Mostrando postagens com marcador anarquismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador anarquismo. Mostrar todas as postagens

26 novembro 2008

O Poder do Coletivo


Queridos amigos e leitores, pausa no nosso papo: fiquei aterrorizada com o que aconteceu em Santa Catarina, a situação das famílias é desesperadora, nem tenho palavras pra isso.
Vários lugares aqui em Campinas estão se organizando para arrecadar alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores, objetos em geral, que possam facilitar um pouco esse momento, que possam ajudar a essas famílias a reconstruirem suas vidas.
Eu e alguns professores estamos fazendo o mesmo.
Lembrando que já passam de 50 MIL desabrigados e mais de 60 mortos.
Gostaria de pedir que, quem quiser e puder, faça o mesmo: se organize no seu local de trabalho, sua escola, seu bairro, sua igreja.
Eu sempre acreditei no poder do Coletivo, espero que vocês também.
Um grande beijo pra todos.

23 novembro 2008

Me apaixonando por São Paulo - II - A Pinacoteca






No mesmo dia do post anterior, como eu já havia comentado, almocamos e fomos até a Pinacoteca, que fica na frente do Museu de Lingua Portuguesa.
A coisa já fica bacana no ingresso, no fato de entrar em um prédio criado por Ramos de Azevedo e (re)criado em uma intervencão, por Paulo Mendes da Rocha.
O acervo é incrível, gosto em especial da producão do século XIX, mas Daniel preferiu as obras mais arrojadas como de Maria Bonomi, que estavam em um espaco considerável por ali.
Havia também uma exposicão especial sobre Visconti e ainda ficamos lá curtindo algumas coisas do acervo.
Daniel me sugeriu outra forma de observacão, ao invés da leitura anterior a obra, conmo costumo fazer, sugeriu que prinmeiro tivéssemos esse contato direto com a obra, e só depois, o contato com a informacão sobre ela. Como achei que essa forma vai ao encontro do flâneur que eu pretendia ser por essas paragens, aceitei. E acho que realmente é melhor assim, sem informacão sobre a obra, o olhar busca comunicacão direta com ela, interpretacão direta com ela. Se isso condiz ou não com a proposta do autor, vemos depois, e mesmo que seja diferente, foi uma forma de recriar a obra, e isso é muito legal.
Depois de um bom tempo por lá fomos ao café da Pinacoteca que se abre para o Jardim Da Luz, lindíssimo.
Sempre que o vejo me lembro de um artigo, em um jornal anarquista do princípio do século, que descrevia um piquenique de burgueses, enquanto proletários enfiavam os rostos das grades, atrás dos portões fechados do Jardim. Triste e ridículo.
Depois disso, saimos pra jantar, e conto tudo no próximo post.



06 julho 2008

A Plebe Rude






Não é difícil dizer porque me fascinei tão rapidamente pelo movimento anarquista.
Porque esses militantes, ainda no início do século passado, já compreendiam as mulheres como cidadãs, como pessoas que podiam estudar e produzir.
A experiência de ler os vários jornais anarquistas foi uma porta aberta logo no primeiro ano da graduação, onde não só aprendi as delícias de me perder horas em arquivos antigos, como as delícias de um movimento revolucionário até a última gota, como foi o dos libertários.
O incrível nesses caras é que dentro de uma estrutura escolar violenta, autoritária, dogmática e cerceadora, eles criaram escolas mistas, onde os alunos podiam frequentar laboratórios, debater e - maravilha das maravilhas - não havia avaliações, não havia classificações com notas.
As avaliações deveriam servir para que o aluno percebesse suas falhas, seus limites, não para que fossem excluídos ou que houvesse competição feroz, ou pior ainda, que fossem vítimas de vinganças de professores hostis.
Claro que agora, com todos os alunos enlatados na concepção de que é necessário haver nota, fica praticamente impossível nadar contra a maré. Estudar sem esse tipo de avaliação requer uma autonomia, uma independência, elementos que os alunos poucas vezes são estimulados a ter atualmente.
Há alguns anos, pensei em escrever um trabaho comparando a concepção de imprensa que eles tinham, com a veiculada na chamada imprensa burguesa.
Não escrevi esse trabalho, mas participei de duas pesquisas que incluiam os ácratas e isso me deu a oportunidade de ficar horas no Arquivo Edgard Leuenroth, lendo sofregamente jornais como A Plebe, O Amigo do Povo, A Barricada, A Luta Livre, entre tantos outros.
Fiquei familiarizada com eles, um círculo não tão grande, mas incrivelmente ativo, que usava a imprensa como arma, mas não se limitava a ela. Os anarquistas usavam os sindicatos e os centros culturais, demonstrando a compreensão do poder que a cultura tem sobre o coletivo.
Talvez eu tenha me convencido, naquela época, que uma sociedade sem Estado seria possível. Hoje, certamente, essa idéia não me toma. Mas penso como esse ideário pode ser modificador dentro da sociedade, no sentido de perceber o indivíduo como autônomo, como sujeito de sua própria História ( me perdoem pelo clichê necessário..)
Mas só posso dizer que toda a influência deles, em minha vida, foi enorme. E estar com eles, durante aquele tempo, ali no Arquivo, foi deliciosamente inesquecível.
Melhor do que isso, impossível.