20 fevereiro 2008

Barraco entre amigos






Eu estava esperado ansiosamente a nova mini-série da Globo:Queridos Amigos.
Estava com um certo receio,porque a autora é a Maria Adelaide Amaral,que há alguns anos adaptou meu livro preferido do Eça - Os Maias - e fez uma caca tão horrenda que me recusei a assistir até o final.Mas isso é assunto pra outro post.
Nesse post só vou comentar duas coisinhas bem básicas: a pressa em começar o "barraco" da história,ou seja,a falta de introdução.Explico.O personagem principal tem um sonho e sai recrutando amigos para um encontro depois de anos.Fica apressado,cenas curtas demais,tudo corrido,onde ele surge para convocá-los.Tem relação ainda com alguns? Ficou claro que alguns ainda tinham contato,mas quais?
Imaginei que na entrada da festa,isso seria esclarecido.
Nada disso:próxima cena,todos na mesa(como foi a entrada? houve tensão?quem não se via há tempos?) e o yuppie gay começa a disparar flexadas contra todos,transformando o almoço em um barraco.Tudo muito apressado,parecia mais uma resenha do que uma cena.
Mas houve um momento muito comovente.Quando começam a assistir a antigos vídeos
( casamento de fulano,ano novo na casa de sicrano..) incluem também a cena da volta do exílio de um dos casais.A sacada foi incluir cenas reais e aí eu não aguentei,chorei deslavadamente,para o espanto do Daniel.Vi Miguel Arraes,vi o Fernando Gabeira...e eu me lembro de ter assistido a isso em 79,com onze anos,sem saber ao certo o que era "abertura" ou "exílio",mas sentindo a emoção do reencontro dessas pessoas.
A cena ganha grandeza com a fala de Denise Fraga,que ao reagir calmamente as provoções do amigo yuppie,diz a que fica reduzida uma pessoa - que como ela - foi torturada.Aquilo que se perde internamente,para sempre.
Aí penso no que o exílio tomou dessas pessoas.
Não há uma vez que o caso do Alfredo Sirkis,autor de Os Carbonários,não me venha a mente.Ele foi exilado quando estava brigado com o pai,quando retornou,oito anos depois,seu pai já havia morrido.
Não houve tempo para o perdão,para fazer as pazes.Isso nunca vai ser apagado.
E aí gente,eu chorei mesmo.

41 comentários:

  1. daí eu penso que teve gente que passou por tudo isso, viu sua vida alterada para sempre, e hoje em dia outras pessoas ainda (ou cada vez mais?) entregam a alma por tão pouco. Por uma insinuação que depende disso a permanência num emprego, por uma quantidade de dinheiro que revela o próprio ridículo quando é comparada com os milhões que circulam em outras esferas, para não ter que confrontar uma cara feia. Pior é que gente que faz isso não chora numa cena dessas, se regozija: ah, bando de idiotas, fossem espertos como eu nunca teriam sofrido tanto.

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  2. Urubua,tem gente que vende a alma baratinho,em liquidação.
    beijos.

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  3. Anônimo6:21 AM

    Estéticamente os caras dão um show, o problema é o enredo. (PC)

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  4. Se eu não estivesse trabalhando, provavelmente também teria chorado... rs

    bjs

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  5. Aliás,
    Esta foto é D+

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  6. Obrigada pela visita Vivien, ainda não tive a oportunidade de ver a minissérie sempre acabo dormindo antes, mas Gabeira foi um dos exilados politicos na época, assim como a atriz Beth Mendes.
    Li um livro que retrata bem como foi isso que chama 1968:o Ano Que Não Terminou de Zuenir Ventura. Recomendo é ótimo.
    Big Beijos

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  7. PC,eu fico me perguntando como podem errar:com bons autores,bons diretores e bons atores.
    Mas eles conseguem....rs
    beijos,volte sempre.

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  8. Frou,esa foto é clássica mesmo.
    Ah,vc teria chorado..certeza.;0)

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  9. Lulu,gosto muito deste livro,com o início da famosa "festa da Helô".;0)
    Beijos e volte sempre.;0)

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  10. Eu achei meio apressado a coisa toda do reencontro, mas estou gostando da minissérie...

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  11. Acho que fizeram uma coisa meio trás para a frente. No decorrer da trama, todas essas dúvidas serão esclarecidas. Acho que, se tivessem aberto muito logo no começo, não teria muita história depois. No geral, gostei. Emocionante mesmo, ainda mais para quem já passou um pouco dos 30 e que viveu, ainda que na infância e sem saber direito o que acontecia, a era negra da ditadura militar no Brasil.

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  12. Anônimo10:37 AM

    Tudo que somos é resultado do que pensamos. (Buda)

    Lindo finalde semana e aparece!

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  13. Fabiana,eu tb estou...mas com ressalvas.Espero que a coisa engrene.beijos e volte sempre.

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  14. Fê,bom te ver por aqui.;0)
    Eu acho que vc tem razão no tocante a história ser montada aos poucos,com os flash back,mas ainda acho que esse início não conseguiu perder o clima de pressa.
    Beijos.

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  15. Elisabete,grande Buda.;0)
    beijos.

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  16. Vivien, fico aqui imaginando à globo e suas miniséries se mostrando à uma pessoa que entoa literatura de todo lado, qualquer erro é fatal...

    Tô vivo ainda, viu???

    Bjs querida

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  17. Ronald,ah,rapá...eles fazem besteira quando querem...tem gente competente pra caramba.
    Mas eu vou sentar o cacete na adaptação dos Mais,espera só..hehehe
    Desculpaê,sei que estou em dívida contigo,to indo lá.;0)

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  18. Anônimo4:17 PM

    Não tenho acompanhado, mas você fez um ótimo resumo e crítica. Agora, sobre exílio... Algumas pessoas criam seu próprio sem sair do lugar. Isso, sim, é triste!

    Beijos

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  19. Eu assisti alguns pedaços, mas não consegui ver engrenar...

    Quanto a tortura, o nome que sempre me vem forte é geraldo Vandré...

    Beijocas...

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  20. Eu consegui assistir até quando o carro caiu da ponte. Presto atenção em detalhes, achei muito mal feito, parei! Fui dormir! O horário não ajuda muito. Vou esperar sair em DVD. Beijus

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  21. Belo post. Eu vi um trecho da série. Muito rica na trilha sonora. Pensei que deve haver alguma coisa que impeça que coloquem "Janis Joplin" por exemplo na trilha sonora das novelas... seria muito mais útil para o povo. BJ.

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  22. Putz, Vivien, pena que não estou podendo assistir :(

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  23. Já faz um tempo que não passo por aqui (ou em qualquer outro blog, muita falta de tempo), e me deparo com um post bom desses! Gosto de te ler.
    Pois é, com tanta gente que teve o corpo e a alma violentada pela ditadura ainda existem pessoas que afirmam que não houve tortura, e que se houve é porque a pessoa mereceu. Nunca imaginei existir gente assim, mas o orkut está cheio....
    Grande beijo!

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  24. Vivinha,
    Estou contigo e não abro. Tb achei cenas jogadas no ar, sem nexos, mas momentos como o que vc apontou maravilhoso, emocionante mesmo. Eu tb me lembro desse dia, lembro de ter pensado nos outros tantos que não podiam voltar, era tarde demais.
    Bjs
    Mamãe

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  25. Vivien, estava com muita vontade de ver a mini série também.
    Mas nem comecei a ver, agora com o Érickinho estudando de manhã, levanto muito cedo,e aí já viu né? Durmo com as galinhas, e ter que esperar BBB, não dá.
    Um beijo e boa semana.

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  26. Sandra,veja um dia,quero saber o que vc achou.Beijos.

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  27. Lu,a quantidade de pessoas que passou por isso é assustadora.beijos.

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  28. Luma,eu estava na maior espectativa...mas como eu disse,deixou a desejar.Mas ainda vou insistir.Beijos.

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  29. Tar,mas eles não classificam o público como "Homer"? Lembra do Bonner?Muitos pensam assim,aí,trilha sonora de quinta nas novelas.
    Janis Joplin foi um presente mesmo,aquele "cryyyy..." ficou lindo em várias cenas.
    beijos.

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  30. Neutron,é realmente muito tarde,né?
    quem sabe vc vê em dvd,beijos.

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  31. Babs,ótimo te ver por aqui.;0)
    E o bispo que disse,na época,que um omelete não se faria "sem quebrar alguns ovos"...vixe.
    beijos.

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  32. Mãe,acho que a proposta da série é bacana..mas ainda não engrenou mesmo.
    Será que engrena?
    beijos.

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  33. Aninha,é mesmo...o horário não ajuda.Beijocas pra vc.

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  34. é de chorar mesmo!
    eu chorei também..mas isso é redundância.

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  35. Tati Gurua,somos umas choronas.beijos.;0)

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  36. A ditadura deixou uma bola indigerível dentro de quem a viveu. Truculência, crueldade, burrice. É de chorar também de raiva, que é um sentimento menor, mas inevitável. Beijo,

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  37. Jayme,a raiva é inerente mesmo,impossível não sentir.
    grande beijo.

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  38. Tô adorando a série de verdade.

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  39. Andrea,apesar dos pesares...estou gostando.Vamos ver,vamos ver..
    beijocas.;0)

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  40. adorei rever o Henfil...tbém não aguentei, chorei, simplesmente chorei! Obrigada pela visita.

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  41. Ana,visitei e já linkei,porque não posso perder um blog como o seu.Demais o seu olhar sobre tudo!
    Beijos e volte sempre.;0)

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