Mostrando postagens com marcador unicamp. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador unicamp. Mostrar todas as postagens

15 outubro 2011

Eu e o Professor


No meu primeiro ano na Unicamp, nada foi como eu esperava. História não era o que eu achava...me sentia um ET quase todo o tempo, pois minha trajetória era tão diferente dos outros que não conseguia me sentir fazendo parte do grupo.
Eu vinha de escola pública, eu sempre tinha trabalhado e me via fazendo parte de um grupo que nunca tinha pago uma conta na vida, adolescentes no total sentido da palavra.
Uma hora ou outra eu cruzada alguém que também se sentia um et e a gente estranhava tudo naqueles rosados garotos burgueses.
Não que eu nao gostasse deles, até gostava, só não me identificava com praticamente ninguém. Aos poucos me ambientei e formei um grupo se seria coeso até o fim da graduação e se despedaçaria em trinta mil pedaços após a formatura, sobrando apenas aqueles que realmente tinham elaborado um laço de amizade muito profundo. Pra minha alegria, são meus amigos até hoje.
Estive a ponto de desistir, tinha passado em jornalismo também, mudaria de curso e pronto.
Mas foi ai que li o livro do Professor.
Foi o seu primeiro livro, considerado por ele até um tanto quanto ingênuo. Talvez ele tenha razão, se compararmos com os três posteriores( que, claro, li também)
Mas o livro era ótimo, inegavelmente.
O tal primeiro livro teve um impacto inesquecível nos meus vinte anos.






Me lembro de pensar que,se aquilo era fazer História, então aquilo eu queria aprender a fazer. Eu gostei de tudo: do objeto de pesquisa, da análise absolutamente peculiar das fontes, da maleabilidade única para lidar com a palavra.
Inegavelmente um grande historiador e um grande escritor.
Consegui uma bolsa trabalho, logo deveria prestar algum serviço pra unicamp. Tinha parado de trabalhar e não podia me dar ao luxo de viver de dinheiro de pai, nem combinava comigo.
Procurei Professor para auxilia-lo em sua pesquisa.Para surpresa de todos, ele aceitou. Era famosa sua recusa em aceitar bolsistas, pois efetivamente gostava da pesquisa e creio que não se via com um assistente pra fazê-la.
Talvez tenha aceitado ao ver meu jeito de deslumbrada que só as meninas de vinte anos podem fazer.( Claro, aos trinta isso se torna ridículo....rs)
Mas ao contar isso, me lembro de como fui toda sorridente pedir para ser sua bolsista, falei com ele em um lugar que nem existe mais, tomado pelas mudanças que houve no IFCH.
Ele me aceitou, mas não posso dizer que eu o tenha auxiliado.
Ele me orientou na minha primeira garimpada no Arquivo Edgard Leuenroth, comentou comigo minhas descobertas, riu de mim muitas vezes, corrigiu umas tantas, ensinou umas outras.As reuniões em que eu mostrava minhas primeiras descobertas, em que eu comentava as fontes que tinha trabalhado, foram, pra mim, inesquecíveis.
Eu me sentava na ponta da cadeira, falando demais pra esconder o embaraço, enquanto ele observava sorrindo e falando pontualmente.
Descobri todo um universo de jornais, revistas, boletins, micro filmes, História que ia se fazendo na minha vista.
Não desisti da História.
Fiz todos os cursos que pude com Professor, e voltei a fazê-lo 15 anos depois, como ouvinte, só pra matar a saudades.
Pra minha - grata - surpresa, ele se lembrava de mim. Mais contida do que aos vinte anos, ainda sorri internamente quando em uma aula ele disse." eu estava pensando no que a Vivien falou na outra aula"
Ele estava pensando no que eu tinha falado. Pensei "yesssssssssss...!!!"e tive vontade de dançar como o caranguejo da propaganda de cerveja,mas nao movi um músculo, claro. Não ter vinte anos tem suas obrigações....
No final da aula, uma menina bonitinha sorriu pra mim: "ele é o máximo, nao é?"
Sorri de volta. É ..ele é o máximo



****texto publicado originalmente em 2006.

09 agosto 2010

AtaqueDeBobeira.com.br

















É isso que dá ter amigas desde a adolescência, as criaturas crescem, amadurecem, mas não adianta. Quando juntas, agem como se fossem as mesmas malucas que eram quando calouras na Unicamp, em 1989.
Ai na foto: Pat fazendo careta e puxando Frou para um lado, eu puxando pra outro e Frou rindo.
Vixe maria, tem jeito não...três retardadas, digo isso pra vcs.
Sorte minha, ter amigas há tantos anos e ainda fazer micagem. E fotografar. E colocar no blog.
Ou seja, é muita disposição pra pagar mico, né?
Isso é saúde mental, crianças, juro!

06 março 2010

Minha veterana


Quando entrei na Unicamp, minha vida mudou totalmente. Era um mundo novo, com debates, leituras e situações completamente diferentes pra mim.
Logo nos primeiros cinco segundos, fiquei amiga de Mara, que se tornou minha eterna veterana, como a chamo até hoje.
É realmente curioso como algumas amizades surgem rápida e espontaneamente e como isso cria um elo forte e duradouro.
Lá naquela época vivemos coisas incríveis...aulas, festas, papos intermináveis, tudo o que rola na vida acadêmica. Depois de formadas, a gente se perdeu um pouco de vista, foram alguns anos sem se ver ou conversar.
Em um mundo pré internet, isso acontecia.
Mas depois de um tempo, graças a um amigo em comum, a gente se reencontrou e continou a papear e rir como se nenhum minuto tivesse se passado.
Periodicamente, a gente se encontra em um restaurante japa gostoso aqui de Campinas: o papo não pára, é sempre uma delícia.
Foi isso o que aconteceu ontem e foi bom pra caramba. Além do mesmo curso ( História na Unicamp) agora rola outra coisa em comum: trabalhar na mesma rede de escolas, o que propicia uma boa troca de figurinhas.
A vida corre que é uma coisa, ontem eu tinha vinte, hoje tenho quarenta...e um.
(As duas garotas da graduação casaram, tiveram filhos, se formaram, trabalham, etc e tal. Mas quando se encontram, tem vinte anos de novo.)
Milton estava certo, amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção.;0)


21 janeiro 2010

Langsdorff, o fantasma







Se não levo um livro, só posso mesmo partir para as revistas da sala de espera, quando vou ao médico. Li uma, folheei outra,quando achei uma Metrópole - uma revista dominical que vem anexada ao Correio Popular - fui imediatamente ler o texto de Eustáquio Gomes, que é, tradicionalmente, a primeira coisa que leio nessa revista.
O texto, ótimo como sempre, tinha o seguinte título :"A Maldição de Langsdorff".
Eustáquio falava sobre uma pesquisa organizada pela Unicamp sobre a Expedição Langsdorff, organizada por esse genial cientista alemão que veio para o Brasil no século XIX, representando a Rússia em uma ambiciosa viagem de pesquisa.
Pois é, junto com ele vieram Taunay, Rugendas, Hercule Florence, entre outros.
A viagem foi incrível, cortando o Brasil, passando por minha região, estudando plantas, animais, pessoas, hábitos. Anotando, desenhando, estudando cada detalhe. O lance é que houve afogamentos, mortes, loucura. Além de um outro integrante que enlouqueceu durante a viagem, Lansdorff - cientista, poliglota, intelectual - perdeu a razão com cinquenta e poucos anos, no meio do Brasil, no meio da pesquisa. Nunca mais recuperaria a sanidade.
Eustáquio comenta que o primeiro organizador da pesquisa, posteriormente comandada por Danúsio no Centro de Memória, faleceu.
Por que estou contando isso para vocês?
Rapaz, porque eu também participei da pesquisa. Eu trabalhava com microfilmes de manuscritos dele, em português ( ele havia feito anotações me português, alemão, russo e francês). Fui auxiliar de pesquisa do prof.Plínio, que faleceu ainda durante o projeto. Apavorada como sou, lia a brincadeira de Eustáquio e já pensava "pronto, ferrou tudo, Langsdorff miserável.."
Mas tudo vai dar certo, pé de pato mangalô, certo?
Pô, Lansdorff, não me assombre....

****post publicado originalmente em maio de 2008.

28 julho 2009

"Mudaram as estações, tudo mudou.."







Semana passada houve um encontro muito importante pra mim. Fui na casa da Di, uma querida amiga da Unicamp que eu não via há anos e reencontrei ano passado, acompanhada de Mara, outra amiga querida, com a qual eu já havia recuperado contato há tempos. Só faltou a Frou, que machucou o pé e ficou em Campinas.
Esse ano faz 20 anos que a gente se conhece. Mara e Di são de 88 e eu e Frou de 89. Mara me "adotou" quando eu era uma caloura deslumbrada e continua sendo minha eterna veterana.
As meninas moravam na mesma república, onde havia festas divertidas, onde conheci o pai do Daniel.
Sim, eu vou falar as meninas, claro, porque quando a gente se reúne, parece que nenhum desses vinte longos anos se passou.
A intimidade é a mesma, o humor implacável da Mara exatamente o mesmo, a delicadeza da Di imutável. Isso é absolutamente único.
Fiz bons amigos em alguns lugares que trabalhei. Mas olho pra trás, para os dois últimos lugares, que fiquei anos e só consegui fazer - no máximo - colegas de trabalho cuja amizade finaliza assim que as aulas acabam.
No almoço em São Paulo, houve espaço pra sessão remember - claro - mas houve espaço pra nossa vida atual, nossos alunos, nossos filhos.
Fiquei pensando que privilégio é poder ter amigas assim, cujas décadas podem ser praticamente minutos.
Acho que a gente perde pessoas, por conta do cotidiano, até do descuido. Eu me esforço pra manter amigos assim por perto, porque no fim das contas, é isso o que importa.

23 maio 2009

Dia de rever gente





Eu sai mais cedo de um curso que faço aos sábados pra ir direto pra livraria Cultura, porque minha querida amiga Andréia T. Couto estava lançando um livro : O Lutador, um romance que vou resenhar aqui, aguardem.
Andréia é uma pessoa ímpar: fez Letras, Mestrado em Comunicação, Doutorado em Desenvolvimento Sustentável (na Engenharia Agricola, uia), morou na Alemanha, na França e há alguns anos encanou que iria escrever algo sobre Ruanda.
Beleza, pesquisou, fez contatos, mala, juntou uma grana e se aboletou em um avião rumo a África Central. Voltou no ano seguinte e preparou um livro reportagem, porque, mesmo com esse currículo bacana, decidiu fazer outra graduação, agora em Jornalismo. E fez.
Conheci Andréia Couto em 1993, quando éramos professoras na mesma faculdade. Hoje lembramos de umas histórias pitorescas de lá, qualquer hora eu conto.
O que eu adoro nela é esse jeito de se jogar no mundo, essa independência, essa vivacidade que quem a conhece sabe como é.
Hoje, além da alegria de conversar com ela e com seu marido Henrique - segundo ela, "uma delícia, um homem que não se acha mais nem com lanterna acesa" - ainda revi um monte de gente da Unicamp, pessoas que não via há séculos.
Fomos conversar em um bar : um bar anônimo, escondido, coisas de intelecutal, sacumé. Bar Bambu, anote aí.
Eu, como sou uma pobretona, gosto de lugares mais bonitos, porque pobre gosta de luxo, como ensinava o mestre Joãozinho Trinta, mas gostei desse: porções deliciosas, sandubas indescritíveis e cervejas de todas as partes. Como só tomo refri, a cerveja foi um toque bacana só pra ver mesmo.
Conto melhor depois, inclusive as explicações sobre as escolhas profissionais de cada um : Dudu, por exemplo, foi fazer Filosofia pra fazer a Revolução.
Somos filhos de outros tempos.
Vale dizer, por hora, que gostei muito. E agora, eu vou me enfiar debaixo do edredon com o romance da Andréia, e conto tudo para vocês.
Té mais.

14 maio 2009

As meninas









O ano era 1989, o lugar era a Unicamp e as três calouras tinham entre 18 e vinte anos. Estavam sentadas em uma escada, no IFCH, próximas da secretaria. Falavam banalidades e riam, riam da mesma forma como fariam durante os próximos quatro anos,achando tudo engraçado, achando todos muito engraçados, e principalmente, achando a si mesmas muito engraçadas.
Uma delas interpelou as amigas:
- Olha ali, não é o pessoal que estava apresentando o Brasil- século XXI?
- Acho que sim, são eles mesmos...eles falaram hoje. Eu não assisti, fui só ontem.
- Aquele ali não é o Fernando Henrique Cardoso?

***** pausa: atentem para a data, ele era o então professor da USP e senador, foi antes de seus mandatos como presidente *****

- Ele mesmo, pô, bonitão, heim?
- Credo, fulana...que velho.
- ah, mas dá um caldo...
( risadas, comentários impublicáveis)
- Ele foi professor da USP ainda jovem, sabiam?
- É mesmo, professor da USP, ai, fiquei nervosa...
( mais risadas)
- Olha só, vou passar ali e dar uma bundada nele.
- ????
- Só uma bundadinha, ué.
- Que isso, fulana, tá maluca?
- Eu vou andando e ai, sem querer, eu esbarro nele. Mole, mole.
- Como assim, sem querer??
- Bom, pelo menos um dia, quando eu for mais velha, vou poder contar que dei uma esbarrada nele. Nossa, olha que chiquérrimo....
( risadas)
A menina foi andando, completamente rebolosa, chegando perto do então professor, deu uma bundada no fulano. Totalmente sem querer.
Ele virou, ficou olhando, divertido.
Ela foi embora, as outras riam ainda. E rindo foram pra aula.

*****publicado originalmente em 13/11/07

02 dezembro 2008

Queridos Amigos


Eu entrei na Unicamp em 1989, me formei em 1992. Desde então, muita água passou debaixo da ponte e alguns amigos eu perdi de vista. Alguns sairam do país, outros foram pra outros estados, outros deixei de ser amiga, outros perdi de vista. Mas tenho na minha vida alguns deliciosamente escolhidos, que entra ano, sai ano, continuam fazendo parte do meu cotidiano.
Alguns eu vejo mais, alguns mantenho contato por email e marco encontros eventuais, mas estão presentes na minha vida.
Outro dia, eu estava pensando em uma amiga que não via há pelo menos oito anos. Edilene, de uma turma anterior a minha, que morava na mesma república que Mara, uma das pessoas mais engraçadas que já conheci. Mara e eu nos falamos por email, sempre marcamos um almoço em um japonês aqui de Campinas e continuamos colocando a fofoca e as risadas em dia.
A Edilene foi pra Itália, foi pra Fortaleza e eu a perdi de vista. Mas com uma googada, consegui achar a faculdade onde ela dá aulas e escrevi para ela.
Depois de todos esses anos - que descobrimos ser dez...- a amizade continua a mesma, o que me deixou muito feliz.
Rindo, lembramos que conheci meu ex marido, pai do Daniel, em um aniversário dela à fantasia, onde eu estava de dark, ela de cigana, Mara de freira..isso foi um passo para olharmos as fotografias e descobrirmos aqueles jovens fantasiados e felizes.
Como ela está morando em São Paulo, combinamos um almoço no sábado passado: foi ótimo. Ela convidou um casal extremamente simpático, a conversa fluiu tranquila e foi ótimo saborear aquele banquete à italiana.
Sua mãe estava lá e também pude conhecer seus dois filhos: um garotinho lindo e uma menininha fofa. O marido, um historiador italiano que veio pesquisar aqui, não estava no Brasil, mas vou revê-lo depois, com certeza.
Acho que a vida vai levando os amigos pra longe, ainda que morem na mesma cidade, são as pequenas coisas do cotidiano, a rotina do trabalho, tudo isso vai ocupando toda a nossa vida. E se não olharmos com um pouco mais de cuidado, pessoas importantes simplesmente viram fumaça.
Eu faço questão de manter as pessoas que gosto - e que valem a pena - dentro da minha vida, e a Di vale, como vale.

06 julho 2008

A Plebe Rude






Não é difícil dizer porque me fascinei tão rapidamente pelo movimento anarquista.
Porque esses militantes, ainda no início do século passado, já compreendiam as mulheres como cidadãs, como pessoas que podiam estudar e produzir.
A experiência de ler os vários jornais anarquistas foi uma porta aberta logo no primeiro ano da graduação, onde não só aprendi as delícias de me perder horas em arquivos antigos, como as delícias de um movimento revolucionário até a última gota, como foi o dos libertários.
O incrível nesses caras é que dentro de uma estrutura escolar violenta, autoritária, dogmática e cerceadora, eles criaram escolas mistas, onde os alunos podiam frequentar laboratórios, debater e - maravilha das maravilhas - não havia avaliações, não havia classificações com notas.
As avaliações deveriam servir para que o aluno percebesse suas falhas, seus limites, não para que fossem excluídos ou que houvesse competição feroz, ou pior ainda, que fossem vítimas de vinganças de professores hostis.
Claro que agora, com todos os alunos enlatados na concepção de que é necessário haver nota, fica praticamente impossível nadar contra a maré. Estudar sem esse tipo de avaliação requer uma autonomia, uma independência, elementos que os alunos poucas vezes são estimulados a ter atualmente.
Há alguns anos, pensei em escrever um trabaho comparando a concepção de imprensa que eles tinham, com a veiculada na chamada imprensa burguesa.
Não escrevi esse trabalho, mas participei de duas pesquisas que incluiam os ácratas e isso me deu a oportunidade de ficar horas no Arquivo Edgard Leuenroth, lendo sofregamente jornais como A Plebe, O Amigo do Povo, A Barricada, A Luta Livre, entre tantos outros.
Fiquei familiarizada com eles, um círculo não tão grande, mas incrivelmente ativo, que usava a imprensa como arma, mas não se limitava a ela. Os anarquistas usavam os sindicatos e os centros culturais, demonstrando a compreensão do poder que a cultura tem sobre o coletivo.
Talvez eu tenha me convencido, naquela época, que uma sociedade sem Estado seria possível. Hoje, certamente, essa idéia não me toma. Mas penso como esse ideário pode ser modificador dentro da sociedade, no sentido de perceber o indivíduo como autônomo, como sujeito de sua própria História ( me perdoem pelo clichê necessário..)
Mas só posso dizer que toda a influência deles, em minha vida, foi enorme. E estar com eles, durante aquele tempo, ali no Arquivo, foi deliciosamente inesquecível.
Melhor do que isso, impossível.

13 outubro 2007

Repetindo


Eu preciso voltar a mexer naquela coisa parada e abandonada que eu chamo de dissertação. Preciso.
Os outros livros, deliciosos como amantes, tem que me deixar em paz.Tenho que estudar.Ai, ai.

31 agosto 2007

Professores e alunos
















Todo mundo já foi aluno de alguém, muitos amigos blogueiros são professores como eu.
Essa relação de amor e ódio já foi tema de textos, livros, filmes, músicas.
E tema do meu segundo post.

10 julho 2007

in memoriam


Vim na Unicamp pra imprimir uns textos: abro a página principal e leio "Morre professor expoente na área de História da América". Na hora, pensei: droga, o Bruit morreu. Fui lá ler a matéria e vi que, infelizmente, estava certa.

O texto da redação do site da Unicamp, publicado hoje diz o seguinte:


"Morre professor do IFCH expoente na área de História da América

[6/7/2007] Morreu anteontem (4) em Campinas, aos 71 anos, o professor da Unicamp Héctor Hernan Bruit, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e um dos fundadores do Centro de Memória (CMU) da Universidade. Livre-docente da Unicamp, Bruit veio ao Brasil como professor visitante para lecionar na Unesp de Marília. Desde 1976, até aposentar-se, em 2001, atuou no IFCH da Unicamp como professor de História da América. Era considerado um dos expoentes sobre o tema no país. Seu último trabalho foi a coordenação acadêmica do curso A Invenção da América Latina, realizado no Memorial da América Latina no primeiro semestre de 2007. Bruit era chileno naturalizado brasileiro.

Héctor Bruit fundou em 1987 o Centro de Memória em colaboração ao professor Amaral Lapa, exercendo cargos de vice-diretor, coordenador do Núcleo de Estudos Regionais e coordenador de pesquisas. Atuava como professor convidado do IFCH, mantendo orientação de mestrandos e doutorandos e também como pesquisador do CMU, desenvolvendo projetos junto à Área de Arquivos Históricos, dentre eles História da Alimentação em Campinas, com a publicação do livro Delícias de Sinhá, a ser lançado em breve pelo CMU. Publicou ainda os livros Revoluções na América Latina, e Bartolome de Las Casas e a Simulação dos Vencidos. Bruit era chileno naturalizado brasileiro. O pesquisador deixa saudade na Unicamp, que visitou pela última vez em 3 de abril."
(Da Redação)





Fui aluna de Bruit e ele foi um professor singular.Fazia o estilo durão, algumas vezes era realmente duro demais. Muitos tinham até medo dele. Eu tinha.
Mas suas aulas eram maravilhosas, os textos discutidos marcaram minha formação de forma indistutível Foi a primeira vez que discuti alteridade de forma efetiva.
Seus elogios eram pontuais e rigorosos, sua ética inabalável. Esse era o Bruit.
Junto com Amaral Lapa - outro professor já falecido - desenvolveu projetos no Centro de Memória que são cruciais para o estudo de História no Brasil.
É estranho ver as pessoas irem.

09 junho 2007

39 músicas (31)


Com 39 anos obviamente já me apaixonei várias vezes. Já casei, já noivei (ops..), já namorei, já morei junto. Mas amar, amar mesmo, acho que amei pouco.Melhor dizendo, amei poucos.

Por incrível que pareça, o amor mais intenso, profundo, de tirar o chão, me aconteceu com 21 anos.

Éramos universitários e namoramos alguns meses. Mesmo muitos anos depois, ainda me abalava quando pensava/falava nele.

Não era pra menos, o então estudante de engenharia era inteligente, bonito, culto, engraçado. Era católico e isso me incomodava horrores. Provavelmente eu fosse mais tolerante hoje, mas na época era um problema grave.

Uma vez, em um daqueles papos de namoradinhos, ele fez a seguinte proposta: escreveríamos uma lista das coisas que nos incomodavam um no outro e trocaríamos a tal lista no dia seguinte, pós- almoço no bandeijão - porque quando se ama, até o bandeijão da universidade é romântico .

No dia seguinte, depois do nosso almoço, entreguei a minha - longa - lista.

Ele me deu um papel, quando abri, estava em branco. Com um sorriso que jamais vou esquecer, disse que nada em mim o incomodava. Nunca adorei tanto uma mentira.

09 maio 2007

39 músicas (15)


Algumas vezes eu me toquei que pensava que a vida fosse ficar sempre igual. Tomei um susto com as mudanças. Talvez que quisesse que algumas coisas durasse pra sempre, mas isso já é pedir demais.

Mas dá pra fazer aquilo que me deixa feliz ser remodelado e continuar pertencendo a minha vida, não é fácil, mas é possível.

Essa música aqui marca isso pra mim e começou a ter esse sentido no último ano da graduação, quando eu percebi que aquela parte da minha vida estava acabando.

25 abril 2007

Rpg & Educação

Amigos, na última vez que apresentei meu trabalho no simpósio da Ludus Culturalis, dei uma entrevista pra uma rádio de São Paulo.
Meu eguinho de professorinha besta adora dar entrevistas todas as vezes que fiz isso, pra jornais e revistas, fiquei toda nojentinha por diiiiias. Pobre é fogo, vocês sabem.
De qualquer forma, quem quiser saber um pouquinho sobre minha pesquisa sobre RPG dentro do ensino de História, me escute aqui.
Quem quiser trocar figurinhas sobre isso, me escreva, o email está no perfil: use e abuse.

29 março 2007

Tempo de viver II


Como eu disse no post anterior, estou

meio de bode com minha dissertação. Mas foi ótimo ter dito isso aqui, muitos comentários me fizeram refletir sobre isso, esse processo foi importante para esssa caminhada.

Como eu já disse, esse blog é terapêutico pra mim.

Fiquei pensando nas outras dissertações, nas dissertações que eu não fiz, que eu flertei, mas não namorei.

A primeira vez que trabalhei com pesquisa, logo descobri uma grande paixão pela imprensa anarquista. E dá-lhe horas enfiada no arquivo Edgard Leuenroth, lendo a Plebe, Spártacus, tantos outros. A idéia, a princípio, era comparar a concepção que os anarquistas tinham de imprensa e a concepção que aparecia em jornais como o Correio da Manhã, chamado por eles de imprensa burguesa. Foi trabalhando com essas fontes que escrevi meu primeiro artigo e apresentei em uma anpuh, na UFF.

Mas desisti. Ainda não sabia por que faria aquilo. E essa necessidade, de saber "por quê" e "pra quê", me levou a tomar outro rumo.

Trabalhei em um projeto sobre a expedição Langsdorff. Adorei. Por uns tempos li muitos viajantes e pensei em escrever sobre eles.Desisti também.

Por último, quando estava dando aulas pra turmas de História, trabalhei com Brasil Colônia. Nessa época, estava fascinada pelas freiras visionárias, aquelas (histéricas, provavelmente) que tinham transes e visões. Conversei com a Leila Mezan sobre isso, depois de ler seu belíssimo trabalho sobre religiosas no Brasil colônia. Mas, não. Não rolou.

Precisei esperar anos pra ter certeza do meu tema, do tema que acredito, com o tema que vai afetar minha vida profissional. E se eu puder fazer isso, a vida profissional de outras pessoas.

Quando me vi envolvida com o rpg e com a sala de aula, vi de onde queria olhar a pesquisa. Queria a sala de aula, queria olhar de dentro da sala de aula. Sei que esse momento morno, é parte do processo, como meus queridos amigos me mostraram em seus atenciosos comentários.

E sabe o que mais? Coisas mornas também são gostosas.

Tempo de viver


Estou fazendo a última disciplina do mestrado.
Depois de tirar uma licença de um ano, estou de volta. Desencalho essa dissertação , nem que seja a golpe de karatê.
O problema é que o tempo está correndo e eu perdi o tesão pela pesquisa. Taí, é isso.
Convivo com ela como um casamento morno. E eu não concebo casamento morno.
Não é que não acredite mais no objeto, porque acredito. Estou convencida da importância pedagógica do processo lúdico, em especial, do uso do rpg.
Minha trajetória como professora me mostrou isso e foi nesse sentido que retornei a Academia. Pra respaldar teoricamente, aquilo que experimentei no meu cotidiano de sala de aula.Quero ser mestre jedi...sem dúvida, não estou desqualificando esse momento, esse processo, apesar de insistir que a teoria me serve pra subsidiar a base empírica. É a base empírica meu foco central, sempre vai ser.
Mas perdi algo, talvez encontre agora, trabalhando com oficinas pra professores, colocando o trabalho na roda.Talvez eu volte a me apaixonar pelo meu tema.Eu desejo me apaixonar novamente pelo tema, porque só assim ele vai fazer sentido pra mim.
Porque quero viver esse tempo, não quero que passe mais rápido ou de forma mais lenta, quero vivê-lo, mas quero me sentir envolvida novamente. Não quero casamento morno, nunca.

25 março 2007

Voando


O ano era 1990. Meu segundo ano na unicamp e a gente estava em uma festa no IFCH. Na época, havia apenas um curso noturno - matemática, curso do meu primeiro marido - e as festas aconteciam nas cantinas.Não havia a proibição atual.

Todo mundo bebia exageradamente, dançava exageradamente e sempre fazia alguma coisa que iria se envergonhar no dia seguinte.

Os engenheiros estavam como sempre, em grupos grandes e barulhentos,podiam ser vistos de longe: bonitos, sarados, carregando mochilas e falando de hq.
Eram divertidos, plugados, e , pelo menos os que eram os meus amigos, grandes leitores e garantia de uma conversa interessante.Sempre os preferi em detrimento aos deprimidos sem bunda do meu instituto.

Naquela época, estavam com uma de suas brincadeiras idiotas, fazer uma pessoa voar.

Mais ou menos assim; formavam um grupo, pegavam um mané qualquer, geralmente uma garota, e literalmente jogavam pra cima. Berravam e pegavam,jogavam de novo.Divertido e perigoso.

Eu estava com meus amigos quando vi R., uma amiga baixinha e delicada sendo abordada pelo grupo.Com minha mania absurda de ser mãe de todos, não titubeei, fui até lá e puxei-a pela mão.

- Solta a menina.AGORA.

O líder da intrépida troupe, cruzou os bracos na minha direção, rindo:

- ah...ela não vai voar?

- não. - eu disse, tentando ser uma heroína de pouco mais de vinte anos.

Ele olhou para o grupo:

- tá bom, ela não vai voar. Quem vai voar ....é VOCÊ.

Não tive tempo de reagir, me pegaram num átimo e me jogaram pra cima. Eu voei!!!

Foram uma, duas , três vezes. Eu berrava e ria, porque confesso, é divertido demais.

Me puseram no chão:

- ah, vai você gostou.....

- idiota.......

Saí com rabinho entre as pernas, não cheguei perto do bando durante toda a festa.

Mas eu confesso pra vocês. Eu gostei .

04 março 2007

Ex alunos unicamp


Já contei como foi aqui. Alexandre, meu veterano, eu , Raquel, amiga da Raquel e Célia.

Todos da História em diferentes momentos do IFCH.

13 novembro 2006

Encontro ex- alunos unicamp



Nesse sábado, participei do I Encontro de ex alunos da Unicamp, que comemora 40 anos.

Ainda vou contar mais sobre isso, mas ai vai uma prévia:

* Foi incrível ver tantas gerações juntas, tinha gente de 68, 74, 85, 93...uma coisa doida. Tinha gente com família, tinha gerações de estudantes ( A E. , formada em Ciências Sociais (75), tem dois filhos também formados pela Unicamp e já

leva neta, pra "acostumar com os ares de lá").

* Foi a primeira vez na vida que vi Bandeijão ser aplaudido...sério: pra quem nao encara uma filinha básica de Bandeijão há anos, tudo é festa. Quando um dos organizadores disse que o churrasco comemorativo seria lá, alegria geral e muitas palmas....rs

Nós na fila do Bandeijão:

( eu, a Raquel, o Cristiano e mais um povo)

( Raquel - toda linda, de vestido, salto alto, vestida pra matar)

- Tô realizando meu sonho....rsrs....descer a plataforma do Bandeijão de salto alto....

( Cristiano - procurando ) - ué, cadê as tias? (* funcionárias que servem as bandeijas)....pô, sem elas nem tem graça....ah, olha lá a tia-chefe!!!

( Vivien - rindo) - vocês sabem que vou escrever tudo isso lá no meu blog, né?

( Cristiano ) - agora conversar com vc é assim...."tudo o que vc disser poderá ser usado contra vc no meu blog!!!!" ...um perigo!!!..rs

( Vivien) - Quero falar aquilo que vc disse antes, Raquel...sobre os homenageados....

( Raquel) - ah, homenagearam os "bandeirantes",...que vieram de facão desbravar a unicamp...rsrs

**********( papo mulherzinha , só eu e Raquel)****************

( Raquel) - vc conheceu Fulano, Sicrano, Beltrano..?

( Vivien) - esse sim...esse não...balbalablabablab.....

( Raquel) - eu não ia muito com a cara do Fulano...muito sarcástico, muito irônico.

( Vivien ) - eu sempre gostei dele, era meu amigo. Ô Raquel, vc ainda não aprendeu que homem quando faz isso é cena pura??? magiiina, tudo bebezao....rsrsr

( Raquel) - ele era muito mulherengo.

( Vivien- engasgada de rir) - Fulano??????....ta maluca? só papo, não pegava nada...nem sapato,nem gripe...rsrsr...

( Raquel ) -É mesmo?

( Vivien) - Tô dizendo pra vc, só cena.

( Raquel) - Isso comprova minha teoria "medieval".....quanto maior a muralha, menor o castelo.

( gargalhadas )

********************* na Engenharia Mecânica *******************

Por lá foi bacana, depois que saimos do Ginásio, onde foi a recepção aos participantes, fomos pros institutos. Passamos na Mecânica porque o Cris é de lá.

Havia uma apresentação bem bacana , informal, as listas com os integrantes desde mil novecentos e guaraná com rolha estavam lá, um cd com fotos de muitas gerações: trabalhos, festas, projetos....muito bacana. Gostei.

**************** No IFHC********************************

Meu instituto, com sua habitual e insuportável mania de ser blasé ( tem coisa mais babaca do que achar tudo babaca???) , não organizou nada. Revi algumas pessoas, sentamos , rimos e papeamos. Combinamos de tentar organizar algo pro ano que vem, já que esse encontro parece que vai entrar nas atividades anuais.

Eu acho que esse resgate da Memória, para além da nostalgia, tem uma importância histórica, importância na própria construção da nossa própria identidade e da universidade.

Rever e achar idiota isso ou aquilo tem um poder terapêutico!

Foi bom, gostei e me emocionei ao observar o blog do evento, as fotos antigas, a mudança das pessoas, tudo isso. Mexeu comigo e adorei isso.

@@@@@@@@@ ATUALIZAÇÃO @@@@@@@@@@@@

Escrever um blog é algo curioso, alguns amigos permitem que cite seus nomes, como é o caso da Raquel, por exemplo. Em geral, pra evitar problemas , eu coloco a inicial.

Eu tenho um amigo que me proibiu de falar dele e mesmo assim pergunta se nesse ou naquele texto estou falando dele, não C., não estou falando de vc.

Tenho um ex que me deu uma bronca, mas nem ligo e vou escrever sobre ele de novo...

No caso DESTE texto...alguns amigos me escreveram, se encaixando e se imaginando como sendo o objeto do papo "mulherzinha". Como eu disse pra quem me escreveu: estou falando de outra pessoa, ok? No neuras.

Principalmente vc, D., jamais me referiria assim sobre vc, fica frio!!!!!!!!

@@@@@@@@@ Atualização @@@@@@@