18 janeiro 2007

Contra o bullying


Eu não sei se os pais tem noção exata do alcance do bullying dentro da escola. Talvez se algum pai ou mãe tivesse passado por isso quando criança - como eu passei - estaria um pouco mais atento.
Não sei em que medida, nós, professores, temos poder pra resolver. Só consigo imaginar que solucionar esse problema deva ser resultado de uma ação coletiva escola - família.
Eu fui uma criança exageradamente tímida e sei as marcas que podem trazer o bullying: mesmo
adultos, aqueles que passaram por isso tem uma menor resistência a rejeição, por exemplo.
Eu estava enganada quando imaginei que esse tipo de atitude: excluir, ridicularizar, infernizar o colega, pudesse ser algo restrito ao universo infanto-juvenil.
Minha experiência em faculdades particulares me mostra que isso se repete com adultos. Pasmem.
Um aluno, interessante, politizado, leitor voraz, sempre me procurava ao final das aulas, pra comentar, contar algo. Uma vez perguntei por que ele não fazia as interferências durante as aulas, já que seriam absolutamente enriquecedoras para a discussão.
Ele nem pestanejou, disse que nunca falava em sala. Que não suportava as trocas de olhares irônicos, que eram terríveis. Disse que ele esperava que o curso fosse um lugar onde ele iria encontrar efervescência de idéias, não repressão.
Outra aluna disse abertamente na sala que sofria bullying. A diferença é que ela dizia que tinha 50 anos, tinha esperado muito pra estudar e não ia permitir que intimidação de alguns restringissem sua ação. Segura de si, ela falava, participava ativamente da aula, sem dar a menor pelota pros outros.
Dentro das escolas isso acontece o dia todo, muitas vezes, com a conivência de alguns professores. Esses alunos continuarão a não tirar dúvidas, a não participar, a ficar sozinhos no intervalo, a levar empurrões na escada. Vão continuar em silêncio, fingindo não existir.
Enquanto a cultura da esperteza continuar, eles vão continuar presos em um inferno diário.

16 comentários:

  1. Anônimo10:30 AM

    Vi, aqui na Esapnha, acontece muito este acosso nas escolas tanto publicas como privadas, alguns pais ignoram, outros se sentem tao indefesos como seus filhos, alguns alunos ate tentam o suicidio e alguns o conseguem....Ate quando vamos ter que tolerar a ignorancia de alguns por querermos saber?por sermos diferentes e opinarmos...o tema e super interessante, adorei...este domingo saiu uma reportagem otima em uma revista daqui sobre o tema....vou tentar te enviar algo...

    Beijinhos


    Adriana

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  2. Pesquisando sobre o assunto:

    O que é Bullying?

    O termo BULLYING compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.

    Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de BULLYING possíveis, o quadro, a seguir, relaciona algumas ações que podem estar presentes:

    colocar apelidos
    ofender
    zoar
    gozar
    encarnar
    sacanear
    humilhar
    fazer sofrer
    discriminar
    excluir
    isolar
    ignorar
    intimidar
    perseguir
    assediar
    aterrorizar
    amedrontar
    tiranizar
    dominar
    agredir
    bater
    chutar
    empurrar
    ferir
    roubar
    quebrar pertences

    E onde o Bullying ocorre?

    O BULLYING é um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode-se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de BULLYING entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo.

    http://www.bullying.com.br/

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  3. Anônimo1:28 PM

    Bullying no trabalho é assédio moral, né?

    Nada mais doloroso que estar DE FORA. Sozinho. Rejeitado.

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  4. Dri, vc fez um blog!!!!! (nao estuo conseguindo entrar, manda o link.)
    Esse assunto sempre me preocupou. Quando eu conheci vc e estudei com vc, ja tinha passado por essa fase, mas ela e muito dura. E marcante.

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  5. Clelia, alguns professores nao so NAO combatem como estimulam!!!

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  6. Menina, nada. Vc acertou na mosca.

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  7. Anônimo3:08 AM

    Vi meu blog e www.adriana-wonderfullife.blogspot.com

    beijos

    Adriana

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  8. Bela temática. Tem um filme com o mesmo nome, é forte, mas interessante num certo aspecto. Conhece? É como uma vingança de uma turma contra justamente um garoto (adolescente) com atitude de espertinho... claro, que consequencias terríveis.

    Bj pra vc.

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  9. *


    acho que todo assunto tem dois lados.
    e se essa coerção é verdadeira e deve ser combatida veementemente, por outro, me incomodam os alunos que se escondem na preguiça de dizer que serão assediados se falarem.
    assim como vc, alguns alunos me procuravam após as aulas pra comentar o assunto. por que não falavam em sala de aula, contribuindo pro crescimento de todos?
    algumas respostas eram desconcertantes, como 'não vou me expor na frente de um bando de babacas que vão rir de mim", ou "não vou mostrar pra todo mundo o que penso".

    se achar tão bom, que o 'ciúmes' dos outros é prejudicial, tem sido uma prática cada vez mais corrente, e os malandros se dizem coagidos no final.

    estimular o debate e não ter medo de expor idéias, fazer a crítica com pertinência e aceitar a crítica pertinente é uma busca constante em sala de aula.

    e uma forma da gente descobrir o que é coerção verdadeira ou apenas ego mal formado.



    *

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  10. Clélia, é a triste verdade.E esse estimulo faz parecer para os agressores, que tal ato é bacana....é demmaaaiiiss...

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  11. Tarcisio, "Elefante" narra aquela tragédia de Columbine, que está diretamente ligada a esse tema.
    Eu acho que nós, professores, deveriamos fazer um trabalho diário e feroz contra isso.

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  12. Xôn, acho que esse ponto que vc colocou é pertinente.
    Mas quem trabalhou com crianças e adolescentes sabe que elas ficarão, evidentemente, com ego mal formado. Depois de serem excluidas cotidianamente, fica dificil ter coragem de ser expor.

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  13. Anônimo9:28 AM

    meu filho de 11 anos passou por isso, escrevi ate no blog e virei o cão!
    coisa terrível e execrável!

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  14. Tat, eu me lembro disso. Como te disse na época, infelizmente, é dificil para os professores poderem controlar isso. Por isso ,eu acho que deveria ser prioridade maaaaaxima mesmo.

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