19 dezembro 2009

O Tempo e o Vento de Benjamin Button






"- O que você está olhando?
- O vento."

Com esse diálogo que me remeteu, imediatamente ao delicioso Tempo e o Vento de Érico Veríssimo, começa O Curioso Caso de Benjamin Button.
Como no romance brasileiro, o filme norte americando - adaptação de um conto de Fitzgerald, de quem nunca gostei muito - pauta sua narrativa no vento. O vento aparece como metáfora para as mudanças, convergindo para a inevitável morte da mãe idosa, ao mesmo tempo em que o Furacão Katrina assola Nova Orleans.
A filha lê o diário de Benjamin para sua mãe, que na cama de hospital, na eminência da morte ( e do furacão), decide contar parte de sua vida, até então, guardada apenas em sua memória.
O filme trabalha com algumas coisas que adoro: narrador, que imprega uma intimidade com o espectador; flash back que sempre me envolve e a atmosfera mágica dos sedutores contos de fada.
Assim, a história narra a vida do bebê que nasce velho e que ao crescer, passa a ser, paulatinamente, mais jovem. Nessa caminhada, reflete - e faz refletir - sobre as escolhas da vida e sobre a possibilidade do recomeço, da releitura da própria vida. Sempre pautado pelo vento.
Ao se tornar cada vez mais jovem, cada vez mais criança, faz o parelo perfeito entre os velhos/crianças, já que esses parecem dividir não só as pequenas alegrias, como as grandes dependências dos adultos, aqueles que estão no meio desses dois pólos.
Eu chorei, que me desmilingui. Daniel fica durão, nunca chora, tira sarro do meu choro fácil. Michelle, que já havia assistido, disse que chorou duplamente, porque como já sabia o que vinha, chorava por antecipação.
Em um dado momento da vida de Button, quando ele está crescendo/remoçando, ele tem um quê de Marlon Brando em O Último Tango em Paris ( sacumé? meio caído, mas ainda irresistível?) e nessa hora, Michelle me cochichou exatamente o que eu estava pensando:
- Ops, Vivinha...nesse ponto aí, eu já pegava....
E é claro que a beleza absurda de Brad Pitt aparece com sua força total, momentos depois, de forma que chego a duvidar que alguém possa ser realmente tão inenarravelmente atraente. Chega a doer nos olhos.
O filme é delicado e a emoção que desperta passa longe da pieguice. É um daqueles filmes que fazem você sair meio torto, meio feliz, meio angustiado, meio embolado em tudo isso.
Vá, chore muito e me conte tudo.







****post publicado originalmente em fevereiro de 2009.

15 comentários:

  1. Chorei, chorei muito. O cinema tava cheio de adolescentes, inclusive dois alunos meus, e eu e outra professora da escola chorando de soluçar.Adorei.

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  2. Anônimo11:43 AM

    Mudei de opinião mais tarde, mas a primeira reação foi morrer de chorar. Vi duas vezes. O que sobrou, passado algum tempo, foram as pessoas descritas e não a personagem principal. E algumas máximas de vida que já tenho adotado...
    Vc percebeu que há referências tb ao nouvelle vague? :) Beijão!

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  3. Aiiiii é de chorar? :(

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  4. ***Cecy, não é incrível? Eu vou ver de novo, ainda nessa semana. Merece muitos prêmios, adorei.
    beijocas.;0)

    ***Charô, não percebi as referências...me mostre, me mostre! Quero ver de novo e ficarei atenta.;0)
    Quanto às máximas, como vc, me identifiquei com algumas...que regem minha vida.
    beijinhos.;0)

    ***Márcia, putz grilo!!!!!!;0) beijoooos.

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  5. Anônimo10:36 AM

    ""...O filme trabalha com algumas coisas que adoro: narrador, que imprega uma intimidade com o espectador; flash back que sempre me envolve e a atmosfera mágica dos sedutores contos de fada." (Vivien Morgato)

    Também gosto de filmes assim, Vivien. E você descreveu muito bem a atmosfera... Já viu o Grande Gatsby, com Redford?
    Um abraço.

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  6. Vivien, nao li e ainda nao vi ao filme, mas estou louca para ver.

    Uma ótima escolha a sua.

    beijao

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  7. ***Adelino, ainda não, mas obrigada pela boa dica.;0) beijos.

    ***Georgia, tenho certeza de que vc vai adorar, beijos.;0)

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  8. Fiquei louca pra ver!!

    :))

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  9. Vivinha
    Quero chorar tb, vc não quer ir de novo????
    Vamos marcar?????
    Bjs
    Mamãe

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  10. ***Ana, vc não pode perder! beijos.;0)

    ***Mãe, eu queroooo, vamos lá, beijos.;0)

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  11. Anônimo5:25 AM

    Ah, agora sim! Vou conseguir por comentariozinho:
    Gosto muito do que li do Fitzgerald: The Great Gatsby e Contos da Era do Jazz. Fala sempre da abundância do vazio, de solidão, de desencontro e isso muitas vezes em clima de aparente festa, de euforia.
    Vou ver o filme o quanto antes.
    Beijo

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  12. ***Sibila, eu não gostei muito do pouco que li dele, mas vou tentar os contos, adorei sua descrição.
    Veja o filme!
    Tô mandando email pra vc, beijos.

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  13. Anônimo2:09 AM

    Por exemplo, quando eles estão na casa que compraram. Parece Nouvelle Vague... Né?

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  14. eu não vi o filme mas o conto é maravilhoso e eu, ao contrárario de ti, me envolvo muito com os livros dele. suave é a noite ainda acho melhor que gatsby.
    bjs.

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  15. ***Léia, eu não curto, mulher, não rola, não me conecto com ele.
    Suave é a Noite, então, não vai.
    Eu tentei várias vezes, mas não rola.
    Mas a adaptação para o filme me ganhou.;0)
    beijos.

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