12 junho 2010
Eu e Daniel em Salvador
Eu estava lendo um dos meus blogueiros favoritos e fiquei pensando na viagem que fiz pra Salvador.
Começa que não tenho medo de voar, mas detesto a decolagem. O ar vai pra algum outro lugar que não os meus pulmões e fico colada na cadeira, com cara de quem assistia cine catástrofe quando era criança.
Nesse dia, o cara que estava na janela papeou com o Daniel e eu me concentrei em procurar o tal ar que tinha sumido.
Quando cheguei...apavorei: parecia Caxias, e ninguém merece Caxias....pensei, desolada, então é isso aqui?
Logo a tal paisagem mudou diametralmente, fiquei em um bairro que o Rafael, diz em seu texto, que um dia foi Leblon e que hoje, é , no máximo, Copacabana.
Eu, na minha condição de pobretona deslumbrada, achei tudo lindo. Lindo.
Cheguei no hotel e quando vi que tinha até um stand da H Stern, quase tive uma síncope.
Estava louca pra ir no Pelourinho, fui praticamente todos os dias. Me acabei naquela pimenta maravilhosa, comprei presente até pro gato da vizinha, ou seja, mais turista, mais paulista, impossível.
O mercado modelo não foi bem o que eu esperava, o mercado da minha imaginação era melhor. Mas na saida, sentar pra comer um troço que Daniel falou que parecia olho de sapo ( não comi, depois disso) e ver aqueles Tony Garridos jogando capoeria foi o máximo.
Não sei como é o paraíso de vocês, mas no meu tem um monte de Tony Garrido jogando capoeira. Ah, tem o Reynaldo Gianechini também.
Um dos dias em que a gente estava no Pelourinho, entrei em uma galeria. Reparei em uma escada antiga, de madeira, bonita.Fui ver o que tinha escrito, reparei que havia uma plaquinha.
Bom, gelei, a perna tremeu,senti um aperto indescritível no peito quando li: "Aqui Jorge Amado viveu quando estudante e escreveu Suor".
Provavelmente hoje, eu releria Jorge Amado com ressalvas, provavelmente o acharia maniqueísta, coisa e tal...mas o fato é que li, e li muito, quando tinha 12 anos. Foi através dele que comecei a pensar em conhecer a Bahia e foi através dele que comecei a gostar de política.
A tal escada estava presente todo o tempo no romance, eu me lembro perfeitamente disso, e me deu um troço ver o lugar que o inspirou, deu um troço mesmo.
Adorei ver as ruas com nome de personagem, achei deliciosamente insólito.
Achei as praias de uma beleza arrebatadora, e curti com todos os meus limites, porque não tomo sol nunca.Daniel fez tatto de henna, a gente continuou a orgia das pimentas.
Uma coisa me irritou barbaramente: o tal tempo baiano.
"São só cinco minutos....mas cinco minutos baiaaaanos"..eu tinha impetos de socar a cara do fulano. Quando perguntei , em um determinado lugar, onde havia taxi, o cara mandou essa (juro!!)
- Vá de taxi não...é muito rápido.....
O que eu poderia responder? Que sou uma palixxxxxxta otaaaaaaaaria? E que tenho muita, muita pressa todo o tempo? ...rs. Pois é.
Mas o bom, o bom mesmo era ouvir o tempo todo, minha rainha pra cá, minha rainha pra lá. Eu nem sabia que existia esse hábito, mas a-d-o-r-e-i...pode me chamar de rainha que vai rolar gorgeta, e como vai. Eu compro o que o fulano estiver vendendo.
Ser rainha é bom demais da conta.
********post originalmente publicado em dezembro de 2006.
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Um dia ainda vou nesse tal de pelourinho. Já passei duas vezes por Salvador mas nunca parei.
ResponderExcluirVivien um ótimo Natal pra você e para o Daniel. Vou muito legal "conhecer" você nesse ano ;)
Beijos
Esse negócio de "minha rainha" é mais pra turista mesmo, eu acho... não se fala isso no dia-a-dia aqui.
ResponderExcluirConcordo com o cara q Taxi é muito rapido... haha (embora não sei bem qual era o seu destino)
Vivien,
ResponderExcluirTodas as vezes que viajei pra Salvador foram a trabalho. Por isso mesmo, conheço muito pouco a cidade. Quando estou lá, entretanto, sinto uma coisa diferente, como o que sinto quando estou no Rio de Janeiro. Enfim, gosto muito dos baianos e dos cariocas que, embora sendo muito diferentes, têm, cada qual, seu charme e seu tempero, como diz esse Samba da Joyce.
Márcia, tb adorei ter conhecido vc, beijão.;0)
ResponderExcluirAnônimo, a turista aqui babou.;0)
ResponderExcluirArnaldo, eu pretendo voltar lá, com certezaaaa....abç.
ResponderExcluirApesar dos meus pais serem baianos, fui, acho, apenas 2 vezes a Salvador. Costumava, sim, ir sempre ao sul da Bahia: Itabuna & Ilhéus, onde viviam e vivem, ainda, meus parentes mais próximos (avós, tios & primos). Adoro o sotaque baiano e suas expressões regionais! A velocidade deles é, mesmo, diferente da nossa. Mais saudável, certamente! Minha mãe está lá, agora, passando sua temporada anual com minha avó (sua mãe), de 94 anos! As mulheres do meu lado materno são longevas... Sorte minha!
ResponderExcluirClélia, um outro tempo, com certeza.;0) beijão pra vc.
ResponderExcluirAh! Que maravilha de texto. Até eu que sou baiano e já estou cego de tanto ver Salvador, me deliciei com o que vc escreveu.
ResponderExcluirJosé Alberto, obrigada, eu gostei demais de Salvador e gostei de escrever sobre Salvador.abç.
ResponderExcluirEu sou de Salvador. Sim, chamam de Rainha comumente.
ResponderExcluirMeu filho, por ter cabelo castanho claro, era chamado de "galego".
Mulher sem bunda é " chulada". Homem de pau grande demais é " desmarcado".
Quem fica mexendo nas coisas está " bulindo". Se fica "retado" mesmo. Sai " picado", e todo, todos usam " porra" em alguma frase.
Saudade da porra. Viado da porra. Eu to retado, virado na porra!
Não se fala tanta mainha,. mas " minha " mãe é comum. Cadê minha mãe?
Berra-se nas janelas. " Minha mãe!
O mercado Modelo queimou e construiram outro de metal, e junto com a madeira queimada, lá se foi o charme do mercado modelo.
Tomar caldinho de sururu depois de balada é tudo. Ficar na praia até as cinco da tarde, comendo acarajé, peixe frito e tomando cerveja.
Ir a alguma lavagem de igreja. O profano e o Sagrado juntos. Aqueles negões. Meu pai, aqueles negõs são todos Reis Zulus. Nunca me deram bola, gostam de galegas. Hunf.
Mingual de milho e de tapioca no café da manha, na rua, com a baiana vestida a carater, saia, bata e colares de santo.
Já vi gente virado em erê ( espírito de criança) dentro do mercado, comendo tudo que é pacote de bala e o gerente olahndo e dizendo: deixa, deixa que tá com criança e com criança não se nega doce. Salve Cosme e Damião. Salve Ibeji!
Tomei banho de mar, na madrugada, em pleno Farol da Barra, aquela piscina sem uma onda.
Canteio e dancei, dentro de um ônibus de linha, no batuque improvisado na lataria do carro, com a torcida do Bahia, comemorando uma vitória qualquer.
Aquele mar,. meu Deus. Aquele mar todo, Iemanjá todinha lá, eu filha de Iemanjá sofro a falta do mar.
ai...
Bahia.
Saudade da porra!
Tati, obrigada por esse lindo post que vc deixou no comentário, foi um post, e dos bons.;0)Adorei.
ResponderExcluirVivinha
ResponderExcluirCidades pitorescas, com identidade própria, características fortes, com histórias alem da medida, sempre apaixonam,e com Salvador não é diferente, não é mesmo????
De forma brilhante Jorge Amado conseguiu passar o tempero picante e único, desses brasileiros tão peculiares.
Salvdor está na lista das minhas viagens domésticas. bjs
Salvador é um dos poucos lugares de que sinto saudades. Um dia eu volto.
ResponderExcluir***Mãe, a cidade é dele, com certeza.;0)
ResponderExcluirbeijos.
***Allan, eu tb! beijos.
A Bahia é tudo de bom. Você sabia que vicia? Você vai querer voltar.
ResponderExcluirBeijo
***Lord, eu pretendo mesmo...está na minha lista.;0)
ResponderExcluirbeijos.