmente em 19/03/07
21 maio 2008
O Vôo da Vaca

Eu tenho uma jovem amiga que adoro, trabalhamos juntas em uma escola, fizemos amizade em pouco tempo. Sempre gostei dela.
Há uns poucos anos, sentadas em um bar da cidade, ouvíamos seu namorado tocando. Jovem, bonito, músico...estava cercado por uma manada de mulheres enlouquecidas pra quem a noção do ridículo era um conceito pra lá de abstrato.Ela olhava, olhos vidrados, mão crispada e só tinha uma palavra pra todas elas:
- Vacas.
Eu ria, tentava relativizar, dizendo - o que era verdade - que eles tinham um relacionamento legal, que se gostavam, etc e tal.Não adiantava eu repetir que sempre haverá uma fulana sem noção pra atrapalhar,afinal, é a lei da selva.
Em dado momento, eu tentava apelar pra sua auto estima, pois ela era efetivamente não apenas mais bonita como, provavelmente, mais inteligente que aquele séquito patético.
Mas ela olhava pra turba e repetia.
- Vacas.
Tempos depois, trabalhando em lugares diferentes, nos encontramos e papeamos. Perguntei como ia o assédio sobre o namorado músico e ela me contou uma história, aliás, A história.
Em uma noite, irritada com aquilo tudo, ela bateu boca com o namorado.
Uma das donas das calcinhas em promoção tentou interferir, entrar na briga do casal.
Nem imagino como alguém pretente sair ileso entrando em uma briga de casal, mas a fulana foi lá, toda amiguinha.
Minha amiga, percebendo o nível do cinismo da amiguinha, sugeriu amigavelmente que ela " tirasse o traseiro gordo dali".
Ante a insistência da fulana, minha amiga, tomada por forças maiores, com as quais me identifico, JOGOU a criatura de onde eles estavam, sendo que a criatura se estabacou na calçada, poucos metros abaixo.
Eu juro pra vocês que eu sou uma boa pessoa, sério, juro mesmo. Mas que eu pagava pr ver essa vaca voando, ah, gente, pagava.
****Esse texto foi escrito para A., a autora do feito e foi publicado originalmente em 2007.
Algumas conversas com uma amiga muito querida sobre ciúmes e mulheres loucas me lembraram dessa história.
20 maio 2008
O banho

Já disse aqui que esse ano não começou bem pra mim, problemas profissionais sérios que me fizeram ser meio estúpida com uma amiga que estava com crises balzaquianas, disse que não queria ouvir papinho sex and city porque tinha coisas muito mais drásticas pra pensar. Como contas, por exemplo. É real, mas eu não precisava ser grossa.Pedi desculpas, mas já tinha falado, é fogo isso.
Mas a angústia dos problemas práticos fazem a gente tomar umas atitudes meio patéticas. Exemplo: eu vou em uma igreja católica eventualmente. Nunca pra missa, porque o povo lá é da Renovação carismática e se uma missa já é algo com o qual eu não me identifico, esse povo doido me afasta ainda mais.
Mas a angústia dos problemas práticos fazem a gente tomar umas atitudes meio patéticas. Exemplo: eu vou em uma igreja católica eventualmente. Nunca pra missa, porque o povo lá é da Renovação carismática e se uma missa já é algo com o qual eu não me identifico, esse povo doido me afasta ainda mais.
Não quero elocubrações teológicas, minha necessidade de fé é visceral e gosto disso. Não estou nem aí pra discutir a real existência de uma divindade, não me interessam questões filosóficas, minhá fé é reconfortante e chega. Evidentemente a relação homem-religião me interessa e quero discutir, mas a relação homem-fé é muito íntima, ancestral. Durmo se esse papo vem a tona.
Enfim, eu dizia que... eu curto a tal igreja, ela é meio estranha, tem uns rituais: escrever pedido em papel , amarrar fitinha, coisas assim. Um primo da minha mãe, que é me conhece bem e é muito meu amigo foi peremptório:
- Você gosta porque é meio macumba, fala a verdade....
Tai, tem um climinha meio ritualistico, meio pagão-cristão, meio macumba, que eu me amarro.
Outro dia fui lá: tem uma fonte de água benta (eu sei, nem me venham com argumentos racionais porque sei que vcs estarão certos, mas não tô nem ai..) e eu fui lá, com garrafinha, pegar a tal água. Aí decidi molhar a testa, aí...molhei testa pra abrir a mente...decidi molhar o coração,prá ver se esse desgraçado não me sacaneia mais.... rins, por motivos que já contei aqui.....e comecei a praticamente tomar banho na tal torneira-benta.
Minutos depois, durante meu banho-bento, chega um fulano: cabelo comprido, todo tatuado, carregando uma garrafa de dois litros. Sério, uma garrafa vazia de coca-cola pra encher de "água benta" da torneira. Pior do que eu, vocês já viram tudo.
Rapaz, o cara toca a jogar água também. Dois retardados tomando banho de água benta: a perua aqui, com salto alto e unhas vermelhas e o porra-louca lá, tatuado e cabeludo. Só alegria. Ou melhor, só desespero mesmo, surto em dupla.
Merecia uma foto.
Enfim, eu dizia que... eu curto a tal igreja, ela é meio estranha, tem uns rituais: escrever pedido em papel , amarrar fitinha, coisas assim. Um primo da minha mãe, que é me conhece bem e é muito meu amigo foi peremptório:
- Você gosta porque é meio macumba, fala a verdade....
Tai, tem um climinha meio ritualistico, meio pagão-cristão, meio macumba, que eu me amarro.
Outro dia fui lá: tem uma fonte de água benta (eu sei, nem me venham com argumentos racionais porque sei que vcs estarão certos, mas não tô nem ai..) e eu fui lá, com garrafinha, pegar a tal água. Aí decidi molhar a testa, aí...molhei testa pra abrir a mente...decidi molhar o coração,prá ver se esse desgraçado não me sacaneia mais.... rins, por motivos que já contei aqui.....e comecei a praticamente tomar banho na tal torneira-benta.
Minutos depois, durante meu banho-bento, chega um fulano: cabelo comprido, todo tatuado, carregando uma garrafa de dois litros. Sério, uma garrafa vazia de coca-cola pra encher de "água benta" da torneira. Pior do que eu, vocês já viram tudo.
Rapaz, o cara toca a jogar água também. Dois retardados tomando banho de água benta: a perua aqui, com salto alto e unhas vermelhas e o porra-louca lá, tatuado e cabeludo. Só alegria. Ou melhor, só desespero mesmo, surto em dupla.
Merecia uma foto.
******Esse texto foi postado no ano passado, hoje, além das minhas opções religiosas terem mudado - tema pra outro post - minha vida profissional também mudou.
Decidi republicar porque o tema "causos" foi citado no post anterior e porque esse post é um dos que R., um leitor fiel, gosta muito.
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