20 dezembro 2009

A cultura da ironia ou Sou Bom demais pra ser educado

























Na semana passada acompanhei uma amiga advogada em uma audiência trabalhista. Já pedi para ver outras, porque aquilo que achei punk, ela me disse ser absolutamente light, então, quero ver até onde vai o troço.
O caso é simples: o processo estava sendo finalizado e só um ponto devia ficar claro para o juiz, se o demandante tinha ou não vínculo empregatício com o demandado.
Assim, a tal audiência foi rápida, mas houve tempo suficiente para a juíza dar meia dúzia de petelecos verbais nos advogados. E nem houve predileção: levaram ambos.
O ponto a que quero chegar é absolutamente simples, uma dúvida prosaica: por que algumas pessoas, investidas de poder, acreditam que sua atitude tem mais peso, mais credibilidade se vier acrescida de uma patada?
Porque, vamos combinar, tudo que a juíza falou, poderia ser dito de forma polida. Por algum raciocínio tortuoso, vejo que algumas situações são culturalmente associadas a tiradas irônicas, ou melhor, usando meu passado caxiense: são situações que vem com um belo coice.
Em todas as defesas de tese que vi, isso se repetiu. Os professores que arguiam o candidato pareciam acreditar que suas observações deveriam vir embaladas em ironias escrotas. E o candidato lá, com cara de nada, respondendo a tudo como se não estivesse com o fígado em petição de miséria.
Se a mesma observação poderia ser feita sem aquele teatro arrogante, por que fazê-lo?
E esse tipo de atitude acaba naturalizada, a ponto do jovem juiz repetir essa atitude pouco tempo depois de empossado, a ponto do jovem professor se chacoalhar todo entre sorrisinhos debochados para demonstrar como seu interlocutor é tolo.
Ai, gente, esses egos supersônicos me cansam.

2 comentários:

  1. A academia efetivamente é um teatro e por vezes vemos horrores no palco. Hipocrisia e falta de educação muitas vezes é o que sobra e no meio do resto a tentativa de construir uma imagem de bam-bam-bam, que é falsa.

    Quem é bom não prova tripudiando do outro.

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  2. ***Yamãnu, é exatamente isso, quem precisa da "muleta" do escárnio, é porque não confia no próprio taco.
    Cachorro ataca quando tem medo.
    Beijos.

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