19 novembro 2008

O insólito


















O insólito é me ver em "balada". Tenho aflição até dessa expressão....que diabos significa "balada"? Tenho aflição de quem fala assim.
Pior do que falar "balada" é falar "bárbaro". Se alguém me diz que um filme é "bárbaro", não só implico com o filme, como implico com a pessoa.
Meus programas são ligths: gosto de cinema, uma peça bacana (raridade aqui em Campinas), um bar, um café, um restaurante. Gosto de ir na casa de amigos, gosto de receber, gosto de conversar. Não é que não goste de dançar, eu gosto, adoro a ginga de uma black music - como toca divinamente no Barril da Máfia - mas odeio, com todas as forças do meu ser, uma coisa chamada "música eletrônica".
Fui em uma casa nova aqui da cidade, uma boate que não vou dizer o nome, pra evitar problemas. Fui porque era aniversário da "Samantha",uma amiga queridíssima.
Comecei a noite NÃO achando a casa. Eu rodei, xinguei, esbravejei, desci do carro com um salto indecente e perguntei em um botequim escroto onde era a tal boate. O balconista explicou com toda gentileza e lá fui eu. Achei o troço.
Vou mandar guardar o carro e a mocinha me sai com essa:
- doze reais,senhora.
- por quê? vocês lavam também
?
Ela deu um sorridinho amarelo e mau, com certeza pensando palavrões contra a pobre ali(eu) ainda por cima fazia piadinhas de pobre (ainda eu).
Então, vejamos..ah , teve a fila. Pessoas, eu não entro em fila. Se o lugar tem fila, vou em outro. Só pego fila pra cinema e olhe lá. Fila pra restaurante ou qualquer outra coisa me parece absurdo, eu simplesmente opto por outro. Mas ali eu tinha que ficar, minha amiga merecia que eu a pretigiasse, nem que pra isso eu tivesse que ficar em uma fila idiota. Ficamos em uma fila absurda, porque estava cedo e com certeza havia espaço lá dentro. O que constatei depois. A fila estava lenta, comecei a insuflar as pessoas, houve um certo mal estar entre os outros reféns da fila, todo mundo percebeu que a porcaria da fila não tinha razão de ser. Inexplicavelmente, depois do certo zumzumzum que provocamos, fomos convidados a entrar na tal boate.
A decoração da casa é linda, descolada, incrível. Mas a despeito dessa beleza toda, o tormento ainda não havia acabado.
Na entrada, os homens são revistados e as mulheres tem que abrir a bolsa. Olha, pode ser praxe (eu não frequento, tô por fora mesmo), pode ser por segurança, mas é uma merda. Eu abri a bolsa, não disse nada, mas quase lati para a moça.
Aí, então, houve o golpe fatal. Ao invés de rock e outras coisas que "Samantha" disse que tocaria, o dj tocava umas coisas que eu descobri ser "tecno house". Seja lá o que isso for.
Cara, como eu saberia que havia distinção entre os tun tun tun, se nem consigo identificar quando uma música acaba?
Fiquei uma hora e meia, contados no relógio. "Charlotte" e eu demos uma scaneada nos homens em geral, falamos muita bosta. Os únicos pegáveis eram galinhas e homem galinha não serve pra nada. Ao final de cada "observação", a pergunta dela:
- não vai colocar no blog, né?
- claro que vou....hheheh
- o problema todo é que mudaram as regras e eu fiquei pra trás.
...- diz "Charlotte", magra e elegrante como sempre.
- eu bóio também,não existe mais cantada? Eles NUNCA mais vão mexer o traseiro e tomar a iniciativa?

( continua)


******* post publicado originalmente em dezembro de 2007.
A propósito das conversas que andei tendo com algumas amigas, vale republicar.

39 comentários:

  1. Vamos por partes. Provavelmente pela descrição tu foste a uma "buatchi"/ club de playboys. E disso EU não gosto e não é o meio que eu freqüento, tirando algumas exceções tipo algum aniversário de amigo.

    Segundo, eu nunca uso o termo balada. Eu falo clubbing pq eu sou do tempo q eletrônica era coisa underground sem patys e playbas.

    Terceiro, o termo música eletrônica hoje em dia é muito complicado, pq justamente há uma variedade de estilos muito grande. é como comparar heavy metal com indie ou punk rock com progressivo.
    Acredite, não é pq vc não conhece que as diferenças não existam e elas são enormes (e são decisivas até pelo público freqüentador, serío se vc vai numa festa de psy poderia achar que estava em woodstock (eu por ex odeio hipponguice então nao vou onde toca psy), tem festas de house, de techno, electro (que tem um clima muito mais rocker), industrial - altamente trevoso.. . é muito difícil falar genericamente. Eu poderia dizer que todas as cantoras de mpb são iguais (pois pra mim todas elas são chatas e deprimidas cantando sambinhas de gente véia pra parecer cult) mas isso seria uma injustiça pois há tb as que cantam axé e coisa e tal.. rs.. Generalizações são problemáticas pq contêm aquela dose de preconceito ou de mero gosto pessoal e daí não há crítica e não há discussão. Até pq hj em dia praticamente toda música que consumimos é eletrônica, desde Sandy e Junior até Björk etc etc é música processada digitalmente ou com samplers ou uso de seqüenciadores, and so on... dai o mais correto é falar música pra pista. Só que Disco music (que é uma das mães da eletrônica). black music (que é um dos pais) e amúsica eletroacústica (erudita, aquela q veio do Stockhausen e outros cabeçoes) deram o início nisso tudo, só que as coisas se transformam. Dia desses fiz um teste com uma amiga q dizia que não gostava de "música eletrônica", a levei numa festinha em SP da "cena" q eu freqüento e ela gostou bastante e disse ter adorado, e que eu tinha aberto a mente dela mostrado um outro tipo de eletronica q ela nem sonhava existir. Só q nem toda eletrônica é bate-estaca da Joven Pan - o que provavelmente era o q tocava no lugar onde foste , isso causa uma confusão ferrada na mente das pessoas. Geralmente eu nem curto discutir esse assunto com pessoas que não são do "gueto"..rs mas as vezes me sinto na obrigação....

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  2. eu estava solidária até o ponto em que eles é que têm que tomar a iniciativa. Por que isso? Mulher tem sempre que ser escolhida, não pode escolher?

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  3. Caraca, Vivien!! Tô rindo muito!!! Não entrou numa casa dessas nem pagando, viu! Adorei quando você perguntou se eles lavariam o carro também, adorei!!! Vou adotar!

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  4. Anônimo9:41 PM

    Vivien,

    Com meus 21 anos de casada, tô absolutamente por fora de "baladas", mas, pelo que ouço, é assim mesmo... No cantadas, no caras bacanas e no nada... só putz putz... Assim, só encarando a mesma coisa que os anões da Branca de Neve tomam/cheiram... (Como diz um amigo meu, ele quer a mesma droga dos anões da histprinha, pq depois de um dia inteiro de trabalho, ir prá casa cantando, só muito chapado! hehehe)
    Beijinho
    Ju, que tá te esperando "práquele" papo, visse? hehe

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  5. Vivien,

    Também o-d-e-i-o música(?) tipo bate-estaca! Acho que nem uma hiper, ultra, mega amiga me arrastaria pra este tipo de lugar... Nem com venda, mordaça e tapa-ouvidos. TF!

    bjo,
    Clé

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Urubua,eu já escolhi e muito. E ahco que fiz boas escolhas...rs
    Mas minhas inseguranças atuais me inibem.;0)
    beijos.

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  8. Claudia,se vc visse a cara da mulher...olhou pra mim com aquele despreeeeezo..."olha a pobre se fodendo em lugar de rico"...rsrrss
    beijos.;0)

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  9. Ju, eu vou, ainda te escrevo,esse fim de ano tá meio corrido...mas não está ruim não,tá melhor que o ano passado.
    E nunca tinha pensado nisso..depois de um dia inteiro trbalhando, voltar pra casa cantando??? ih, anões chapados...rs
    beijos.

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  10. Clélia,isso eu sei que não tem na sua hiper coleção de cds....rsrs
    beijos.;0)

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  11. Lady A., Lady A., entendo que vc saque todas as nuances e o que eu te diga pareça um disparate.
    N~qao disse que as diferenças não existem, disse que eu não entendo picas,só isso.É coisa de gosto mesmo,sem maiores elucubrções teóricas.Mas acho que provavelmente eu me sentiria assim em qq lugr que tocasse música parecida com aquela:detesto multidão,não rola tesão pelo ritmo que me entedia...essas coisas.
    Sei que generalizar é foda,mas eu generalizo tbg quqando digo que odeio breganejo...e,cara, odeio...fazer o que....
    Coisa de tribo mesmo,eu serei sempre aquela que opta pelas cantoras de mpb. Sei lá,vai ver que sou uma véia deprimida, né?

    beijos.;0)

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  12. Minha querida, eu já não era muito de balada e hoje praticamente pago para não ir a uma, muita dor de cabeça, em todos os sentidos!

    beijo grande

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  13. Vivien, tá ácida, hein garota?
    Beijo, menina

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  14. Vivien,

    Odeio o som bate estaca. me dá ânsia de vômito. E isso não é figura de linguagem.

    Mas, me responde uma coisa: O que dar uma scaneada nos homens? Isso dói?

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  15. VIVIEN: eu respeito gosto pessoal, até pq meus gostos são bem específicos (não entro em lugar que toque pagode nem que me paguem por ex), só que não gosto de reprodução de preconceitos, tipo dizer que todo lugar que toca música X é assim ou assado. só isso, bjao e boas festas!

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  16. Mas no quarto da Cecília, você, certamente, irá encontrar, Vivien! Passando por clássicos, MPB, trilhas de filmes, rock, axé, até bate-estaca... A menina é eclética!

    bjo,
    Clé

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  17. Vivien. Dá vontade de recortar e colar teu post no meu blog. Já passei por isso e, sem querer, causei essa desgraça de prometer pop e na hora os caras largarem metal pro povo que se escondeu num terraço sem luz! Meu aniversário! Um horror. E mais: já fiz muito fiasco de entrar, pegar a comanda e sair, quando via que a música era bate-estaca. ODEIOOOOOOOOOOOOOOO! E já fiz isso fora do Brasil, no famoso Budha bar, em Paris, depois de gastar com táxi na madrugada. Pra desespero da minha amiga que estava junto comigo, entrei e saí com cara de nojo e não dei tempo nem de olhar a decoração pra falar pros outros como era.
    Isso e festa rave deviam ser proibidos por lei.
    bj

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  18. rsrsrs caramba, que noite!!! que bom que vc foi, pq assim tem história pra contar e podemos rir com vc...

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  19. se mexer pra q se tem mulher sobraaaaaaaaando no mundo

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  20. Vivinha,
    Creio que é por isso que essas casas noturnas não permanecem muito tempo, fecham suas portas. O visual é importante,mas o aconchego
    a qualidade e a variedade do som são essenciais para o sucesso do negócio.
    Bjs
    Mamãe

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  21. Vivien, acho que tudo é uma questão de maturidade. Já tive minha fase baladeira. Gostava muito da noite. Eram outros tempos (décadas de 70,80 e início dos anos 90). A última vez que saí pela noite foi uma decepção. Muito tumulto, preços altos, muita gente mal educada, perigo e muita drogas. Bebida também. As pessoas estão bebendo mais ou é impressão minha. Quanto á música, sinto falta de negras cantando e fazendo você dançar. Não conseguiria dançar músicas que parecem serem tocadas por máquinas.
    bj

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  22. Aleksandra,são aquelas coisas que a gente só faz por amigos...rs
    beijos e bom te ver de volta!
    ;0)

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  23. Valter,ácida? eu nem lati pra moça que vistoriou minha bolsa...rs
    beijos.;0)

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  24. Arnaldo, hahahhaha.....não, não dói.
    "scaneada" é aquela olhada-com-comentários, entendeu? que incluem aparência, gestos, estilos...coisas assim.;0)
    beijos.

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  25. Lady A.,concordo com vc, reprodução de preconceitos é complicado e provavelmente há uma longa série de lugares mais ou menos descolados e músicas dentro desse estilo com mais ou menos qualidade.
    Mas pra uma pessoa como eu,que opta por não estar em lugares com multidão, que detesta música alta.....sempre serão meio parecidos.
    Um grande beijo.;0)

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  26. Clélia,ahhahah....e ela coloca esse som na sua casa?
    beijocas.;0)

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  27. Maris,por isso gosto de sair com meu carro....se eu piro, vou embora e fim! O complicado é quando vou de carona - como já contei em outro post - e fico amarrada em um lugar que não quero estar...rs
    beijocas.

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  28. Sandra, hahaha...eu também pensei assim,quando estava lá,imaginei..."pelo menos pode virar post".
    beijos.;0)

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  29. Andre, o próximo post é EXATAMENTE sobre isso.;0)

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  30. Mãe, o problema é que campineiro é metido a besta...rs...come sardinha,arrota caviar,essas coisas.
    As casas não duram porque começam caras e ninguém vai...rs
    beijos.

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  31. Julio, no meu caso não é só a maturidade,mesmo jovem eu não curtia...ih, piuor ainda, porque achava "coisa de burguês" e era uma radicalzinha daquelas, sabe?ehehehh.
    Se é pra dançar, como disse, gosto do Barril da máfia, onde toca black music com bandas incríveis.
    beijos.

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  32. E em alto volume, pra nosso desespero! Nosso quarto e o da minha mãe têm parede em comum com o dela. O isolamento acústico, em casa de madeira, não é lá estas coisas... Dá pra ouvir perfeitamente! Pior é que o som vem acompanhado de TV ligada, computador, etc.

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  33. Clélia, hahahahah....a era multimidia gerou pessoas multimída...rs
    beijos.

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  34. Anônimo11:34 AM

    Essa imagem do Miró parece com as esculturas da Iole de Freitas... Um beijo!

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  35. Charô, nào é que parece mesmo?
    beijocas.

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  36. Mulher TEM que escolher, né?rs!
    Beijocas,

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  37. Nào Somos Aapenas Rostinhos Bonitos, escolher é...mara....rsrs
    beijos.

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  38. Anônimo9:42 AM

    Vivien,
    Eu já não gostava deste tipo de balada, ops, programa, agora, então, com esta descrição hilária e revoltante tua, é que não vou mesmo, nem pela melhor amiga (que não me ouçam, hehe).
    Gostei muito do teu espaço. Bem recomendada pela Meg, só podia ser coisa boa, hehe.
    beijo,menina

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  39. ***Denise, nessas frias eu não entro mais, de jeito nenhum!
    Volte sempre, beijocas.

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Queridinho, entre e fique à vontade: