24 julho 2009

Os monstros, o mico e os monges.







Ontem fui dar uma volta pela Liberdade. Achei o bairro caído, sujo, diferente das últimas vezes que estive por lá. O tal "Cidade Limpa" do Kassab certamente não foi bom para o bairro, que teve de retirar os letreiros em japonês, minando um pouco o clima do lugar. Pena.
Como eu e Daniel somos fãs da culinária japonesa, chegamos secos pra entrar em um restaurante. Rodamos bastante, tropeçamos em alguns que, segundo o Daniel, pareciam a ala B da Yakuza, onde ele imaginou um shushi man gordão, limpando o facão na camiseta suja e cuspindo.
Piadinhas nojentas à parte, passamos por alguns que pareciam caros: havia os caros e os esquisitos. Andando um pouco, achamos um mediano e entramos.
O restaurante era simpático, ninguém falava português e eu me entendi quase com mímicas com a simpática garconete.
Perguntei se o prato era suficiente pra duas pessoas, ela disse um monte de coisas com sons incompreensíveis para mim, no qual identifiquei "arroz". Ok.
Entendi que ela sugeriu siri. Siri com gengibre. Toda feliz da minha vida, pedi.
Chegou uma travessa cheia de yakimech, mas estava realmente sem graça. Daniel, verde de fome, resmungava:
- pô, virado eu como em casa...
Um pouco depois chegaram os siris. A travessa trazia os monstros inteiros, cheios de milhares de pernas, junto com duas pinças ( alicates?) em formato de pata.
Pedi para que ela nos ensinasse, ela pegou a pinça, toda torta e apertou um pedaço de um dos monstros. A carne ficou ali e eu não sabia como tirar. Com a mão, ela disse, ou melhor, mostrou.
Eu tentei, juro, mas as velhinhas da frente me encararam tanto que tive certeza de estar fazendo errado.
A última vez que comi siri, assim, inteiro, foi em um sítio, em uma rede. Parafraseando Rubem Braga ao falar de manga: pra comer direito, tinha que sujar até a lâmpada.
Eu esperava uma super casquinha e me vi em frente de cascas pernudas duras. Ai.
Pagamos, mandamos embrulhar e saímos com cara de nada.
Como eu não havia identificado nada no cardápio, achei que era comida de alguma região específica do Japão...sei lá, o equivalente a buchada de bode aqui, algo assim.
Descobri que o restaurante era chinês e eles estavam há quatro meses no Brasil.
Saí com fome.
Pouco tempo depois, passamos em frente a um templo budista. Monges davam bençãos e tocava uma música super envolvente, com uns mantras, interessante mesmo.
Os monges davam bençãos, refeições, logo uma pequena multidão pacífica se aglomerava ali. Infelizmente, não conseguimos entrar no Templo, pois isso só seria possível mais tarde.
O Museu da Imigração ainda estava fechado. Continuamos caminhando, vendo as lojas com milhões de objetos diferentes e Daniel apontou um porãozinho meio macabro: um lugar para acender velas na igreja das Almas dos Enforcados. Não riam, parecia filme de terror e quase corri.
Depois foi encarar o metrô e ir pra casa do meu irmão.
*****
Agora, me digam uma coisa, como viver em uma cidade cujas escadas rolantes já são mais rápidas do que as outras ( eu juro que são!) e você ainda tem que ficar à direita, porque o povo sobre correndo as mesmas escadas?
Cara, juro, eu me estresso só de olhar.
Mas foi bom. Depois conto mais, inclusive o reencontro com amigas queridas da Unicamp, no nosso "aniversário de vinte anos de amizade".

11 comentários:

  1. Rsrsrsrsrs como eu queria ter ido com vocês rsrsrsrsrs
    Beijos,
    Mara

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  2. Vivinha
    Cruuuuzes!!!!!????...é as trevas.
    O passeio que fizemos na Liberdade uns anos atrás, foi bem legal, e eu ainda ganhei de presente de vc uma lanterna linda.
    Agora fiquei com vontade de comer siri, mas aqueeeeles que a família costuma fazer e comer reunidos em volta daquela mesa imensa, no Orla.
    Bjs

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  3. ****Mara, já te imagino diante do prato de monstros...rs..
    Vamos combinar e voltar, ok?

    ****Mãe, os siris que me lembro são da época do sítio do tio Célio..acho que nunca comi tantos como naquele tempo. Mas sem pinça e sem velhinhas chinesas...rs

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  4. Minha dica na liberdade é: comer algum salgado na feirinha de domingo e depois é tomar um MELONA. Bom e barato! Mas quando eu vou sem ideia de onde comer e sem grana para bancar um barquinho de sushi eu como no Nandemoyá, é um self-service por kilo, muito bom, Vivien! Fica no Largo da Pólvora. Se não conhece, eu recomendo. Você não se sente como nos restaurantes pequenos e que lembram o Japão, mas a comida é ótima. Sempre tem fila porque o lance é bom. Tem misoshiro e chá verde na faixa. :-)

    Mas me lembro de duas vezes que comi em restaurantes bem tradicionais lá. As duas vezes estava com amigos que conhecem muito do Japão, então eu ia como convidado e aceitava as dicas deles e me deliciava.

    Este comment tá ficando com cara de e-mail, mas vai seguir assim mesmo. Sobre a escada rolante eu achei legal! Demorou para o povo aqui começar respeitar quem tem mais pressa. Esta cultura de ficar de um lado da escada para dar espaço para quem quer subir mais rápido veio de fora, só para variar.

    Beijo.

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  5. ***Shira, eu tinha ido na feirinha no domingo, muito bacana mesmo, mas não sei o que é um melona.;0)
    Dicas anotadas, obrigada.
    Mas a escada rolante rápida com gente correndo, ah, nunca vou me adaptar..rs
    Beijos.

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  6. Bunitinha como assim você já está aqui? Pensei que você viesse na semana que vem !!!

    Eu amo a Liberdade e tô mais feliz ainda porque tenho ido lá duas vezes por semana. Esses siris gigantes são de Hokaido, no norte do Japão e são caríssimos lá.

    Na saída do metrô tem um restaurante por kilo com comida japonesa também muito bom. Ali perto também tem uma padaria que já levei a metada da blogosfera lá, hehehehe. E por último, descobri um restaurante especializado em lamen, que é como um miojo, mas dez vezes melhor.

    Enfim, se quiser podemos voltar lá quando vocÊ estiver aqui de novo.

    Beijos

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  7. Ahh a história da escada rolante do metro é coisa de Japão também hehehehe. Mas o povo aqui ainda não se tocou como funciona...

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  8. ***Márcia, eu acabei voltando mais cedo pra Campinas...mas nosso passeio vai rolar, e dessa vez o Masp vai estar aberto..ahhahah
    Quando eu voltar, vamos na Liberdade e vc me guia, combinado??
    beijos, to te mandando email.

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  9. Operei na Liberdade. Do pouco que vi, tive as mesmas impressões. Só gostei das lanternas. Lindas.

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  10. ***Charô, frustrante, né?
    Espero que vc esteja bem, beijos.

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