14 junho 2011

O Dia em que meus alunos choraram





Quando trabalho com um tema, faço uma opção metodológica: faço, como qualquer professor, um recorte que privilegie um determinado ponto de vista.
No caso do Nazismo, coloco mais peso na força da propagana e no caos que o preconceito aliado ao poder pode fazer.
Ao trabalhar esse filme, A Lista de Schindler, me pautei na força dramática de Spielberg - vamos combinar, o cara tem dom de mexer nas nossas emoções mais baratas, ele usa uma luz x, uma músca y e todo mundo pira, é um dom - optei por usar esse filme porque acredito que a Segunda Guerra deva ser observada , em especial, pelo viés da destruição em massa, baseada em teorias supostamente cientificas e imortalizadas nos discursos enlouquecidos do Fuhrer.
Ao trabalhar com cinema em sala de aula, tento instrumentalizar a moçada para que eles apurem seu olhar, para que tentem exercitar esse tipo de análise em outros momentos.
Mais tarde eu posso sugerir filmes mais complexos, aliás, creio que eles mesmos os descubram. Por hora, me jogo no cinemão.
Mas algo me motiva mais: apresentar a individualidade daquelas pessoas, no intuito de deslocar o olhar do aluno e fazê-lo executar sua alteridade em um nivel mais intenso.
E acho que isso rolou. Uma oitava terminou o filme fungando o nariz, clima tenso, triste. A outra oitava aplaudiu o filme e se debulhou em lágrimas torrenciais. Um menino, antes de terminar o filme, pediu aos prantos, para sair da sala. No meio da choradeira, duas meninas se abraçavam, chorando e dizendo "coitados, coitados..".
Em um mundo onde a violência está cotidianamente banalizada, ver adolescentes tocados com o sofrimento do Outro é algo que me deixa comovida.
Não digo que amo essa moçada?

3 comentários:

  1. Anônimo12:36 AM

    Oi Vivien,
    nem tudo está perdido então. E aí tem o diferencial de ter vc como professora, que faz a "diferença". É de comover, adoro seus posts de quando fala dos seus alunos de forma tão terna e humana, realmente é comoção pra quem lê também, parabéns.
    beijos
    madoka

    ResponderExcluir
  2. Vivien ,discutindo imperialismo com meus alunos resolvi passar Hotel Ruanda. Duas horas de alunos mudos, olhos fixos na tela e uma expressão de horror.
    Adoro quando consigo esse tipo de emoção

    ResponderExcluir
  3. ***Madika, vc sempre tem um comnetário bacana, gostoso de ler. Brigadim.;0)

    ***Cecy, imagino! Só de ouvir a minha descrição para aquela cena em que o carro tropeça os corpos...muitos já ficam chocados. Seus alunos devem ter pirdo.
    Oh tenho uma amiga que foi duas vezes pra Ruanda, se vc quiser, te envio o contato. beijos

    ResponderExcluir

Queridinho, entre e fique à vontade: