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08 dezembro 2010

Vivinha e Daniel em São Paulo II - o inóspito - post de 2008





















Levei Daniel pra conhecer o Memorial da América Latina. Eu já fui várias vezes,quase sempre levando alunos. Ele gostou. Minha parte predileta é o Pavilhão da Criatividade, em especial, o mapa onde andamos em cima das pequenas esculturas estilizadas. Quando levava crianças de quinta série, elas rolavam em cima. Daniel curtiu, mas preferiu a parte onde está o quadro do Portinari e as colunas do Carybé. Realmente lindas.

Mas que o Niemeyer nunca conheceu um lúpico, ah ,meus amigos, não conheceu. Atravessar aqele sol+concreto é praticamente um suicídio lento. Segundo Daniel, ele também nunca conheceu um cadeirante, porque a passarela é impossível pra eles. Sério mesmo. Nem com uma boa alma segurando, só se o fulando largar a cadeira e deixar o cara se estraçalhar no final.

Lindo,porém,inóspito.Se for pra escolher uma obra dele, prefiro aquele museu de Niterói. Ao menos fica perto da água.

E eu tentanto levar um papinho cabeça com meu filho,arrisquei essa:

- mas o cara tem um estilo marcante,né? dá pra identificar...igual aquele espanhol que eu gosto..

Antes de eu continuar e dizer "o Gaudí", o sacana ri da minha cara:

- ah,claro que sei...o Antonio Bandeiras?

Bom, ele também. Mas o assunto era sério, caracoles.

Mas vamos aos micos: na saída do banheiro da lanchonete havia um pequeno desnível, eu dei uma tropeçadinha, juro, foi apenas uma tropeçadinha....então, por reflexo, apoiei as mãos na parede. Riam, crianças: não era parede, era uma divisória que se estabacou com chão, com todo,todo o barulho possível.

Daniel disse que eu saí com a maior cara de bunda, olhando pra um lado, pro outro, com cara de quem pensa "será que alguém ouviu?"

ô coisa.





***** texto publicado originalmente em janeiro de 2008.

19 setembro 2010

A Bienal que não houve ou O dia salvo por Kracjberg













Vamos começar aqui já deixando tudo bem claro: não sou historiadora da arte e me compreendo como alguém com um olhar no máximo curioso diante da arte, nunca com um olhar de conhecedor.
Mas como acredito que Marilena Chauí foi certeira ao questionar a fala do "discurso competente", me advogo o direito de dar meus pitacos, apenas enquanto indivíduo.
Porque, em útlima instância, se a arte só puder ser apreciada/criticada/discutida por conhecedores....ela perdeu parte da sua essência transformadora.
Dito isso, vamos às críticas.
Que porcaria de Bienal foi essa? Algúem me explica? E se alguém vier com o papo de discutir o vazio, juro que surto.
De todas as que fui - e sempre vou, porque adoro me emabananar em obras que não entendo e nem finjo que o faço, adoro ficar confusa, impressionada, divertida, assustada, diante das exposições - de todas as que fui essa, com certeza, foi a mais frustrante. Porque todas me provocaram algo e essa...bom, essa me provocou tédio.
Em mim e na meio dúzia de gatos pingados que rodavam em torno daquela exposição que parecia feira de ciências de colégio tosco.
A Bravo! comentou algumas obras, inclusive o escorregador ( parece que o artista estava dentro de um cinema, um técnico saiu irritado e o público começou a gritar "volta,Valério!", e em minutos todos gritavam a mesma coisa, o que leva a pensar sobre o comportamento de manada, essas paradinhas.Bacana, gostei.)
Mas sei lá...200 mil pro "Valério"? Isso dentro de um contexto que dizia que a Bienal estava com a grana reduzida?
Nem me alongo, porque vou me repetir, então, resumo da ópera:
Vazia, chata pra caramba, inodora, insípida.
E acho , realmente, que deixar um andar inteiro vazio é uma grande sacanagem, tanto com os artistas, quanto com o público: aí vira uma questão pragmática e política, é simplesmente retirar das pessoas o direito de interagir com produções artísticas.
Isso porque ainda li por ai que a Bienal não teria mais tanta importância, porque outras mostras assim acontecem na Europa e suprem esse papel
Eu li isso e me senti em Marte. Não preciso bem comentar, preciso?
É uma observação de um elitismo tão perverso que eu fiquei pasma ao ler.
Mas para salvar o dia havia uma exposição muito bacana na Oca, comemorando os 60 anos do MAM. Essa exposição está fantástica, com ênfase para o setor do Kracjberg, cuja obra eu já era fã...e diante do contraste da chatice anterior, só me deixou mais impressionada. A foto aqui do post é uma pequena amostra do trabalho dele, um polonês radicado no Brasil, totalmente envolvido com a questão ecológica.
A exposição toda está muito bacana, vale a pena ir.
O MAM também está interessante, com uma parte repleta de obras que são instrumentos musicais nonsense dos quais uma música igualmente doida pode ser tirada.
Foi um dia bacana, apesar do tédio da Bienal.
No dia seguinte, fomos na Cultura da Paulista, porque que havia lido duas resenhas muito interessantes sobre o Filho Eterno, uma do Alex Castro e outra do Antonio Marcos Pereira, e eu que nunca dei a menor pelota pra crítica, me acostumei a ver na Copa de Literatura um ótimo lugar para ter referências de livros bacanas.
E cá entre nós, um livro que fez o Alex Castro chorar em público? Ah, quase me rasguei de curiosidade, tinha que ler aquilo.
E O Filho Eterno, que li no mesmo dia e reli no dia seguinte, é uma mostra disso. Vou resenhar pra vocês, meus queridinhos, claro que vou. Mas dou a dica: comprem e leiam, porque é realmente um grande livro.
Mas a Sherazade aqui só conta no outro post.;0)


****publicado originalmente em 2008.

03 julho 2010

"Hasta la vista, baby!"






O próximo post será de Recife. O Eckhout é pra entrar no clima da terra.
Notícias em breve! beijos.

21 outubro 2009

Fortaleza II - Praia do Futuro




Gente, é a ilha de Caras...rs
Sério. A praia além de bonita pra caramba, é base pra algumas "barracas" que são resorts....formam um conglomerado de restaurantes transados, bares, piscinas, redes, tudo com um paisagismo de ilha da fantasia. Lindo, lindo, lindo.
Ao lado, ali mesmo, atravessando a rua, não encontramos prédios, mas favelas. Lixo pela rua, casebres e bastante violência, lugar perigoso mesmo.
Uma terra de contrastes.


ps. fotos retiradas da net.

19 outubro 2009

Fortaleza I - Dragão do mar





Das coisas que vi em Fortaleza, umas das que mais gostei, sem dúvida, foi o Centro Cultural Dragão do mar. Eu tinha pesquisado um pouco na net e já fui com o intuito de encontrá-lo, mas não achei que fosse tão bacana.
A entrada não promete e o a arquitetura é de gosto duvidoso, mas o lugar é um paraíso. Voltei várias vezes e quero falar das coisas que vi com mais tempo, pois eram exposições que merecem um post cada uma. Mas por hora, fica a descrição gral: o lugar conta com teatro, anfiteatro, auditório, salas de exposições variadas, lugar para oficinas, muiiito espaço, livraria, café, planetário, Museu de Arte Contemporânea e, atravessando uma passarela, casarões LIIIIINDOS restaurados que funcionam como bares e fervem à noite.
Ao lado, a enorme biblioteca pública e um Sesc bem bacana, onde vi uma exposição de arte naif maravilhosa.
Eu surtei naquele lugar, quem for pra lá, não deixe de conhecer.
Depois conto mais, beijos.



11 outubro 2009

Fortaleza









Minha gente, tô aqui,em Fortaleza.
Notícias detalhadas depois de quarta feira. Beijos a todos.

24 setembro 2009

Outro post para Anna


Eu gosto de São Paulo, gosto de ir...e gosto de voltar. Não consigo conviver com clássica pressa paulistana. Já comentei aqui, até as escadas rolante são mais rápidas e eu estou meio que fugindo disso.
Mas eu gosto de muita coisa, nessa cidade multifacetada.
Gosto muito da Liberdade, mas andei me decepcionando com o bairro.
Gosto muito de ir pra lá ver exposições. As mais interessantes foram Brasil-500 anos e os Guerreiros de Xiang. Gosto muito de pirar e não entender necas na Bienal de Arte, mas confesso que a última...hum...aquela do vazio, achei chata.
Acho que uma dica sempre bem vinda é onde comer um bom sanduíche, bom, se for de madrugada, no Bar do Estadão.
Pra comer massa e se sentir dentro de um filme sobre máfia, não há dúvida: Roperto.
Um lugar sempre gostoso é a Pinacoteca, sempre gosto das exposições de lá, e fica exatamente em frente ao Museu de Língua Portuguesa, que eu adoro.
A livraria Cultura é um verdadeiro paraíso, em todos os aspectos.
Pra quem gosta de bares descolados, restaurantes legais e graffiti, vila Madalena e o Beco do Batman.
Conversar com pessoas desconhecidas sempre é uma viagem interessante, mas em São Paulo o povo puxa assunto a todo momento e em qualquer lugar, é legal demais.

Além disso, sugiro visitar o MAE, museu de arqueologia e etnologia da usp, pequeno, bem montado, interesante, com várias peças da antiguidade, alguma coisa da pré-história e uma boa ala sobre arte africana.


Museu Paulista ( Museu do Ipiranga), com uma nova proposta museológica, bastante interativo, com muitas peças interessantes e várias ambientações. Espaço incrível e arquitetura fantástica.


Ibirapuera, pra andar, ver gente com todas as rodas possíveis, ir na Oca, ir no MAM, mas nunca, nunca almoçar no péssimo restaurante do parque.


E eu não sei vocês, queridos amigos e leitores, mas eu adoooro bater perna em shopping. E se tiver um cinema bacana, então, socorro. Me jogo.

Não sou lá uma notívaga de confiança, mas acho que a noite de São Paulo dispensa recomendações. Eu não saberia indicar mesmo, minhas dicas são quase todas diurnas.;0)

Queridos amigos e leitores, quem tiver dicas, não se reprima, como já diziam os filósofos Menudos. Conte pra mim.

18 setembro 2009

Post para Anna (1)


A Anna Maron foi a primeira blogueira que conheci, assim, " ao vivo e a cores", quando eu ainda não tinha blog. Eu estava no Rio, pra apresentar um trabalho sobre RPG & Educação na ExpoInterativa e combinamos de sair pra conversar e beber.
Ela é uma fofa, tão interessante quanto seu blog, que anda abandonado, por conta da Clara, sua filhotinha.
Bom, a Anna se mudou pra São Paulo e eu disse, em seu blog, que daria umas dicas do que gosto por lá.
Eu não moro em São Paulo, somente nasci lá,
sempre morei em outros lugares. Conheço - pouco - de São Paulo como turista, mas uma turista animada com tudo.
Bão, vamos lá.
Eu costumo ficar no Fórmula Um do Paraíso, comecinho da Paulista, barato, prático, bem localizado e bem estruturado. Assim, muito do que faço sempre, é por ali, à pé mesmo.
Gosto de sair andando por lá e já sugiro um almoço em um botequim ao lado do metrô.
É um botequim meeesmo, não é força de expressão, mas eu e Daniel adoramos. Aquela coisa de São Paulo: você como muito bem em qualquer lugar.
O lugar tem uma comida deliciosa, temperadíssima, farta, suculenta e com preço bastante convidativo.
Vale a pena visitar e provar.
Seguindo, há uma lista de lugares que gosto na Paulista:

Centro Cultural Itaú: imperdível pra quem gosta de arte digital - e eu adoro - porque as exposições mais interessantes, mais interativas, estão por lá.
O lugar tem três andares, monitores meia boca ( esqueça deles, não vale a pena perder tempo), boas publicações gratuitas e um Café caro e sem opções.
Veja as exposições, brinque - porque dá pra brincar! - vá comer em outro lugar.

Sesc Paulista: sempre com exposições bacanas, vale a pena entrar e se divertir. Nunca vi apresentações, mas como todo Sesc, tem uma boa programação gratuita.


Casa das Rosas: Uma casa da Belle Epoque - mas com art decó e mistureba total, uma deliciosa salada - que foi construída pelo fantástico Ramos de Azevedo como presente para sua filha, é uma delícia de se ver. Mas para além da riqueza arquitetônica, o lugar é um centro cultural bacana, com exposições e palestras. Pra quem gosta de RPG, o espaço reserva encontros para jogadores.
O jardim é um caso à parte, só andar por ele já vale a visita. O Café também é caro, mas os doces são gostosos. Pra quem gosta de doces italianos, há algumas opções.


A arquitetura da avenida dispensa comentários.


Reserva Cultural : um espaço delicioso, com livraria, cinema, Café e um restaurante charmoso no qual você pode apreciar os transeuntes da avenida como um aquário.
Comida ótima, atendimento ótimo, café cheio de charme ( feito no seu lado, com explicações da barista) mas um pouco frio. Carinho, mas vale a pena.

Masp: preciso comentar? Se alguém coloca seus pezinhos em sp e não vai ao Masp, merece a um peteleco na cabeça. O Museu é incrível, maravilhoso, o acervo próprio é um luxo e as exposições eventuais sempre, sempre maravilhosas.


Depois comento os outros museus e lugares que gosto, por hora, paramos na Paulista.
Quem quiser ler alguns dos posts sobre São Paulo é só procurar em "Cidades", aqui no final do post.
Quem tiver dicas pra Anna, deixe aqui, please.
Beijos.

24 julho 2009

Os monstros, o mico e os monges.







Ontem fui dar uma volta pela Liberdade. Achei o bairro caído, sujo, diferente das últimas vezes que estive por lá. O tal "Cidade Limpa" do Kassab certamente não foi bom para o bairro, que teve de retirar os letreiros em japonês, minando um pouco o clima do lugar. Pena.
Como eu e Daniel somos fãs da culinária japonesa, chegamos secos pra entrar em um restaurante. Rodamos bastante, tropeçamos em alguns que, segundo o Daniel, pareciam a ala B da Yakuza, onde ele imaginou um shushi man gordão, limpando o facão na camiseta suja e cuspindo.
Piadinhas nojentas à parte, passamos por alguns que pareciam caros: havia os caros e os esquisitos. Andando um pouco, achamos um mediano e entramos.
O restaurante era simpático, ninguém falava português e eu me entendi quase com mímicas com a simpática garconete.
Perguntei se o prato era suficiente pra duas pessoas, ela disse um monte de coisas com sons incompreensíveis para mim, no qual identifiquei "arroz". Ok.
Entendi que ela sugeriu siri. Siri com gengibre. Toda feliz da minha vida, pedi.
Chegou uma travessa cheia de yakimech, mas estava realmente sem graça. Daniel, verde de fome, resmungava:
- pô, virado eu como em casa...
Um pouco depois chegaram os siris. A travessa trazia os monstros inteiros, cheios de milhares de pernas, junto com duas pinças ( alicates?) em formato de pata.
Pedi para que ela nos ensinasse, ela pegou a pinça, toda torta e apertou um pedaço de um dos monstros. A carne ficou ali e eu não sabia como tirar. Com a mão, ela disse, ou melhor, mostrou.
Eu tentei, juro, mas as velhinhas da frente me encararam tanto que tive certeza de estar fazendo errado.
A última vez que comi siri, assim, inteiro, foi em um sítio, em uma rede. Parafraseando Rubem Braga ao falar de manga: pra comer direito, tinha que sujar até a lâmpada.
Eu esperava uma super casquinha e me vi em frente de cascas pernudas duras. Ai.
Pagamos, mandamos embrulhar e saímos com cara de nada.
Como eu não havia identificado nada no cardápio, achei que era comida de alguma região específica do Japão...sei lá, o equivalente a buchada de bode aqui, algo assim.
Descobri que o restaurante era chinês e eles estavam há quatro meses no Brasil.
Saí com fome.
Pouco tempo depois, passamos em frente a um templo budista. Monges davam bençãos e tocava uma música super envolvente, com uns mantras, interessante mesmo.
Os monges davam bençãos, refeições, logo uma pequena multidão pacífica se aglomerava ali. Infelizmente, não conseguimos entrar no Templo, pois isso só seria possível mais tarde.
O Museu da Imigração ainda estava fechado. Continuamos caminhando, vendo as lojas com milhões de objetos diferentes e Daniel apontou um porãozinho meio macabro: um lugar para acender velas na igreja das Almas dos Enforcados. Não riam, parecia filme de terror e quase corri.
Depois foi encarar o metrô e ir pra casa do meu irmão.
*****
Agora, me digam uma coisa, como viver em uma cidade cujas escadas rolantes já são mais rápidas do que as outras ( eu juro que são!) e você ainda tem que ficar à direita, porque o povo sobre correndo as mesmas escadas?
Cara, juro, eu me estresso só de olhar.
Mas foi bom. Depois conto mais, inclusive o reencontro com amigas queridas da Unicamp, no nosso "aniversário de vinte anos de amizade".

25 abril 2009

Uma manhã campineira







Nem posso dizer que foi manhã, manhããã mesmo, porque acordei tarde, como sempre faço aos sábados, mas foi uma boa semi-manhã campineira. Porque um dos meus programas prediletos por aqui é ir pra Feira de Artesanato ou Feira Hippie, como a chamamos por aqui, apesar de ter apenas uns três hippies vendendo as mesmas bijoux vendidas em Woodstock.
Lá muito gostoso. Fica em um lugar privilegiado, chamado de Centro de Convivência, onde há uma praça em torno de um teatro interno e um de arena, árvores magníficas e ainda é pertinho do City Bar - uma espécie de Bar Luiz daqui - onde aos sábados uma turba bastante eclética se reune. Se você estiver por aqui, não deixe de comer um bolinho de bacalhau com uma cerveja bem gelada, eu recomendo.
Na feira sempre pintam atividades além das barracas, capoeira, gente dançando, gente cantando. Eu gosto.
Foi bom comer acarajé, bolo de chocolate, comprar um monte de coisas pra minha casa, ver cachorro com roupinha e viseira, conversar, essas coisas. E estava um tempo tão gostoso, o lugar é tão bonito que fiquei com o astral lá no teto. Bom demais.
Estou precisando é comprar uma máquina pra colocar fotos aqui pra vocês...vou providenciar isso.
Antes que eu me esqueça: quem for para lá não perca a barraquinha de brinquedos tradicionais, está ótima. Comprei vários pra mostrar na oficina que dou sobre cultura popular, vou sortear entre os alunos no final, vai ser bacana.





07 fevereiro 2009

Cidade de Pedro


Nos anos que morei em Caxias, ir para Petrópolis era um programa que a gente costumava fazer de final de semana. Como a cidade ficava muito próxima, era só meu pai perguntar se a gente queria "sentir um friozinho" e pronto: todo mundo pulava da cama e se arrumava, animadamente, prontinho pra "patinar" no Museu.
Porque era sagrado ir ao Museu Imperial, delicioso, que tinha um atrativo à mais, para a molecada: para a proteção do chão, a gente calçava um chinelão de feltro, que dava pra escorregar por alguns corredores. Uma delícia.
Mês passado, fui pra lá com Daniel e uma turma escolhdia a dedo, minhas primas Cris e Bia, e o namorado de Cris, Felipe.
A conversa com eles é sempre agradável, divertida.
Então a idéia era ir ao Museu, que está impecável, como sempre -sugiro que quem vá, assista ao show que eles tem à noite, dessa vez não fiquei, mas já assisti e é ótimo - e passear por lá, Quitandinha, Palácio de Cristal, blábláblá. Curtir a cidade e a arquitetura peculiar, incluenciada por alemães e outros europeus lá de cima.
A gente optou por almoçar em um restaurante português perto do Museu, chamado Transmontano ou algo assim, que era interessante: charmoso, com um bolinho de bãcãlháu de matar um de felicidade, um peixe saboroso e um atendimento diretamente com o dono, um portugués super simpático. Ah, e fado choramingando.
Minha dica pra quem estiver explorando o Museu: minha peça favorita é um colar fantástico que pertenceu a Marquesa de Santos, com um camafeu com a gravura de D.Pedro. Vai ser cara de pau assim lá longe, heim?

13 janeiro 2009

Ainda desplugada


Volto pra Campinas no sábado, aí quero sentar, escrever sobre a viagem e ler todo mundo, porque estou off line todos esses dias e aposto que estou bem desatualizada em relação aos textos dos blogs que tanto leio e gosto.
Estou desde quinta aqui na Barra, fui pra Petrópolis e algumas histórias estão aqui na minha cabeça, mas só vou conseguir amadurecer alguma crônica quando estiver em casa.
Claro que já andei novamente pelo apaixonante centro do Rio, mas contar isso requer tempo e calma. E eu vou contar.
O fato, queridos, é que o Rio de Janeiro continua lindo.
Um grande beijo.

05 janeiro 2009

2009


Pois é, meus queridos, aqui estamos, em pleno 2009. Minha lista de coisas a fazer desse ano tem 30 ítens, bem pensados e bem desejados. No final desse ano, conto o resultado.
Cheguei aqui no sábado, dia 28, no último sábado de 2008, tentado me livrar desse ano e antecipar o outro.
O reveillon foi em Cabo Frio, meus tios, sempre muito unidos, tem casas de praia no mesmo condomínio. Então, forma-se uma insólita vizinhança de muitos tios, primos, barulho e risadas. Muito bom.
De certa forma, ir pra lá exige um exercício mental meu, que nem sempre consigo fazer: porque ser lúpica, não poder tomar sol, onde toda a diversão gira em torno da praia/piscina, é algo - no mínimo - complicado.Pra piorar as coisas, deixei minha carta de motorista vencer. Resultado? Fiquei de carona, o que é sempre, sempre, uma questão muito delicada. Mas não vou comentar isso agora, deixa pra depois.
Mas foi iso: vi 2009 raiar em um lugar bonito, concentrada na possibilidade de muitas melhoras...Isso é bom.
Fui pra Búzios e de novo fiquei doida com aquele lugar maravilhoso, descolado e cheio de estilo. Claro que falo da rua das Pedras, porque a parte dos moradores é uma droga. Mas como fiquei lá, na parte paradisíaca dos turistas, vi a parte show, e a parte show ..é absolutamente demais mesmo. A decoração dos bares, restaurantes, lojas, é de um bom gosto fantástico, parecia uma exposição de design de interiores.
Enfim!
Vim para Niterói, mas para não me alongar....conto depois.

02 dezembro 2008

Queridos Amigos


Eu entrei na Unicamp em 1989, me formei em 1992. Desde então, muita água passou debaixo da ponte e alguns amigos eu perdi de vista. Alguns sairam do país, outros foram pra outros estados, outros deixei de ser amiga, outros perdi de vista. Mas tenho na minha vida alguns deliciosamente escolhidos, que entra ano, sai ano, continuam fazendo parte do meu cotidiano.
Alguns eu vejo mais, alguns mantenho contato por email e marco encontros eventuais, mas estão presentes na minha vida.
Outro dia, eu estava pensando em uma amiga que não via há pelo menos oito anos. Edilene, de uma turma anterior a minha, que morava na mesma república que Mara, uma das pessoas mais engraçadas que já conheci. Mara e eu nos falamos por email, sempre marcamos um almoço em um japonês aqui de Campinas e continuamos colocando a fofoca e as risadas em dia.
A Edilene foi pra Itália, foi pra Fortaleza e eu a perdi de vista. Mas com uma googada, consegui achar a faculdade onde ela dá aulas e escrevi para ela.
Depois de todos esses anos - que descobrimos ser dez...- a amizade continua a mesma, o que me deixou muito feliz.
Rindo, lembramos que conheci meu ex marido, pai do Daniel, em um aniversário dela à fantasia, onde eu estava de dark, ela de cigana, Mara de freira..isso foi um passo para olharmos as fotografias e descobrirmos aqueles jovens fantasiados e felizes.
Como ela está morando em São Paulo, combinamos um almoço no sábado passado: foi ótimo. Ela convidou um casal extremamente simpático, a conversa fluiu tranquila e foi ótimo saborear aquele banquete à italiana.
Sua mãe estava lá e também pude conhecer seus dois filhos: um garotinho lindo e uma menininha fofa. O marido, um historiador italiano que veio pesquisar aqui, não estava no Brasil, mas vou revê-lo depois, com certeza.
Acho que a vida vai levando os amigos pra longe, ainda que morem na mesma cidade, são as pequenas coisas do cotidiano, a rotina do trabalho, tudo isso vai ocupando toda a nossa vida. E se não olharmos com um pouco mais de cuidado, pessoas importantes simplesmente viram fumaça.
Eu faço questão de manter as pessoas que gosto - e que valem a pena - dentro da minha vida, e a Di vale, como vale.

29 novembro 2008

Multiculturalismo




Algumas pessoas já tinham me falado, mas quem insistiu foi a Frou, dizendo que o Bar do Estadão era um balaio de todos os gatos. Decidida a colocar minha dietinha tão linda de lado, fui com Daniel e dois amigos ali, no meio da madrugada.
O público é o mais eclético possível, jornalistas com cara cult ( às vezes real, às vezes fake...), gente com cara de louco, gays, pessoas com jeitão de artista, namoradas e namorados famintos, grupos barulhentos, tudo e mais um pouco, parecia uma grande tirinha do Angeli ao vivo.
Alguns batendo um rangão feroz às duas da manhã, enquanto outros encaravam um super sanduíche, indecente de tão bom.


28 novembro 2008

Devorando São Paulo


Continuando a sessão " correspondente glamourosa", como pilheriou um amigo, agora falo do restaurante no Bixiga. Claro que a gente teria que ir ali, seria um crime não ir jantar, pelo menos um dia, naquele bairro cheio de lugares charmosos.
Eu queria ir em um restaurante que conheci há algum tempo, quando fui com alguns amigos de uma escola que trabalhei: me lembrava que era nome de homem, Fernando, talvez. E toca a procurar o tal Fernando.
Mas ao passar pelo Roperto, me lembrei: é aqui!
O restaurante é pequeno, um tremendo clima mafioso te faz pensar que a qualquer momento gãngsters entrarão com metralhadoras, saídos de um filme noir.
O couvert é tradicional, mas caprichadíssimo, com tudo da melhor qualidade e um pão italiano de chorar de emoção. O cardápio é variado, bem servido e, naturalmente, muito, muito apetitoso.
Quem me apresentou, há alguns anos, foi um chefe super bom garfo, por isso, não me espantei em ver que a cantina já havia ganhado duas vezes como a melhor de São Paulo. Em lugar como São Paulo, onde se come maravilhosamente bem em qualquer esquina, esse prêmio é uma tremenda chancela de qualidade.
Para os mais afoitos pela modinha, há a clássica parte das fotos com globais, só pra você ficar feliz em usar o mesmo garfo que o Fagundes, essas coisas.
Crianças, adorei. Vocês já sacaram que larguei a dieta, mas foi um motivo justo, eu volto, juro que volto.
Ricardo disse que não dá pra esquecer o nome da cantina , é só lembrar...Roberto com gripe...Roperto!Ok, piadinhas infames, eu sei. Mas vocês perdoam a professora aqui, que acabou de lançar notas, corrigir provas e ainda tem uma bela e suculenta pilha pra corrigir, certo?
Fica a dica da Tia Vivien, quando em São Paulo, Roperto na cabeça.
E vocês acham que meus delírios gastronômicos acabaram por aí? Hummm....quem já foi no tradicional Bar do Estadão?
Como é? Conto tudo...no próximo post.

26 novembro 2008

O Poder do Coletivo


Queridos amigos e leitores, pausa no nosso papo: fiquei aterrorizada com o que aconteceu em Santa Catarina, a situação das famílias é desesperadora, nem tenho palavras pra isso.
Vários lugares aqui em Campinas estão se organizando para arrecadar alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores, objetos em geral, que possam facilitar um pouco esse momento, que possam ajudar a essas famílias a reconstruirem suas vidas.
Eu e alguns professores estamos fazendo o mesmo.
Lembrando que já passam de 50 MIL desabrigados e mais de 60 mortos.
Gostaria de pedir que, quem quiser e puder, faça o mesmo: se organize no seu local de trabalho, sua escola, seu bairro, sua igreja.
Eu sempre acreditei no poder do Coletivo, espero que vocês também.
Um grande beijo pra todos.

21 novembro 2008

Me apaixonando por São Paulo - I





Estou aqui na cidade da garoa. Cheguei ontem, e fui com Daniel, meu irmão ( que me hospedou) e alguns amigos dele comer pizza. Eu também sei que você está pensando que estou sendo óbvia, porque pizza em São Paulo é deliciosamente óbvio. Porque ela é sempre boa, sempre gostosa e eu sempre vou comer. Depois disso, meu irmão Ricardo, que é arquiteto e lindo - como quase todos os arquitetos - me levou pra um lugar cheio de frescuras, o Octávio. Lindo, lindo, maravilhosamente lindo. Uma decoracão que prima por um design arrojado e fresco, muito fresco. E aquela coisa de café que se toma aos gemidinhos. O problema é que eu adoro lugar fresco, mas detesto quem frequenta. São as idiossincrasias nossas de todo o dia, me perdoem.
Daniel e eu decidimos ir flanar hoje, falei um pouco pra ele sobre Benjamin e essa questão de descobrir a cidade com o primeiro olhar, de se perder na cidade. Ficamos assim, flanando aqui pela Bela Vista, linda, nostálgica, andando pela Ipiranga, claro, claro até a São João, e simplesmente reparando em tudo, nos prédios, nas pessoas, tudo. E tudo isso com aquele papo cabeca de professora-e-filho-de-professora.
Decidimos ir novamente no Museu Da língua Portuguesa: agora, substituindo a exposicão sobre Guimarães Rosa, está acontendo uma maravilhosa, sobre o Bruxo do Cosme Velho.
A exposicão anterior era realmente inusitada, instigante, mas só poderia ser assim: idealizada pela Bia Lessa, o que mais seria? Eu conheci a Bia Lessa em uma peca que ela trouxe pra Campinas, e quando ela iria dar um curso de teatro e não deu. Mas conto isso depois. Vamos voltar ao Museu.
Gente, é um verdadeiro presente pra qualquer um que goste de Machado de Assis: uma exposicão rica, criativa, dinâmica. Sö senti falta de ler algo do Sidney Chalhoub, que fez um trabalho fantástico sobre Machado e não aparece entre os outros intelectuais que discutiram a obra deste autor. Senti essa lacuna.
Aconselho a todos que forem nesse Museu, que não percam, de forma nenhuma, o vïdeo apresentado. Depois de rápidos dez minutos de um vídeo absolutamente bem encadeado, a parede se move e somos convidados a passar para um outro espaco, onde praticamente entramos em uma instalacão artística, porque o restante da apresentacão é feita ali, de maneira muito sensorial....o público ouve leituras de trechos de poesias, escuta trechos de músicas, enquanto imagens e palavras são projetadas em várias direcões. Gente, é sério, foi uma sacada. Você vê o público deslumbrado. Porque o público é tragado por essa trip multidimiática e é tudo irresistível.
O restante do Museu é altamente dinâmico e interativo, com espaco para a história da língua, vídeos enormes em lugares inusitados e a lúdica atividade do "Beco das palavras", onde todo mundo brinca coletivamente, juntando palavras que sáo projetadas sobre uma espécie de mesa e, quando unidas, são explicadas com clareza e , muitas vezes, com bom humor.
O Museu da Lingua Portuguesa funciona na Estacão da Luz, cujo projeto foi executado com material inglês, do cimento aos tijolos vermelhos. O resultado é deslumbrante.
Criancas, eu recomendo.
Depois de horas ali dentro, me divertindo muito, fui com Daniel até a Pinacoteca, que fica em frente.
Mas isso é assunto do próximo post.
Essa cidade é uma delícia.




26 junho 2008

Viajantes no Brasil








Eu estava pensando na tal maldição Langsdorff outro dia. Eustáquio me garantiu que ela acabou, está encerrrada.
Gosto de ler os viajantes do século XVIII, Gosto de ver as pinturas descritivas, cheia de detalhes do cotidiano ( como em Debret) ou da flora ( como em Rugendas), qualquer um que leia meu blog sabe o quanto eu gosto da força das imagens e esses dois, ora bolas, já foram tema de mil teses e vão continuar sendo.
Ler viajantes tem aquele apelo irresistível de perceber o novo pelos olhos de outros, de perceber a dificuldade da compreensão da alteridade. E tem seus momentos de humor, ora pipocas,como Spix e Martius acreditando que caranguejo era uma espécie de de inseto ( um piolho gigante? que nojo) e coisas do gênero.
No caso de Langsdorff, minha preferência é clara: além dele ser de uma inteligência ímpar e uma história que beira ao realismo fantástico ( enlouquecer, à pé, no meio do Brasil é um exemplo disso), tive o provilégio de trabalhar com microfilmes de papéis escritos de próprio punho por esse alemão genial.
O fato de ler um material desses, ver a letra do fulano, perceber peculiaridades dessa aventura, me faz pensar que a realidade é - muitas vezes - tão ou mais incrível do que a fantasia.

04 junho 2008

Vivinha em São Paulo III ou O ônibus


Quem me conhece, sabe que eu faço promessas internas.Por exemplo, quando tinha onze anos jurei que nunca namoraria um homem que lavasse carro no domingo, assistisse futebol e tivesse barriga de cerveja.
Bem que eu preciso de uma dietinha, mas os homens que passaram por minha vida não precisam. Nem lavam carro. Muito menos assistem futebol com barrigão de fora.
Uma das juras é que eu evitaria até o último segundo a possibilidade de tomar ônibus. Mas nesse caso, diferentemente do hipotético barrigudo, eu estava cansada de conhecer.Tomei muito ônibus: vazio, cheio, limpo, sujo, hora vazia, hora do rush.Chega, sem essa de ônibus.
Mas aqui eu andei, quando fui pra casa da Lu Farias, onde conheci aquela família linda e atenciosa, onde passei uma tarde muito bacana, papeando, tomando café e vendo que existem outros fãs de Babylon 5 no mundo.Essa possibilidade de conhecer melhor os amigos blogueiros é algo que me deixa feliz.
No ponto de ônibus,rumando para a casa da Lu, uma menina pequena me olhava:
- Que cor "é" seus olhos?
- castanhos - respondi.
- tira o óculos "preu" ver?
Não é o máximo como criança simplesmente consegue se comunicar com todos?
Por mais que eu deteste tomar ôninus - e eu já disse que detesto - é bacana perceber como dá pra se conhecer mais das pessoas, pra trocar coisas, pra ver outras vidas que não a minha apenas.
Minutos depois sentou uma velha. Constrangida, me pediu um real. Dei três, ela riu sua risada sem dentes, disse que ia dar "até pra comprar leite".
Eu já estava com vontade de chorar ali, velhos me comovem, velhos solitários me cortam o coração.
Essa velhinha mora sozinha, as filhas moram no interior do Paraná, disse que morava em São Paulo há anos, ainda ficava aqui porque era mais fácil para se tratar, para pegar remédios no posto de saúde, essas coisas.
Tirou os remédios da sacola, me explicou pra que serviam, na ânsia de papear com alguém.Um toque escatológico aliviou tudo, ela dizia:
- esse aqui é pra eu urinar bem, por causa do rim, sabe? ah, mas eu urino...urino que é uma beleza.
Eu ri da história de xixi da velhinha e continuamos conversando. Ela contando, eu escutando e pensando em um clichê que me pareceu doloroso: em uma cidade tão imensa, quantas pessoas seriam solitárias como aquela velha que andava sozinha, morava sozinha e conversava com uma estranha, após pedir um real.
A solidão dela me cravou nos ossos, doeu, assustou.
Ao entrar na casa da Lu, momentos depois, recebi uma golfada de felicidade: uma família amorosa, alegre, unida. Fiquei pensando na nossa sorte e fiquei pensando na velhinha.


**** texto publicado originalmente em julho de 2007.