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Eu estava esperado ansiosamente a nova mini-série da Globo:
Queridos Amigos.
Estava com um certo receio,porque a autora é a
Maria Adelaide Amaral,que há alguns anos adaptou meu livro preferido do
Eça -
Os Maias - e fez uma
caca tão horrenda que me recusei a assistir até o final.Mas isso é assunto pra outro post.
Nesse post só vou comentar duas coisinhas bem básicas: a pressa em começar o "barraco" da história,ou seja,a falta de introdução.Explico.O personagem principal tem um sonho e sai recrutando amigos para um encontro depois de anos.Fica apressado,cenas curtas demais,tudo corrido,onde ele surge para convocá-los.Tem relação ainda com alguns? Ficou claro que alguns ainda tinham contato,mas quais?
Imaginei que na entrada da festa,isso seria esclarecido.
Nada disso:próxima cena,todos na mesa(como foi a entrada? houve tensão?quem não se via há tempos?) e o
yuppie gay começa a disparar flexadas contra todos,transformando o almoço em um barraco.Tudo muito apressado,parecia mais uma resenha do que uma cena.
Mas houve um momento muito comovente.Quando começam a assistir a antigos vídeos
( casamento de fulano,ano novo na casa de sicrano..) incluem também a cena da volta do exílio de um dos casais.A sacada foi incluir cenas reais e aí eu não aguentei,chorei deslavadamente,para o espanto do Daniel.Vi
Miguel Arraes,vi o
Fernando Gabeira...e eu me lembro de ter assistido a isso em 79,com onze anos,sem saber ao certo o que era "abertura" ou "exílio",mas sentindo a emoção do reencontro dessas pessoas.
A cena ganha grandeza com a fala de Denise Fraga,que ao reagir calmamente as provoções do amigo
yuppie,diz a que fica reduzida uma pessoa - que como ela - foi torturada.Aquilo que se perde internamente,para sempre.
Aí penso no que o exílio tomou dessas pessoas.
Não há uma vez que o caso do
Alfredo Sirkis,autor de
Os Carbonários,não me venha a mente.Ele foi exilado quando estava brigado com o pai,quando retornou,oito anos depois,seu pai já havia morrido.
Não houve tempo para o perdão,para fazer as pazes.Isso nunca vai ser apagado.
E aí gente,eu chorei mesmo.