25 dezembro 2009

Feliz Ano Novo

Queridos amigos leitores, desejo a uma deliciosa passagem de ano, cheia de supertições, brindes, risadas e beijos.
Definitivamente, o reveillon é meu dia favorito no ano: o dia de todas, todas as possibilidades.
Sei que 2010 reserva coisas maravilhosas.
De presente para vocês, tentei colocar uma cena que adoro, um revival dos anos 80, uma cena que eu sempre vejo quando preciso melhorar de humor. E melhora, sempre melhora.
Mas como nem sempre as coisas saem como a gente planeja, a incorporação foi proibida.
Não há problema, deixo para vocês a cena final de Cinema Paradiso, que já me comoveu tanto e deve ter comovido vocês também
A gente se vê no ano que vem, "no ano que vem, em Jerusalém", como cantavam os judeus quando ainda sonhavam com a sua terra Prometida.
Sonho com uma vida prometida, vou por aí buscá-la.
Beijos e feliz 2010.




22 dezembro 2009

Daniel, 17


Há 17 anos eu era uma jovem grávida que estava entrando em trabalho de parto. Esse parto normal - ah, normaaaaal...- durou muitas horas e só terminou no dia posterior, dia 23 de dezembro de 1992.
Nesse dia, virei mãe.
Eu fiquei super comovida ao saber que Shira, amigo queridíssimo, vai ser pai. E descobrindo isso, descobriu o sentido da vida.
Eu entendo perfeitamente essa viagem, porque até então, eu não tinha certeza do meu objetivo. Sabia que queria estudar, sabia quais profissões me agradavam, sabia o que gostava de fazer. Mas quando Daniel nasceu, assim como Shira, entendi porque eu estava aqui. Estava aqui pra ser mãe do Daniel.
Ao entrar na adolescência, aquele menino super agradável virou um chatinho, ou melhor, "garoto opinião" que se transformava em...."chato boy".
E até ser chato era engraçado. Também passou por aquele período clássico de rompimento do cordão umbilical onde tudo que a mãe faz é mico, onde não se pode andar com a mãe e onde algumas diferenças devem ser marcadas. E é assim a vida, ué.
Deixou de ouvir minhas músicas pra ouvir as suas - apesar de eu achar que trocar Chico por Garotos Podres e Ramones não foi uma boa escolha...- passou a ler mais e melhor, desprezando toda a safra de best sellers adolescentes pra cair de boca em autores como Huxley e Sartre.
Após essa fase, deixou a vergonha de lado, já consciente da idade que tinha. Agora podemos ir ao cinema juntos, sem problemas.
E essa transformação dele em rapaz é algo lindo de ver. A facilidade com que lida com a responsabilidade, com a parte financeira da casa, a cabeça fria com que enfrenta problemas, a forma como está no momento que quebrar paradigmas e despreza tudo que seja fútil e consumista.
Que cara legal ele se transformou. E sempre sacaneio, dizendo que o único grande defeito que sua futura esposa vai ter, vindo dele, é a sogra. Ah, coitada...
Uma vez, escutei um discurso imenso - e chato - de uma amiga que implicava com minha definição de mim mesma: "mãe do Daniel", argumentando que eu era "mais " do que isso.
O que ela não conseguiu entender é que tudo que faço - e adoro - está em segundo plano. Nada na minha vida é mais importante do que ser mãe.
E todo o resto que faço se relaciona com isso: sou boa professora, porque sou boa mãe. E sim, isso me define.
Então, amanhã, serei mãe de um jovem de 17 anos. E isso é o máximo.

20 dezembro 2009

A cultura da ironia ou Sou Bom demais pra ser educado

























Na semana passada acompanhei uma amiga advogada em uma audiência trabalhista. Já pedi para ver outras, porque aquilo que achei punk, ela me disse ser absolutamente light, então, quero ver até onde vai o troço.
O caso é simples: o processo estava sendo finalizado e só um ponto devia ficar claro para o juiz, se o demandante tinha ou não vínculo empregatício com o demandado.
Assim, a tal audiência foi rápida, mas houve tempo suficiente para a juíza dar meia dúzia de petelecos verbais nos advogados. E nem houve predileção: levaram ambos.
O ponto a que quero chegar é absolutamente simples, uma dúvida prosaica: por que algumas pessoas, investidas de poder, acreditam que sua atitude tem mais peso, mais credibilidade se vier acrescida de uma patada?
Porque, vamos combinar, tudo que a juíza falou, poderia ser dito de forma polida. Por algum raciocínio tortuoso, vejo que algumas situações são culturalmente associadas a tiradas irônicas, ou melhor, usando meu passado caxiense: são situações que vem com um belo coice.
Em todas as defesas de tese que vi, isso se repetiu. Os professores que arguiam o candidato pareciam acreditar que suas observações deveriam vir embaladas em ironias escrotas. E o candidato lá, com cara de nada, respondendo a tudo como se não estivesse com o fígado em petição de miséria.
Se a mesma observação poderia ser feita sem aquele teatro arrogante, por que fazê-lo?
E esse tipo de atitude acaba naturalizada, a ponto do jovem juiz repetir essa atitude pouco tempo depois de empossado, a ponto do jovem professor se chacoalhar todo entre sorrisinhos debochados para demonstrar como seu interlocutor é tolo.
Ai, gente, esses egos supersônicos me cansam.

Virgínia Berlim















Ultimamente, já andei comentando isso por aqui, tenho feito a releitura dos livros na sequência. A primeira vez que leio é com pressa e gulodice, a segunda, na sequência, é com calma e saboreando. Imitando a tal leitura extensiva de séculos anteriores estudada por Chartier. A leitura que se repete, se repete.
E hoje, o livro que passou por essa primeira e segunda mordida foi Virgínia Berlim de Luiz Biajoni.
O livro é curto e encerra em si o início, o (não)desenrolar e o fim de um amor. Amor do personagem principal - cujo nome não chegamos a saber - por Virgínia, sobre quem pouco ou quase nada nos é dado a saber. O estilo é instigante, as palavras são exatas e a angústia que vai assolando o personagem magicamente toma conta do leitor.
Virgínia aparece na história como um ser insosso; "para mim, ela era como as outras; uma escriturária sem sal. Nem bonita eu a achava. Uma loira pálida, peitos pequenos, bunda caída". O autor ainda a socorre rapidamente; " Era jovem e tinha um certo frescor, umas sombrancelhas arqueadas, inquisidoras".
Mas é enfático: "Mas no geral, era ninguém."
Essa frase perseguiu minha leitura e durante todo o desenvolver da trama eu me perguntei quem era Virgínia.
Mas não sei, uma ninguém.
A despeito disso essa personagem beija o narrador surpreendentemente, iniciando algo confuso - e doloroso - para ele.
Como foi para Virgínia? Não sei.
A história é narrada do ponto de vista do narrador e assim como ele, ficamos limitados a figura do observador, vendo Virgínia entrar e sair do apartamento sob olhar do narrador.
O livro pode( aliás,deve)ser lido com o acompanhamento do cd que vem no encarte. Uma idéia original que consegue colocar o leitor um pouco mais profundamente no apartamento do narrador e dentro de sua ansiedade.
Um apartamento de um homem "soturno" - chamado assim por algumas namoradas e por ele mesmo - com livros e muitos discos de vinil. Sim, vinil.
Apesar do livro não trazer localização delimitada do tempo onde se passa a história, o médico que o atente tem celular, assim, suponho que o autor colecione vinil por opção, não necessidade técnica.
Assim, sem sobre aviso, Virgínia entra na vida no narrador. Mas não se trata de um romance, de uma paixão avassaladora ou romântica da parte dela(ou se trata?). Virgínia entra e sai do apartamento do narrador algumas vezes nos dias em que ele está impossibilitado de sair.
Após o surpreendente beijo, sem compreender exatamente o que havia se passado, ele ouve música, bebe uísque e tropeça no copo, cortando furiosamente o pé.
Então temos o narrador recluso à força. Cortado profundamente, sem equilíbrio, sem ficar em pé, um pouco ridículo. Ou seja, se não fosse um corte no pé, seria a melhor descrição para alguém apaixonado.
Curiosamente,tomado pelo corte e pela paixão,o narrador está indefeso diante do que acontece.
A mercê das dores que o imobilizam : "o pé latejava e sentia uns calafrios. Não sabia se era por causa do pé ou por causa..."(pág.11)
Em alguns momentos tem clareza do objeto de sua dor/desequilibrio:
"Virgínia era a causa desse ferimento, dessa confusão toda. Se não estivesse aparecido aqui eu estaria hoje, restaurado, pronto, inteiro, intacto." (pág.11)
Mas ele não está intacto.
O narrador é tomado pela ansiedade, pelo desejo da presença de Virgínia, de quem ainda não sabemos - e nem saberemos -muita coisa. Ela não fala, ela não se mostra, ela recua quando ele tenta fazer com que ela apareça.
Enquanto isso, jorra amor do narrador, mesmo quando a pia do banheiro quebra e jorra água por todo lado ( o símbolo mais sexual dentro do universo onírico), absolutamente sem controle.
Assim,de uma hora para outra, depois de uma das despedidas dela que a ele pareceu definitiva, ela morre.
"Foi nesse domingo quente de verão que ficamos todos sabendo que Virgínia estava morta."
Todos nós: o narrador, o namorado médico, a mãe, a polícia e nós, os leitores. Sabemos que estava morta, que fora em um quarto barato de hotel e que talvez possa ter sido suicídio. O bilhete no bolso, que hora parecia poesia, hora bilhete suicida e hora receita de bolo, desaparece. Ela desaparece.
Então, com em quase todo amor, nasce de repente, dói e dá prazer, morre e cicatriza. Como o corte do narrador.

E eu terminei o livro com a sombra de Virgínia, quem era a garota de bunda caída, cabelos tingidos, tropeçando nos cadarços,que havia morrido? Por mais que eu leia e ouça o cd, acho que nunca vou saber. Nem o narrador.
Na introdução do livro o Alex Castro diz que o "Bia escreve pra caralho". Mas como eu sou uma dama, não digo essas coisas. (Mas que ele escreve pra caralho, ah, escreve.)

19 dezembro 2009

O Tempo e o Vento de Benjamin Button






"- O que você está olhando?
- O vento."

Com esse diálogo que me remeteu, imediatamente ao delicioso Tempo e o Vento de Érico Veríssimo, começa O Curioso Caso de Benjamin Button.
Como no romance brasileiro, o filme norte americando - adaptação de um conto de Fitzgerald, de quem nunca gostei muito - pauta sua narrativa no vento. O vento aparece como metáfora para as mudanças, convergindo para a inevitável morte da mãe idosa, ao mesmo tempo em que o Furacão Katrina assola Nova Orleans.
A filha lê o diário de Benjamin para sua mãe, que na cama de hospital, na eminência da morte ( e do furacão), decide contar parte de sua vida, até então, guardada apenas em sua memória.
O filme trabalha com algumas coisas que adoro: narrador, que imprega uma intimidade com o espectador; flash back que sempre me envolve e a atmosfera mágica dos sedutores contos de fada.
Assim, a história narra a vida do bebê que nasce velho e que ao crescer, passa a ser, paulatinamente, mais jovem. Nessa caminhada, reflete - e faz refletir - sobre as escolhas da vida e sobre a possibilidade do recomeço, da releitura da própria vida. Sempre pautado pelo vento.
Ao se tornar cada vez mais jovem, cada vez mais criança, faz o parelo perfeito entre os velhos/crianças, já que esses parecem dividir não só as pequenas alegrias, como as grandes dependências dos adultos, aqueles que estão no meio desses dois pólos.
Eu chorei, que me desmilingui. Daniel fica durão, nunca chora, tira sarro do meu choro fácil. Michelle, que já havia assistido, disse que chorou duplamente, porque como já sabia o que vinha, chorava por antecipação.
Em um dado momento da vida de Button, quando ele está crescendo/remoçando, ele tem um quê de Marlon Brando em O Último Tango em Paris ( sacumé? meio caído, mas ainda irresistível?) e nessa hora, Michelle me cochichou exatamente o que eu estava pensando:
- Ops, Vivinha...nesse ponto aí, eu já pegava....
E é claro que a beleza absurda de Brad Pitt aparece com sua força total, momentos depois, de forma que chego a duvidar que alguém possa ser realmente tão inenarravelmente atraente. Chega a doer nos olhos.
O filme é delicado e a emoção que desperta passa longe da pieguice. É um daqueles filmes que fazem você sair meio torto, meio feliz, meio angustiado, meio embolado em tudo isso.
Vá, chore muito e me conte tudo.







****post publicado originalmente em fevereiro de 2009.

17 dezembro 2009

Ode para Música Perdida












Eu li Música Perdida nessa semana. E eu fiquei me perguntando como eu ainda não tinha lido nada de Luis Antonio de Assis Brasil. Lê-lo foi fantástico e quero ler tudo que ele escreveu.
O livro me envolveu e comoveu intensamente. Não estou falando em termos sutis ou com um levantar de sombrancelhas intelectualizado. Me comovou às lágrimas, aos soluços.
O livro narra a vida do maestro Joaquim José Mendanha: na cena inicial,um velho maestro morador de Porto Alegre. Cena esta que, após a leitura do livro, se torna absolutamente ressignificada e emocionante.
Entrecortado por flash backs, o livro reconta o início da relação do maestro com a música, começando com a constatação do seu "ouvido absoluto", feita por seu pai, um singelo músico de uma pequena cidade. Nesse momento, ele é Quincazé e conforme os flash backs vão avançando no tempo e na trajetória do músico, ele é chamado de Joaquim José, militar, maestro.
Nessa trajetória, iniciada com o pai, o maestro encontra e se influencia profundamente por outros dois homens: um rico músico de outra cidade e um padre no Rio de Janeiro.
A diferença na relação entre eles é grande, a provável paixão do professor pelo então jovem músico e seu desejo de que seu protegido avance artisticamente, a visão do padre, temeroso do brilhantismo, temeroso da soberba. A morte dos três instaura ao maestro o peso da cobrança, do devir, dos desejos e espectativas de outros que pesavam em seus ombros, seus três fantasmas, como ele os chamava.
Um dos personagens mais comoventes é Pilar, a esposa do maestro, que assim como a fantástica Mulher do Médico no Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, é o sustentáculo do marido, expresso de forma berrante no próprio nome. A simbiose perfeita do amor dos dois chega a ser dolorosa ao leitor.
No decorrer desse caminho, o maestro compõem uma cantata que julga ser perfeita, nobre - por isso a esconde do padre, evitando críticas a sua suposta soberba - mas comete desatino de mandá-la ao compositor europeu Rossini, para uma avaliação. Assim manda a única partitura, sem cópia. (Sem cópias porque quando jovens, não imaginamos que vamos esquecer, ou não conseguir, ou não brilhar. Tudo é fácil, tudo são promessas ao nosso olhar ainda jovem. E foi assim com o maestro.)
Ele não a recebe por anos, por décadas. E ele passa a vida compondo hinos que considera menores, medíocres. Ele passa a vida emaranhado em algo que ele mesmo não respeita.
O maestro passa a vida em busca da música que havia perdido, em uma metáfora belíssima para o sentido da vida, para a busca initerrupta que acomete a tantos, talvez a você que esteja me lendo nesse momento. A busca que marca todo o livro, ou seja, toda a vida de Mendanha.
Alguns momentos do livro me lembraram Ensaio de Orquestra, de Fellini. Vi há muitos anos, mas uma cena onde cada músico fala sobre as idiossincrasias do seu instrumento, sua personalidade, essa relação específica, esse olhar de músico voltou a minha memória muitas vezes, norteando meu olhar sobre a
narrativa. Me lembrou Salieri observando uma partitura de Mozart em Amadeus, descrevendo-a com os olhos e ouvidos de músico, ensinando, dando a mão ao leitor para que o acompanhasse nessa interpretação tão sutil. Essa cena inesquecível eu vi há vinte anos e me voltou a memória muitas vezes ao ler esse romance.
Assim como o momento em que Mozart dita a música, captada por Salieri com fúria, com admiração, com inveja, cena onde a música aparece do ponto de vista privilegiado dos músicos. Ah, como desejei ouvir dessa forma, criar dessa forma. A velhice do maestro me comoveu, me assustou, a velhice aflora de forma surpreendente para ele e para o leitor. Não estamos esperando a velhice do Maestro, não estamos esperando a nossa própria velhice. A fugacidade e por vezes até a inutilidade da vida começam a doer na leitura. Viver para quê? Onde estava a cantata?
Onde estava, enfim, o sentido da vida?
A Cantataé descoberta, enviada ao maestro, copiada para cada instrumento pela sempre presente e estrondosamente forte, Pilar.
Não é à toa que Pilar é a copista, com sua letra magnífica, mostra o específico(a parte de cada músico) para que se costure o total: a orquestra.
E é nessa noite, na noite do encontro com a música, na noite da definição do Finale, que Medanha morre. Sua música perdida e achada, sua música perfeita é ensaiada, com exceção do Finale. Os músicos não ensaiam o Finale.
Mais uma belíssima metáfora nos acomete, porque, enfim, como ensaiar o final? como ensaiar a morte?
Sem ensaio, tocam com perfeição, lêem o que Mendanha havia escrito. Um pequeno trecho onde ele se apresenta diante de Deus com sua cantata perdida.
O finale do maestro também é perfeito, em seu útimo momento, ouve com perfeição a primeira nota que identificou com seu ouvido absoluto: o "sol".
Após a Música, o enterro, só resta o choro de Pilar e o choro dessa blogueira.
E para o maestro-escritor,só tenho uma única palavra:
BRAVO.

*********** post originalmente publicado em dezembro de 2007.
Esse texto está linkado nas críticas dos livros no site do prof.dr.Luis Antônio de Assis Brasil.


@@@post originalmente publicado em setembro de 2008.

Elocubrações


Eu ando pensando cá com meus botões. O que pode motivar alguém a ser grosseiro?
Digo grosseiro no sentido de ser indelicado, de dar alfinetadas todo o tempo, de falar coisas que deixam o interlocutor ( ou "aquele-que-ouve-o-monólogo") constrangido a ponto de não responder.
Hum, digo um pouco mais, o que motiva alguém a ser indelicado com alguém que não passa uma boa fase?
A criatura é apenas alguém sem educação mesmo? Ou podemos pensar que é alguém com tamanho complexo de inferioridade que usa um mal momento do outro para se auto afirmar? Ou é puro sadismo?
Eu não sei.
Vocês tem alguma ideia?

08 dezembro 2009

Dicas da Lola


Há pouco tempo, descobri um blog bastante especial: Escreva, Lola, escreva.
Já simpatizei por fazer uma paródia do título de um filme que adoro. ( Se você ainda não viu o alemão "Corra, Lola, Corra", desembeste até a próxima locadora, é divino.)
A Lola criou um concurso interessante, onde blogueira estão apresentando textos sobre maternidade. Os textos não percorrem um só caminho, tem uns que me fizeram rolar de rir, outros me fizeram pensar.
Nessa toada li muitas blogueiras que eu não conhecia e tive o prazer de visitar. Algumas virei freguesa, como a Rita, que escreve um dos blogs mais interessantes e inteligentes que já descobri nos últimos tempos.
Então, amigos leitores, fica a dica do dia: Vá correndo para a Lola.

04 dezembro 2009

Eu quero um Zeca Baleiro de Natal


Fui ver um pocket show do Zeca Baleiro na terça. Minha gente, minha gente, eu não sei o que rola, mas neguinho pega o violão, começa a cantar e vira um deus.
Ele é comum, baixo, um rosto praticamente anônimo: mas começa a cantar e a mulherada - me inclua aí - praticamente se joga no palco.
Com classe, claro.
O lance do pocket - além do fato de ser gratuito - é que como só cabem poucas pessoas, você fica ali, pertinho do cara, praticamente amigo de infância.
Ele assoou o nariz, se desculpando, perguntou:
- Vocês já viram Sinatra fazer isso? Que vergonha, no palco...
E todo mundo achando lindo.
Em outro momento:
- O que vocês disseram pra enganar essas crianças e trazerem elas aqui? Falaram que era show do NxZero? Do Freno?
Diante das risadas, perguntou diretamente a um menino de seis anos:
- E você...gosta do Fresno?
Surpreendentemente, o moleque não titubeoou:
- Toca Rauuuul!!!!
A gragalhada foi geral e quando ele tocou aquela música em que ele comenta o invitável "toca raul" da boemia, deu umas olhadas significativas pro molequinho.
Na minha frente, uma gordinha de cabelos muito vermelhos se rebolava em algo que ela acreditava ser coquete, dos lados, namorados sorridentes filmavam tudo com seus celulares.
Uma moça diz:
- Zeca, essa música foi ouvida agora, em Salvador! - e mostrou o celular.
Ele riu, todo charmoso:
- Ainda bem que não pago essa conta...quem era? baiano ou baiana? Baiana? Manda um beijo pra ela.
Gente, vamos combinar, apesar de rápida, é interação e é uma delícia.
O show foi bom demais, as músicas de lançamento, algumas já conhecidas, umas palavras aqui e ali.
A Frou sempre o achou atraente e eu sempre disse a ela pertencia que ele ao elenco de "gatos" dela: ou seja, homens feios. Porque a minha amiga adora homem feio, avemaria.
Mas nesse caso, eu reconheço: é um feio-bonito cheio de charme, mais Wagner Moura e menos Brad Pitt, sacumé?
Bom demais da conta.

01 dezembro 2009

O Eça da internet ou Um post sobre Branco Leone


Uma das coisas bacanas da blogosfera é descobrir escritores que eu ainda não conhecia. Uma das melhores descobertas foi Branco Leone.
Eu só comprei um livro ( Os melhores (e alguns dos piores) textos de Branco Leone
Albano Martins Ribeiro, pocket, crônicas)
e estou ensandecida pra comprar e ler todos que ele publicou.
Parafraseando Obama, Ele é o cara.
Como me rendi aos encantos de Eça de Queiroz muito cedo, fiquei feliz em ver como Branco consegue ter proximidade com esse estilo: acurado, sagaz, perspicaz, irõnico até o âmago, preciso, cirúrgico.
O livro condensa uma pequena e imperdível coletânea de textos, onde aqueles que foram retirados do seu próprio passado tem luz específica. A forma como descreve sua juventude, a compra de um carro em comum por um bando de jovens de jaqueta de couro, as aulas de piano e a professora com seu português idiossincrático ou a escola de padres são sempre um mote para textos rigorosamente perfeitos, e sempre, sempre, envoltos em uma fina e interessante ironia.
Cara, queria saber escrever assim.


***

Nunca comento as ilustrações, porque espero que o leitor faça a ponte sozinho. Mas desta vez, me permito interferir: a escolha para ilustrar esse textos foi o Real Gabinete Português de Leitura, no centro do Rio, um presente para quem gosta de ler e uma homenagem desta blogueira aos escritores portugueses.