15 setembro 2010
Tem aluno que....
Faz uns mil anos que sou professora. Já tive aluno de tuuuudo quanto foi jeito: inteligente, engraçado, chato, preguiçoso, plugado, playboy, mano, emo ( juro que alguns eram bem legais), bem humorado, esforçado, cego, com Down, gênio, bipolar, adotivo, filho biológico, hetero, gay, com dificuldade, rico, bobo, generoso, agressivo, gentil, criativo, falante, calado, tímido, expansivo.
Outro dia um carro buzinava histericamente, dentro dele, um homem adulto ( adulto, povo, vejam isso) berrava: Vivien, Vivieeeeen, tiiiiaaaa!!!
Converso com alguns pelo orkut, vejo suas vidas, filhos, profissões. Morro de orgulho deles, me lembro de trabalhos, de micos, de saídas de estudos - que me deixavam de cabelo em pé e coração na mão.
Rimos juntos de coisas banais do passado. Dou uma de mãe e conto no twitter que a jovem jornalista que ali posta ia pra aula com uma boneca no colo, ela quas me mata, a gente se esborracha de rir.
Outros esqueci, outros faço questão de esquecr, porque, vamos lá, né? sou professora, não a Madre Tereza de Calcutá!
Mas acho que tenho um provilégio ímpar: eu consigo estar com eles em um momento nevrágico de sua vida, momento que eles só vão sacar o nível de importância décadas depois. Mas eu sei hoje e acho incrível.
É um provilégio ver essas jovens mentes se desenvolvendo.
Hoje foi um dos dias que isso ficou mais claro: passei parte da tarde escolhendo canções de protesto e outras ligadas à contracultura para um grupo de alunos muito especiais apresentar na Mostra Cultural da escola.
Vou ser muito, muito coruja se eu disser que eles escrevem bem, cantam bem, tocam bem, desenham bem...e PENSAM melhor ainda? Ah, vou ser, mas paciência. É uma moçadinha de ouro, povo.
E a apresentação? Vai ter trechos de Brecht, vai ter pinturas, vai ter uns lances cênicos e eu me pergunto se seria possível qu eu me realizasse tanto assim em outra profissão. Duvido. Como eu disse, é um privilégio.
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Vivien, pelo que tu escreves dá pra notar o quão boa és como professora. A profissão tá no sangue, como na família do meu marido: a avó dele foi das primeiras professoras na cidade e tem escola com o nome dela; eles são 10 irmãos, 5 são professores e os netos já perdi a conta.
ResponderExcluirO importante é fazer o que se gosta. Eu fiz a Escola Normal e não seria boa na profissão.
Bjim.
Professora, assim você acaba fazendo propaganda enganosa da gente para os seus leitores!E outra, todos tem defeitos, o seu por exemplo é votar na Dilminha rss.Beijos Suniga, até depois do Nr.
ResponderExcluirVivinha
ResponderExcluirPoucos são os profissionais que amam tanto o trabalho como vc, nessa área então raríssimos. Parabenizo-a por isso, por essa garra, por ter a visão profunda da seriedade dele. Parabéns minha filha, pelo reconhecimento dos alunos, que entendem a importância e a dedicação que receberam.
Bjs
Mamãe
Sabe o que é bacana nisso tudo? É ler a emoção latente no teu texto, no teu gosto pelo ofício. Ser professora não é fácil, basta ver TV para saber. Isso é fato. E quem escolhe sê-lo, sabe disso. Portanto não entendo por que, sob a justificativa do baixo salário ou falta de recursos, a gente vê professores... é... meia-boca. Quero dizer que a classe não tem o direito de reividicar carreira, salário, recursos, estrutura? Não, não e não. Absolutamente! E é justamente o contrário. O que eu gostaria de ver nessa profissão é mais profissionais como você, conscientes da responsabilidade que têm e que é notório que estão no meio porque antes de qualquer coisa, curtem o que fazem. Isso faz diferença para a criançada, e como faz. Parabéns, Vivien! :)
ResponderExcluirEncontros são ótimos! Reencontros são maravilhosos! Tiaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirbjs
Frou
:o)
Às vezes sou muito repetitiva. Lá vai: adoraria ver seu entusiasmo em pelo menos 30 por cento dos professores mundo afora. (Falo sem julgamentos, claro; como ter entusiasmo com certos salários e condições...) Mas dá gosto. Viu?
ResponderExcluirRita
***Rosa, eu gosto mesmo e gosto muito. Claro que, como todas as coisas, tem seus dias maravilhosos e seus dias negros...;0)
ResponderExcluir***Lucas....hahahahahahah.....adoooooro meu defeito em votar na DIIIILLLMA! Não acredito que tenho aluno tucano...humpf!;0)
***Mãe, tenho certeza de que vários pensam assim, mas a gente tropeça com umas figuras mimadas tb, essa é a parte ruim da coisa, né? Mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos...rsr;0)
***Lidi, eu encontro dificuldades, sem dúvida, mas nem posso julgar o pessoal que trabalha no Estado. Nós, das particulares, temos uma estrutura incrível pra trabalhar, salários bacanas, coisas que quando a gente comenta com os amigos das públicas, eles até dão risada, afinal, trabalham com cuspe, suor e giz.
;0)
***Frou, vc sabe como é bom...ahhahaha
***Rita, posso te dizer que - como comentei com a Lidi - o pessoal do Estado trabalha em situações lamentáveis e até entendo o humor dos caras. Mas confesso pra vc, nesses muitos anos de profissão, mesmo em ótimas escolas particulares, já tropecei com cada preguiçoso!!! Sorte deles eu ser apenas colega e não chefe, porque eu ia passar a régua geraaaaaaaal, se os caras não gostam de escola, alunos e livros, deverião procurar outra coisa na vida, certo?
Ah, mandei email pra vc, recebeu?
Vivien, também ando as voltas com a mostra cultural da escola. O sexto ano ficou com o guia do viajante do Egito, está bem legal, depois eu coloco as fotos e o sétimo ano com o Renascimento.
ResponderExcluirAté sábado eu juro que morro, mas morro feliz da vida, porque a produção deles me enche de orgulho e esses trabalhos "diferentes" proporcionam descobertas maravilhosas: uma das minhas alunas mais "problematicas", daquelas que os outros professores só reclamam, se descobriu artista e passou a semana sorrindo e produzindo lindamente. Sorri junto com ela, pensei: vitória!
***Cecy, sei como é.;0)
ResponderExcluirDepois me manda fotos do trabalho!E os rpgs, foram bacanas?beijos.