18 dezembro 2006

A Senhora do Lago e o Monstro do Lago Ness


No post anterior, a minha querida Aleksandra Pereira me deu a boa dica: Vivien ou Viviane do Lago, a Senhora do Lago, a detentora da Espada.
Eu vi algumas versões de Brumas de Avalon, gostei em especial da Angélica Houston como A senhora do Lago. Com todas as suas idissíncrasias por vezes condenáveis.Mas com a firmeza de propósito acima de tudo.
Demorei anos pra ler as Brumas de Avalon, sempre torci o nariz para a trilogia. Mas confesso que gostei.Toda essa panacéia sobre poder feminino, sobre magia celta, autoritarismo cristão, culturas que são oprimidas, esquecidas e tomadas mesmo pelas brumas da literatura e da História são fascinantes.
O tempo passando para todos os personagens e os amores que vem, vão, que animam, que enlouquecem, que destroem, que devastam.
Tudo isso envolto na idéia de um poder feminino que acho incrível. Que eu gostaria de ter e ou sentir. Talvez eu seja fruto dessa cultura que massacrou o culto pagão da Deusa, e tenha em mim, apesar dos protestos interiores, resquícios de um machismo emocional . Talvez.
Com certeza, ainda me falta o poder da Senhora do Lago, poder de misturar bondade com crueldade.
Nesses momentos, penso em outro personagem. O Monstro do Lago Ness. Escondido, monstruoso, solitário e único. Fruto da imaginação de muitos, resultado do medo de outros tantos.
Eu tenho medo do Monstro do Lago Ness. Tenho medo de todo sentimento que pode ficar escondido sob um lago escuro e pode aparecer sem que eu o tenha chamado de pronto, que pode aparecer, me assustar e se esconder novamente naquelas águas geladas que eu tenho medo de entrar.

6 comentários:

  1. Anônimo3:28 AM

    "Nesses momentos, penso em outro personagem. O Monstro do Lago Ness. Escondido, monstruoso, solitário e único. Fruto da imaginação de muitos, resultado do medo de outros tantos.
    Eu tenho medo do Monstro do Lago Ness. Tenho medo de todo sentimento que pode ficar escondido sob um lago escuro e pode aparecer sem que eu o tenha chamado de pronto, que pode aparecer, me assustar e se esconder novamente naquelas águas geladas que eu tenho medo de entrar."


    Gostei da sua analogia. Acho que todos temos medo do que se oculta em nós e nos outros...

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  2. Anônimo4:11 AM

    Medo desse lado escuro eu até tenho, mas também guardo fascínio. Uma linda música do Lulu Santos já dizia que "não haveria luz se não fosse a escuridão".

    Fui vendo com o tempo que faz parte da natureza humana, o que nos torna diferentes é a intensidade da luz ou da escuridão, menor ou maior, mas ambas estão cá dentro.

    Não digo para todos nós soltarmos o Sr. Hyde guardado em nós, mas equilibrá-lo com nossa versão Jekyll.

    Mesmo na literatura, Milton Hatoum sempre diz que personagens extremamente bonzinhos podem até serem bons amiguinhos, mas são chatos para acompanharmos em uma leitura.

    Por mais discutíveis que fossem as atitudes de Vivien (e também amei a versão Angelica Huston), por mais que mostrasse sua manipulação, seu domínio e fascínio sobre as pessoas, sua intenção era um bem maior, a salvação da Bretanha, a continuidade de Avalon e suas tradições, que acabaram perdendo-se nas brumas.

    Beijo

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  3. Clélia, tô num mar de medo.

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  4. Aleksandra, será que o preço pago valeu a pena?

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  5. Anônimo1:27 PM

    É, o preço foi mesmo alto demais.
    Ao final do "Brumas", fica-se um alento de que nem tudo está perdido, com a relação que Morgana estabelece entre Nossa Senhora e a Deusa. Aí acredito que independe ser cristão, pagão. O necessário é acreditar e não deixar morrer, mesmo que seja somente dentro de nós.

    beijo

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  6. Aleksandra, tb achei o final um alento.

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