08 julho 2009

Será que fizemos as perguntas certas?

Conversando com algumas pessoas, percebi que uma fala se repetia: a culpa da imprensa em relação a degradação pública de Michael Jackson. Fiquei pensando sobre isso.
Concordo sim, sem dúvida, mas comecei a relativizar.
Quando meus amigos diziam "os jornalistas fizeram isso e aquilo", não consigo me furtar de pensar que os jornalistas, salvo raras exceções, são funcionários como outros, ou seja, cumprem ordens e fim. Quem imagina uma grande liberdade de ação descarta o poder do capital do dono dos meios de comunicação, cujo desejo é, em última instância, lucro e mais lucro.
Noticia ruim vende bem, escândalo vende mais ainda. Alguns chutam o pau da barraca, como os famosos tablóides ingleses, chulos e fantasiosos. Outros jogam uma ou outra m*** sobre uma celebridade e esperam o resultado.
Amy Winehouse vende mais com notícias dos shows ou quando corre de soutien pela rua?
Fico me perguntando se todas as reportagens que vimos sobre as sucessivas e loucas transfornações de MJ fizeram todas as perguntas possíveis.
Porque eu sei que ele se transformou, sei que se escondia com máscara, mas não sei se foi investigado se a família o questionava sobre isso, não sei se foi investigado se um médico trasnfigurar uma pessoa à exaustão era ético.
Se ele pirou em público, além de fofocar sobre isso, o que exatamente foi perguntado?
Porque eu nem vou dar pitaco sobre seu branqueamento. O que sei eu sobre o que significa ser negro dentro de uma sociedade WASP? Será que essa massificação de um tipo de beleza foi expressa apenas por seu pai maluco?
Se eu não consigo assumir meu cabelo cacheado e faço escova, se preciso disso pra me sentir melhor, o que eu posso dizer sobre outras transformações?
Posso apenas verificar que MJ perdeu o senso de limite e que, efetivamente, não conseguia se enxergar.
Mas se o jornalista faz o que o patrão manda e se o patrão quer lucro a qualquer preço...quem deu esse lucro?
Enquanto continuarmos consumindo a decadência das pessoas, nem só a imprensa marrom vai suprir nossa sanha, mas a imprensa "convencional" vai fazer o mesmo.
No vídeo abaixo, cenas do último ensaio.


(Me enganei ou ouvi trechos do famoso discurso "I Have a dream" do reverendo Martin Luther King ao fundo? Vejam e me contem.)




7 comentários:

  1. É... MJ pirou, mas só por acompanhar a vida dele na imprensa não é possível entender o processo. Pena que o vídeo foi removido. Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Gosto do tom ponderado e questionador deste post, diferente de muitos outros que andei lendo em torno da morte de MJ.
    Estou sempre dando uma passada por aqui para ler o que você escreve. Beijoca

    ResponderExcluir
  3. ***Cláudia, ver a piração alheia e jogar lama em cima parasse ser o trabalho de alguns...;0(
    beijos.

    ***Tanyssima, voltarei a postar com mais assiduidade em breve, volte sempre!
    beijos.

    ResponderExcluir
  4. Vivinha
    Vc questionou e apontou os problemas com muita precisão. Concordo plenamente.
    Entretanto fico me perguntando se a imprensa falada ou escrita (seja ela de funcionários,
    jornalistas ou donos) invertesse o foco, e começasse a divulgar as boas ações,as boas causas,de forma incessante,será que a história não seria diferente?
    Eu acredito que sim, porque a manipulação das massas, é o ponto alto da imprensa.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. **Mãe, eu acho que grande parte das pessoas quer ver mesmo sangue e barraco, isso vende...infelizmente.
    beijos.

    ResponderExcluir
  6. Vivien, tem artistas que pagam para que noticiem "escândalos" sobre eles. Querem estar na mídia a qualquer preço. "Plantam" namoros, separações, preferências sexuais e vai por aí. Tudo pela fama. Claro que os jornais vivem de notícias e informações e para isso é que existem. E para que existam tem de existir os jornalistas.
    Certa vez perguntei a uma das maiores jornalistas do país, que falava muito em "liberdade de imprensa", se ela considerava livre um jornalista que para manter seu emprego escrevia sob a batuta de seu chefe de redação. Não tive resposta. Então, a imprensa não é livre. É u negócio como outro qualquer.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  7. ***Adelino, pois é..concordo.
    E como tal,está na mão do consumidor...parece que só nós,os consumidores, ainda não nos demos conta disso.;0)
    beijos.

    ResponderExcluir

Queridinho, entre e fique à vontade: