
Vamos começar aqui já deixando tudo bem claro: não sou historiadora da arte e me compreendo como alguém com um olhar no máximo curioso diante da arte, nunca com um olhar de conhecedor.
Mas como acredito que
Marilena Chauí foi certeira ao questionar a fala do "
discurso competente", me advogo o direito de dar meus pitacos, apenas enquanto indivíduo.
Porque, em útlima instância, se a arte só puder ser apreciada/criticada/discutida por conhecedores....ela perdeu parte da sua essência transformadora.
Dito isso, vamos às críticas.
Que porcaria de Bienal foi essa? Algúem me explica? E se alguém vier com o papo de discutir o vazio, juro que surto.
De todas as que fui - e sempre vou, porque adoro me emabananar em obras que não entendo e nem finjo que o faço, adoro ficar confusa, impressionada, divertida, assustada, diante das exposições - de todas as que fui essa, com certeza, foi a mais frustrante. Porque todas me provocaram algo e essa...bom, essa me provocou tédio.
Em mim e na meio dúzia de gatos pingados que rodavam em torno daquela exposição que parecia feira de ciências de colégio tosco.
A
Bravo! comentou algumas obras, inclusive o escorregador ( parece que o artista estava dentro de um cinema, um técnico saiu irritado e o público começou a gritar "volta,Valério!", e em minutos todos gritavam a mesma coisa, o que leva a pensar sobre o comportamento de manada, essas paradinhas.Bacana, gostei.)
Mas sei lá...200 mil pro "Valério"? Isso dentro de um contexto que dizia que a Bienal estava com a grana reduzida?
Nem me alongo, porque vou me repetir, então, resumo da ópera:
Vazia, chata pra caramba, inodora, insípida.
E acho , realmente, que deixar um andar inteiro vazio é uma grande sacanagem, tanto com os artistas, quanto com o público: aí vira uma questão pragmática e política, é simplesmente retirar das pessoas o direito de interagir com produções artísticas.
Isso porque ainda li por ai que a Bienal não teria mais tanta importância, porque outras mostras assim acontecem na Europa e suprem esse papel
Eu li isso e me senti em Marte. Não preciso bem comentar, preciso?
É uma observação de um elitismo tão perverso que eu fiquei pasma ao ler.
Mas para salvar o dia havia uma exposição muito bacana na Oca, comemorando os 60 anos do MAM. Essa exposição está fantástica, com ênfase para o setor do
Kracjberg, cuja obra eu já era fã...e diante do contraste da chatice anterior, só me deixou mais impressionada. A foto aqui do post é uma pequena amostra do trabalho dele, um polonês radicado no Brasil, totalmente envolvido com a questão ecológica.
A exposição toda está muito bacana, vale a pena ir.
O MAM também está interessante, com uma parte repleta de obras que são instrumentos musicais
nonsense dos quais uma música igualmente doida pode ser tirada.
Foi um dia bacana, apesar do tédio da Bienal.
No dia seguinte, fomos na Cultura da Paulista, porque que havia lido duas resenhas muito interessantes sobre o
Filho Eterno, uma do
Alex Castro e outra do
Antonio Marcos Pereira, e eu que nunca dei a menor pelota pra crítica, me acostumei a ver na
Copa de Literatura um ótimo lugar para ter referências de livros bacanas.
E cá entre nós, um livro que fez o
Alex Castro chorar em público? Ah, quase me rasguei de curiosidade, tinha que ler aquilo.
E O
Filho Eterno, que li no mesmo dia e reli no dia seguinte, é uma mostra disso. Vou resenhar pra vocês, meus queridinhos, claro que vou. Mas dou a dica: comprem e leiam, porque é realmente um grande livro.
Mas a Sherazade aqui só conta no outro post.;0)
****publicado originalmente em 2008.