24 julho 2008

"Baseado na obra de..."








Eu entendo que as versões cinematográficas devam ser o que se denominam: versões.
Ok. O que me incomoda - e incomoda muito - é ver como se destrói o sistema nervoso central de uma trama, como se joga fora todas as características principais de uma personagem para transforma-la em outra coisa, não raro, diametralmente oposta a criada pelo autor.
Pô, se é para criar outra personagem, não coloca a porcaria do "baseado na obra de...", troque isso por "detonando totalmente a obra de..."
Foi isso que vi outro dia na tv: na tentativa de filmar Moll Flanders, o diretor - sei lá quem é, nem procurei de tão irritada - praticamente queimou em uma fogueira o interessante romance de Daniel Defoe.
Em comum com o livro apenas o nome - que a personagem assume em um momento de sua vida, usando algumas vezes - e a ida para a Virgínia. O resto pode apagar.
Ela prostituta, bêbada ou casando sem interesse com um nobre, por amor? Apaga, filho.
Moll casou cinco vezes, teve vários amantes, foi ladra por 12 anos, teve levas de filhos que abandonou como ninhada de gatos. Tudo isso no iníco do século XVIII.
A Moll do filme faz das tripas coração para reencontrar a única filha, que perdeu por acidente, e quem ama com loucura.
Gente, a personagem larga os filhos - dos quais diz o nome de apenas um, apenas uma vez, o resto deles é chamado de crianças, filhos, claramente estorvos - o que é descrito por Defoe, que elabora uma narrativa com um final moralizante, baseado no perdão, redenção, essas paradas totas.
Mas me diz, se o diretor do tal filme queria uma história de uma mãe amorosa que buscava o perdão da filha, por que escolher Moll Flanders?
Construir uma Moll amorosa acaba com toda a elaboração de Defoe, suas reflexões sobre os pecados e a tal redenção da personagem, após a expiação das sacanagens que ela aprontou em uma vida abarrotada de "jeitinhos".
Mesmo no final, ainda carrega em si mentiras, segredos e uma boa dose de manipulação, ou seja, completamente diferente, antagônica mesmo, da homônima do filme.
Arre, odeio quando descaracterizam a obra, odeio.

12 comentários:

  1. Anônimo1:28 PM

    Viven, além do que você disse existe um fenômeno curioso: quando lemos um livro, criamos mentalmente a fisionomia e postura dos personagens de acordo com a descrição do autor. Se o livro for lido por centenas de milhares de pessoas, e se fosse possível comparar cada personagem imaginado por cada leitor, creio que nem 0,01 por cento dos personagens seriam semelhantes aos imaginados por cada um deles. Por isso, também não gosto de filmes baseados em livros tais e tais. Isto no caso em que já conhecemos e "curtimos" o livro e seus personagens.
    Imagino no caso citado por você quando um roteirista ou diretor muda completamente a essência da obra do verdadeiro autor que acabamos de ler ou que conhecemos de há bom tempo.
    Beijos. Ótimo final de semana.

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  2. Ai que eu tb nao gosto quando deturpam as estórias dos livros ao fazerem filmes.

    Já de volta das férias.

    Grande beijo

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  3. O diretor pe um cara mais produtor executivo do que diretor, o que dá para entener ter buscado um filme que desse retorno ao investimento...

    Mas também não gostei. Lembro que já havia lido o livro uns bons anos antes, mas quando assisti ao filme busquei o livro em um sebo, pois o que via não era nada semelhante ao que me lembrava de ter lido.

    Eu posso amar cinema, escrever para o meio, mas prefiro o livro, sempre. Por mais que a adaptação tenha se esmerado em não perder a essência do livro, que encontremos riqueza de detalhes, o livro é melhor. Em nossa imaginação não existe problema de elenco, idioma, restrições orçamentárias...

    beijo grande, minha querida.

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  4. Anônimo12:04 PM

    Infelizmente não conheço nem o livro nem o filme e por isso meu comentário é nulo.
    Achei interessnte a sua ideia de levntar esse assunto pois todas as vezes que assisti um filme esperndo encontrar a complementaçõa de um livro me decepsionei.
    Meus blogs foram atualizados. Apareça!
    http://www.cuidadoestaoteespiando.blogger.com.br
    http://www.bisavo.blogger.com.br

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  5. Anônimo12:14 PM

    Nossa menina, quanta atenção e sensibilidade!
    Não li e não vi, mas já concordo contigo.
    Bjs.
    Nos falamos mais por e-mail. Ando desligada...

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  6. Vivinha,
    é até um desrespeito com o autor.
    Bjs
    Mamãe

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  7. Por isso que eu tenho trauma dessas adaptações. Que nem o filme sobre a vida da Sylvia Plath, que eu já peguei várias vezes e nunca tive coragem de levar pra casa. Vai que o diretor foi o mesmo desse filme, né.

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  8. *** Adelino, pelos motivos que vc colocou, eu sempre tenho receios em ver filmes adaptados. Mas quando eles recriam a obra - de forma inferior, um saco - aí então, fico doida da vida.
    beijos.

    *** Georgia, se é pra fazer uma versão, que se perceba a obra do cara, certo?
    Bom te ver de volta. beijos.

    *** Alek, algumas adaptações são maravilhosas, até já comentei isso aqui. Mas outras tantas, são uma violência.
    Saudades de vc, beijos.

    *** Maith, aparecerei, com certeza, beijos.

    *** Sibila-desaparecidaaaa, estou com saudades dos nossos papos, beijos.

    ***Mãe, é exatamente o que eu acho. beijos.

    ***Neutron, hahahah....dá medo mesmo. beijos.

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  9. *** Adelino, pelos motivos que vc colocou, eu sempre tenho receios em ver filmes adaptados. Mas quando eles recriam a obra - de forma inferior, um saco - aí então, fico doida da vida.
    beijos.

    *** Georgia, se é pra fazer uma versão, que se perceba a obra do cara, certo?
    Bom te ver de volta. beijos.

    *** Alek, algumas adaptações são maravilhosas, até já comentei isso aqui. Mas outras tantas, são uma violência.
    Saudades de vc, beijos.

    *** Maith, aparecerei, com certeza, beijos.

    *** Sibila-desaparecidaaaa, estou com saudades dos nossos papos, beijos.

    ***Mãe, é exatamente o que eu acho. beijos.

    ***Neutron, hahahah....dá medo mesmo. beijos.

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  10. *** Adelino, pelos motivos que vc colocou, eu sempre tenho receios em ver filmes adaptados. Mas quando eles recriam a obra - de forma inferior, um saco - aí então, fico doida da vida.
    beijos.

    *** Georgia, se é pra fazer uma versão, que se perceba a obra do cara, certo?
    Bom te ver de volta. beijos.

    *** Alek, algumas adaptações são maravilhosas, até já comentei isso aqui. Mas outras tantas, são uma violência.
    Saudades de vc, beijos.

    *** Maith, aparecerei, com certeza, beijos.

    *** Sibila-desaparecidaaaa, estou com saudades dos nossos papos, beijos.

    ***Mãe, é exatamente o que eu acho. beijos.

    ***Neutron, hahahah....dá medo mesmo. beijos.

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  11. Nossa! Eu vou passar longe do filme pq não quero babar de raiva. E lembra o quanto a gente riu das pilantragens dela? Ah! Fala sério!
    bjs
    Frou
    :o)

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  12. Frou, pois é, criaram outra Molly, uma porcaria de filme.
    beijos.

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