30 março 2007

O beijo que não era de Klimt



Já que ando em uma fase nostálgica, nada mais justo do que contar
a - patética - experiência do meu primeiro beijo.


Então, vamos ao contexto. Eu já disse aqui que fui uma menina muito tímida, fui mesmo. Mas comecei meu processo de mudança com 12 anos.

Fiz alguns amigos e fui convidada pra minha primeira festinha: o bom e velho bailinho de garagem, com direito a música lenta e passinhos ensaiados. Ensaiadíssimos.

Ainda me lembro do erro de português do convite: " meninos trarão refrigente e meninas trazerão salgadinhos."

Juro que quase corrigi,mas não o fiz. Por um triz não banco a chata com dedo em riste, pronta pra corrigir tudo e todos.

Lá fui eu, de franjinha, me achando a dona da cocada preta. E não era difícil ser notada ali: o grupo de adolescentes era pequeno, todo mundo já tinha namorado todo mundo, a análise combinatória ali tinha "acabado". Uma menina nova era notada e competida ( velhos bons tempos...)

Me lembro de ver o garotão, no auge da maturidade dos seus 14 anos, encostado na janela, todo blasé, nem te ligo total. Achei lindo.GAMEI.(Engraçado como esqueci tanta coisa, mas esses amores nunca esqueci. Me lembro perfeitamente do seu sorriso, do som da sua voz e até das coisas que conversamos.
Até pouco tempo eu tinha uma pulseirinha - vagabundinha de tudo - que ele tinha me dado e que usei até ficar impraticável.Perdi em uma de minhas mudanças, infelizmente.)

Minutos depois ele me tirava pra dançar e sussurrava uma cantadinha no meu ouvido. E como eram ingênuas as cantadas de garotos de 14 anos em 1981!

Saímos de mãos dadas da festinha, observados pelos colegas que fofocavam furiosamente.

Nos encontramos no dia seguinte, na praça onde íamos . Ele foi comigo até em casa, de bicicleta. Eu tentava disfarçar a vergonha lancinante, falando como um papagaio surtado.

No portão, me despedi e ia entrar. Dessa vez, ele me puxou pelo braço:

- hoje você não vai entrar assim não...

Me abraçou e me beijou. Na boca. Eu o empurrei com as duas mãos e entrei correndo pra casa. Não foi andando rápido, foi correndo mesmo.

Minha prima estava lá, corremos pro meu quarto:

- Conta, conta!!! beijou??
- beijei. - tendo um ataque de riso.

- gostou?

- credo!!! ele colocou a língua na minha boca!!! que n-o-o-o-j-o!!!!!!!

Rimos muito. Muito.

No dia seguinte, já notei que , de nojento, o beijo não tinha nada. Aprendi como era gostoso.

E continuo beijando 23 anos depois.
E o primeiro beijo de vocês, como foi?

29 março 2007

Tempo de viver II


Como eu disse no post anterior, estou

meio de bode com minha dissertação. Mas foi ótimo ter dito isso aqui, muitos comentários me fizeram refletir sobre isso, esse processo foi importante para esssa caminhada.

Como eu já disse, esse blog é terapêutico pra mim.

Fiquei pensando nas outras dissertações, nas dissertações que eu não fiz, que eu flertei, mas não namorei.

A primeira vez que trabalhei com pesquisa, logo descobri uma grande paixão pela imprensa anarquista. E dá-lhe horas enfiada no arquivo Edgard Leuenroth, lendo a Plebe, Spártacus, tantos outros. A idéia, a princípio, era comparar a concepção que os anarquistas tinham de imprensa e a concepção que aparecia em jornais como o Correio da Manhã, chamado por eles de imprensa burguesa. Foi trabalhando com essas fontes que escrevi meu primeiro artigo e apresentei em uma anpuh, na UFF.

Mas desisti. Ainda não sabia por que faria aquilo. E essa necessidade, de saber "por quê" e "pra quê", me levou a tomar outro rumo.

Trabalhei em um projeto sobre a expedição Langsdorff. Adorei. Por uns tempos li muitos viajantes e pensei em escrever sobre eles.Desisti também.

Por último, quando estava dando aulas pra turmas de História, trabalhei com Brasil Colônia. Nessa época, estava fascinada pelas freiras visionárias, aquelas (histéricas, provavelmente) que tinham transes e visões. Conversei com a Leila Mezan sobre isso, depois de ler seu belíssimo trabalho sobre religiosas no Brasil colônia. Mas, não. Não rolou.

Precisei esperar anos pra ter certeza do meu tema, do tema que acredito, com o tema que vai afetar minha vida profissional. E se eu puder fazer isso, a vida profissional de outras pessoas.

Quando me vi envolvida com o rpg e com a sala de aula, vi de onde queria olhar a pesquisa. Queria a sala de aula, queria olhar de dentro da sala de aula. Sei que esse momento morno, é parte do processo, como meus queridos amigos me mostraram em seus atenciosos comentários.

E sabe o que mais? Coisas mornas também são gostosas.

Tempo de viver


Estou fazendo a última disciplina do mestrado.
Depois de tirar uma licença de um ano, estou de volta. Desencalho essa dissertação , nem que seja a golpe de karatê.
O problema é que o tempo está correndo e eu perdi o tesão pela pesquisa. Taí, é isso.
Convivo com ela como um casamento morno. E eu não concebo casamento morno.
Não é que não acredite mais no objeto, porque acredito. Estou convencida da importância pedagógica do processo lúdico, em especial, do uso do rpg.
Minha trajetória como professora me mostrou isso e foi nesse sentido que retornei a Academia. Pra respaldar teoricamente, aquilo que experimentei no meu cotidiano de sala de aula.Quero ser mestre jedi...sem dúvida, não estou desqualificando esse momento, esse processo, apesar de insistir que a teoria me serve pra subsidiar a base empírica. É a base empírica meu foco central, sempre vai ser.
Mas perdi algo, talvez encontre agora, trabalhando com oficinas pra professores, colocando o trabalho na roda.Talvez eu volte a me apaixonar pelo meu tema.Eu desejo me apaixonar novamente pelo tema, porque só assim ele vai fazer sentido pra mim.
Porque quero viver esse tempo, não quero que passe mais rápido ou de forma mais lenta, quero vivê-lo, mas quero me sentir envolvida novamente. Não quero casamento morno, nunca.

27 março 2007

E eu me senti enfeitiçada



Algumas pessoas passaram por minha vida e deixaram marcas profundas. Os homens que amei e as histórias que vivi com eles me fizeram a mulher que sou, com o melhor e o pior de mim.Mexeram em minha história, fizeram parte dela.


Algumas pessoas passaram e não deixaram marca alguma, outras pessoas deixaram mágoa - consciente ou inconscientemente - e manchando pra sempre uma lembrança que poderia ter sido boa.


Outras pessoas, entretanto, parece que passaram por minha vida com a missão de bagunçar tudo, na melhor concepção da bagunça. Pra mexer nas minhas certezas, pra rir dos meus preconceitos antológicos "contra" homens mais jovens, por exemplo.


C.,em especial, é uma dessas pessoas. Impossível pra mim, pensar nele sem sorrir. Eu sei porque. E ele também. E é um sorriso gostoso, que tem o calor da lembrança das bobagens ditas e feitas, e jamais arrependidas. Ele me diz que faz o mesmo. Que bom.


Algumas vezes, C., me perguntou se era dele que eu falava nesse ou naquele post. Nunca foi, até hoje.


Mas agora é. Com alguns meses de atraso, agora estou falando de C., do seu sorriso, do seu olhar, simplesmente lindo.


Agora estou falando de você, menino bonito.

Menino Bonito

blogueiros campineiros (atualizado)

Se vocês derem uma passadinha no Tar, vão encontrar um post chamado "A noite todos os gatos são pardos":
Aqui estão a Cris, o Tar, a Cláudia, a Renata e a minha mão.
A noite foi ótima, o papo delicioso. Tenho sorte com meus amigos.
@@@@@ atualização
A foto está no blog do Tar. Só aparece minha mão, porque sem aquela escova básica com chapinha - confesso, sou colonizada messsmmmooo - ninguém me fotografa, nem a rainha da Inglaterra.

Lista da Pinta


A Márcia passou, tô fazendo...:


"vamulá", como ela disse.

5 coisas que eu quero fazer antes de morrer

Aprender alemão ( de uma vez por todas!!!)
Conhecer Paris
ser avó
ter grana sobrando ( muita)
escrever (alguns) livros



5 coisas que eu faço bem

dar aulas
ler
cafuné
ser mãe
cozinhar


5 coisas que eu mais digo

eu te amo, filho
acabou a bosta do dinheiro??
puuuuuuta que pariu
regime? que regime?
fala sério


5 coisas que eu não faço (ou não gosto de fazer)

faxina
corrigir provas
arrogãncia escrota
assistir futebol
ficar perto de multidão ( sem água...sem banheiro...ahahhhh!!!)

5 coisas que me encantam

Daniel
ler
me apaixonar
blogar
dormir




5 coisas que eu odeio

carnaval
dirigir na chuva
levar um fora
jaca
sarcasmo


Passo pra Dri e quem quiser.

25 março 2007

Voando


O ano era 1990. Meu segundo ano na unicamp e a gente estava em uma festa no IFCH. Na época, havia apenas um curso noturno - matemática, curso do meu primeiro marido - e as festas aconteciam nas cantinas.Não havia a proibição atual.

Todo mundo bebia exageradamente, dançava exageradamente e sempre fazia alguma coisa que iria se envergonhar no dia seguinte.

Os engenheiros estavam como sempre, em grupos grandes e barulhentos,podiam ser vistos de longe: bonitos, sarados, carregando mochilas e falando de hq.
Eram divertidos, plugados, e , pelo menos os que eram os meus amigos, grandes leitores e garantia de uma conversa interessante.Sempre os preferi em detrimento aos deprimidos sem bunda do meu instituto.

Naquela época, estavam com uma de suas brincadeiras idiotas, fazer uma pessoa voar.

Mais ou menos assim; formavam um grupo, pegavam um mané qualquer, geralmente uma garota, e literalmente jogavam pra cima. Berravam e pegavam,jogavam de novo.Divertido e perigoso.

Eu estava com meus amigos quando vi R., uma amiga baixinha e delicada sendo abordada pelo grupo.Com minha mania absurda de ser mãe de todos, não titubeei, fui até lá e puxei-a pela mão.

- Solta a menina.AGORA.

O líder da intrépida troupe, cruzou os bracos na minha direção, rindo:

- ah...ela não vai voar?

- não. - eu disse, tentando ser uma heroína de pouco mais de vinte anos.

Ele olhou para o grupo:

- tá bom, ela não vai voar. Quem vai voar ....é VOCÊ.

Não tive tempo de reagir, me pegaram num átimo e me jogaram pra cima. Eu voei!!!

Foram uma, duas , três vezes. Eu berrava e ria, porque confesso, é divertido demais.

Me puseram no chão:

- ah, vai você gostou.....

- idiota.......

Saí com rabinho entre as pernas, não cheguei perto do bando durante toda a festa.

Mas eu confesso pra vocês. Eu gostei .

23 março 2007

Júlio


O meu primero amor se chamava Júlio.

Eu estava no pré e ele na quarta série, absolutamente sedutor, cabelos compridos e eternamente despenteados. Lembro dele com detalhes.

Na hora do recreio, que eu esperava ansiosamente, a gente tinha um daqueles rituais esquisitos - ele implicava comigo e eu dava uns tapas nele. Gente, como aquele garoto gostava de tomar uns tapas....

Ele era engraçado, sedutor nos seus incríveis dez anos, e ficava me provocando cotidianamente. Meses. Uma delícia.

Na época, para se dançar quadrilha, o menino convidava a menina. Eu estava certa que seria convidada pra dançar, estava só esperando a tal hora, toda nervosa.

Júlio continuava com seu flerte - porque era assim que a gente flertava...- e continuava com aquele jeito, cuja lembrança me fazia suspirar, de tirar o cabelo preto do olho. Cabelo descabelado que ele tirava de um jeito que fazia meu coração de seis anos pular.

Mas ele convidou outra menina pra dançar. Ela me contou, com uma certa maldade, com um prazer mórbido. Eu fiquei firme, super segura nos meus seis anos de maturidade.

Não dancei quadrilha aquele ano, nem nos outros, nem nunca mais.

21 março 2007

Alunas ou professoras?


Já falei disso aqui e continuo sendo conselheira.

Obviamente, o roto aconselhando o rasgado, uma beleza. Em uma das salas de Engenharia, uma aluna está me contando, semana a semana, um início de relacionamento. Ontem, no final da aula, ouvi mais um capítulo.

Ela contou como sairam no final de semana, onde foram, como ela declinou um convite mais ousado do garotão.

Eu perguntei:

- então, vocês estão namorando...?

- ah, não..namorando não.

- ué, e o que é isso, então? ih....esse chove não molha é um saco, não enrola o garoto...Assume logo que está namorando, ué...é tão bom.

- professora, você não tá entendendo...primeiro eu vou fazer ele rastejar muito, muito....risos..

- mas pra que, Fulana? você não está interessada nele?

- Eu tô. Mas ele não precisa saber disso. - fazendo uma cara de vamp - deixa ele sofrer um pouco que faz bem.

Elas estão erradas, não são elas que tem que pedir conselhos pra mim.
Eu é que deveria tomar umas aulinhas básicas com elas.
Mas acho que não aprendo não. Sinceramente. Vou continuar uma boboca até o fim da vida.
Ser vamp consome muito tempo e energia. Mas deve dar certo, pelo visto.

20 março 2007

Filho de blogueira


Vou falar pouco, quase nada, porque tudo que eu digo sobre ele,ele implica.

Quem tem filho adolescente sabe como é.

Então, só vou dizer uma coisa.

Meu rebento também virou blogueiro.

13 março 2007

A minha receita ( com atualizações)
















Meu amigo, Guga, o homem mais cool que já conheci, deu no seu blog a "receita de mulher". Vou copiar sua idéia e dar a minha "receita de homem". Quem sabe o meu ornitorrinco dos sonhos não pára e lê meu querido bloguinho??
Vamos lá...
Tem que ser inteligente, ser bem humorado é condição primordial, sarcásticos são bem vindos, se souberem dosar o veneno, que nunca poderá me atingir.
Tem que ser carinhoso, praticamente meloso, grudar mesmo, carinhos e beijos nunca, nunca são de mais.
Tem que gostar e entender de política, mas não pode ser militante, porque militante, ninguém merece.
Tem que gostar de ler, babar nos mesmos livros que eu e ter uma maravilhosa coleção de HQ
Tem que ter um ciúme mortal dessa coleção, e só emprestar pra mim, porque é...pra mim.
Tem que ser geek, ser trekker e saber beber. Pode não saber dançar, mas se souber, tem que dançar só comigo, respeitando meu ciuminho boboca.
Tem que me mimar todo dia, porque é bom demais. Tem que ter mas mesmas taras que eu, ou pelo menos, curiosidade sobre elas.
Tem que ser meio bobo, meio tímido e meio seguro, em um amálgama delicioso.Tem que ser bom moço, porque acho os bad boys um grande engodo.
Tem que ser sexy e gostar de ser sexy, mas só pra mim.
Tem que adorar cinema, saber sobre cinema e me fazer babar quando fala, cheio de confiança. Mas nunca, nunca com pedantismo.
Tem que saber cozinhar, cozinhar comigo e gostar da minha comida. Tem que gostar do meu filho. Tem que ler pra mim na cama. Tem que me mandar emails indecentes. Tem que gostar quando eu fizer surpresas. Tem que ser discreto pra se vestir e nunca, nunca cair nas artimanhas de um metrosexual. Tem que saber falar palavrão com classe. Tem que discutir sem perder a pose. Tem que ter sorriso gostoso e beijo melhor ainda.
Tem que ter cheiro de homem bonito e me fazer sentir saudades toda hora.


Esse é o meu ornitorrinco.
################### atualizações
Bom, como eu disse nos comentários, esse é mesmo um Frankstein ( Xôn acertou). É uma mistura das coisas que eu gostava muito nos namorados e maridos que tive.
Então, já que é pra falar....vamos exagerar:
Além do que eu já disse: tem que ignorar carnaval, não ser baladeiro e gostar de uma boemia light. Tem que ter um prazer sacana com minhas unhas vermelhas. Tem que ter necessaire menor do que a minha, de preferência, nem saber o que é uma necessaire.
Tem que ler meu blog e entender porque gosto de escrever aqui. Tem que me dar rosas, porque "toda mulher gosta de rosas, de rosas, de rosas. "
Tem , necessariamente, que ser "careta". Tem que ter mão grande e que ela se ocupe em mexer no meu cabelo toda hora.
E tem que me amar, desordenadamente e sem freio.



10 março 2007

Sobre o passado que nunca houve ou Um comentário para Bruno Ribeiro


Antes de começar, quero dizer que sou leitora do Bruno mesmo antes de ler seu blog. Já o era desde quando só conhecia seus textos do Correio Popular, gosto dos textos, gosto do tom passional que o blog assume por vezes. Mas o comentário que ele deixou na Tati, me irritou de sobremaneira
.Diz o Bruno:


"Dia da Mulher de Cu é Rôla. Ninguém pensa nas operárias de Chicago, que foram queimadas pelo patrão, dentro da fábrica. Por causa delas foi criado o Dia da Mulher, que deveria ser um dia de reflexão e de luta. Mas nada. As mulheres só querem ganhar jóias e flores, os homens só querem levá-las para o motel. De modo que não há o que ser comemorado. Concordo contigo Tati: homem, mulher, não importa. O que precisa ter é dignidade e respeito. E mulher não tinha que trabalhar fora não, tinha que ficar em casa, cuidando da educação dos filhos, e ser MUITO BEM REMUNERADA por isto. Sem a referência da figura materna em casa, a família tem se desestruturado. O resultado disso estamos vendo nas ruas todos os dias: violência, abandono, falta de valores morais, de perspectiva de futuro. Sem mãe, a sociedade não é nada, o mundo não é nada.. ". (Bruno Ribeiro)

Como diria Jack, vamos por partes:

1) "mulher tinha que ficar em casa , cuidando da educação dos filhos, e ser MUITO BEM REMUNERADA por isto."

Bom, só o fato de ter usado o verbo "ter", já acho que o texto tem problemas.
Denota um autoritarismo retrógrado e calcado na interpretação patriarcal burguesa.
Até creio que se a frase tivesse sido escrita com "poderia" no lugar do "tinha", teria ficado até interessante. Porém a obrigatoriedade, a restrição social que essa condição imporia - sendo mãe, seria apenas...mãe - é um retorno a idealização social da belle epoque, equivocadissima.

2) Ser remunerada para cuidar dos filhos me parece interessante. Mas ou eu li errado, ou o argumento não se sustenta.
Remunerada por quem? Pelo Estado? Pela Iniciativa privada? Pelo marido?
Pelo Estado me parece uma ótima forma de haver distorções ímpares, dado que o tal "instinto materno" é historicamente construido - e essa concepção de que é inerente a todas as mulheres é tão bem descontruido por Elizabeth Badinter - acho que iriam aparecer muitas distorções desse suposto direito .
Pela iniciativa privada? hum...já até posso ver o controle, os gráficos e as feiras para a otimização da maternidade. Não, obrigada, já estou amarrada com a iniciativa privada, eu passo.
Pelo marido ou namorado? Essa me parece a mais curiosa.Seria algo interessante de ver como se dariam as relações familiares, dado que a mãe seria uma ....funcionária.
Se as relações de poder já são complexas e opressoras, creio que receber salário do marido, pra cuidar do filho, seria uma forma oficial de sujeição e de um novo exercício de "luta de classes".....

3) Bruno parece achar que a ausência da mulher, quando na sua profissão, gera mais violência e falta de valores morais.
Bom.
Sem dúvida acredito que a sociedade precisa se estruturar de uma forma a contemplar as crianças que não tem uma infra estrutura adequada.Mas isso pode acontecer com a mae fazendo bolo na cozinha, por exemplo, como é o caso de várias áreas do Brasil.
Não posso deixar de pensar que se observa um passado hipotético onde as familias eram "de outra forma".Um passado idilico familiar, idilico e irreal.
Como historiadora pergunto? quando? que forma?
Phellipe Ariès escreve sobre a familia e a criança,comprovando que a concepção do que é ser criança e ou adolescente é muito, muito recente.Hstoriadoras como Michelle Perrot,Martha Esteves e Rachel Soihet desconstroem o mito da mulher idealizada, comprovando através de pesquisas cuidadosas que a acao feminina foi múltipla e , muitas vezes, completamente avessa ao idealizado pelo positivismo.
Onde era tão melhor para as crianças?
Na antiquidade, onde uma criança poderia ser abandonada pra morrer?
Entre os astecas que costumavam aplicar rigorosos castigos fisicos?
Na idade média onde em algumas regiões européias as crianças ficavam sem nome até quase sete anos, em função da enorme mortalidade( morria mais um...o menorzinho, aquele ali), ou talvez em grande parte da idade moderna, onde mas mães não amamentavam os bebes, nem os criavam, caso fossem ricas.Eram criados em casas separadas, ou por amas e babás e apareciam em algum momento do dia, para serem admirados como bonequinhos.Não havia essa familia celular burguesa, não existia sequer essa concepção e afirmar isso é grotescamente anacrônico.
Talvez quem se refira a esse "passado da familia" pense na tradicional familia patriarcal burguesa, que historicamente, é muito, muito nova.
Calcada em um modelo positivista comteando, que pensava na familia como célula mater.
Bom, estamos aqui com o resultado dessa interpretação de mundo. E o que temos é isso, violência, aquecimento global e guerras.
Tudo isso não foi gestado em uma ou duas geração, foi gestado em várias, foi gestado quando o modelo vingente era a familia positivista.
E ainda que se fale deste modelo: essa ideia de mãe acompanhando tarefa escolar e ou participando mais ativamente da vida dos filhos é recente. Mesmo dentro da idealização positivista, o cotidiano das familias - com todas as diferenças intrinsecas a cada classe - não incluia essa interlocução entre pais e filhos.Era um modelo autoritario, muitas vezes hipócrita.
A idéia de pais e filhos fazendo tarefa de casas juntos, jogando ou se entretendo juntos é uma concepção completamente inexistente até boa parte do século XX.
O universo conceitual e espacial da criança era outro.
Eu não consigo visualizar essa lendária epoca onde as familias eram felizes.Essa atlântida é irreal.é um saudosismo à la viúva porcina, a que foi sem nunca ter sido.

4) "valores morais".
Eu tenho um certo receio dessa expressão.Eu fico me perguntando se podemos discutir a diferenca conceitual entre ética e moral, mas acho que aí afundamos até as orelhas na hermenêutica e não é esse o objetivo.
Então, vamos pensar em supostos valores.
Patriotismo seria um valor moral, mas um elemento tão belicoso que pode ser apontado como um dos piores males do mundo.
Certíssimos os anarquistas ao clamarem : "minha pátria são meus sapatos".
Que outros tipos de valores?
Ética, por exemplo?
Em que momento histórico isso foi um elemento realmente de peso? Me apontem.
Correndo o risco de ser redundante, afirmo, é ingênuo se pensar que vivemos em um momento com menos ética. Vivemos em um momento de grave crise social, sem dúvida, mas calcado em diversos outros problemas.
Esses diversos problemas levam a uma inversão de valores ( o traficante passa ser herói, etc), mas essa é uma questão macro e pouco tem a ver com a mãe em casa,. fazendo bolo.
Mas se uma retrospectiva histórica seria for feita, vamos ver a história sendo marcada por filhos destronando pais na base da faca, mães abandonando filhos, guerras em nome de deus e deuses, gente morta por dever pra bancos e outras distorções. Fiquemos tranquilos, a barbárie nao é novidade.
Não nego a importãncia da presença materna ou paterna. Só gostaria de atentar para o cuidado de não se deixar levar por uma idealização romãntica de um passado inexistente, cuidado pra não se colocar sobre as costas da mãe as causas de todos os males e equívocos.
E mais, discordo diametralmente da visão que restringe a mulher a ser mãe.
Ainda que ser mãe seja efetivamente o que considero o mais importante,. é um dos meus papéis, e jamais admitiria que alguém não me permitisse exercer todos os outros.

07 março 2007

Paixão antiga sempre mexe com a gente


Zorro , pra mim, sempre teve esse apelo indescritível. Acho que nada é mais sexy.

Agora, colocar o Bandeiras pra fazer o Zorro, isso já é golpe baixo. Quando vi no cinema, a apresentação do filme - onde ele entra, joga a capa e assina com a espada - foi recebida com numerosos e espalhafatosos suspiros da mulherada toda.

Deveriam ser presos, por ferirem a moral e os bons costumes....

04 março 2007

Ex alunos unicamp


Já contei como foi aqui. Alexandre, meu veterano, eu , Raquel, amiga da Raquel e Célia.

Todos da História em diferentes momentos do IFCH.

cadê a cortina?


Esse é o lugar pra ler, ver tv e papear. Pequeno e aconchegante.

Eu adoro minha casa, adoro esse canto que tem tanto da minha história e do Daniel.

Os de paz são bem vindos


Essa é a primeira coisa que se vê quando se entra na minha casa. Os quadros são posters de peças importantes de Sarah Bernhardt, as peças são mulheres africanas que comprei - sério - na Liberdade, o móvel eu comprei em Barão Geraldo e é meu queridinho.

E é assim que recebo quem entra na minha casa, com esse cantinho das mulheres.

Em Joaquim Egídio


Daniel de boné virado no meu restaurante favorito. Almoçar em Joaquim, em um domingão, é uma das coisas que mais gosto de fazer.
Com boa companhia, nada melhor.

Quarenta anos depois....


Ainda são lindos. Teimosos e terríveis, mas lindos.

Viagens


Dentro das possibilidades da grana da época, sempre viajávamos. Me lembro com saudade e muito divertida dessas aventuras familiares.
Vestidinho de marinheira é terrível mesmo, eu sei.

Amor , meu grande amor


A foto mais linda do mundo


Essa foi, sem sombra de

dúvidas, a foto mais linda que tirei.

Em uma festinha junina na escolinha , Julinha - minha sobrinha - e Daniel trocam o beijo mais carinhoso que já vi.

A foto tem 12 anos e esta na minha sala. Até hoje, ela é especial pra mim, é impossível olhar pra ela sem sorrir.

Quem sabe ainda sou uma garotinha....


Pequena e jovem família nos anos 70.

Era aniversário do Rogério, meu irmão, comemorado no Rio, na casa de minha avó Góia.

Casal


Há quarenta anos, esse então jovem casal estava apaixonado e em plena lua de mel.
Passada em Poços de Caldas, o must da época.
Lindos.